O Lobo e a Lua - Capítulo 1
Dias atuais, 19:20 horas da noite.
Desmond acorda de repente e confere as horas em seu celular. Estava atrasado, de novo.
– Puta merda! – ele se levanta apressado e pega sua mochila, precisava correr para chegar a tempo no bordel.
Ao chegar no local, que fica no final de uma rua estreita e pouco iluminada, Desmond dá de cara com o gerente, que o encara furioso.
– Está atrasado! Já é a terceira vez esse mês! – ele grita.
– Eu sei, foi mau…
– Esse é meu último aviso, se fizer isso de novo vai ficar sem o salário desse mês! – o gerente aponta o dedo indicador em direção ao seu rosto, mas Desmond fica em silêncio, o que o deixa ainda mais irritado.
– Você entendeu ? – o homem agarra seu rosto com força.
– Sim, porra! – Desmond agarra seu pulso e afasta sua mão. Ao conseguir se soltar ele caminha para dentro, indo em direção ao camarim, onde outros garotos já estão terminando de se vestir.
– Dess, chegando atrasado de novo! – o rapaz de cabelos ruivos é o primeiro a recebe-ló, ele dá uma boa olhada em seu rosto e o guia até uma das penteadeiras livres.
– Oh querido, sua pele fica marcada tão fácil… – ele fala enquanto abre uma das gavetas e tira algumas maquiagens.
– Ele fez de novo ? Que babaca! – outro rapaz que estava se maquiando, entra na conversa.
– Aquele filho da puta… deveria dar um bom soco naquela cara de bunda! – Desmond suspira e cerra seu punho. Desejava bater naquele homem até que estivesse irreconhecível, mas com a força que tem, provavelmente o mataria no primeiro golpe.
– Certo, vamos esquecer isso e nos arrumar! – o rapaz de cabelos ruivos bate palmas e fala animado, tentando encoraja-lós.
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Ao sair para o salão, Desmond recebe um gesto de um dos clientes, o convidando para se sentar em sua mesa e compartilharem uma bebida.
– Olá. – Desmond se aproxima e o cumprimenta com todo o charme que tem.
– Venha, sente-se! – o homem da batidinhas no banco e Desmond se senta ao seu lado. O cliente não perde tempo e passa o braço por seus ombros, o puxando para mais perto.
– Beba o que quiser. Eu pago! – ele sorri confiante.
– Como quiser. – Desmond sorri e pede uma das bebidas mais caras do menu. Um ótimo uísque importado. O homem não se importa e bebe com ele, mas rapidamente fica bêbado e começa a ser um problema.
– Você é tão sexy… suas coxas são lindas! – ele aperta a parte interna de sua coxa e aproxima o rosto de seu pescoço.
– Sua pele é tão branquinha, será que seu rabo é rosinha ? – o homem sorri e desliza sua mão até o pau de Desmond. Ele tenta provoca-lo, o acariciando e brincando com seu pescoço.
– Que tal uma rapidinha ? Podemos ir para algum motel…
– Eu adoraria! – Desmond sorri e beija o canto de sua boca.
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21:05 horas da noite.
– Ei, seu filho da puta, pague meu dinheiro! – Desmond caminha apressado pelo corredor do motel, indo atrás do homem. Que foge dele como o diabo foge da cruz.
– Dinheiro ? Você nem é tão bom assim. Não merece!
– Se não me pagar vou pôr um monte de gente na sua cola. Velho broxa! – Desmond grita irritado. Não queria lidar com clientes como aquele.
– Quem ta chamando de broxa, vadia ? – o homem para de repente e volta, se aproxima de Desmond e o segura pelos cabelos.
– Você, seu filho da puta broxa! – ele ri e cospe em seu rosto. O homem se irrita e o arrasta para fora do motel pelos cabelos, o levando em direção a um beco escuro.
– Vou te mostrar quem é o broxa! Você não teve o suficiente de pau por hoje, não é ? Por isso está assim! – ele o joga contra a parede e abre sua calça, com um olhar luxurioso e um sorriso sádico em seu rosto. O homem se abaixa e tenta tirar sua roupa, mas Desmond luta tentando sair daquela situação tomando cuidado com sua força.
– Fique quietinho! – ele sussurra e tenta beija-ló, mas o barulho de algo se chocando contra o chão, chama a atenção de ambos. Seus olhos fitam a escuridão e nela, é possível ver um par de olhos dourados, que os encara de volta.
– Mas que merda… ? – o homem recua assustado, mas antes de que pudesse correr, o que estava nas sombras o agarra pela camisa, o suspendendo no ar.
– É assim que os humanos agem ? Que patetico! – a criatura extremamente alta e com os cabelos brancos, o põe contra a parede e o encara fixamente.
– Se voltar a fazer isso, cortarei sua garganta! – ele o solta e o homem corre apavorado.
– Quem porra é você ? O Batman ? – Desmond se levanta e o encara, confuso com a situação.
– Por que não se defendeu ? Poderia ter partido seu corpo ao meio facilmente…
– Por que está preocupado com isso ? Nem te conheço! – Desmond bufa e ajeita sua roupa, que está amassada.
– Venha comigo. – o homem suspira e o puxa pela cintura, o colocando sobre seu ombro e saltando para cima do prédio.
– Porra, me põe no chão! Já tive o suficiente por hoje! – ele grita enquanto tenta se soltar.
– Calado! – o homem o segura com mais força.
– Seu filho da puta, quem pensa que é ? – Desmond continua xingando até que o homem salta de um prédio, indo de encontro ao chão. O medo o faz desmaiar e só assim ele se cala.
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Palácio Brenhin, Neverhand.
– Cacete… minha cabeça doi! – Desmond acorda um pouco atordoado e logo nota que está em um quarto ao qual não reconhece.
– Onde… ?
– No meu palácio. Mais especificamente nos meus aposentos. – a voz masculina e imponente, vem de um homem sentado em uma poltrona próximo a lareira. Era o mesmo de antes, mas agora seu rosto tinha a aparência de um lobo, com pelos negros e grossos que cobriam todo o seu corpo, seus dedos são longos e finos com unhas afiadas que facilmente rasgariam sua carne. Os olhos continuam tão dourados quanto antes e parecem penetrar a carne de Desmond.
– Que porra… – ele sussurra para si mesmo e o encara com os olhos arregalados. Nunca havia visto um lobo tão perto antes.
– O que disse ? – o homem questiona, mesmo que tivesse ouvido.
– Nada, esquece! Por que eu estou aqui mesmo, hein ? Sequestrar uma prostituta não é bom negócio! – ele brinca, tentando esconder sua surpresa e salvar sua cabeça.
– É mais seguro conversarmos aqui.
– E o que temos para conversar ? Eu nem te conheço!
– Não conhece, mas peço que me escute.
– Tá, tá, tudo bem! – Desmond bufa e revira os olhos. Tentar fugir daquele homem seria praticamente impossível.
– Eu sou Ambrose Brenhin, o futuro Rei desse país.
– Rei ? Isso é realmente surpreende! – Desmond da risada, parecendo despreocupado com a situação.
– Não está com medo ?
– De você ? Não, nenhum pouco! – ele força um sorriso, tentando esconder suas verdadeiras emoções.
– Isso facilita as coisas… – Ambrose suspira aliviado e cruza suas pernas, o encarando fixamente.
– Primeiro, eu gostaria de me desculpar pela maneira bruta como agi, mas preciso que me ouça.
– Sobre o quê exatamente ? – ele ergue uma de suas sobrancelhas.
– Existe uma profecia onde diz que preciso me casar com o lobo com a lua em seus olhos. É ai onde você entra!
– E por que eu faria isso ? Não vejo motivos para me casar com você, mesmo que seja apenas por interesse. Sou apenas um meio humano ordinário, não me envolva nisso! – Desmond cruza as pernas e também o encara fixamente.
– Eu posso te dar dinheiro. Nunca mais precisará voltar para lá e se vender.
– Eu sou um anomalia, uma fêmea presa no corpo de um homem humano. Acha mesmo que eu salvaria alguém ? Não me importo com você ou seu reino! – ele contrai sua mandíbula e começa a se irritar com o seu pedido. Não havia sentido em ajuda-lo.
– Se não quer fazer isso pelos lobos que estão sofrendo com a fome, então faça por sua própria ganância!
– Sinto muito, mas realmente não posso ajudar! – Desmond se levanta e caminha em direção a porta, mas Ambrose o segue e o segura pelo antebraço.
– Não quero que me ame ou se envolva comigo, estou apenas propondo um casamento político. Nada além disso! – ele o encara, como se estivesse realmente desesperado por sua ajuda.
– Merda… – Desmond suspira e não pode resistir a um homem grande como ele fazendo carinha de cachorro que caiu da mudança.
– Se eu ficar e te ajudar, posso fazer e ter o que quiser ?
– Sim, só precisa ficar e fazer o que eu disser.
– Okay, vamos fazer isso, mas só para que fique claro, não estou fazendo isso por você ou pelos malditos lobos. Faço por mim mesmo! – Desmond puxa seu braço, fazendo com que Ambrose finalmente o solte.
– Negócio fechado ? – ele estende sua mão direita e mostra um sorriso astuto.
– Sim. – Ambrose aperta sua mão e assim eles dão início ao que deveria ser um casamento de mentira.
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