O Lobo e a Lua - Capítulo 2
Desmond acorda abrindo seus olhos com dificuldade devido a luz solar e logo se lembra da noite passada. Não estava mais no mundo humano e já não precisava mais se prostituir. Ele se levanta da cama e caminha até uma das janelas, de onde é possível ver um imenso jardim e logo depois dele uma densa floresta com grandes árvores.
– Senhora ? – uma voz feminina, baixa e angelical fala ao bater na porta do quarto, o que surpreende Desmond. Logo depois a porta se abre e a moça de baixa estatura entra, usando um vestido branco e bem justo ao seu corpo, com seus cabelos longos e negros presos em uma trança. Realmente uma bela mulher.
– Sou Nanber, de agora em diante serei sua dama de companhia. – a moça se curva diante de Desmond, que a encara surpreso e confuso.
– Não preciso disso, por favor volte para os seus afazeres!
– Senhora, todos precisam de alguém para ajuda-los. Por isso estou aqui, peço que por favor aceite! – Nanber o encara parecendo um pouco atordoada, como se houvesse um motivo maior para aquilo.
– Tudo bem, mas não quero que aja como uma serva, seja minha amiga! – ele se aproxima da garota e lhe da um sorriso gentil.
– Sim!
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Após ajudar Desmond a se banhar e cortar seus cabelos loiros que estavam uma bagunça, Nanber lhe traz uma muda de roupas limpas.
– Espero que seja do seu agrado. As costureiras não tiveram tempo para preparar suas roupas, mas logo poderá usar o que quiser! – ela entrega uma calça e uma camisa branca simples.
– Posso pedir o que quiser ?
– Claro!
– É ótimo saber disso! – Desmond sorri empolgado, pensando nas milhares de peças que poderia pedir. Depois de se vestir, Nanber o guia pelo palácio em direção a sala de estudos, onde o sábio da Casa Boco o esperava para iniciar suas aulas.
– Nanber, onde está Ambrose ?
– Em uma reunião com o Conselho.
– Conselho ? – ele questiona surpreso. Não imaginava que algo assim existiria na sociedade dos lobos.
– Sim senhora, temos um Conselho com as onze casas de Neverhand. Vai aprender sobre elas em suas aulas!
– Aulas ? – Desmond arregala seus olhos e já sente seu estômago se revirar so em ouvir aquela palavra.
– Sim, o futuro Rei pediu pessoalmente para que a senhora iniciasse suas aulas hoje mesmo! – Nanber fala animada e abre a porta do cômodo em sua frente. Revelando uma grande biblioteca, com gigantescas prateleiras cheias dos mais variados tipos de livros. Alguns nem mesmo deviam existiam no mundo humano.
– É um prazer conhece-la, senhora! – o homem com uma idade avançada o cumprimenta com um sorriso gentil.
– Por favor, não me chame de senhora. Apenas Desmond está bem! – ele puxa uma das cadeiras para que o homem se sente.
– Isso também vale para você, Nanber!
– Entendo! – ela abaixa sua cabeça e tenta esconder seu sorrisinho.
– Vou deixa-los estudar, mais tarde trago um pouco de chá. – ela fecha a porta, deixando os homens a sós.
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– E como podemos saber que isso funcionará ? A profecia pode ser falsa! – reclama um dos alfas.
– Está duvidando da palavra da Casa Kazimier ? Que petulância! – o representante do Distrito Kazimier grita e aponta seu dedo indicador em direção ao rosto do homem.
– Mesmo que seja verdade, um lobo branco em nossas terras é um desrespeito a Gaia! – outro alfa esbraveja e logo uma briga se inicia.
– Acalmem-se! – Ambrose ordena, e sua voz é tão poderosa que todos se calam no mesmo instante. O futuro monarca suspira e esfrega os olhos.
– Olhem para Neverhand e me digam, quando estivemos tão miseráveis ? em todos os reinados dos meus antepassados, em meio as guerras e outras catástrofes nenhum lobo passou fome ou frio. E agora nossas florestas estão morrendo e nossos animais desaparecendo. Então se algum de vocês ainda duvida das palavras da Casa Kazimier, olhe pelas janelas de suas casas e me digam o que veem! – o futuro Rei os encara, esperando alguma objeção as suas palavras, mas eles murmuram entre si e logo se calam.
– Essa reunião está encerrada! – ele se levanta e caminha em direção a saída, o monarca se dirige até seus aposentos e ao entrar, encontra Lyter da Casa Astemyo, sentado em uma de suas cadeiras.
– Já avisei para não entrar sem minha permissão! – Ambrose o repreende e se aproxima de uma enorme cômoda de madeira, onde estão algumas garrafas de uísque e copos. Ele se serve e se senta ao lado do homem.
– Dia estressante ? – Lyter brinca, o provocando e em troca recebe um olhar furioso do monarca.
– Fale! – ele ordena.
– Soube que o futuro Rei vai se casar. Deveria dar-lhe os parabéns ?
– Não precisa, é apenas um casamento por conveniência! – Ambrose bebe um gole do liquido marrom, que traz uma grande sensação de alivio.
– Então o encontrou ? Esse lobo com os olhos de lua…
– Sim.
– Isso é realmente impressionante. A Ceolli sabe disso ?
– Por que deveria ? Ela é apenas alguém que esquenta minha cama as vezes, não estamos casados!
– Certo garanhão, então qual seu próximo passo ?
– Só precisamos nos casar, não é ? Então vamos fazer isso o mais rápido possível. No dia da coroação irei me casar, sob a luz do eclipse, espero que Gaia esteja satisfeita com isso! – ele sorri e bebe o último gole.
– Pensei que brincar de casinha não era seu forte… ainda mais com um branco.
– Não é, mas preciso salvar esse país. É minha obrigação depois de tudo!
– Eles vão se revoltar, mantenha seus homens alerta. – Lyter se levanta e caminha em direção a janela
– Obrigado pelo aviso. – eles trocam um sorrisinho e o homem some rapidamente saltando pela janela.
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– O Conselho é composto por onze casas, a Casa Vadim com lobos infiltrados na sociedade humana, garantindo que ela prospere, a Casa Martinus com grandes guerreiros responsáveis pela segurança da familia real, a Casa Audagar são responsáveis pelas armas, a Casa Kazimier são sacerdotes de Gaia, a Casa Aiyra é composta apenas por mulheres, a Casa Brenhin a qual futuramente vai fazer parte, a Casa Otelo defendem o território sagrado, a Casa Rufinus protege as fronteiras com o mundo humano, a Casa Willbur tem uma grande influência política, a Casa Astemyo e finalmente a Casa Bosco, da qual faço parte.
– E todos esses alfas se trancam naquela sala para ter conversas pacificas ? Que engraçado! – Desmond zomba. Mesmo vivendo longe de uma alcateia, conhecia bem o temperamento dos alfas.
– Em teoria sim, mas agora não passa de jogo politico! – o homem ri, concordando com ele.
– Houve um tempo em que nossa sociedade vivia com honra, mas parece que agora já não é mais assim… – ele sussurra com um olhar vago, como se estivesse se lembrando de algo.
– Como humanos… – Desmond sussurra e pode entender o que ele diz. Uma hora todos cedem a ganância, até mesmo os mais honrados.
– Bom, por hoje é só. Nos vemos amanhã! – o homem fala enquanto recolhe os livros. Desmond se levanta e se despede rapidamente, ao sair encontra Nanber, que o esperava parada em frente a porta a algum tempo.
– Com fome ? – ela pergunta com um sorriso em seu rosto.
– Muita! – ele ri.
– Então esta aqui. É bom saber que seguiu minhas ordens. -Ambrose surge no corredor e se aproxima. Nanber se curva em sinal de respeito, mas Desmond continua o encarando.
– É sempre bom aprender algo novo. Não acha ? – ele força um sorriso, mas por dentro esta incomodado com a forma como Ambrose fala.
– Certo, continue assim! – ele fala indiferente e segue seu caminho.
– Que filho da puta… – Desmond sussurra.
– Certo, vamos logo! – ele revira seus olhos e volta sua atenção para Nanber, que o encara surpresa com sua atitude.
– Não gosta do Rei ?
– Não fale sobre isso aqui. Até mesmo eu sei que as paredes tem ouvidos! – ele pisca e caminha em direção ao seu quarto. Nanber concorda com a cabeça e o segue em silêncio.
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22:08 horas da noite.
– Tome, vista isso. – Nanber lhe entrega um robe de seda de cor branca.
– Por que está me dando isso ? – Desmond que ainda estava enrolado na toalha após o banho, a encara confuso.
– O Rei poderia vir vê-lo essa noite. Ouvi rumores de que ele gosta desse tipo de coisa. – a moça sorri.
– Sério ? Isso é um pouco surpreendente! – ele ri e aceita vestir a peça. Não pelo gosto pessoal do Rei, mas por seu próprio gosto, já que adora roupas femininas.
– Tenho certeza que de vai ficar otimo! – Nanber fala empolgada e o ajuda a vestir, a moça da um nó descuidado na parte da frente. O que faz com que uma parte de seu peitoral fique exposto e também a enorme tatuagem de cobra que se enrosca em sua coxa, indo em direção ao seu quadril. Uma de suas péssimas decisões de adolescente.
– O que achou ?
– É lindo! – Desmond sorri, pensando que poderia facilmente se acostumar com os luxos da vida de Rainha.
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02:09 horas da noite.
– Quem diria que a vida de monarca seria uma grande merda… Se arrependimento matasse… – ele sussurra para si mesmo e dá risada, pensando o quão patética sua vida parecia agora. Sentado em uma cadeira olhando a escuridão da noite pela janela, sem celular ou internet, estava completamente entediado.
– Está ai ? – Ambrose pergunta ao bater na porta, e alguns segundos depois ela se abre e a primeira coisa que vê é um corpo pálido e magro envolto em um robe branco de seda. O monarca o encara da cabeça aos pés e não pode evitar de notar sua tatuagem, ou até mesmo de acha-la um pouco sensual.
– Algum problema ? – Desmond o questiona indiferente. Na verdade sua cara era a ultima coisa que queria ver naquele instante.
– Posso ? – seus olhos se desviam para dentro do cômodo.
– Certo… – ele se afasta e deixa que Ambrose entre. O futuro monarca fecha a porta e se senta na cadeira onde ele estava antes, um pouco afastado de Desmond.
– Amanhã será o jantar de noivado. Vou te apresentar aos membros do Conselho, acha que pode lidar com isso ?
– Com velhos babacas ? É minha especialidade! – ele sorri confiante.
– Como no dia em que te encontrei ? – Ambrose sorri, se lembrando da forma em que ele gritava pelos corredores do motel.
– Merda, não fale sobre isso!
– Aqueles velhos são mais caprichosos do que imagina, tenha cuidado.
– Não importa, posso lidar com isso. Apenas confie em mim, depois de tudo sou sua prometida, não é ? – ele fala em um tom sarcástico e sorri.
– Certo… – Ambrose se levanta e se dirige em direção a porta, mas antes de que pudesse sair Desmond o segura pelo antebraço e o beija.
– Boa noite, futuro marido! – ele lhe da um sorriso astuto e espera uma reação adorável, mas Ambrose se mantem sem expressão enquanto o encara.
– Boa noite.
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