Não Te Deixarei Para Trás - Capítulo 4
Meu ge chegou na escola dentro de meia hora. Assim que ele entrou no escritório, logo me puxou com o braço e me perguntou baixinho: “Está namorando? Vocês gostam um do outro? O que seu professor disse sobre isso?”
Eu o expliquei: namorando a minha bunda. Nós nem pensamos um no outro, muito menos gostar um do outro.
A escola queria que eu tomasse uma ação disciplinar e queriam que eu fizesse uma carta de reflexão.
Parece que ele tinha acabado de terminar uma reunião, com o terno luxuoso e bem passado. Eu dei uma boa olhada nele. O rosto do meu ge estava pálido e ainda havia um pouco de suor na testa dele. De vez em quando ele punha a mão no abdômen, mas continuou lidando com meu professor e com os pais das meninas, que sentavam-se à minha frente.
Não há razão para estar bravo, não é? As mãos dele estavam até tremendo.
Meu professor disse que se eu continuar não prestando atenção no meu comportamento e continuar criando confusão e quebrando as regras, eu seria expulso. Eu olhei para a boca do meu ge enquanto ele sorria e se desculpava, dando a garantia que eu não faria esse tipo de coisa novamente.
Eu queria enfiar meu pau na boca dele e o tornar incapaz de falar.
Algumas pessoas começariam a relembrar depois de dois ou três dias ao fazer algo excitante. Meu tempo como uma pessoa virtuosa durou dois dias até meu corpo começar a sentir saudade da bunda daquele garçonzinho. Ele era chamado Shi Chen e o cu dele era bem macio. Ainda queria fodê-lo, mas dessa vez na janela, para todos verem quão provocativo ele era.
Mas meu ge disse que só permitiria aquela única vez. Eu devo ser mais obediente, afinal, para os outros, ele era uma pessoa tão orgulhosa e firme, mas tinha que abaixar a cabeça ao professor por minha causa.
Enquanto eu estava devaneando, meu ge já tinha usado uma lógica clara para solucionar o problema e fazer o professor achar que foi tudo um mal entendido. No entanto, algo devia ser feito e eu não tive escolha a não ser escrever uma carta de reflexão de mil palavras por queimar o cabelo de outra pessoa. A séria ação disciplinar foi evitada: eu só tinha que ficar em casa por dois dias e refletir.
Os pais da menina que senta à minha frente ficaram insatisfeitos com isso, então eles insultaram a mim e ao meu ge, dizendo que nós não tínhamos pais para nos criarem. As palavras dele pesaram a atmosfera no escritório do diretor, fazendo ambos meu professor e o diretor dos Interesses Pedagógicos constrangidos.
Eu arregacei as mangas, pronto para receber uma punição por brigar, mas meu ge me empurrou para trás dele e me arrastou para fora em meio aos meus dentes cerrando e encaradas que eu dava. A garota fazia o melhor para segurar os pais também, se virando enquanto chorava e me pedia desculpas.
“Já chega, estamos indo para casa.”
Já que meu ge disse que estamos indo, então eu parei. Eu não tinha pais, mas tenho um ge, então tudo bem.
À noite, eu estava no escritório procurando no Baidu por uma carta de reflexão para copiar quando ouvi um gemido vindo do quarto. Rapidamente fui dar uma olhada e vi meu ge virando e se remexendo na cama, com a testa inteiramente coberta de suor.
Chocado, perguntei o que havia de errado. Ele disse que o estômago estava doendo.
Eu só descobri aquele dia que meu ge não tinha se recuperado da gastrite dele. Dois anos atrás, ele ficou doente por ter reuniões sociais demais, mas ele mentiu e disse que tinha melhorado. Eu acreditei nele.
Eu repentinamente lembrei de como o deixei terminar meu sorvete. Havia um problema no estômago dele, mas havia algo errado no cérebro também? Quando o entreguei o sorvete, ele simplesmente tomou. Se eu o desse meu pau, ele simplesmente chuparia?
Eu liguei o aquecedor elétrico e fervi água desajeitadamente. Não é que eu nunca fizesse nada em casa, é que eu tinha um estômago saudável, então só bebia água gelada.
Esfreguei minhas mãos e as pus debaixo da camisa do meu ge para ajudar o abdômen dele aquecer. Ele se encolheu como um camarão e enterrou a cabeça no meu ombro. Ele me deu uma olhada com só um olho, “Terminou sua reflexão?”
Para os outros, meu ge era uma pessoa bem sucedida que mantinha a palavra. Durante todos os nove anos do divórcio dos nossos pais, ele nunca se mostrou como alguém digno de pena.
Eu beijei a sobrancelha dele e o disse para me chamar de ge porque hoje, eu que cuidaria dele.
Ele riu e fez carinho na minha cabeça, “Você está tirando vantagem do meu sofrimento?”
Eu não era tão sábio quanto ele, então apenas deixei a água quente diminuir de temperatura até estar morna e o fiz beber porque eu o amo e ele é meu ge. Eu tinha apenas esse ge, e no futuro, quando nós envelhecêssemos, eu tomaria conta apenas dele.
Eu o ajudei a relaxar as sobrancelhas franzidas quando ele adormeceu. Meu ge é tão bonito que eu subitamente tive vontade de abusar dele.
Mas quando vi que ele estava com tanta dor que o transformou num fracote, o lado esquerdo do meu peito doeu de repente.
Meu ge fez a faculdade em Beijing, numa dessas universidades de elite que nos gabaríamos ao nossos professores quando eles nos perguntavam quais eram nossos sonhos. Ele obteve uma bolsa nacional que não só pôde cobrir todos os custos da faculdade, como também de parte das despesas cotidianas.
Ele frequentemente trabalharia meio-período também. Pelos dois primeiros anos depois de fugirmos juntos, nós vivíamos num porão de um quarto só, do tipo onde a cama estava bem ali quando você abria a porta. Era perto da escola que eu estava estudando temporariamente e o aluguel era de 1500 yuan.
As tigelas em que comíamos tinham formigas andando por elas. Antes, eu ainda podia estudar em Beijing sem ser um residente da cidade, mas agora definitivamente não era possível.
Minha mãe o enviava 1500 yuan todo mês, paralelamente, meu pai não dava uma foda para mim. Eu não sabia como meu ge conseguia viver quando ele me dava 2000 yuan de mesada todos os meses.
Todo final de semana depois do trabalho, ele viria para casa e se espremeria na mesma cama que eu. O aquecimento no inverno era ruim, mas se ligássemos o cobertor com aquecedor, minha garganta acabaria doendo. Então meu ge só podia morrer de frio junto a mim.
Antes, eu não sabia que meu ge tinhas problemas gástricos, a barriga dele era a mais quente que existia. Eu frequentemente enterraria minhas mãos sob as roupas dele para aquecê-las assim que eu chegasse em casa. Ele nunca me evitou também, apenas ligava o ventilador-aquecedor para me esquentar.
Mais tarde, ele não fez nenhuma pós-graduação. Depois de se formar, ele imediatamente conseguiu um trabalho e planejou como começar um negócio com os amigos para ter o dinheiro necessário para me criar.
Ele, de alguma maneira, foi sortudo e se tornou o chefe após uns anos e agora nossa casa é numa cidade de terceiro escalão perto de Beijing. Temos uma vila de 200 metros quadrados num distrito escolar e nossos dias são confortáveis.
À noite, minha mãe ligou para me dar uma bronca por causa da moça que foi ao encontro com meu ge e só acabou indo embora por minha culpa. Minha mãe estava furiosa à medida que me xingava, dizendo que eu sou um fardo para meu ge e que eu deveria ir me foder.
Desliguei e abaixei a cabeça, encarando a tela do celular e mudando de aplicativo em aplicativo distraidamente. Um braço descansava no meu pescoço. Ge se mexeu e disse “Eu te amo”.
Eu abaixei minhas pálpebras e virei a cabeça, tocando a ponta do meu nariz no dele. Separados por uma distância mais íntima do que família, mas ainda assim não amorosamente ambíguo, eu disse, “Eu também te amo”.
Então nos beijamos, lábios pressionando contra lábios. Sem língua, porque ele não fazia isso, então não me atreveria também.
Às vezes nós beijaríamos. Se algo na escola me deixasse bravo ou se houvesse algum problema no trabalho do meu ge, nós nos beijaríamos. Não era muito diferente do que lobos machos fazem ao lamber a ferida um dos outros, mas não beijaríamos de língua.
Isso só pode ser feito entre amantes, meu ge me disse.
À princípio, eu só beijei meu ge porque ele estava brigando comigo. Minhas duas mãos estavam ocupadas tentando pegar as punhos dele, tentando fazê-lo parar de me bater, então a única solução era usar minha boca para mordê-lo e cessar suas palavras. Depois disso, se tornou mais casual, às vezes quando minha cabeça estava toda sonolenta, eu também o beijaria.
Não havia motivo especifico, meu ge apenas me amava e me deixaria fazer o que eu quisesse com ele.
Então eu tinha um pouco de medo de que futuramente, ele só beijaria a esposa dele, e não a mim.
Acabei ficando acordado até mais tarde para terminar a carta de reflexão e terminar minha lição de casa, tudo por ele. No dia seguinte, durante o tempo entre as aulas, eu fui até o palanque cheio de olheiras (porque minha escola tem uma regra que até mesmo alunos suspensos devem voltar à escola e ler suas reflexões. Depois disso, os pais ou guardiões os levariam para casa). No palanque, eu na verdade me senti bastante desconfortável. O único pensamento na minha cabeça era quando eu poderia descer.
Li toda minha reflexão distraidamente. Quando li até o final, meu professor pessoalmente subiu no palco e me mandou sair.
Só então percebi que no fim da minha reflexão, eu tinha escrito “Duan Rui” uma centena de vezes, e agora há pouco eu tinha lido até o vigésimo quarto nome.
Publicado por:
- KanaeTrad
- 25. Estudante de Letras treinando e disponibilizando seus projetos pessoais de tradução à comunidade danmei br <3
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