Mais um Clichê de Omegaverse... SQN! - 68. Algazarra
68. Algazarra
Animadas, duas recepcionistas beta cochichavam.
– Estou tão feliz de ter trocado com minha colega de turno, caso contrário, não seria possível assistir a esse desfile de gente bonita e poderosa…
– Uau!!! Achei que só eu estava chocada com isso! – respondeu a outra.
– Você viu a alpha ruiva? Senhor! O que é aquilo?!
– Nem sou chegada em mulher, mas sei lá, depois de um drinks ficaria feliz, hahahaha!
– Nah! Pego fácil! As alphas mulheres geralmente são muito melhores de cama do que os homens, você não sabe o que está perdendo…
– Vai sonhando!
– Por que não? Ela deu uma piscadinha quando entrou! Quem sabe não tenho chance?!
– Ela é linda, mas sinceramente, nada supera aqueles dois alphas! Céussssssssss! Quase desmaiei!
– Os irmãos?
– Como você sabe que são irmãos?
– Vi a senhora figurona chamando de “meus filhos”…
– Ahhhh… Mas acho que o mais alto bonitão, é marido do paciente.
– Sério? Mas… Ele não é muito pequeno para esse alpha?
– Puf! E existe isso entre alphas e ômegas?
– Eu acho que alphas como esse, tinham que ser de domínio público, é injusto só um ômega monopolizar! Hahahaha!
– Shhh! Ele é filho da Sra. Sara… Por sinal, que ômega badalado, né?
– Ele deve ser muito legal, por que para um ômega, a quantidade de gente naquele quarto é realmente….
Algazarra.
Era a palavra que resumia o som das vozes e gargalhadas que vazavam do quarto onde Solie estava hospedado naquela unidade de cuidado da Organização.
No meio de uma bagunça organizada, bebê Jo alternava entre os colos das duas senhoras que o disputavam.
– Morgan, você pode deixá-lo comigo quando precisar! – falou Sara, pegando o menino que estava no colo de Alexandra.
– Eu abro mão do meu dia de guarda para vocês! – exclamou Lissa.
– Sério? – perguntou Morgan, olhando Lissa com seriedade.
– Ahhh, não fica chateado, D. Sara e D. Alexandra sentem falta da vibe de bebê em casa e Solie não parece entusiasmado em engravidar agora!
– Lissa! – gritou Solie, sentindo uma pontada na lateral das costas.
– Shhhhh! Fica quieto aí, você não pode rir, nem se exaltar! – advertiu Alisson.
– Eles são recém casados e é injusto querer netos agora! – falou Alexandra.
– Até porque, era falso e virou verdadeiro em menos de três meses… – completou Sara.
Ricardo e Solie observavam atônitos, as senhoras discutindo sobre a relação que ainda estava em processo de construção.
– Daqui um ano, quem sabe? – definiu Alexandra feliz com bebê em seu colo.
Ricardo que estava sentado ao lado da cama de Solie, o olhou pedindo socorro em silêncio.
– O que quero saber mesmo, é o que está rolando entre vocês dois… – exclamou Solie, mudando de assunto estrategicamente, apontando para Alisson e Bae.
– Nada! – responderam ambos em uníssono.
– Mentira! – gritou Lissa – Eles estão se pegando! Ah e pegando a Luna também!
– Uaaaau!!! Às vezes me dá inveja dessa juventude! – falou Sra Alexandra, rindo – Eles são tão desapegados! Não é querido?
– Trisais são normais hoje em dia – falou Sr. Tomas.
– Nós não estamos nos pegando! – reafirmou Alisson.
– Por que estão negando? Não vejo problema algum nisso! – declarou Solie – Você vê Ricardo?
– Não sei o que pensar, já que estou sabendo disso agora… – falou olhando para o irmão, como se perguntasse se era verdade.
– Ahhh, por que vocês estão falando sobre isso aqui? – falou Bae chateado. Estava esperando para que a história avançasse, para então, contar ao irmão.
– Bae… Um conselho: Se acostume! Nada, absolutamente nada passa invicto por nós – falou Lissa, apontando para ela, Morgan, Alisson e Solie.
– Nada mesmo! Inclusive, fiquei sabendo que você está de trelelê com a tal stalker de Ricardo… – expôs Alisson, ligado no modo vingativo.
– Quem? – refletindo rapidamente, só uma pessoa veio à mente de Ricardo – Hanna?!
– Não tem trelelê nenhum! – retrucou Lissa, irritada.
– Ela não está te ligando? Vocês já não se encontraram e tals…? E pelo que sei, ela faz seu tipo… – contextualizou Alisson, com um sorriso malicioso.
– Uaaaaau! Vocês estão fazendo uma puta suruba entre vocês, hein!!! – resumiu Carlos que observava os diálogos, em pé próximo a porta.
– Hahahahaah! Ahhh Carlos, seu poder de síntese sempre me surpreende!!! Hahahaha! – falou Sr. Tomas.
– Relaxem! Com o tempo vocês se acostumam, eles sempre foram assim… – falou Sr. Gilbert – Na época da faculdade era muito pior, Solie e Lissa todo dia tinham uma rixa e Alisson e Morgan, tinham que apartar esses dois… Enfim, dinâmicas que sedimentam as amizades!
– Acho tudo maravilhoso! Por que parece que somos uma grande família, cheia de energia e jovialidade! – declarou Sra. Alexandra.
– Sim, também tenho essa sensação… – confirmou Morgan – Mesmo sendo só amigos, sempre somos muito bem recebidos por todos.
Solie olhava todas aquelas pessoas que se amontoavam em seu quarto, se sentindo agradecido por poder contar com o carinho de todos e cada um deles.
Embora tivesse uma personalidade aberta e falante, não imaginava que as pessoas pudessem se sentir tão impactadas, ao saberem que havia sofrido um acidente de percurso.
Repassando cada minuto da luta em sua memória, concluiu que se não fosse pelo solavanco das emoções nunca antes vivenciadas, jamais teria sido atingido, e como consequência, aquela reunião nunca teria acontecido.
Por outro lado, estava preocupado com sua mãe, que ainda parecia abalada e diferente de alguma forma e Ricardo, que agora aparentava ter medo de perdê-lo e também de se exaltar emocionalmente.
– Mãe, estou bem – falou tentando tranquilizar a senhora que ajeitava os travesseiros que apoiavam suas costas.
– Já tomou o remédio? Não está na hora de trocar as bandagens? – perguntou a senhora.
– Sim, Ricardo me deu e a enfermeira trocou mais cedo. Fique tranquila…
– D. Sara, eu vou cuidar dele… – falou Ricardo.
– Você! – apontou a mulher, indo de preocupada para combativa em segundos – Nada de ir atrás dos alphas! Se Solie sentir suas emoções descontroladas, não vai se recuperar!
– Eu não vou. – respondeu se sentindo culpado, por saber que seu ômega havia sido atingido, por causa de sua raiva.
– Mãe! Por que está falando isso? Não tem necessidade de fazê-lo se sentir culpado! Você acha que ele sabia disso?
– Mas ontem ele estava querendo sair para caçar os homens, com sangue nos olhos! – justificou Sara.
– Mas ele ainda não sabia da ligação! – falou Solie, sério.
– Enfim, fiquem vocês dois quietos e nós iremos cuidar das coisas.
– Sr. Sara… – falou Ricardo sério – Respeito sua preocupação, mas assim que Solie estiver bem, sou eu quem vai resolver isso – falou em tom decisivo, sem deixar abertura para contestação.
Mesmo sendo mãe, Sara sabia quando contestar um alpha dominante e aquele não era o momento. Afinal, eles eram uma família agora.
– Olha só, o que aconteceu foi uma exceção! Eu não quero que vocês comecem a me tratar como um bibelô! Detesto isso!
– Solie! – repreendeu Sara.
– Mãe, volte ao seu normal. Eu não morri e nem vou morrer tão cedo. Eu e Ricardo, vamos estudar, entender como isso funciona e usar a nosso favor. É só uma nova coisa para se acostumar, e só.
– Uau! Eu realmente gosto de você! – exclamou Carlos – Faz meu amigo alpha dominante virar um chinelinho e até doma a mãe power ômega!!! – quebrando a tensão do momento.
– Hahahahahahahahahahaha! – todos riram ao mesmo tempo, inclusive Sara, diante da tirada de Carlos, que não via limites para expressar suas percepções enviesadas.
– É sério! Há tempos atrás falei para o Ricardo que depois que acabasse o falso casamento, ia investir em você e ele só disse daquele jeito robótico dele: “Não é adequado!”.
– Você já estava a fim do Solie, Ricardo? – perguntou Lissa diretamente.
– Não sei… Só achei que realmente não seria adequado.
– Puf! Não sabe… Semanas depois, descobriu que estava apaixonado! – expôs Carlos, logo se calando, ao receber um solavanco de Bae, que o olhou em repreensão.
– Oh, aconteceu isso? – perguntou Solie a Ricardo, sorrindo.
– Hum… – respondeu o alpha desconcertado.
– Ahhh, eu acho que eles dois já se gostavam há tempos, só não admitiam… No casamento as coisas já estavam estranhas, não acham? – perguntou Lissa.
– Hummm, acho que isso é meio verdade, pelo menos da parte do meu filho – continuou Sr. Gilbert.
– Pai! Dá um tempo! E vocês, podem parar de especular e expor uns aos outros? Isso é chato! – repreendeu Solie.
A conclusão do sogro, deixou Ricardo curioso para saber por que ele pensava daquela forma, mas não faria qualquer pergunta que deixasse Solie envergonhado, até por que, não tinha a veia ousada que seus amigos tinham.
Estava mais preocupado em compreender como e por que, eles haviam se ligado daquela forma, além da natureza do vínculo. Era algo estranho e profundamente incompreensível aos seus olhos.
– Vamos parar com isso, Solie não pode se exaltar – conciliou Morgan – Já está ótimo que tudo esteja bem.
Solie estava começando a se sentir cansaço, diante do escrutínio de seus amigos e familiares.
Queria ter conseguido vivenciar a relação com Ricardo em segredo, para descobrir gradualmente o que sentiam e estar mais seguro em relação ao futuro dos dois, porém agora, tudo estava às avessas. Até sobre filhos seus pais estavam falando.
Isso o deixava ansioso e irritado.
Para completar, tinha o vínculo. O que significava? Estamos ligados pelo resto da vida? Como tinha acontecido? Por que não percebeu antes?
Entre conversas e gargalhadas, seus pensamentos se perdiam em dúvidas, além da sensação de uma mudança repentina, que ele mesmo não sabia como lidar.
Ainda não tinha conseguido ficar a sós com Ricardo, para que pudessem dialogar sobre o assunto.
Seu estômago doía devido a hemorragia e ainda não conseguia respirar profundamente. Nunca imaginou que o esforço para continuar o combate, pudesse fragilizá-lo daquela forma.
Não era nada grave e logo se recuperaria. Mas podia ver por trás das piadas e descontração, a explícita preocupação que permeava o emocional das pessoas que o acolhiam.
Mais do que isso, ainda haviam os homens que estavam por trás da situação que o levou àquele estado. Estava preocupado com Ricardo, sua mãe e todos que estavam mobilizados em alcançar os homens, já que não podia se juntar a eles.
De repente, a porta do quarto abre e uma cadeira de rodas tenta abrir espaço entre os visitantes.
– Papai, o que faz aqui? – perguntou Alexandra, preocupada.
– Quero saber como meu pequeno neto está… – falou o senhor, com um sorriso gentil.
– Como ficou sabendo que Solie estava aqui? – perguntou Sara.
– Como não saberia… – respondeu sorrindo singelamente – Só se fala sobre os alphas bonitos, na alpha ruiva e no ômega que reuniu um monte de pessoas.
– Oh! – exclamou Solie espantado – Acho que estamos ferindo o silêncio dos outros pacientes.
– Não são pacientes, são hóspedes, já que aqui não é um hospital, caso contrário, não seria permitido que todos entrarem ao mesmo tempo – explicou Sara.
– Mesmo assim… – falou Solie.
– Não se preocupe com isso pequeno, estão todos animados com as presenças ilustres – explicou o senhor, se aproximando da cama de Solie e pegando sua mão.
– Hum… Pai, por um acaso você sabe como se dá um vínculo? – perguntou Alexandra, trazendo a atenção de todos para o senhor.
– Você fala de uma impressão? Como essa que meus netos têm?
– Hããã?! – boa parte dos presentes ficaram estarrecidos com a assertividade do senhor.
– Sr. Levy, como sabe que eles têm uma impressão? – Sara fez a pergunta que 100% deles tinha na ponta da língua.
– Eu vi quando vieram me visitar pela primeira vez.
– Seria inadequado, perguntar como o senhor “viu”? – indagou Lissa curiosa se agachando, a fim de mostrar respeito para falar com senhor.
– Não tenho como explicar com palavras, eu simplesmente posso perceber… É… Um dom? Sim, podemos dizer que é como um dom… – concluiu sem maiores dificuldades.
– Eu e meu marido também temos um vínculo, mas não sei como aconteceu – falou Morgan – Pesquisando, dizem que é quando se apaixonam.
– Na verdade, é quando as almas reconhecem seu parceiro de vida… É um encontro de almas.
– Mas, já não existe a marca para isso? – perguntou Carlos.
– A marca é quando uma pessoa escolhe se vincular física e mentalmente a outra. Já a impressão, é inconsciente, emocional e acontece quando há reconhecimento mútuo. Acredito que ela seja mais forte do que a marca, porque é uma escolha da alma.
– Acontece nos dois ao mesmo tempo? – perguntou Alisson.
– Sim…
– Vocês não se lembram de algum momento assim? – perguntou Lissa.
– … – algo vinha à mente de ambos, porém, nenhum dos dois tinha coragem de falar sobre.
– Ei! Isso é um momento privado deles! – advertiu Morgan.
E assim, Solie teve certeza que seu futuro e o de Ricardo, estavam definitivamente entrelaçados.
Não tendo mais que se preocupar com a possibilidade de enjoar ou abandonar a relação, se sentiu feliz.
Aquele alpha era todo dele.
Publicado por:
- Nick Blezeira
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🌈 Apaixonada pelo Universo BL 🏳️🌈
Escreve sobre personagens empoderados.
Autora de 🔥AGÊNCIA DE ALPHAS🔞 e
♥️ MAIS UM CLICHÊ DE OMEGAVERSE... SQN!💐
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