Mais um Clichê de Omegaverse... SQN! - 11. Virando a Chave
11. Virando a Chave
Desde o encontro com Lissa na Cafeteria, aquela nuvem de auto depreciação que cercava Solie tinha se dissipado completamente. O choque de feromônios tinha sido bem sucedido.
Para felicidade geral do grupo, seu amigo tinha voltado “ao modo Solie de ser”.
Após a sessão de intervenção, Lissa o convenceu a voltar temporariamente para casa e se refazer. Seria mais fácil se alinhar internamente no seu espaço pessoal e seguro.
A caminho de casa, Solie enviou uma mensagem curta para Ricardo avisando que precisaria resolver alguns problemas, e assim, saiu de cena daquele teatro para reorganizar sua bagunça emocional.
No dia seguinte, reunido com seus amigos em sua casa, conversaram sobre os fatos dos últimos meses que o levaram aquele estado depressivo. Falaram a respeito de seu trabalho, os comentários maldosos e sobre como Solie se deixou influenciar negativamente por pessoas que não o conheciam, nem queriam seu bem.
Ser autêntico, é um desafio à auto estima de qualquer um que expõe sua vida nas redes, já que a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma tolerância à originalidade alheia, transformando o comportamento de quem é diferente e único, em afronta pessoal.
Numa sociedade onde ômegas e alphas tem regras implícitas de conduta a serem correspondidas, fugir do roteiro pré estabelecido traz à tona o pior das pessoas.
É uma platéia que finge interação com o conteúdo postado, mas que no fundo se concentra em julgar, difundir rótulos e ditar regras na vida alheia de forma violenta e maldosa. Dar crédito a opinião de tal público, fez com que Solie perdesse a referência sobre si mesmo.
– Realmente não consigo entender por que as pessoas são tão maldosas e virulentas quando se relacionam com um conteúdo que não gostam. Caramba, cada um gosta de uma coisa! Tudo bem se não gostam das minhas roupas ou sugestões, mas precisam me xingar e me diminuir por ser ômega? O que tem uma coisa a ver com outra?
– Você ainda é gentil quando diz que elas se “relacionam” Sol! E sempre tem tudo a ver com esse enquandramento limitante sobre ser beta, ômega ou alpha – falou Alisson irritado.
– Bom, isso é algo que você terá que aprender a lidar, caso ainda queira continuar a divulgar seu trabalho. Já pensou no que vai fazer? – questionou Morgan.
– Ah! Sabe o que percebi agora?! – gritou Alisson agitado – Já pensou que você e esse alpha Ricardo tem uma coisa muito interessante em comum?
– Em comum? O quê seria? – perguntou Solie curioso enquanto dava um gole em sua cerveja.
– Você e ele foram… Humm, como posso dizer… Rejeitados? Julgados pela escolha pessoal? Não sei bem a palavra correta, mas pensa aí, você foi massacrado pelos seus pseudo-fãs por ousar se tornar estilista sendo um ômega, quando as pessoas acham que ao invés de seguir seus sonhos, deveria correr atrás de alphas para casar, ser dócil e ter filhos. Já ele, foi julgado como um alpha não confiável pelos velhos invejosos, broxas e casados, por ser um bon vivant, mesmo que, segundo você disse, seja um dos melhores da empresa quanto aos resultados e lucros. Percebe a similaridade?
– Wow! Pensando dessa forma, até que faz sentido!!! Que doido!!! – exclamou Solie surpreso pela ficha caída trazida à tona por Alisson.
– Só que… Enquanto você se refugiou e se deprimiu, ele partiu para o ataque.
Clap! Clap!! Clap!!!
Morgan, Lissa e Solie aplaudiram divertidamente o poder de percepção alargada da realidade de Alisson. Ele, que normalmente parecia sempre tão desconectado e aleatório, vez em quando tinha certas sacadas pontuais, que por diversas vezes tiraram cada um dos amigos de enrascadas.
– Toma aqui!!! – gritou Lissa abrindo uma lata de cerveja – Depois dessa você merece uma geladinha!
– Será que, por Solie ter uma personalidade mais aberta e sociável, ele se torna mais vulnerável? Já esse alpha aí, parece bem fechadão, né não? – ainda refletindo sobre as similaridades e contradições que uniam alpha e ômega, Alisson estava curioso.
– Nada! Momentos assim são importantes e necessários para Solie amadurecer, colocar os pés no chão e ficar mais casca grossa. Com o tempo ele vai tirar de letra! – Lissa estava confiante no poder de recuperação de seu amigo.
– O que acontece é, que até hoje Solie tem lidado com um núcleo pequeno de pessoas que gostam dele e consequentemente de suas criações. Mas, como um bom criador fora dos padrões, você terá que aprender a lidar com críticas sem cair na auto depreciação, Sol – concluiu Morgan.
– É… Entendi que preciso aprender a lidar com as críticas. Mas, é engraçado, né? Não posso reclamar de falta de apoio, pelo contrário, meus pais, vocês e vários colegas sempre foram muito bons comigo, me dando conselhos e corrigindo quando errava. Sempre entendi e segui em frente. Até os clientes, quando diziam que não tinham gostado de alguma sugestão minha, sempre aceitei que tinha que melhorar, ouvir mais e tal. Então, até agora não entendo porque fiquei tão mal com esses comentários.
– Por mais seguro ou bem sucedido que alguém seja, ninguém está imune de se questionar até o ponto de se perder. Acho que foi o que aconteceu com você… – explicou Morgan carinhosamente.
– Mas nos reunimos aqui para falar de planos!!! – era só no que Lissa pensava: Planos! – Vamos pensar no que você irá fazer de agora em diante?
– Hum, planos. Eu realmente não pensei sobre nada ainda – refletiu Solie ainda perdido sobre o que fazer.
– Minha mente de administradora pensa o seguinte: Ricardo está te usando e pagando para alcançar os próprios objetivos, e acho que você tem que fazer o mesmo, usar o dinheiro, poder e status para desenrolar seus projetos, já que nos próximos três anos terá segurança financeira. Quando esse contrato terminar, você tem que estar seguro na sua profissão e no que mais tiver inventado. O que acha?
– Acho ótimo! – respondeu Solie entusiasmado e já viajando em diversas possibilidades que antes nem habitavam sua mente.
– Nossa! Nem tinha pensado por esse lado. Gostei da ideia! Tem algum projeto que queira colocar em prática, Sol? – perguntou Morgan interessada na ideia. Até então, ele só se preocupava com a relação entre alpha e ômega e quanto isso poderia desestruturar Solie, que nunca tinha tido um relacionamento fixo ou convivência com um alpha, exceto por seu pai, o que não contava.
Como não tinham como demovê-lo da ideia de aderir a um casamento de mentira, todos os amigos refletiam cada um a seu modo, numa forma de Solie ter um retorno positivo da situação.
– Ah! Também é importante vocês sentarem e terem uma conversa direta sobre como será o relacionamento e a interação ao longo desse tempo. As coisas precisam ficar claras e perder esse gelo, caso contrário, essa história não vai colar quando estiverem em público – acrescentou Morgan.
-Sim, eu sei que isso tem que melhorar.
– Não, não é só melhorar, vocês precisam construir uma parceria. Se continuarem se tratando como estranhos que nunca se tocaram, será desperdício de tempo, dinheiro e empenho – concluiu Morgan pensando em como poderia ajudá-lo a direcionar a interação.
– Acho que Morgan tem razão, essa forma de desenvolver o relacionamento está capenga – falou Lissa e continuou – Imagina o seguinte: um evento de negócios do Ricardo, para os outros vocês são recém casados, logo estão no auge da paixão e pegação, se abraçam toda hora, tem aqueles olhares fofolentos que espalham diabetes para quem está em volta, fazem aquele lance escroto de ficar falando sei lá o quê no ouvido um do outro, tipo “estamos no nosso mundinho colorido” e por aí vai! – Lissa revirou os olhos fazendo uma expressão de nojo em sua livre demonstração de desprezo às relações românticas e as dinâmicas de casais apaixonados que tanto a irritavam em eventos da própria empresa – Me diz, como vocês vão fazer um mínimo dessas cafonices interagindo como estranhos em casa?
– Hahahahahahaha! – todos riram em conjunto diante da explanação caótica e cômica de Lissa, oxigenada por seu desapreço.
– Entendi o recado, Lissa! – exclamou Solie ainda rindo.
– Mas Solie, só uma ideia, acho que você precisa resignificar esse alpha aí dentro na sua cabeça. Eu sei que ele faz seu tipo e tals, mas ficar preso no quanto ele é lindo e gostoso, pode tirar sua objetividade, não acha? – e assim, Alisson mais uma vez deu um golpe certeiro na questão-problema do momento.
De fato, essa tinha se tornado sua maior fraqueza: o desejo por Ricardo.
Solie já tinha se relacionado com vários alphas, mas nenhum chegava aos pés da estirpe de Ricardo. Um alpha lindo de todas formas e ângulos, másculo, de alta classe, com uma presença tão poderosa, que uma simples troca de olhares, o fazia perder a força nas pernas, a fala e o rumo. Se transformava em um gatinho ronronante e indefeso. Ainda que não deixasse transparecer.
Esse estado de completa vulnerabilidade perante um alpha, era um aspecto completamente desconhecido de si mesmo. Desde o início de sua vida sexual, era seguro de seus atributos e sempre objetivo na satisfação dos próprios desejos. Além disso, nunca tinha se apegado a ninguém. Logo, essa era uma experiência completamente nova, como tudo relacionado a Ricardo.
Naquela fatídica tarde do primeiro encontro, quando viu Ricardo sentado de pernas cruzadas, imponente e deslumbrante no Restaurante, um estado de profunda ansiedade foi despertado dentro dele. Estado esse, que o levou a assinar um contrato de relacionamento falso em menos de 24 horas, só pela expectativa de desfrutar um pouco mais da presença daquele alpha enigmático e inacessível.
Nas últimas semanas enquanto aguardava Ricardo em casa, mesmo perdido em sua apatia, tentava desesperadamente diminuir as expectativas que o oprimiam, repetindo para si mesmo diversas e diversas vezes: “Eu sei que esse relacionamento não tem futuro, Ricardo só me enxerga como um meio para alcançar um fim. E é só isso. É só isso”.
Mas, toda vez que aqueles feromônios de floresta profunda alcançavam seu nariz, todo seu esforço se transformava num estado de euforia e puro deslumbramento.
Ele estava ciente da sua confusão emocional em relação ao alpha que estava além do seu alcance, e mesmo não entendendo o que sentia, nem sabendo lidar com todas aquelas novas sensações, já tinha decidido empreender o esforço necessário para mudar a postura e lidar com a situação de forma objetiva, passando por cima dos próprios desejos.
Afinal, alimentá-los seria o mesmo que assinar um outro contrato paralelo de sofrimento contínuo pelos próximos três longos anos.
Direcionar seus objetivos, desenvolver seu trabalho, criar novas ideias, cuidar de si mesmo, cumprir com as demandas do contrato, essas eram algumas das muitas demandas que começavam a ganhar vida e espaço dentro da mente e coração de Solie.
– Sim, passei esse tempo todo me contorcendo de ânsia, desejo e frustração por ele, mas decidi que isso acaba agora. Vou planejar meu caminho para me tornar o profissional reconhecido que almejo ser.
Vrrr vrrr vrrrr
Olharam todos ao mesmo tempo para a tela piscante que vibrava o nome “ANTONY”. Já o conheciam como aquele alpha bonito, alto, moreno, definido, Advogado Internacional, admirador declarado de tudo que se relacionava a Solie, sempre o tratando como um príncipe precioso, mesmo tendo sua proposta de namoro rejeitada diversas vezes. Era o melhor dos seus casos, atencioso, carinhoso e dono do melhor sexo que poderia desejar nesse momento.
– ATENDE!!! – gritaram em uníssono!
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Será que Solie vai atender? 🔥
O que vocês acham? 🤔
Ah! Esse capítulo tem um pequeno easter egg🥚!!!
Conseguem adivinhar qual é? 🤭
Até o próximo! ☺️
Publicado por:
- Nick Blezeira
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🌈 Apaixonada pelo Universo BL 🏳️🌈
Escreve sobre personagens empoderados.
Autora de 🔥AGÊNCIA DE ALPHAS🔞 e
♥️ MAIS UM CLICHÊ DE OMEGAVERSE... SQN!💐
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