Blood Camellia - 3
Universidade de Seoul, Seoul, Coreia do Sul, 2020
O homem não havia chamado apenas a atenção de Sunoo, e isso era óbvio, afinal quantas vezes em suas simples vidas universitárias eles poderiam ver alguém desse nível? Era possível sentir a curiosidade rondando o ar, as jovens ao seu redor se eriçaram ansiosas por atenção e em busca de uma ‘nova aventura’ ou talvez um amor. A presença imponente do homem atraia todos os olhares para si, embora ele não parecesse realmente se importar, pois desde que sairá do carro todo seu foco estava no celular em sua orelha, apesar que, independente disso, o desinteresse unicamente aumentava a necessidade de intromissão alheia.
Não que o jovem Oh pudesse julgar, pois no fim, ele mesmo não havia desviado o olhar desde o primeiro momento, e claro, isso não passou despercebido por seu namorado que tentando demonstrar sua posse passou o braço ao redor da cintura de Sunoo encarando o homem que sequer havia lançado olhares em sua direção.
“Wow, quem é esse gostoso?” A jovem que Sunoo lembrava de também participar do clube de viagens exclamou, Minji era seu nome, seus longos cabelos pretos escorriam por seus ombros como uma cachoeira. “É quase como ter uma visão do paraíso.” Ela se abanava com as mãos como se estivesse queimando por dentro, outras garotas sentadas próximo se sentiram na obrigação de concordar, afinal não havia nada de errado em suas palavras.
Nesse momento, o homem de roupas pretas retirou os óculos escuros de seu rosto, revelando seus olhos azuis oceânicos e também a cicatriz que manchava seu belo rosto e tornava seu olho direito levemente branco, mas isso não o deixava feio e menos ainda desinteressante, muito pelo contrário. Minji, que apesar de desinibida era uma jovem frágil, se assustou soltando um leve arfar enquanto se agarrava ao jovem sentado ao seu lado.
Enquanto todos ao redor de Sunoo murmuravam sobre a cicatriz, já criando centenas de histórias mirabolantes, tudo o que ele foi capaz de fazer foi observar e deixar a própria mente vagar ao redor de si mesma criando incontáveis imagens sobre peças de roupas que, ainda que totalmente borradas e sem forma exata, o enchiam de uma criatividade fervilhante. Bom, esse era o jeito com que seu coração dizia estar interessado em algo no fim.
“Ai meu Deus, ele tá vindo aqui.” Minji exclamou tanto excitada quanto assustada enfiando as unhas longas pintadas de rosa claro no braço em que ainda estava agarrada.
Mas todas as suas expectativas foram por água abaixo quando em vez de ir em direção a eles, o homem apenas caminhou calmamente até a área de fumantes retirando do bolso do sobretudo um maço de cigarros Treasurer London, o levando à boca. Cada mínimo detalhe em seus movimentos não passava despercebido por Sunoo, inclusive a forma em que o homem pegou o isqueiro zippo prata com um emblema de dragão, customizado talvez, e em como a luz das chamas brilhou em seu rosto, especialmente no azul turbulento de seus olhos. Ou em como a fumaça dançava ao seu redor lhe dando um ar ameaçador a cada tragada no cigarro preto.
Assim como não passou despercebido quando o homem encerrou a chamada e circulou o espaço com seus olhos, como se buscasse algo, e em como seus olhos pararam em Sunoo, que sentiu todo seu corpo se arrepiar, quase como se uma onda de choque corresse por ele inteiramente. Hyuk notando a pequena e insignificante interação apertou com força a cintura do jovem Oh em sinal de aviso, um aperto tão forte que fez o jovem encolher e seus olhos lacrimejarem. Naquele momento ele desejou que o homem não tivesse cruzado o olhar com os dele, ou pelo menos que ele desviasse antes de ver seus olhos banhados de lágrimas não derramadas, aquela era uma fraqueza que não desejava mostrar em público.
“Eu não acredito!” O jovem a quem Minji estava agarrada exclamou no momento que viu duas cabeças de cores chamativas caminhando em direção ao homem.
Essas cabecinhas chamativas eram famosas no campus, vermelho e azul, as cores complementares que identificavam os gêmeos Hwang. O mais velho Inho sempre mantinha o cabelo vermelho, e era tipicamente um ‘rebelde sem causa‘, suas orelhas cheias de piercings combinando com os furos snake bites no lábio inferior e algumas pequenas tatuagens em seu corpo, tudo sobre ele chamava atenção dos outros ao seu redor. E então havia seu irmão, completamente diferente de Inho. Junho era um jovem sério e respeitável, um líder, um exemplo a ser seguido, se não fosse por seu cabelo extravagante azul e a tatuagem de cobra em seu pulso direito, também complementar a de seu irmão.
No entanto, não era somente isso que os tornava famosos, seu pai, Hwang Donghae, havia sido um famoso militar, que morrerá de forma suspeita á poucos anos atrás, e seus filhos, poucos dias depois de recusar todas as entrevistas da mídia sobre a morte do pai, haviam aparecidos matriculados na faculdade e com aparência diferente da que costumavam antigamente, afinal, até onde se sabe os dois haviam sido criados sem a mãe em quartéis generais do exército, sendo totalmente restringidos de uma adolescência comum. Até hoje a morte do patriarca Hwang era um mistério e ambos os filhos sempre se recusavam a fazer qualquer comentário relacionado, muitos achavam que podia ter sido um assassinato encomendado pelos garotos.
E agora, um homem misterioso aparece e os gêmeos iam até ele e cumprimentavam como se fossem família, pelo menos era o que aparentava, visto que Inho pulou em seu colo envolvendo suas pernas na cintura do homem como se sua vida dependesse disso, e o mais chocante era Junho, que nunca havia demonstrado nada de afeição em público, depois de ser acariciado na cabeça, se inclinou em busca de mais carinho e sorriu, como um gatinho carente.
A única coisa que Sunoo pensou era em como aquilo geraria fofocas intermináveis naquela universidade, somente entre os amigos de Hyuk três teorias diferentes já se faziam presentes, a primeira sendo que o homem era um sugar daddy dos gêmeos, outra dizia que não era possível ser sugar daddy, pois os gêmeos herdaram uma quantidade mais que suficiente de dinheiro do pai militar, mas que era um namorado e os gêmeos era dois pervertidos de dividiam o mesmo homem, e por fim a mais doida entre essas, que o homem era um primo gangster que depois da morte do pai, se aproximou dos garotos e os drogou e treinou até que se transformassem em ‘putinhas carentes apenas por ele’.
Cansado de todas essas coisas triviais e desrespeitosas, Sunoo aproveitou a deixa de estar próximo ao horário de entrada para se levantar e ir embora, mas uma mão forte e gelada ao redor de seu pulso o impediu.
“Onde vai?” Talvez Hyuk houvesse perdido a noção de tempo por estar tão focado em coisas fúteis.
“As aulas vão começar daqui a pouco, você sabe que gosto de estar na sala antes do professor chegar.” Tentou afrouxar o aperto em seu pulso fazendo um pequeno carinho no braço do namorado, o que foi em vão e ainda teve que aguentar os sussurros dos amigos de Hyuk o chamando de nerd.
“Te vejo no almoço, no mesmo lugar de sempre.” Dito isso Hyuk puxou o garoto para perto e lhe deu um leve beijo, e em uma atitude de extrema infantilidade ficou encarando o homem que estava conversando com os gêmeos Hwang na área de fumantes enquanto fazia isso, mas o fato deste não ter percebido a pequena provocação apenas deixou Hyuk ainda mais irritado.
Sunoo se afastou sem notar o uso que o namorado havia dado à aquele pequeno sinal de afeto, mas não antes de deixar de ouvir uma garota e Minji se levantarem e se afastarem conversando próximas a ele.
“Se ele for entrar no clube de vocês, pode ter certeza que eu vou me inscrever.” A garota murmurou suspirando, talvez imaginando um cenário clichê onde ambos se esbarravam e desenvolviam um romance quente.
“Nem pense, esse vai ser meu.” Minji sorriu com confiança, desencorajando a amiga de fazer qualquer tentativa, mesmo que mínima.
Poucos poderiam resistir a Minji, uma jovem tão bela, confiante e inteligente. Mas o que outros não sabiam era que por baixo de uma casca angelical, ela era podre, uma garota mimada que faria absolutamente tudo para ter o que queria e sem remorso algum, mesmo que isso pudesse estragar a vida de várias pessoas.
No ano anterior, ela havia se envolvido em um grande escândalo com um dos professores de seu curso de teatro, um homem mais velho, casado e com dois filhos, depois de se divertir por um tempo, ela simplesmente vazou alguns vídeos de ambos tendo relações sexuais e se fez de vítima dizendo que havia sido ameaçada em relação a suas notas, todos acreditaram nela e mesmo o professor tentando desmentir, no fim ele foi exonerado, sua esposa pediu o divórcio e entrou na justiça para o proibir de ver os filhos, talvez naquele momento suas únicas razões de viver, caso que foi ganho pela mulher traida, e o homem sem mais nenhuma esperança veio a cometer suicídio, uma cena horrível de se observar, o encontraram quase duas semanas depois boiando em um pequeno córrego todo inchado e com a pele esverdeada, já avançando em seu estado de decomposição.
E como Sunoo sabia que a pessoa culpada dos vazamentos era, não outra, senão a própria Minji? Ela mesmo explanou no pequeno grupo, sendo uma amiga muito próxima de Hyuk e dos outros, ela simplesmente contou tudo, como se não se importasse em ter arruinado uma vida, na verdade, parecia até orgulhosa por ter sido capaz de se passar por vítima dizendo que ninguém superava suas habilidades de atuação. O jovem Oh esperava, de coração, que o homem de belos olhos não caísse nas garras da jovem.
Com Sunoo já fora da vista do grupo restante, pessoas tão podres quanto a própria Minji, afinal amigos tendem a ser parecidos uns com os outros, todos se viraram em direção à Hyuk, suas línguas coçando para despejarem veneno.
“Tá se apaixonando pelo brinquedinho, é? Essa ceninha de ciúmes foi ridícula.” Um deles soltou sem aguentar mais, era Sookmin, colega de curso e amigo de infância de Hyuk.
“Não fode, foi você quem me disse que ‘pegar um inocentezinho e destroçar ele é a coisa mais satisfatória’, só estou seguindo a dica.” O sorrisinho cínico no rosto de Ong era desprezível, era claro que os planos dele eram mais profundos do que apenas ‘brincar’.
“Você sabe que quando eu disse ‘destroçar’, foi no sentido de fuder ele até chorar e depois jogar fora, né?” Por mais canalha que Sookmin fosse, sendo um típico destruidor de corações, ele ainda sentia medo de Hyuk quanto aquele sorriso se fazia presente, nunca era uma coisa boa, mas o que ele poderia fazer?
“Claro, mas comigo é diferente…” Os olhos de Ong vagaram até o homem fumando. “Enquanto eu não enjoar, não vou entregar minha propriedade para ninguém.” Na cabeça de Hyuk aquilo era guerra, a presença intimidadora do outro era uma ameaça à sua dominação, ou pelo menos era isso que ele sentia.
[…]
Mais tarde naquele dia, o celular de Sunoo explodia em mensagens e uma única pessoa era a causadora disso, aquele homem envolvido em vestes negras. E tudo começou com um anúncio encaminhado no grupo do clube de viagens. Com os gêmeos Junho e Inho sendo, respectivamente, presidente e vice-presidente do clube, no segundo em que a mensagem foi enviada tudo eclodiu, todos surtando com a remota possibilidade de saber mais sobre o suposto amigo dos irmãos.
Os boatos sobre o homem já haviam rondado todo o campus e algumas informações foram conseguidas graças a isso, como por exemplo, seu nome era Ikira Dowan, tinha 25 anos e havia acabado de retornar ao país depois de viver quase cinco anos no exterior, supostamente trabalhando, era filho de um presidente de um conglomerado importante tanto nacionalmente quanto internacionalmente, e mesmo com todos os boatos espalhados sobre sua relação com os gêmeos, ele não era namorado, sugar daddy ou parente deles, era apenas um amigo próximo que conheceram no exército. Sunoo sentia que tudo no momento girava em torno daquele homem de cabelos coberto em trevas e tudo por conta daquela mensagem de aviso do presidente.
“Boa noite a todos os nossos membros, por conta deste início de semestre, iremos realizar uma pequeno jantar de boas-vindas aos novos membros que estarão entrando neste novo semestre.
Neste sábado, às 20:00 no restaurante em que fizemos todas as nossas reuniões anteriores.
Presidente, Hwang Junho.”
Centenas de mensagens de jovens universitárias perguntando aos irmãos sobre Dowan, todas alvoroçadas e excitadas. Alguns perguntavam se poderiam levar as amigas ao jantar ou sobre se o clube aceitaria novos membros depois do período de inscrição ter se fechado. Essas foram as únicas que os gêmeos se prontiveram a responder, enquanto Junho foi educado ao dizer ‘não’, Inho por sua vez, não foi em nada educado. Algumas de suas respostas envolviam palavras de baixo calão, como a frase que calou a todas elas: ‘não estamos abertos para putas interesseiras‘.
E tudo que preenchia a mente do jovem Oh era os olhos de Dowan. Naquele momento se sentiu animado para ver o outro, talvez aqueles olhos lhe dessem ainda mais criatividade, inúmeras ideias rondavam sua cabeça e tudo o que ele mais desejava era colocá-las no papel.
[…]
Na sexta-feira, enquanto Hyuk e Sunoo almoçavam junto aos amigos, o assunto principal do campus surgiu mais uma vez e foi trazido por, obviamente, Minji.
“Então… Algum de vocês está estudando com aquele gato, certo? Tipo, tem gente de tudo que é curso aqui.” Ela se inclinou na mesa pretensiosamente.
“Sério que você ainda está falando desse cara?” Hyuk exclamou irritado, afinal desde o dia em que Dowan havia chegado o assunto não parava, seja por Minji ou por qualquer outro membro do grêmio, com quem tinha mais contato.
“Ela tá escolhendo a próxima vítima, não estraga a diversão.” Sookmin interviu antes de virasse uma discussão, afinal o nível de estresse do amigo estava se descontrolando, quase chegando em seu pico máximo de paciência.
“Hyunjae, você faz Direito né? Ouvi que ele era aluno de Direito.” Novamente ela insistiu virando-se para o garoto ao seu lado abraçando seu braço. O jovem parecia ter sentimento pela jovem, pois corou fortemente e não hesitou em falar tudo o que sabia sobre o assunto.
“S-sim, ele tá na minha classe…” Ele respondeu gaguejando levemente, Minji se inclinou mais em sua direção interessada em saber mais. “Faz pouco tempo que ele chegou, mas até agora só falou com os gêmeos e ignorou todas as garotas que foram atrás dele. Normalmente ele fica no celular, talvez já tenha namorada.”
“Só isso? Nada mais?” Ela perguntou ansiosa.
“Ele não fica muito nas aulas, toda vez que recebe uma ligação, ele sai da aula e isso acontece bastante. Não tem muito o que saber.” Hyunjae suspirou.
“Tsk, pelo menos vou poder falar com ele amanhã na reunião do clube, já que ele é tão amigo assim dos gêmeos, é óbvio que ele vai estar lá.” Minji se recostou de volta na carteira e cruzou os braços irritada, como uma criança mimada ao ter sua vontade negada.
“Que reunião?” Hyuk entrou no meio, naquele momento Sunoo lembrou-se de que devia ter avisado ao namorado sobre a reunião.
“E-eu esqueci de avisar, vai ter uma reunião de boas-vindas para o pessoal do clube.” Sunoo segurou a mão do namorado fazendo um leve carinho na tentativa falha de acalmá-lo.
“Achei que iríamos jantar juntos e depois ir para minha casa.” A resposta veio com um aperto forte em sua mão, aquele era um sinal claro de que o namorado estava irritado com o jovem. “Mas não tem problema, eu te busco quando vocês terminarem.”
Aquilo não era uma sugestão, era um aviso. E nada de bom viria caso Sunoo se manifestasse contrário a aquelas palavras, então tudo que pode fazer foi concordar, sorrir e implorar que tudo corresse conforme a vontade de Hyuk. Na última vez em que o namorado havia agido dessa forma, fora na viagem à Zona Desmilitarizada, onde Sunoo acabou encontrando um homem, agora um soldado, por quem foi apaixonado na época do colegial, mesmo que agora não sentisse mais nada pelo outro, fora uma boa experiência de reencontro em que puderam conversar. Mas Hyuk não pensou o mesmo quando, já de volta a Seoul, o jovem Oh contou animado sobre o soldado e em como ele havia sido importante em sua vida antigamente. Uma discussão foi desencadeada e rendeu uma noite árdua para ambos e algumas pequenas marcas roxas espalhadas pelo corpo de Sunoo.
E quando se despediram mais tarde naquele dia, a mordida deixada na base do pescoço do jovem Oh era uma ameaça silenciosa. E qualquer ânimo que tivesse vindo a ter sobre a reunião havia sido sugado pela mordida de Hyuk.
[…]
Churrascaria 853, Seoul, Coreia do Sul, 2020
Aquela era uma churrascaria muito conhecida pelos alunos do campus, ainda que os preços fossem um pouco acima da média, não era um problema, pois os gêmeos sempre acabavam pagando a comida no final. E ainda que não fosse próximo a ninguém do clube, Sunoo se sentiu na obrigação de aparecer, pelo menos por um hora ou duas, pelas viagens do clube serem as suas maiores fontes de inspiração.
Sua mãe o trouxera de carro até próximo ao restaurante, poderia ser considerado um ato de uma mãe amorosa, se não fosse o aviso para se comportar seguido de um aperto dolorido na mão do filho, afinal nas palavras dela ‘nunca se sabe quem está olhando, e você não quer fazer algo que prejudique a campanha de seu pai’. No momento que pisou os pés no interior do restaurante Minji o viu, talvez estivesse esperando a passagem de outra pessoa pelas portas, e acenou indicando o lugar vago em sua frente. Muito provavelmente Hyuk havia pedido para que a jovem ficasse de olho no namorado.
“Você viu o Dowan oppa lá fora? Os gêmeos estão aqui, mas ele ainda não chegou.” Assim que se sentou a pergunta veio, nesse momento ele notou que havia acabado de se sentar na mesma mesa que os irmãos estavam e que o homem ausente viria a se sentar.
“Não vi…”
Antes que tivesse a chance de completar a frase, um barulho de vozes chamou sua atenção em direção a porta, bem a tempo de ver Dowan atravessando o arco de madeira, todo o mundo pareceu parar por um segundo quando seus olhos se encontraram, as vozes se calaram e o tempo desacelerou, o batimento em seu coração gritava implorando para ser liberto. Dowan estava novamente com roupas muito fechadas, um padrão muito apontado nas fofocas sobre ele e parecia não se importar com qualquer comoção que sua presença causará, pois tudo o que fez foi ir em direção aos irmãos, que levantaram-se no mesmo segundo o abraçando, e depois sentou-se ao lado deles, curiosamente ao lado de Minji também, está que ficou tão animada que deixou um sorriso vitorioso brotar em seu pequeno rosto coberto por maquiagem, no entretanto, mais animados que ela eram os gêmeos que não conseguiam de modo algum tirar o sorriso do rosto, talvez tivessem ficado um grande tempo sem se encontrarem ou talvez fosse apenas o jeito que agiam normalmente quando estavam com o homem.
As bebidas começaram a correr pelas mesas sem controle e as carnes a serem colocadas nas grelhas, tendo em vista que todos os alunos haviam chegado, Junho começou o discurso.
“Boa noite á todos os nossos membros, primeiramente eu gostaria de agradecer a presença e dar as boas-vindas ao nosso Club de Voyage.” Um brinde foi feito, todos animados com o novo início de semestre e com quaisquer lembranças que pudessem guardar.
“Irei fazer uma pequena introdução aos novos membros e comentar um pouco sobre o que nós fazemos aqui. O clube engloba muitos cursos, aberto para todos os alunos de nosso campus que tenham condições para realizar as viagens. A maioria dos alunos vêm em busca de uma fuga da rotina corrida ou são alunos de cursos ligados à arte em busca de criatividade, seja moda, arquitetura, artes visuais, cênicas e entre outras. Nós fazemos uma viagem por mês, a distância e duração das viagens são com base em como está nosso ano acadêmico, claro, caso estejam muito ocupados ou não queiram, não terão obrigação de ir. Todas as viagens acontecem no final do mês, então durante o mês inteiro nós discutimos sobre localização, quem irá e quanto deve ser desembolsado para a viagem.” Aquele era o discurso padrão que havia sido feito no ano passado também.
“Dito isso, hoje nós temos uma presença ilustre, que mesmo estando no exterior, foi o principal fundador do clube, meu hyung, Ikira Dowan…” Um grito vindo de Inho dizendo ‘nosso hyung‘ interrompeu seu discurso. “Nosso hyung, enfim, graças a ele, nosso clube foi formado, quem foi atrás do apoio do reitor, foi ele, assim como quem financiou nossa primeira viagem juntos, ainda que não estivesse presente, então levantem seus copos e façam um brinde.” Esse brinde, diferente do outro, soou muito mais animado da parte das jovens ali e assim que foi terminado o brinde e discurso, todas as atenções da mesa se voltaram para Dowan, todas as garotas querendo chamar a atenção do homem de alguma forma.
“Hyung~” O tom arrastado de Inho se fez presente, já se levantando e se pendurando no pescoço do amigo, a voz agora abafada soou novamente. “Dá atenção pra gente também.”
“Acho que eu te mimei de mais…” Dowan suspirou fazendo carinho no cabelo vermelho. A risada de Junho vendo a cena surpreendeu a todos, aquela era uma visão rara, mas que havia aparecido para Sunoo pela segunda vez na semana, e todas essas vezes foram relacionadas ao homem.
“Sai dai Inho, senão o Kenji vai ficar com ciúmes quando souber.” A pequena ameaça saiu dos lábios cínicos do Hwang mais velho, pela primeira vez o ouviram soar levemente mimado, sua voz estava muito mais suave.
As pessoas ao redor ficaram sem saber do que se tratava a ameaça ou de quem era ‘Kenji‘, mas isso não impediu o ciúme irreal de Minji, afinal era ela quem queria estar tão próxima do homem, mas mesmo sentada ao lado dele em momento algum teve sua atenção, está que parecia estar totalmente focada nos irmãos.
“Dowan oppa, conta mais da sua história pra gente, adoraria saber mais sobre você…” O tom manhoso de Minji irritou os ouvidos de Sunoo, tão enjoativo, típica voz que usava para conseguir o que queria. Mas parece que não foi apenas ele quem se irritou, visto que o rosto de Dowan se fechou um pouco quando a garota se inclinou e fez um leve carinho em seu braço, mas antes que fosse capaz de dizer algo, um chute, vindo de Inho, não que alguém tivesse notado o fato, acertou a perna da jovem fazendo seu braço esbarrar em um dos copos com o susto.
Naquele segundo todos paralisaram, quase tão tensos quanto Minji ficou ao prever o que a cena traria. Sunoo sentiu o momento passar como uma câmera lenta, o copo se virando sobre a blusa de tons escuros do homem o manchando com cerveja. Era inevitável, o desastre estava feito.
Inho colocou a mão em frente ao rosto, tentando impedir o sorriso de ser visto, já Junho franziu o cenho irritado, pronto para dar uma bronca nas pessoas envolvidas no acidente, era óbvio que ele imaginava de quem havia sido a culpa por aquele pequeno acontecimento, mas antes que alguém pudesse ter feito algo, Dowan se levantou e tirou a blusa de manga longa revelando uma regata branca. O choque foi geral no pequeno salão, talvez pelas tatuagens, talvez pelas cicatrizes que ficaram evidentes e talvez ainda pelo físico impecável do homem.
O olhar de Sunoo correu pela cicatriz que ia do dedo anelar esquerdo subindo de forma irregular em direção às costas, então seus olhos caíram sobre o pescoço do homem, a cicatriz limpa e reta no mesmo lado em sua garganta seguida pela tatuagem que parecia ser escrita em chinês cobrindo a laringe verticalmente, atrás da escrita uma gota em carmesim escorria, tão realista que aparentava ter sido feita com sangue real pingado ali, mais à direita, descendo pelo braço musculoso e marcado com veias era possível ver uma cobra preta tatuada ali. Antes que o olhar do jovem Oh pudesse vagar pelos mínimos detalhes apresentados, analisando cada um deles, vislumbrando cada centímetro, a saída de Dowan o impediu.
Mas não impediu a mente de Sunoo de ser preenchida de ideias, tamanha inspiração que não teria sido encontrada caso estivesse procurando, era um daqueles momentos em que tudo se combinava e culminava no melhor dos lampejos, ele precisava sair dali.
Ele precisava desenhar…
O entusiasmo estava transbordando em seus olhos.
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