Volte para mim ômega - Cap 6: Sentimentos confusos e uma resposta distante, ou talvez nem tão distante assim.
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Do outro lado da porta, assim que passa seus olhos sobre Jay, Alex sente seu corpo pesar. O fazendo se sentir ainda pior não deixa de reparar como o ômega está completamente suado, com o rosto vermelho, com a respiração ofegante e visivelmente muito cansado. Culpado fala sem conseguir esconder a ansiedade na voz.
— Jay… me desculpe eu devia ter vindo antes.
Sem acreditar no que está bem à frente de seus olhos, Jay o encara intensamente. Alex o alfa que desejou tanto está a poucos passos de distância. Com ainda mais intensidade seu corpo logo responde, os efeitos do cio ficam ainda mais fortes, sem forças se segura sobre a parede para se manter em pé. A presença de Alex mexe muito mais com Jay do que ele podia imaginar.
— Alex, o que… o que você está fazendo aqui?
Pergunta em pequenos sussurros, sem forças nem para manter o tom alto em sua voz.
— Eu vim te ajudar, Jay. Eu sei o que está acontecendo.
— Me ajudar?
O encara com um olhar ainda mais intenso, sua aura sedutora fica cada vez mais forte, sabe o significado das palavras de Alex. Seu corpo queima como se estivesse em chamas, mesmo com medo só tem um desejo em sua mente, e pelas respostas de seu corpo não consegue disfarçar.
— Então… então eu não vou mais ficar sozinho? Você vai me ajudar a parar de sentir tudo isso?
Novamente fala sem pensar, desejando somente saciar de vez tudo o que está sentindo. Mas algo não parece certo, se manter em pé está sendo cada vez mais difícil, sua visão parece embaralhada, sente como se estivesse perdendo ainda mais o controle de seu corpo. Assustado, fala em um tom confuso.
— Alex, o que está acontecendo comigo? Tem algo… tem algo errad…
Não consegue completar suas palavras sentindo tudo escurecer e desabando pesado como pedra, somente não caindo sobre o chão pelos movimentos rápidos de Alex que o segura firme o apoiando sobre seu peito.
— Jay…
O chama em um tom alto, sente seu corpo pesar ainda mais.
— Jay o que foi? O que está acontecendo?
Jay não responde. Alex se sente completamente perdido. Afetado por tudo o que está acontecendo seu peito dói como se facas estivessem sendo fincadas sobre ele.
— Não é possível, você está assim por que eu demorei para chegar?
Vira um pouco o rosto de Jay, percebe que ele está desacordado, seu corpo pesa cada vez mais.
— Droga! Eu devia ter vindo antes, me desculpe Jay.
O segura com mais força, sente o intenso calor que está vindo de Jay percorrer por todo o seu corpo. Culpado, se sente cada vez pior.
— Você está tão quente, seu corpo está tão molhado de suor. Você sofreu tanto sozinho ao ponto de terminar assim, e mesmo sabendo de tudo eu ainda deixei essas coisas acontecerem…
Passa de leve seus dedos sobre os fios também já completamente molhados do cabelo de Jay. Seu peito dói tanto, que sente até dificuldade para respirar.
— Me desculpe ômega, eu devia ter vindo no momento em que percebi as mudanças no seu corpo.
Para deixar Jay mais à vontade, com cuidado o pega sobre seus braços, o encara por alguns segundos. Seu corpo também queima, se sente responsável, quer o proteger mais que tudo.
— Sei que errei com você, mas eu não posso só ficar me lamentando enquanto você está assim.
Agindo do modo mais respeitoso possível entra em seu apartamento e o coloca delicadamente sobre o sofá. Se sente um pouco sem jeito por estar no ambiente mais íntimo de Jay enquanto ele está desacordado, mas ignora seus pensamentos, sabendo que a única coisa que não pode fazer no momento é sair do seu lado.
— Me desculpe por estar invadindo a sua casa assim, mas é só até eu pensar melhor no que fazer.
Se senta ao seu lado, volta a fazer carinho em seu cabelo, o encara novamente. A dor em seu peito não passa, se sente angustiado e completamente culpado. Tudo o que está acontecendo com Jay, também mexe muito com sua mente. Mesmo tentando se manter calmo, suportar tudo o que está sentindo não está sendo fácil para Alex também.
Ainda sentindo os efeitos do cio em seu corpo, mesmo desacordado, Jay continua com a respiração ofegante. Em vários momentos, como se estivesse sentindo dor, solta baixos gemidos em um tom fraco, algumas vezes se contorcendo também sobre o acolchoado do sofá.
Preocupado, Alex o encara ainda mais intensamente. Sabe exatamente o que Jay está sentindo. Isso é sufocante.
— O que está acontecendo com você, Jay? Está diferente da outra vez, isso não é normal.
Mesmo em meio a tudo que também está sentindo, tenta se manter calmo e pensar melhor no que fazer. Como um pensamento obvio, algo vem em sua mente. Sem pensar nem mais por um segundo que seja, volta a pegar Jay em seus braços, logo seguindo caminho em direção a porta, se sentindo um pouco irritado por não ter pensado nisso antes.
— Mas é claro Alex. Caralho! Você tem a porra de um amigo médico e fica aqui perdendo tempo enquanto Jay está sofrendo tanto.
Segura Jay mais firmemente, sente seu peito queimar mais uma vez.
— Me desculpe por ficar tão perdido em qualquer coisa relacionada a você. Mas tudo vai ficar bem, eu prometo. Só tente aguentar mais um pouco, eu vou cuidar de você a partir de agora.
Aumenta seus passos, chegando em poucos minutos em seu carro. Mantendo os gestos delicados, coloca Jay confortavelmente deitado sobre o banco de trás, logo entrando também. Em alta velocidade, dirige sem pensar em nada além de Jay, seguindo caminho direto até o médico.
Quando chega, rapidamente pega Jay no colo outra vez. Ignorando todos ao seu redor vai direto até o balcão de atendimento. Sem conseguir disfarçar tudo o que está sentindo, de um modo alterado começa a falar em um tom desesperado.
— Por favor me ajude, chame o doutor Marcos, esse ômega, ele… ele entrou no cio e agora desmaiou, e eu não sei o que fazer.
Confusa, a atendente que estava preenchendo uma ficha no computador o encara por alguns segundos, logo percebendo como Alex parece alterado. De um modo leve, tentando o acalmar e entender melhor o que está acontecendo, fala em um tom gentil.
— Fique calmo, eu já vou chamar o doutor para você, e não se preocupe, o seu companheiro vai ficar bem. Só me fale uma coisa, como você se chama? E o que esse ômega é seu? Você é namorado, marido dele?
Quando escuta a pergunta da atendente, Alex sente uma pontada em seu peito e se sente estranho também. Confuso pensa um pouco antes de responder.
— É… Alex, meu nome é Alex, e… não, ele não é meu companheiro, mas…, mas ele é muito importante para mim.
— Ok, não tem problema. A pergunta foi só para eu saber o seu grau de parentesco com ele, mas a gente vê isso depois. Pode vir comigo que eu te levo até uma sala onde você possa deixar o ômega mais à vontade e logo em seguida já chamo o doutor.
— Ok, obrigado…
Sem mais conversas, Alex segue a atendente até uma sala, logo colocando Jay sobre uma cama e se mantendo ao seu lado, esperando ansiosamente até o doutor chegar.
Poucos minutos depois, sabendo que o caso de Jay é uma emergência, o médico logo chega na sala. Quando bate seus olhos sobre Alex, se sente surpreso pois não imaginava que era o amigo que estava ali.
— Alex?
O encara por alguns segundos, mas logo passa seu os olhos sobre Jay, se sentindo ainda mais surpreso.
— E ainda por cima com um ômega.
— É meio complicado explicar agora. Marcos, ele precisa muito de ajuda, depois eu conto tudo para você.
Confuso, Marcos volta seu olhar em direção a Alex. Percebe o quanto amigo parece nervoso, se surpreende outra vez, nunca tinha o visto assim antes. Mas como sabe que não é o momento, não faz mais perguntas para o alfa então volta sua atenção para Jay.
— Fique calmo Alex, não se preocupe mais, eu vou cuidar desse ômega agora.
— Por favor.
Sem perder mais tempo, Marcos logo começa a examinar Jay. Para entender melhor o que está acontecendo, também faz algumas perguntas para Alex. O alfa rapidamente responde tudo o que sabe para Marcos, que tendo uma ideia melhor do que ouve, logo injeta um inibidor mais forte e um pouco de calmante nas veias de Jay.
— Isso deve resolver por enquanto, pode ficar mais tranquilo agora, Alex. O ômega logo, logo vai ficar melhor.
— Obrigado, Marcos. Admito que estava perdido e não sabia o que fazer, mas só de saber que você está cuidando do Jay agora, eu já me sinto mais calmo.
— Não precisa me agradecer, esse é meu trabalho, mas eu não deixo de estar surpreso, você por aqui e ainda por cima junto com um ômega, eu não sabia que você estava namorando.
Ao ouvir as palavras de Marcos, Alex sente uma pontada em seu peito novamente. Sem conseguir disfarçar, muda completamente a feição do seu rosto. Com um olhar frustrado volta a olharem direção a Jay, seu peito dói ainda mais. Mesmo Marcos não falando nada de mais, se sente mexido pelas suas palavras.
— É… é meio complicado, a gente não está namorando, Marcos.
Volta o olhar em sua direção, ainda mantendo o olhar frustrado.
Vendo a reação de Alex, Marcos se surpreende novamente. Que tipo de relação ele tem com Jay, para o alfa ficar tão mexido com um simples comentário? Mesmo não querendo ser evasivo, não deixa de se sentir curioso.
— Me desculpe pelo comentário, Alex. Acho que disse algo que não devia. É só que eu nunca te vi assim por nenhum ômega, por isso pensei…
— Não tem nada do que se desculpar, Marcos. O problema sou eu. A minha relação com Jay é um pouco mais complicada do que somente um namoro, eu tenho responsabilidades com esse ômega, por isso que qualquer coisa relacionada a ele mexe comigo mais do que devia.
— Eu entendo, principalmente no momento que o ômega está agora. Mas você pode ficar tranquilo. Pelo que você me disse, o Jay só chegou no seu limite por causa do cio descontrolado. Provavelmente ele tentou se aliviar mais do que seu corpo podia aguentar, isso é mais comum do que você possa imaginar. O período do cio não é fácil para nenhum ômega. O importante é que você foi o ajudar e o trouxe aqui e agora ele vai ficar bem.
— Obrigado, Marcos. Fico mais tranquilo em ouvir isso. Mas mesmo assim não deixo de me sentir culpado, se eu tivesse chegado antes o Jay não precisaria passar do seu limite e as coisas não terminariam assim. Eu não sei o que acontece com esse ômega, mas parece que desde quando eu o conheci eu só cometo erros com ele.
— Por que você está falando isso, Alex? A única coisa que eu vi até agora foi você tentando ajudar esse ômega. Mas você parece tão triste. Eu não sei como é o relacionamento de vocês, mas só o fato de você estar ao seu lado agora, já mostra que você se importa. E também não tinha como você saber sobre o cio, essas coisas acontecem, em alguns casos é normal perder o controle. Como eu disse isso faz parte da vida de um ômega, até de um alfa, você sabe disso.
— Eu sei, e até por isso eu me sinto ainda mais culpado — Abaixa a cabeça, pensa um pouco antes de continuar a falar. — Marcos, eu sabia desde o começo quando Jay começou a sentir os efeitos do cio. Quando eu falei que a minha relação com o ele é mais complicada do que um simples namoro, eu não estava brincando, eu fiz coisas horríveis com esse ômega.
— Coisas horríveis? Do que você está falando, Alex?
— Eu cometi um grande erro.
Volta a encarar Marcos, agora o lançando um olhar ainda mais frustrado.
— Marquei o pescoço dele na primeira noite em que a gente se conheceu, eu agi por impulso sem nem mesmo conhecer esse ômega direito.
— Você o que?…
Pergunta surpreso, tentando digerir o que acabou de ouvir.
— Isso mesmo que você ouviu. Como… como eu disse, agi por impulso, até agora não sei como tive coragem de fazer isso.
Responde envergonhado, desviando o olhar, não conseguindo encarar Marcos por muito mais tempo.
Sem saber o que dizer, Marcos fica alguns segundos em silêncio. Não consegue entender as ações de Alex, sabe muito bem as consequências de seus atos. Como médico já vendo muitas coisas que gostaria de esquecer e acabar associando essas coisas ao que Alex fez, se sente um pouco decepcionado.
— Caramba Alex, eu sei que a gente já é amigo a bastante tempo, e eu não tenho o direito de te julgar, mas o que você fez é muito sério. Uma marca não se faz assim por impulso, isso não é brincadeira.
— Eu sei Marcos. Eu não tenho nem desculpas para o que eu fiz.
— Agora eu entendo o porquê você estava tão desesperado, você sentiu tudo o que Jay sentiu.
— Sim, foi como um soco no meu estômago. Todos aqueles sentimentos e emoções, o Jay estava sofrendo tanto, e eu senti tudo como se fosse eu.
— Eu não sei nem o que falar, uma marca é algo tão sério, e você vem e me fala que fez em um ômega que acabou de conhecer como se você fosse aqueles alfas abusadores que existem por aí. Eu não esperava isso de você, Alex. Talvez esse seja até o motivo do cio do Jay estar descontrolado.
— O que?…
Sente seu corpo pesar outra vez.
— Sim. Uma marca pode fazer isso. Quando um ômega está no seu período do cio a marca deixa tudo ainda mais intenso, em algumas ocasiões pode até anular o efeito das pílulas inibidoras.
— Eu… eu não sei nem o que dizer. Sei de todo poder que uma marca tem, mas quando eu a fiz, não pensei em nada disso — Volta seu olhar em direção a Marcos. — Você pode não acreditar, mas eu não queria fazer nenhum mal para ele. Quando eu fiz a marca, naquele momento, eu não sei o porquê, mas eu achei que ia ser diferente, achei que o Jay… — Pensa por alguns segundos, sorri de si mesmo. — Naquele momento eu queria que ele fosse só meu, o meu ômega. Eu nunca quis que ele sofresse sozinho, ou que meus atos fizessem tudo ser mais difícil. Mas agora, principalmente depois de tudo, percebo cada vez mais como fui egoísta.
Marcos o observa novamente. Se surpreende cada vez mais com tudo o que está ouvindo e vendo. Intrigado, pergunta esperando uma resposta sincera.
— E o que você sente pelo Jay, Alex?
Se surpreende com a pergunta de Marcos. Perdido, não sabe o que responder.
— Co…como assim, Marcos?
— Eu te conheço já a bastante tempo, e eu nunca te vi assim por ninguém. Sei também que você não iria marcar um ômega por maldade ou por um simples impulso. Seja sincero comigo, o que você sente por esse ômega?
Tendo muitos sentimentos confusos em relação a Jay, Alex fica alguns segundos em silêncio pensando no que responder. Mas mesmo confuso, sabe que Jay desperta algo diferente dentro de si. De um modo sincero, não conseguindo ignorar mais tudo o que está sentindo, começa a falar sem esconder nada.
— Eu…eu não sei, parece bobo, mas foi desde o momento que eu o vi pela primeira vez. Esse ômega, ele… ele mexeu comigo de um modo intenso, ele parecia diferente, único. No momento em que eu bati meus olhos sobre ele, eu o queria e o desejava mais do que eu já desejei qualquer outro ômega, e quando finalmente eu o tive em meus braços, eu não queria que isso acabasse nunca mais, eu queria que ele fosse meu e que aquele momento durasse para sempre. Então como você já sabe, agi por impulso e o marquei. Mas eu não sei o que pensar, bebi muito aquela noite, o cio estava mexendo muito comigo, e agora tem a marca, que mexe muito com meus sentimentos. O que eu sei é que desde quela noite eu não consigo parar de pensar no Jay.
— O Jay sabe disso?
— Não, e eu nem quero que ele saiba. Até porque nem eu sei o que eu sinto direito, não sei também se é por causa da marca, ou culpa.
— Bom, a marca com certeza influencia também. Tudo o que está acontecendo com vocês é muito delicado. Mas vendo você agora, eu acredito que não seja somente por isso, talvez esse ômega realmente tenha despertado algo em você, Alex.
— Eu não sei Marcos, ainda está tudo tão confuso que eu não sei o que pensar.
— Mas e o Jay? o que ele pensa de tudo isso? Como ele reagiu a marca?
— Nada bem.
— Imaginei.
— Ele pediu para eu tirar, ele odeia essa marca, e provavelmente me odeia também. E para piorar para ele, agora a gente também trabalha juntos.
— Vocês o que? — Não para de se surpreender com tudo o que está acontecendo.
— Sim, quando eu disse que a nossa relação é mais complicada do que um simples namoro, eu realmente não estava brincando.
— Nossa Alex, agora você superou até o Chris. Em tão pouco tempo aconteceu tudo isso com você, parece até brincadeira.
— Nem me fale, até agora eu não sei como lidar com tudo isso.
— Fazendo a coisa certa, se responsabilizando pelo seu erro sem querer algo em troca, não cometer mais esse tipo de erro novamente e, independente dos seus sentimentos respeitar os sentimentos do Jay, porque se para você está confuso imagine para ele.
— Eu sei disso. Mesmo se o Jay me odiar para sempre, eu vou tentar consertar o erro que eu cometi.
— Pelo menos você não o deixou sozinho hoje, já é um bom começo.
Alex respira fundo, muda a direção do seu olhar e olha em direção a Jay novamente.
— Espero realmente poder consertar as coisas.
— Você errou Alex, mas agora já aconteceu. Dê o tempo que o Jay precisar e dê um tempo para você também, se as coisas tiverem que dar certo vão dar, e se não der certo você segue adiante e o Jay também.
— Obrigado, Marcos — Volta a olhar em sua direção. — Sei que para você como médico, foi horrível ouvir tudo o que eu fiz, e mesmo assim você me ouviu e está me ajudando.
— Eu sei que você não é uma pessoa ruim, Alex. Me desculpe por não me controlar e te falar aquelas coisas e principalmente te comparar com aqueles alfas. Agiu por impulso e errou, mas você está aqui agora tentando consertar os seus erros.
— Não precisa se desculpar, você estava certo de ter agido daquele modo, nem eu ainda consigo me perdoar pelo que eu fiz.
— Já disse, Alex. Só faça a coisa certa agora, não adianta ficar para sempre se sentindo assim. Só dê o tempo que os dois precisam, tenho certeza de que quando toda essa fase passar as coisas vão se resolver.
— Espero que você esteja certo. E novamente obrigado pelas palavras, é sempre bom conversar com você, nossas conversas sempre me ajudam muito, você não imagina o quanto.
— A disposição, Alex. Eu estou aqui como seu amigo também, então fico feliz em ouvir isso.
Pega um bloco de papel em suas mãos.
— Bom, o Jay vai demorar um pouco para acordar, já que eu coloquei um pouco de calmante para relaxar o seu corpo. Se você quiser pode ficar aqui com ele. Eu vou voltar e atender outros pacientes na sala ao lado, quando o Jay acordar pode me chamar, que logo eu venho para ver como ele está.
— Ok, vou ficar aqui então, qualquer coisa eu te chamo.
— Certo. E você, tente ficar tranquilo também. Como eu disse tudo vai ficar bem.
Anota algumas coisas no papel e então sai.
Agora sozinhos, Alex volta seu olhar em direção a Jay. Novamente, sente um aperto em seu peito. A culpa inda não foi embora e os sentimentos confusos também.
— Se eu soubesse que você ia ficar assim eu não teria demorado tanto. Não importa o que eu faça, eu sempre erro com você.
Sem ter muito o que fazer, mas não querendo se afastar de Jay, se senta ao seu lado em uma poltrona para acompanhantes e fica o observando.
Em meio ao silêncio, os minutos começam a correr rápido. Sem tirar os seus olhos de Jay nem por um segundo que seja, Alex se vê perdido em seus próprios pensamentos.
— O que eu sinto por você no fim das contas?
Alex já sabe a resposta.
— Mas em tão pouco tempo… Será que isso é possível?
A dor em seu peito não passa, suas emoções estão cada vez mais descontroladas. Com medo, tenta negar para si mesmo tudo o que está dentro de si, mas não consegue. O que sente por Jay vai muito além do que somente as consequências pela marca. Alex sabe que tem algo a mais. Teme não conseguir ter mais controle de suas emoções e acabar se afundando em um buraco sem fim.
(…)
Com os remédios começando a fazer efeito, e pouco a pouco seu corpo voltando ao normal, depois de longos minutos em um sono profundo, de modo sonolento e perdido, Jay finalmente abre os seus olhos.
— O que?
Resmunga confuso, mas se perde de seus pensamentos, tendo sua atenção completamente tomada, logo sentindo o intenso olhar de Alex sobre si.
— Jay! Você está melhor?
No impulso, se levanta da poltrona, ficando frente a frente com Jay, fazendo assim o coração do ômega bater mais forte.
— Melhor? Onde eu estou? Por que você está aqui?
— A gente está no médico. Quando eu cheguei na sua casa você desmaiou, então eu te trouxe aqui.
— Eu… eu o que?
Tenta entender o que está acontecendo, mas sua mente está uma bagunça.
— Você não se lembra?
— Eu…
Olha para o seu corpo, percebe suas roupas sujas. Pouco a pouco as imagens de tudo o que aconteceu começam a vir em sua mente. Seu peito aperta, os sentimentos de medo e confusão voltam a aparecer, se sente envergonhado. Quando lembra de tudo o que sentiu e fez se sente desesperado e sujo. Olhar para Alex ali parado ao seu lado, o alfa em que pensou e desejou profundamente enquanto fazia algo em que considera vergonhoso, faz seu corpo todo pesar. Sem saber como agir, não consegue o encarar por muito tempo, então desvia o olhar.
— Então… novamente você me viu em uma situação vergonhosa…
Se encolhe sobre a cama, se sente mal.
— Situação vergonhosa? Por que você está dizendo isso, Jay? Eu não vi nada de vergonhoso em você. Você só estava precisando de ajuda e eu não podia ignorar. O problema foi eu ter demorado tanto, seu tivesse chegado antes, você não precisaria estar aqui agora.
— Chegado antes? O que você quer dizer com isso, alfa? — Se sente intrigado. — Na verdade, eu… eu não entendo. Como você sabia? Você foi no meu apartamento só por eu ter faltado do trabalho?
— Não, é… não foi por isso, Jay — Se sente sem jeito, pensa por alguns segundos antes de continuar a falar. — A marca — Desvia o olhar. — Você se esqueceu que tem uma marca minha em você?
— O que você quer dizer com isso?
Se sente tenso.
— Você não sabe o que acontece quando um ômega está marcado? — Fala, voltando a olhar em sua direção.
— Sei, mas eu não quero acreditar nisso.
Sente seu corpo pesar ainda mais.
— Me desculpe, Jay, mas…, mas é isso mesmo que você está pensando. Desde quando eu fiz a marca em você, eu consigo sentir tudo. Por isso que eu fui na sua casa. Eu sei quando algo está acontecendo com você.
— Mas que droga! — Ri de nervoso. — Eu tinha me esquecido disso — Se sente ainda mais envergonhado. — Então… então você realmente consegue sentir tudo, alfa?
— Sim…
Fala em um tom desanimado, já conseguindo perceber as mudanças nos sentimentos de Jay.
Sem conseguir disfarçar, Jay se sente muito afetado. Mesmo sabendo que um alfa consegue sentir as emoções de um ômega quando ele está marcado, no meio de tudo o que aconteceu em sua vida, inconscientemente tinha ignorado isso. Mas ao ouvir as palavras de Alex, ter a certeza de que ele realmente sente, faz tudo parecer pior.
— Isso… isso não é justo. Mas que vergonha, eu… eu não pedi por isso.
Muda a direção do seu olhar mais uma vez, não conseguindo encarar Alex novamente.
Culpado, Alex sente seu corpo pesar. Sabe que sentiu algo que não devia, sabe que Jay não escolheu compartilhar esses sentimentos com ele, sabe que as consequências de seus erros machucam Jay cada vez mais.
— Me… me desculpe novamente, Jay. Eu sei que eu não tenho direito algum de sentir algo que você não deu para mim. O meu egoísmo só machuca você cada vez mais. Quanto mais eu penso nessa marca, mais eu sei o quanto eu errei fazendo ela em você. E pior, mesmo sabendo disso, eu ainda não consigo mudar as coisas. Mas tente não se sentir assim, principalmente não se sinta envergonhado, você não fez nada de errado, a única pessoa que deve se envergonhar aqui sou eu.
Conseguindo perceber o tom frustrado e desanimado na voz de Alex, Jay se sente estranho. O alfa parece triste. Ouvir ele falando que foi um erro fazer essa marca, faz Jay se sentir mal também. A confusão ainda domina a sua mente, mesmo depois de tudo, só o fato de Alex estar ao seu lado, continua mexendo com seus sentimentos.
— Eu… eu já disse, não adianta sempre ficar pedindo desculpas, a única coisa que eu preciso agora é que tudo isso passe logo, porque se as coisas continuarem assim eu não sei mais se consigo aguentar.
Se encolhe ainda mais sobre a cama, e não fala mais nada. Sua mente está uma bagunça, se sente esgotado.
Sem conseguir tirar seus olhos de Jay, Alex o observa com um olhar pesado. Ainda sente o aperto em seu peito. Sabe que o ômega não está bem, sabe que é a razão disso. Se sente frustrado. Tudo relacionado a Jay é tão difícil de lidar, que não consegue pensar no que fazer para melhorar a situação, então se mantem em silêncio.
Por já fazer algum tempo em que saiu, imaginando que Jay já acordou, quebrando um pouco do clima pesado que está se formando entre os dois, Marcos volta para a sala, e fala distraído, enquanto anota algumas coisas em um papel.
— Alex, está tudo bem com o Jay? Como já faz um bom tempo que eu dei os remédios para ele, e você não foi me falar nada até agora, eu vim ver como ele está. Ele não acordou ainda?
Olha em direção aos dois, logo percebendo que as coisas não parecem boas.
— É… me, me desculpem eu acho que devia ter batido na porta, eu… eu não queria atrapalhar vocês, mas como já passou um bom tempo, imaginei que o Jay já havia acordado, mas eu não queria entrar em uma má hora, se vocês quiserem eu posso voltar depois.
Tentando disfarçar o que está acontecendo, Alex olha um pouco sem graça em sua direção, solta um sorriso forçado e fala tentando parecer neutro.
— Não… não se preocupe, Marcos. Você não entrou em uma má hora, o erro foi meu, eu devia ter te chamado logo quando o Jay acordou, a saúde dele é o mais importante. Se tudo bem para você, você pode examiná-lo agora.
Se afasta um pouco de Jay, dando espaço para Marcos se aproximar.
— Olá Jay! Que bom que você acordou, está se sentindo melhor?
Ainda confuso e sem saber direito como agir, Jay o mira brevemente. Tímido responde em um tom baixo.
— O… olá. Sim, eu acho que estou melhor agora.
— Fico feliz em ouvir isso. Mas deixe eu me apresentar primeiro, imagino que você deve estar bem confuso. Prazer, eu sou o doutor Marcos, amigo já há um bom tempo do Alex, esse alfa estava realmente preocupado com você.
Ao ouvir as palavras do médico, surpreso Jay olha de relance em direção a Alex, se sente estranho mais uma vez.
Intrigado, Marcos o encara por alguns segundos. Logo percebe algo, solta um pequeno sorriso, mas não fala nada sobre isso, então somente age naturalmente e volta a falar sobre a consulta.
— Sente algo diferente no seu corpo? Digo, relacionado ao cio.
— Não… é, eu acho que não.
— Isso é bom. Pelo menos por hoje, acredito que seu cio deve ficar controlado. Mas eu ainda preciso te examinar melhor para ter certeza de que tudo está bem. Se tudo bem para você, você pode me contar o que aconteceu? O seu corpo sempre reage assim quando você está no período do cio?
— É…
Olha de relance em direção a Alex mais uma vez, se sente sem jeito, envergonhado não consegue responder.
Percebendo esse desconforto, Alex também se sente sem jeito. Sabe que Jay está assim por causa de sua presença. Mesmo querendo que fosse diferente, sabe que não tem intimidade o suficiente para estar ao lado de Jay em momentos como esse. Seu peito aperta novamente.
Para tentar amenizar a situação, vendo o clima pesado se formando entre os dois novamente, em um tom leve na voz, Marcos fala se aproximando um pouco mais de Jay.
— Imagino que deve ser desconfortável falar sobre isso na frente de mais pessoas — Olha em direção a Alex. — Alex você pode dar licença para mim e o Jay conversar, depois eu chamo você.
— Cla… claro…
Responde ainda sem jeito, olha em direção a Jay outra vez, mas o ômega mantem o olhar distante. Sorri disfarçado, muda a direção do seu olhar.
— É… acho melhor eu esperar lá fora mesmo, só cuide bem dele, Marcos. E qualquer coisa pode me chamar.
— Não se preocupe, Alex. Tudo vai ficar bem, é que esse tipo de conversa é melhor ter somente com o paciente mesmo, mas assim que eu terminar, eu já te chamo.
— Ok…
Começa a andar, mas antes de sair não se contêm e passa seus olhos em direção a Jay novamente. O ômega continua com olhar distante. Sem muito mais o que fazer, muda a direção do seu olhar, então continua seus passos, logo saindo pela porta.
No impulso, vendo Alex se afastar, Jay volta seu olhar em sua direção. A sensação estranha volta novamente.
Não querendo se afastar muito, Alex se senta em uma cadeira perto da sala onde Jay está. Sem controle de sua mente, seus pensamentos continuam completamente tomados por ele. Mesmo sabendo que não tem esse direito, ainda queria estar ao seu lado.
Agora sozinhos, percebendo o olhar de Marcos sobre si, disfarçando os seus atos, Jay muda a direção de seus olhos. Tímido, fala se sentindo um pouco sem jeito.
— Obrigado, é… obrigado por dizer aquilo para o Alex, e me desculpe se eu pareci chato, é só que… a presença daquele alfa deixa tudo mais difícil para mim.
— Não precisa agradecer, Jay. Sei como é desconfortável falar sobre esses assuntos na frente de outras pessoas, principalmente na frente de um alfa. Só fique tranquilo agora. O importante é a gente cuidar da sua saúde.
Se senta na poltrona que Alex estava sentado anteriormente, pega algumas anotações sobre Jay em suas mãos, e volta sua atenção para o ômega.
— O Alex já me disse algumas coisas, mas eu queria entender melhor o que está acontecendo. Já a quantos dias que você está no período do cio?
— A… a três dias.
— Certo. E pelo que eu entendi você perdeu o controle do seu corpo por causa do cio não é mesmo?
— Sim.
Desvia o olhar, se sentindo envergonhado.
— Isso sempre acontece com você?
Perdido, pensa alguns segundos antes de responder.
— Não. Na verdade… não sei se vai ser sempre assim. Sei que é estranho, mas esse é o meu primeiro cio, doutor.
— Seu primeiro cio? — Se sente surpreso — interessante.
Anota mais algumas coisas no papel.
— Não me deu tempo de perguntar, mas quantos anos você tem, Jay?
— 21.
— Certo. Você pode me dizer como aconteceu, o seu corpo deu algum sinal de que o cio estava próximo de vir?
Quando esculta a pergunta de Marcos e pensa em como tudo aconteceu, se sente ainda mais tímido, então novamente sente dificuldade em continuar a falar.
— É…
Marcos percebe, sorri gentil.
— Você pode confiar em mim, Jay. Tudo o que a gente conversar aqui, eu não vou contar para ninguém. Eu só quero te ajudar. Saber como as coisas aconteceram é a melhor forma de eu fazer isso.
— Vo… você está certo, me desculpe novamente — Sorri tímido. — É só que esse assunto mexe mais comigo do que devia. Mas eu também quero entender o que está acontecendo com meu corpo. Mesmo tudo o que aconteceu sendo muito ruim para mim, eu fico aliviado de estar no médico agora.
— Fico feliz em ouvir isso, Jay. E sei também que o momento que você está passando não está sendo fácil. Por isso mesmo que eu quero te ajudar. Da maneira certa tudo se resolve. E, é esse o meu objetivo agora.
— Ok.
Sorri mais uma vez. Mesmo ainda envergonhado, mas acima de tudo, querendo também entender o que está acontecendo com seu corpo, começa a falar, contando o tudo o que aconteceu para Marcos.
Concentrado, o médico o ouve atentamente. Quando Jay fala sobre seu cio e que ele veio repentinamente no momento em que ele estava com Alex, se surpreende outra vez, logo se questionando se o amigo sabe de tudo o que Jay está falando, mas não o interrompe e continua a ouvir com atenção. Ao fim da conversa, agora já tendo um conhecimento mais profundo de tudo o que aconteceu, Marcos volta a falar.
— Saber de tudo isso, me ajuda a entender melhor o que deve estar acontecendo.
— Então você sabe me dizer por que o cio simplesmente veio do nada? Naquela noite meu corpo estava normal, tudo mudou somente…
Sente um aperto em seu peito, a imagem de Alex vem em sua mente.
— Bom, eu não posso confirmar com cem por cento de certeza o que eu acredito que seja. Como essa é a sua primeira consulta comigo, e eu não acompanhava as mudanças no seu corpo, acho um pouco cedo ainda para afirmar. Mas tem algo que eu acredito que possa ter acontecido. Jay eu posso te fazer uma pergunta e você pode me responder com sinceridade?
— Cla…claro
Responde em um tom tenso, com medo do que Marcos irá perguntar.
— Eu sei que parece estranho o que eu vou perguntar, mas o que você sentiu pelo Alex naquela noite?
— O que eu senti?
Seu peito aperta novamente.
— Sim. Você pode me falar com sinceridade, eu juro que não vou falar para ninguém.
— O… ok — Pensa por alguns segundos, sente um nervosismo incomodo — É… eu… eu não sei explicar muito bem, mas foi estranho, digo… eu nunca tinha sentido aquilo antes — Pensa novamente em suas palavras. — Eu não sei Doutor Marcos. É só que… o Alex parecia diferente, digo causar algo diferente em mim. Desde o momento em que eu bati meus olhos nele eu senti algo diferente sabe? Mesmo ele não sendo o primeiro alfa que eu me relaciono, foi estranho, ele chamou a minha atenção como nenhum outro nunca chamou. Não só a minha mente, mas o meu corpo. E quando ele se aproximou, quanto mais contato a gente tinha mais eu sentia essa coisa diferente em mim. Até que em um momento eu percebi que algo estava errado, mas aí já era tarde demais. Quando eu vi já estava completamente sem controle do meu corpo e já não pensava em mais nada. Mas para ser sincero, até agora eu não sei exatamente o que eu senti.
— Certo — Anota mais algumas coisas no papel. — Então você estava bem, sentiu algo estranho ao ver o Alex, perdeu o controle do seu corpo quando estava junto dele — Pensa por alguns segundos, volta a olhar em sua direção. — Jay, o que eu vou dizer para você é um pouco delicado, mas eu preciso ser sincero e falar o que eu realmente acredito que aconteceu. Você já ouviu falar sobre casos de encontro entre alfas e ômegas, que causam mudanças inexplicáveis em seus corpos?
— Sim. Algumas vezes.
Se sente inquieto. Mesmo sem Marcos terminar de falar, já imagina o que o médico vai dizer
— Então você sabe o que acontece?
— É… acho que sim — Se sente cada vez mais estranho.
— Não sei se você notou algo de diferente na relação sua e do Alex. Mas por tudo o que você me falou e por tudo que o Alex também me disse, eu acredito que vocês causaram essas mudanças um no outro.
Ao ouvir as palavras de Marcos, Jay se sente perdido. Novamente não sabe o que falar.
— É… Então… então foi por causa daquele alfa mesmo? Digo… Então tudo isso aconteceu por eu ter me aproximado do Alex? — Sente seu peito apertar ainda mais.
— Não por causa do Alex em si, não como se ele quisesse que tudo isso acontecesse. Mas sim, eu acredito que o encontro de vocês causou todas essas mudanças no seu corpo.
— Eu… eu não sei nem o que pensar — A confusão toma a sua mente. — Na hora que tudo aconteceu, mesmo não entendendo o porquê, eu sabia que meu corpo estava reagindo ao Alex de alguma maneira. Mas eu nem pensei nisso. Eu já até ouvi falar desses casos, mas eu nunca me importei, ainda mais imaginar que pudesse acontecer comigo, principalmente pelo fato de eu ser diferente dos outros ômegas. Mas…, mas depois de tudo o que aconteceu naquela noite… — Ri de nervoso — Se eu soubesse que tudo isso iria acontecer eu nunca teria me aproximado do Alex.
— Sei que não está sendo fácil, Jay, mas não pense assim, ou se sinta mal com isso. O que aconteceu com vocês naquela noite foi algo que nenhum dos dois podia prever. Talvez eu nem devesse ter falado sobre isso, já que ainda acho um pouco cedo. Mas quando isso acontece dá para saber. E pelo que vejo, tanto você e tanto o Alex perceberam algo diferente na relação entre vocês, até por isso eu fui sincero e disse o que eu acredito o que seja. Mas eu não quero que você se sinta mal com isso. Esses casos são raros, mas eles acontecem, mas não é como se você fosse obrigado a algo. E em relação ao cio eu não acho ruim o que aconteceu, você só está passando por algo que deveria ser natural na sua vida. Você vai ver, com um tempo tudo se ajusta e fica mais fácil.
— Eu… eu ainda não consigo pensar direito. Queria que as coisas realmente fossem mais fáceis, doutor Marcos. Se ao menos eu nunca mais fosse ver aquele alfa novamente — Sente seu corpo pesando como pedra. — Não sei se o Alex te falou, mas para piorar ainda mais tudo o que está acontecendo, agora a gente trabalha juntos também.
— Sim, ele me falou, Jay.
— Ele falou sobre a marca também? — Muda a direção do seu olhar.
— Sim.
— A minha relação com ele só piora, não é? — Ri de si mesmo. — Parece que a minha vida foi moldada para mudar desde o momento em que eu conheci aquele alfa — Coloca as mãos sobre a marca, se sente ainda mais estranho. — Mesmo com você me falando, ainda acho que seria melhor eu não ter me aproximado do Alex naquela noite.
Ao pensar no que acabou de dizer, quando pensa se realmente nunca tivesse se encontrado com Alex, sente um incomodo intenso em seu peito.
— E você tem o direito de sentir isso, Jay. Só disse essas palavras porque não gosto de ver um paciente meu mal. Mas se você quer um conselho de alguém que realmente se importa, tente não se influenciar tanto por tudo o que aconteceu. Você é tão novinho ainda, tem tantas coisas ainda pela frente. Você vai ver, com um tempo tudo passa. E mesmo que as coisas mudem, a gente acaba se acostumando, até porque as mudanças também fazem parte das nossas vidas.
— Eu… eu sei. É só que agora realmente não está sendo nada fácil.
— E realmente a vida não é, Jay. Mas como eu disse, só deixe as coisas acontecerem e não se preocupe muito. Tem momentos que são realmente difíceis, mas eles não duram para sempre.
Mesmo sendo somente palavras, o modo em que Marcos fala, o tom gentil de sua voz e a paciência que tem com Jay, deixa o ômega mais calmo e até um pouco mais seguro sobre o que pode acontecer na sua vida daqui para frente. Se sentindo um pouco melhor, levanta a cabeça e fala mais confiante.
— Obrigado, doutor Marcos. Me ajuda muito ouvir essas palavras. Mesmo eu falando muito e desabafando todos esses problemas, você ainda é tão paciente comigo, fico mais aliviado por ser atendido por alguém assim.
Marcos sorri ao ouvir as palavras de Jay.
— Fico feliz em ouvir isso, Jay. Como beta eu não sinto na pele como é essa relação complicada entre alfas e ômegas. Mas por causa do meu trabalho eu acompanho de perto tudo isso e realmente me importo com o que acontece, então é sempre um prazer poder ajudar. E em relação ao cio, fique tranquilo, eu vou te acompanhar a partir de agora e te ajudar da maneira certa. Você vai ver, você vai conseguir controlar as mudanças no seu corpo. E como o tempo passa muito rápido daqui a pouco você já vai estar até acostumado com isso. E sobre o resto tenho certeza de que com um tempo tudo vai se ajustar.
— Se você conseguir me ajudar em relação ao cio, já tira um grande peso das minhas costas, o resto prefiro nem pensar agora.
Fala em um tom descontraído, os dois riem juntos. Depois dessa conversa, entendendo melhor o que está acontecendo com Jay. Podendo agora o ajudar do modo certo, Marcos lhe passa um inibidor mais potente que serve para esses casos de cio descontrolado. E para prevenir mais algum acidente, dá também uma semana de atestado para o ômega e pede para ele ir informando como está indo as coisas e se caso os inibidores não derem certo para ele voltar.
Tendo certeza de que tudo está bem agora, com cio de Jay sobre controle e um laudo mais completo de tudo o que está acontecendo, Marcos logo o libera terminando o atendimento.
Sabendo que Alex está esperando, e imaginando como o amigo está se sentindo, antes de voltar a atender os outros pacientes, vai até ele o avisa que agora está tudo bem.
Grato, Alex agradece o amigo e brevemente trocam algumas palavras, com Marcos lhe tranquilizando e também dando alguns conselhos em relação ao seu relacionamento com Jay.
Ao fim da conversa, agora um pouco mais calmo, Alex se despede de Marcos e o agradece novamente. Então sem demora, segue caminho de volta pra a sala em que o ômega está. De um modo delicado abre a porta lentamente e encontra Jay sentado tentando se levantar, rapidamente se aproxima e fala preocupado.
— Jay você está melhor? deixa que eu ajudo você.
Ao ouvir a voz de Alex, depois de tudo o que aconteceu e principalmente depois de tudo o que ouviu, Jay se sente ainda mais estranho. Sem conseguir manter o controle seu coração começa a bater mais rápido e o nervosismo volta. Sem saber como agir, antes mesmo de Alex encostar um único dedo em seu corpo, em um movimento rápido se levanta sozinho e se afasta.
— Não precisa, eu… eu consigo sozinho.
Por ainda estar fraco e com os efeitos do calmante em seu corpo, não consegue se manter em pé por muito tempo, então se desequilibra e quase cai, mas em um movimento rápido, Alex se aproxima ainda mais e segura em sua cintura o impedindo de cair.
— Jay está tudo bem?
Logo quando sente o toque de Alex, no impulso se afasta novamente.
— Eu… eu estou bem, eu só me levantei muito rápido.
Seu coração bate ainda mais forte.
— Você tem certeza?
— Si…Sim.
Não consegue olhar em seus olhos.
Vendo o modo que Jay está agindo, Alex o observa por alguns segundos, percebe como o ômega está desconfortável, se sente mal mais uma vez. Sem jeito não se aproxima mais, então somente muda de assunto.
— O Marcos me disse que você está melhor, e que agora vai ficar tudo bem, fiquei feliz em saber, eu estava realmente preocupado.
— É…eu estou melhor agora.
Responde em um tom baixo, ainda sem conseguir controlar o nervosismo.
— Isso é bom, o Marcos é um bom médico, e agora com essas novas pílulas vai ser mais fácil esse período do cio.
— É… eu espero que sim…
Responde em poucas palavras, ainda mantendo o olhar longe. Mesmo tentando, não consegue manter o controle, então não sabe como agir.
Pelo modo que Jay está agindo, Alex também se sente um pouco sem jeito. Percebe como só o fato de estar perto, mexe com Jay de alguma maneira. Sente dificuldade em lidar com a situação. Sem saber o que fazer, muda de assunto novamente.
— Você acha que consegue andar agora? O meu carro não está longe, você deve estar cansado disso tudo. Imagino que o que você mais quer agora é voltar para casa.
Quando esculta as palavras de Alex e pensa em ficar ainda mais tempo sozinho com ele novamente, Jay se sente ainda mais nervoso. No impulso sem se dar conta de seus próprios atos, fala sem pensar.
— Não! Não precisa se preocupar mais comigo, você já fez muito por mim hoje, pode deixar que eu volto para a casa sozinho.
Ao ouvir a resposta de Jay, mesmo a relação dos dois não estando tão boa no momento, Alex não consegue concordar. Sem disfarçar, fala em um tom mais sério.
— Não. Eu não posso deixar você sozinho.
— Está tudo bem, Alex. Co…como eu disse, não precisa mais se preocupar comigo. Eu consigo me virar agora, mas…, mas obrigado mesmo assim.
Sorri disfarçado, procura um lugar confortável para manter os seus olhos, mas não consegue.
— Não tem por que eu não te levar de volta para a casa, Jay. Sei que depois de tudo, a pessoa que você menos quer perto sou eu, mas…, mas mesmo assim eu não posso te deixar sozinho. Você ainda está fraco, mesmo com essas novas pílulas você ainda está no período do cio, é perigoso, seria até irresponsável da minha parte te deixar assim. Prometo ser só uma carona, eu vou ser rápido, te deixo na sua casa, depois eu vou embora.
— Queria que fosse fácil assim.
Mesmo envergonhado, mas não conseguindo controlar o que está sentindo, Jay levanta a cabeça e fala olhando profundamente em seus olhos.
— Eu não tenho mais forças para ficar perto de você depois de tudo, Alex.
Tenta manter contato visual, mas não consegue, então abaixa a cabeça outra vez.
Sentindo um peso em seu corpo, Alex o encara novamente, sabe muito bem como Jay está se sentindo, não queria que as coisas fossem assim. Sem conseguir disfarçar fala em um tom frustrado.
— Eu…eu sinto muito, mas…, mas mesmo assim, eu não posso deixar você sozinho, Jay. Para ser sincero eu queria que as coisas fossem diferentes. Eu estava tão preocupado com você, eu só queria poder te ajudar, mas sei que desde aquela noite eu perdi o direito disso. Mas só por hoje, só agora, me deixe fazer as coisas do jeito certo. Como eu disse, só vou te deixar na sua casa, prometo que eu vou embora logo em seguida, o que eu não posso agora é te deixar aqui sozinho.
— Falando assim até parece que eu sou o ruim da história.
Volta a olhar em sua direção, seu coração bate ainda mais rápido, se sente frustrado. Mesmo tentando, não consegue negar.
— Tudo bem, Alex. Não sei também por que estou fazendo tanto drama só por uma carona. E também não quero que as pessoas me vejam com essa roupa toda suja e nesse estado. A única coisa que eu quero agora é chegar em casa logo e tentar esquecer tudo o que aconteceu.
— Certo. Prometo ser rápido, Jay. A sua casa não fica longe, chegando lá eu vou embora e você pode ficar mais à vontade.
— Ok.
Sem falar mais nada, começam a andar. Por ainda sentir o seu corpo um pouco cansado, Jay segue Alex em passos mais lentos. Quando passam na frente de algumas pessoas que estão sentadas na recepção esperando para serem atendidas, se sentindo muito envergonhado e não sabendo muito bem como agir, o ômega abaixa a cabeça e diminui ainda mais os seus passos, sentindo seu corpo todo pesar. Percebendo isso, Alex também diminui seus passos ficando muito próximo dele. Em um tom calmo na voz, tentando o fazer se sentir melhor, fala o lançando um olhar firme.
— Está tudo bem Jay, o meu carro está logo ali na frente.
Sem falar nada, Jay somente o encara por alguns segundos, logo desviando o seu olhar mais uma vez. Se sente estranho novamente. De alguma maneira sentir Alex tão próximo, ouvir suas palavras calmas, imaginar que o alfa se importa, diferente de antes o faz se sentir mais calmo. Nesse momento a imagem de Alex é a única coisa que vem em sua mente, ao ponto de até se esquecer das pessoas ao seu redor.
Por não ter estacionado o carro muito longe, os dois logo chegam. Dando espaço para Jay entrar, Alex abre a porta da frente para ele. Mesmo envergonhado, Jay entra sem jeito. Ainda sem conseguir encarar Alex, fica olhando para o lado oposto que ele vai se sentar. Não demorando muito, Alex logo entra também e sem mais conversas, logo segue caminho para o apartamento de Jay.
Mesmo tentando disfarçar e fingir que está tudo bem, Jay não consegue controlar seus sentimentos. A conversa que teve com Marcos não sai de sua cabeça. Por que justo Alex é o alfa que mexe tanto com seu corpo e sua mente? Será mesmo que eles são diferentes um para o outro? Jay não consegue parar de pensar nisso. Tonando as coisas ainda mais difíceis, assim como imaginava, sentir Alex tão próximo piora tudo. Seu coração continua batendo forte, sua marca queima, sente uma ansiedade muito grande, não consegue controlar suas emoções. Mesmo tendo medo da resposta, sabe que Alex mexe com ele de alguma maneira, sabe que Alex mexe com ele de um modo que nunca ninguém fez. Isso bagunça ainda mais a sua mente.
Não muito diferente de Jay, Alex também se sente muito afetado por tudo o que está acontecendo. Sem diminuir a intensidade, ainda consegue sentir os sentimentos confusos do ômega. Isso pesa a sua mente, Jay parece ansioso, angustiado e com medo. Sabe que é a causa de todos esses sentimentos. O aperto em seu peito não passa, queria que as coisas fossem diferentes e que de alguma maneira pudesse fazer algo para Jay se sentir melhor. Mas não diz nada, sabendo também que mesmo querendo muito, pelo menos nesse momento não vai conseguir mudar as coisas. Então se mantem em silêncio guardando para si tudo o que está sentindo.
Sem falarem uma única palavra, o caminho segue com o clima pesado. Ambos se sentem muito afetados pela presença um do outro, não sabem como agir, seus sentimentos estão confusos. Tentar lidar com tudo o que estão sentindo principalmente depois de tudo o que aconteceu não está sendo nada fácil.
Quando finalmente chegam, querendo o quanto antes se livrar de pelo menos um pouco de tudo que está dentro de si, mesmo sem Alex ainda nem ter estacionado o carro direito, com um sentimento de urgência, Jay já se prepara para sair.
Vendo os movimentos do ômega, não conseguindo mais se manter em silêncio, tendo muitas coisas dentro de sua mente, precisando falar com Jay pelo menos mais uma vez, antes de Jay abrir a porta em um tom sério na voz, Alex o chama.
— Jay por favor espere.
Quando escuta a voz de Alex, mesmo já prestes a sair, Jay para seus movimentos.
— Eu sei que falei que não ia te incomodar, mas eu só preciso ter certeza que está tudo bem, e que você vai ficar bem, então por favor só espere mais um pouco.
Sem conseguir ignorar, Jay se mantém no lugar, mas não fala nada.
— Eu sei que eu não tenho o direito, mas se você precisar de qualquer coisa pode me ligar que eu venho ajudar você. Mas como eu sei que eu sou a última pessoa que você faria isso, por favor se cuide Jay. E não se sinta afetado pelas coisas que aconteceram, nada disso foi sua culpa, e você não tem que se envergonhar de nada. Só fique bem, e se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, saiba que eu estou aqui.
Sem conseguir controlar seus sentimentos, ao ouvir as palavras de Alex, a sensação estranha volta outra vez. Mesmo não querendo, não se sente mal em ver Alex se importando com tudo o que está acontecendo. Sente um calor diferente em seu peito, teme seus próprios sentimentos.
— O que você fez comigo, alfa?
Pensa em sua mente. Tenta deixar de lado tudo o que está sentindo e ir embora, mas não consegue.
— Já disse que não precisa se preocupar mais comigo, Alex — Mesmo tímido, volta a olhar em sua direção. — Mas mesmo assim, obrigado por ter me ajudado hoje, mas é melhor eu ir agora, a minha cabeça está muito cheia, eu preciso de um tempo.
— Você está certo, você precisa descansar mesmo — Sorri gentil. — Espero que você tenha um bom final de dia e tudo ocorra bem.
— Obrigado.
Muda a direção do seu olhar e então se levanta, mas antes de sair, sentindo ainda algo dentro de si, volta sua atenção para Alex mais uma vez.
— É… como a gente trabalha juntos agora, e para você também não pensar besteira, o Marcos me deu alguns dias de atestado, então eu vou voltar no trabalho só semana que vem. Mas não precisa se preocupar eu estou bem, é só para garantir mesmo.
— Ah, entendi — Sente um aperto em seu peito. — É… isso é bom, pelo menos você pode se cuidar melhor nesse tempo.
— Sim. — Desvia o olhar. — Bom, é melhor eu ir agora, só te disse isso mesmo, só para você não colocar coisas na cabeça. A gente se vê depois, Alex. Tchau.
Se vira novamente, então começa a andar seguindo caminho direto para o seu apartamento.
Sem tirar o seu olhar de Jay nem por um segundo que seja, Alex continua o mirando até o ômega sumir de sua vista. Pensa nas suas últimas palavras, se sente um pouco decepcionado. Não queria ficar todos esses dias longe de Jay, na verdade ainda queria estar ao seu lado, mas sabe que pelo menos por agora ainda não tem esse direito. Então sem mais motivos para ficar ali, segue caminho de volta para a agência, mas mesmo longe, ainda mantem seus pensamentos completamente tomados por Jay.
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- Fei
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Oiii, me chamo Feick . Começando agora nesse mundo louco da escrita kkk, desculpem qualquer erro de português e espero que gostem
Sejam bem vindos.
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