Persona - 00 Prólogo
PRÓLOGO
A realidade era diferente comparado à um filme.
Escutou um som de luta no chão, de uma perfuração atravessando a pele, gotas de sangue surgindo e um gemido que vinha de trás. Ele tapou a boca com as duas mãos. Se abaixasse um pouco a mão, poderia pegar o celular que estava em seu bolso, mas seu corpo não se movia.
Da-hoon lembrou como chegou neste ponto. Devido as atribuições sobrepostas, esteve na biblioteca até mais tarde que o habitual. Por alguma razão, ele quis dar um passeio por uma rua tranquila, desta vez em uma rua diferente ao qual ele sempre ia. Ao ver uma sombra desconhecida na entrada do beco, escondeu-se num ato instintivo, e com razão de sobra.
Da-hoon ressentiu-se com o capricho que o levou até este ponto.
O som de duas pessoas juntas se reduziu apenas para uma. Houve vários outros sons de pele sendo perfurada, veias estouradas e músculos dilacerados. Sua boca, coberta com ambas as mãos, tremia sem parar.
“Não faça barulho. Não faça barulho.”
Da-hoon fechou a boca e o nariz, apertando a cara. Até mesmo a mínima respiração soava tão forte como um espirro. O som de tirar a vida de alguém parou, não escutando mais nada. Não havia sons de passos, nem de corpos movimentando-se em nenhuma parte.
Ele escutou algo sendo jogado no chão. Houve uma extensa exalação de alguém que estava atrás. Da-hoon seguiu o som de um pé que estava fixado no lugar. Contudo isso foi tudo. Não foi ouvido mais passos andando por lá. Nem sequer conseguia escutar a respiração que parecia tão forte à um momento.
Como se não tivesse ninguém às suas costas.
Da-hoon pensou nele enquanto se fazia de desentendido durante muito tempo: “Não deve ter mais ninguém agora.” Estava tão assustado que não escutou os passos. A idéia de sair rapidamente daquela situação tornava-se impossível usando a racionalidade habitual.
Da-hoon levantou lentamente a cabeça e olhou o lugar. Seus olhos se encontraram. Havia sangue no chão. Da-hoon congelou quando olhou o rosto da sombra que estava em pé junto de um homem caído.
—Tae…Tae-seok.Você…
Tae-seok sorriu para Da-hoo sem nem pensar em limpar o sangue do rosto. Da-hoo o viu sorrir várias vezes, mas parecia uma pessoa diferente. Não, em primeiro lugar é real essa expressão que Dao-hoo acabou de ver? Suas pernas ficaram fracas, caindo onde estava.
Tae-seok aproximou-se de Da-hoo, que o olhou sem compreender. Da-hoon não gritou nem fugiu, embora estivesse tremendo. Não olhava nem a pessoa morta, nem Tae-seok que se aproximava, olhava apenas algum ponto do chão. Ele o olhou somente quando Tae-seok posicionou-se agachado na sua frente, ficando da mesma altura que ele.
Cheirava a sangue. Como nunca havia sentindo esse cheiro antes, não tinha certeza se esse cheiro repugnante, ao qual não estava acostumado, era mesmo o cheiro de sangue. A textura vermelha que ainda não havia secado, fluía pela bochecha de Tae-seok.
—Ah, meu Deus. Fui pego dessa forma.
Sua voz estava diferente.
Uma voz misturada com ironia, mais baixa que o habitual de Tae-seok. Um som parecido com algum ruído saiu da garganta de uma pessoa.
—Tae-seok…Sobre o que você fez…Você é…
—Shh. Fique calmo. Respira, respira.
Tae-seok levantou o canto da boca por achar o que via engraçado. Mantinha sempre o olhar fixo em Da-hoon.
—É a primeira vez que te vejo. Prazer em te conhecer.
Da-hoon sentiu umidade quando ele tocou sua bochecha. Havia um cheiro parecido com sangue. Todo seu corpo tremia. Conseguiu mover seu corpo imóvel e retrocedeu lentamente, empurrando-se pelo chão com os pés e mãos.
—Me salve…me salve. Vou fingir que não te vi. Tae-seok.
—Eu quero meu Hyung, mas não me confunda com ele. Eu sou eu.
Em um instante, foi agarrado pelo pescoço e puxado para frente. Um som assustador chegou ao seu ouvido. Tossiu forte devido o pescoço agarrado. Seu corpo deixou de mover-se sem nenhuma razão. Da-hoon abaixou os olhos a medida que o rosto dele se aproximava. O assassino, que estava olhando sua cara por muito tempo, sorriu e riu.
—Você vai dizer ao Há Teo-seok que me conheceu?
—O que…?
—Se comporte como sempre. Não quero te matar.
A conversa era estranha. Aquela pessoa era Tae-seok que Da-hoon conhecia, mas este falava de um jeito diferente. As lágrimas escorreram pela bochecha de Da-hoon, que não fazia idéia quando começaram a cair.
—Tae… Tae-seok.
—Não me chame assim. Não é meu nome.
Em um instante, suas bochechas formigaram e seu corpo virou para o outro lado.Estava com um desagradável gosto de ferro na boca. Não conseguia respirar bem, e muito menos gritar. Ele realmente pensou que aquela pessoa o mataria se soltasse um pouco de barulho.
—Então, como você se cha…ma?
O homem em sua frente pensou por um momento, encarando fixamente os olhos de Da-hoon.
—“A”. Meu nome é “A”.
—…
—Nos veremos com mais frequência futuramente.
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