Paixão e Pecado - Capítulo 9
– Esse será o seu quarto, as roupas já estão no closet. Dê uma olhada e caso não goste de algo, separe para que seja devolvido. – Lucian fala ao abrir a porta do quarto. Killian entra no cômodo e se surpreende ao ver os móveis caros e tudo organizado apenas para ele.
– Lucian, isso é demais… – ele murmura se sentindo incômodo.
– Besteira, isso não é nada de mais. Agora vá tomar banho, vamos almoçar logo. – Lucian acaricia seus cabelos, bagunçando os fios e sai do quarto.
– Que teimoso. – Killian bufa e faz bico. Odiava quando ele o ignorava.
– Pelo jeito não tenho escolha mesmo… – ele abre o guarda roupa e se surpreende ao vê-lo cheio de roupas caras, das mesmas marcas que Lucian costuma usar.
Killian desliza seus dedos entre as peças e sente seu coração palpitar. Estava começando a se acostumar com os seus mimos.
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– Como está a comida ? – Lucian questiona enquanto o observa satisfeito.
– Muito boa… – Killian o responde com a boca um pouco cheia e logo come mais uma colherada. Sempre comia boas comidas quando estava com Lucian.
– Gostou das roupas ?
– S-sim… são bonitas.
– Certo, agora termine de comer, o advogado vai vir aqui hoje.
– Quando ?
– À tarde.
– E-eu preciso falar tudo para ele ? – Killian questiona hesitante. Não queria falar sobre isso com um estranho.
– Ele já está ciente de tudo. Fale apenas o que julgar importante, não precisa relembrar algo tão doloroso.
– Okay… – ele suspira aliviado e volta a comer.
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– Killian, está na hora do seu remédio. – Lucian fala enquanto bate à porta e logo depois entra, se deparando com Killian parado em frente ao espelho, com uma parte da sua camisa levantada avaliando suas feridas.
– O que está fazendo ?
– Ah! Nada! – ele abaixa sua camisa rapidamente e desvia seu olhar para o chão.
– Está doendo ? Posso dar uma olhada se quiser.
– Não, não é isso…
– Então o que é ? – Lucian ergue uma de suas sobrancelhas.
– Só estava olhando… – ele murmura.
– Me deixe ver. – Lucian se aproxima e tenta levantar sua camisa. Por medo ou até mesmo instinto de autopreservação, Killian apenas fica quieto e se deixa ser tocado, mas seu corpo treme e seu estômago fica embrulhado.
– Não sou como ele. Relaxe, Killian. – ele o tranquiliza e toca seu abdômen com cuidado, em seguida desliza seus dedos até seu tórax, próximo ao seu mamilo esquerdo.
– Já está bem melhor, as marcas na sua pele já sumiram por completo. Fico feliz de que sua recuperação seja tão rápida. – Lucian suspira aliviado e um sorrisinho se forma em seus lábios. Não conseguiu protegê-lo, mas estava feliz por ajudá-lo a se recuperar.
– N-não acha que sou estranho…? – Killian questiona hesitante, com medo da sua resposta.
– Não, porque acharia isso ?
– O meu corpo é estranho… faz coisas que as outras pessoas não fazem.
– Killian, para ser sincero, entre mim e você, eu com certeza seria o mais estranho. Não se preocupe com isso. – ele acaricia seus cabelos e sorri. Ainda era como uma criança, se preocupando por coisas fúteis.
– Agora vá tomar seus remédios e descanse um pouco.
– S-sim!
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À medida que a madrugada avança, Killian dorme tranquilamente pela primeira vez em algum tempo, já Lucian, aproveita essa oportunidade para pôr seu plano em ação.
– Me desculpe por isso, garoto, mas é melhor assim. – ele suspira e toca sua testa com a ponta dos dedos. Ao finalmente entrar em sua consciência, Lucian é bombardeado por centenas de lembranças dessa reencarnação, onde a maioria delas é Killian sendo agredido e oprimido a todo momento por todas as pessoas ao seu redor. Sempre soube que ele havia sido negligenciado e criado de forma cruel, mas nunca imaginou que sua dor era tão profunda.
– Merda… – Lucian resmunga e vai mais fundo, chegando até seu subconsciente, onde estão todas as memórias das suas vidas passadas. Ao acessá-las, a primeira coisa que vê é o momento onde tomou Miguel em seus braços pela primeira vez debaixo daquele pé de romã.
Aquela era uma das suas memórias mais preciosas, mas infelizmente Killian não se lembrava dela e nem deveria. Seria mais seguro se vivesse na ignorância, onde poderia encontrar uma esposa e viver como um mortal insignificante.
– Não precisa mais disso, garoto. – ele estende sua mão e tenta capturar a memória, mas é impedido pelo subconsciente de Killian, que desfere uma corrente elétrica e o força a se afastar.
– Porra! – Lucian resmunga enquanto a dor se espalha pelo seu antebraço e o encara com os olhos arregalados. Ele não queria perder essas lembranças.
– Que teimoso… – ele sussurra e acaricia seus cabelos, em seguida se senta no chão ao lado da cama e deixa um longo suspiro sair. Precisava de um novo plano.
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Dia do julgamento.
– Killian, está pronto ? – Lucian questiona enquanto entra no quarto.
– Não consigo abotoar isso… – ele se vira em direção a porta e responde um pouco envergonhado enquanto mostra seu pulso.
– Venha, me deixe fechar isso. – Lucian se aproxima e o ajuda a abotoar sua camisa, logo depois ajusta o terno e dá uma última olhada para se certificar de que está alinhado.
– Vire-se. – ele gira seu corpo em direção ao espelho e o observa através dele satisfeito.
– Sabia que ficaria bom em você… – Lucian sorri.
– Você acha mesmo ? Nunca usei nada assim antes… – Killian questiona hesitante. Só queria agradá-lo.
– Claro, você está lindo!
– Obrigado, Lucian! – ele lhe mostra um largo sorriso e suas bochechas ganham um leve tom avermelhado.
Lucian se surpreende ao vê-lo animado com algo tão pequeno, mas acaba sendo contagiado por sua alegria e também sorri. Um sorriso verdadeiro que não surgia em seu rosto há décadas.
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Ao se aproximarem do Tribunal, Lucian se depara com uma multidão furiosa protestando em frente ao local, com cartazes e gritos indignados.
– O que é isso ? – Killian questiona preocupado.
– Uma das piores coisas que a religião criou; os cristãos! – ele revira os olhos e segue em direção a parte de trás do Tribunal, onde poderiam entrar sem serem vistos.
– Eles estão protestando a favor do Padre Davis ?
– Sim.
– Entendo… – Killian murmura e se encolhe no banco. Ainda não podia entender o porquê todos estavam tão seguros de que ele era inocente, sem nem mesmo ouvirem as vítimas antes.
– Não ligue para eles, são todos uns idiotas hipócritas. Eu acredito em você. – Lucian desvia seu olhar para ele e sorri, em seguida acaricia seu rosto com o dorso dos dedos.
– Obrigado, Lucian! – Killian sorri animado e se sente um pouco mais seguro. Com o seu apoio, poderia chegar até o fim.
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