Paixão e Pecado - Capítulo 11
ATENÇÃO, ESSE CAPÍTULO CONTÉM DESCRIÇÕES SOBRE ABUSO SEXUAL CONTRA MENORES!
.
– Preciso mesmo ficar lá sozinho ? Tudo isso é tão cansativo… – Killian suspira e desvia seu olhar para o chão. Já se sentia esgotado, apesar de ainda estarem no início de um longo processo.
– Infelizmente sim, mas prometo que logo vai terminar, okay ? – Lucian beija sua testa e acaricia seu rosto, o deixando corado e envergonhado.
– Killian ? – uma voz masculina questiona de repente e logo alguém se aproxima, o puxando pelo braço de forma brusca.
– Pai ? – ele questiona surpreendido e assustado.
– Onde esteve todo esse tempo, hein ? – David o segura com mais força, mas logo é interrompido por Lucian, que agarra seu pulso.
– Solte ele. – Lucian fala em um tom ameaçador.
– Quem é você ? – ele ergue uma das suas sobrancelhas e o encara com desdém.
– Eu disse para soltá-lo. – Lucian mantém seus olhos fixos aos do homem e usa um pouco mais de força para afastá-lo.
– Porra! – ele resmunga e recua. Seu pulso quase foi quebrado.
– Killian, vamos embora. Precisamos ter uma conversa séria! – David ignora Lucian e o observa fixamente, esperando convencê-lo.
– Ele não vai a lugar nenhum com você, e se tentar chegar perto dele novamente, vai sair daqui com mais do que apenas um pulso dolorido! – Lucian o empurra e o encara furioso. Odiava o simples fato de ter que dividir o mesmo ar que ele, se não fosse por Killian, já teria desmembrado o seu corpo e dado como comida para seus demônios.
– Killian, quem é esse idiota ? Vai deixar ele me tratar assim ? – David força uma expressão de decepção, mas não o convence.
– Deveria ir, pai. – Killian fala de forma fria e segura a mão de Lucian.
– Vamos, está quase na hora.
– Tem razão. – Lucian sorri e o segue para dentro da sala.
– Porra… – David resmunga ao vê-los se afastar, tentando controlar sua raiva. Não podia mostrar sua verdadeira personalidade em público.
———————–
Após algumas horas ouvindo todas as vítimas, chegou a vez das testemunhas.
– Gostaria de convidar a testemunha, Sra. Miller. Professora de um dos alunos e vítima do Sr. Davis. – Taylor se levanta e abotoa o seu paletó. A mulher também se levanta e se senta ao lado do Juiz.
– Bom dia, qual o seu nome ?
– Bom dia, meu nome é Helena Miller.
– Sra. Miller, será ouvida como testemunha e por isso presta o compromisso legal de dizer a verdade, podendo responder pelo crime de falso testemunho, entendido ?
– Sim. – ela responde sem hesitar.
– Sr. Taylor, a testemunha é sua.
– Sra. Miller, quando tomou ciência do que estava acontecendo com a vítima ? – Taylor se aproxima da mulher e a observa.
– Há mais ou menos dois meses, houve uma palestra para as crianças entre oito a catorze anos sobre educação sexual e como denunciar os abusos de forma correta. Após a palestra, o Isaac veio até mim na sala dos professores e pediu para falar comigo, foi quando me contou que estava sofrendo abuso sexual do Padre da igreja que sua mãe frequentava. – a mulher fala com a voz embargada e enxuga as lágrimas que brotam de seus olhos. Em vários anos nessa profissão, nunca precisou lidar com algo tão terrível como aquilo. Seu coração estava partido.
– E o que fez em seguida ?
– Liguei para a mãe dele e pedi para que ela fosse até a escola. Quando a Sra. Rose chegou, eu contei para ela o que seu filho havia me relatado e juntas tomamos a decisão de ir até a delegacia mais próxima.
– Sra. Miller, quando a vítima contou sobre os abusos sofridos, qual foi a primeira coisa que notou ?
– Ele estava com medo e seu corpinho tremia muito.
– A senhora notou alguma mudança no seu comportamento ?
– Eu havia notado que ele começou a se afastar das outras crianças. Ficava sempre quieto e nunca fazia barulho. Às vezes eu nem o ouvia se aproximar e quando me dava conta, ele já estava parado ao meu lado.
– Certo, obrigado pelo seu testemunho, Sra. Miller.
– A testemunha é sua, Sr. Jones. – o Juiz acomoda seu óculos enquanto o observa.
– Sra. Miller, por favor nos diga sobre o que exatamente se tratava a palestra ministrada na escola em que trabalha.
– A palestra era sobre como agir diante de um abuso. Ensinava as crianças a não deixarem os adultos tocarem suas partes íntimas ou vê-las.
– Apenas isso ?
– Não, também ensinava que elas não podem ser obrigadas a ter qualquer tipo de contato físico com um adulto sem seu consentimento. Seja um abraço, beijo no rosto ou até mesmo sentar em seu colo.
– E não lhe passou pela cabeça que após esse tipo de lavagem cerebral, onde supostamente estão ensinando crianças a se defenderem, vocês não estariam na verdade fazendo com que essas mesmas crianças vissem os carinhos inocentes dos adultos ao seu redor como algo ruim ? Aquela criança poderia estar mentindo, ou até mesmo, confusa com o afeto demonstrado pelo Sr. Davis.
– O quê ? Não! Essa é uma fala burra e sem fundamento. Aquela criança me contou em detalhes o que havia sofrido, como ela poderia inventar algo assim ?
– Depois de todos os absurdos que deve ter ouvido durante essa suposta palestra, não seria impossível.
– Nós só ensinamos como se defender de pessoas como ele, nada além disso. E diferente do que as pessoas como o senhor pensam, não há um adulto nu mostrando como se masturbar ou fazer sexo.
– E quem garante isso ? Os pais inocentes deixam seus filhos nas escolas e quando voltam no fim do dia para pegá-los, eles estão falando sobre pênis e vagina!
– Protesto, Meritíssimo! Isso não tem nada a ver com o propósito desse julgamento. Não cabe ao Sr. Jones dizer se a iniciativa da escola de fazer uma palestra sobre educação sexual está certa ou errada! – Taylor se levanta de repente.
– Protesto aceito. Sr. Jones, não se desvie do foco desse julgamento, por favor. – o Juiz suspira e se inclina para frente, apoiando seus braços na mesa.
– A defesa não tem mais perguntas. – Jones cerra seus punhos e volta para o seu assento, enquanto os seguidores e defensores de Davis o encaram irritados.
– Esse julgamento terá uma pausa de trinta minutos. – o Juiz bate o seu malhete e se levanta em seguida.
_______________
– Com a palavra, o advogado de acusação, Sr. Taylor.
– Obrigado, Meritíssimo. – ele se levanta e se aproxima do réu, que durante todo o julgamento manteve uma expressão tranquila e mesmo com a descoberta da sua farsa, não demonstrou se abalar.
– Sr. Davis, a quanto tempo é sacerdote na Catedral Sanctus Cedric ?
– Há quase vinte anos.
– E há quanto tempo começou a dar aulas de catequese ?
– Mais ou menos dez anos.
– Nessa escolinha, como era chamada por você e pelos pais, quais atividades exatamente eram realizadas pelas crianças ?
– Leitura e interpretação da bíblia, aulas de reforço de matemática e português, e no tempo livre, brincavam no pátio.
– Nossa, parece realmente divertido. – Taylor lhe mostra um sorrisinho.
– O senhor ficava todo o final de semana com essas crianças ?
– Sim.
– E nunca chegou a tocá-las ? Deve ter sido difícil controlar os seus impulsos…
– Me desculpe, Sr. Taylor, mas apesar de não ser um verdadeiro padre, me considero um homem de Deus, que nunca machucaria um ser inocente.
– Isso é engraçado, já que foi encontrado vários conteúdos de pornografia infantil no seu computador. Michael, por favor. – ele acena com a cabeça para o seu auxiliar, logo depois fotos de conversas em fóruns começam a passar no telão.
– Pare aí, Michael. – Taylor aponta para o telão e depois volta sua atenção para Davis.
– Poderia ler o que está escrito naquela mensagem ?
– “Esse é o garoto que me falou antes ? É lindo, seu corpo também parece ótimo de tocar. Poderia me enviar mais vídeos dele com os outros ?” – Davis fala inexpressivo.
– O senhor sabe de onde essas mensagens foram tiradas ?
– Não.
– De um fórum de pedófilos, do qual o senhor faz parte.
– Eu nunca tive esse tipo de conversas. Há muitas pessoas irritadas comigo que poderiam ter feito isso!
– Então está insinuando que as fotos das crianças da sua paróquia, que por questões éticas não podem ser divulgadas ao público, foram feitas e enviadas por outra pessoa ?
– Sim, é possível. Sinto muito que algo assim tenha acontecido com essas pobres crianças, mas não sou o culpado disso.
– E quem o senhor culpa por isso ?
– A Sra. Diaz.
– Do que está falando, seu filho da puta ? Não tente jogar a sua merda para cima de mim! – a mulher se levanta de repente e grita irritada.
– Sra. Diaz, por favor mantenha a calma! – o Juiz a repreende e a mulher se acalma.
– Sr. Davis, essa é uma acusação grave, tem certeza do que está falando ?
– Sim, ela tem motivo e oportunidade. Só pode ter sido a Sra. Diaz.
– Diante dessa nova acusação, esse julgamento entrará em recesso para apurar os fatos. – o Juiz bate seu malhete e se levanta. Todos começam a cochichar entre si, se questionando sobre o que aconteceria dali em diante.
Killian, que também estava ansioso diante daquela acusação, se levanta e vai em busca de Lucian, esperando receber algum conforto.
– Killian, tudo bem ? – ele o questiona preocupado e segura seu rosto com as duas mãos.
– Isso… é absurdo! Todos nós sabemos que foi ele, Lucian, ele fez isso! – Killian fala com a voz embargada, abalado com tudo o que havia acontecido.
– Shh… tudo bem, vem aqui. – Lucian o puxa para um abraço e acaricia o topo da sua cabeça, tentando acalmá-lo.
– Vamos pegar ele, entendeu ? Todos vão saber a verdade!
– Tem certeza ? – Killian ergue um pouco sua cabeça e o encara com os olhos marejados.
– Sim… – ele sussurra e beija sua testa.
– Agora vamos para casa, okay ?
– Okay.
Publicado por:
- @Bananaescritora
-
Escritora potiguar de novels bl ♡
Wattpad: Bananaescritora_
Twitter: bananaescritora
Instagram: bananaescritora_
minhas outras postagens:
COMENTÁRIOS
Sua Comunidade de Novels BL/GL Aberta para Autores e Tradutores!
AVISO: Novos cadastrados para leitores temporariamente fechados. Se vc for autor ou tradutor, clique aqui, que faremos seu cadastro manualmente.