Paixão e Pecado - Capítulo 10
ATENÇÃO, ESSE CAPÍTULO CONTÉM DESCRIÇÕES SOBRE ABUSO SEXUAL CONTRA MENORES!
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– Todos de pé, o Tribunal está em sessão. O Juiz Carter presidindo, indiciamento 5954700. – uma voz masculina fala de repente enquanto as portas de madeira se abrem. O Juiz, um homem branco que aparenta estar em seus cinquenta anos, caminha até sua cadeira e se senta.
– Sentem-se. – ele fala em um tom autoritário e logo depois volta seu olhar para o lado, onde está o Júri, formado por homens e mulheres.
– Antes de começar, gostaria de pedir total silêncio e discrição no decorrer deste julgamento, devido ao tema que será abordado. – o homem suspira e volta seu olhar para o advogado de defesa.
– Como o réu se declara ?
– Inocente, Vossa Excelência. – Davis responde de forma tranquila e convicta. As vítimas e alguns familiares começam a cochichar entre si, indignados com sua farsa.
– Silêncio! – o Juiz bate o seu malhete e todos se calam rapidamente.
– Certo, então vamos começar com os pronunciamentos. Está pronto, Sr. Taylor ?
– Sim, Meritíssimo. – ele se levanta e se aproxima da bancada do Júri.
– Senhores e senhoras do Júri, o Sr. Davis usou da sua posição como Padre na Paróquia de Sanctus Cedric, conhecida há anos por seu excelente trabalho junto a comunidade, para abusar de inocentes crianças e brincar com a fé dos seus fiéis, que confiaram seus segredos a esse homem durante suas confissões. Ele agiu de má fé com essas pessoas e se aproveitou das suas vulnerabilidades para manipulá-los como bem queria. – o homem fala de forma séria e confiante, logo depois desvia seu olhar para o público que assistia o julgamento e troca um sorrisinho com Lucian.
– O desgraçado é bom… – Lucian sussurra para si mesmo. Entre todos os humanos que havia conhecido, aquele com certeza ganhou seu respeito e admiração.
– Sr. Jones, a defesa gostaria de se pronunciar ? – o Juiz volta seu olhar para o homem sentado ao lado de Davis.
– Sim. – Jones se levanta e também caminha em direção a bancada do Júri, ele abotoa seu paletó e limpa a garganta. Precisava ser convincente.
– Senhores e senhoras do Júri, antes de qualquer pronunciamento, gostaria de deixar claro que este homem diante de vocês, é um homem de fé e que acredita nos ensinamentos do senhor. Nas breves conversas que tive com o Padre Davis, pude perceber que ele é um ser sereno e de bom coração, que nunca iria contra as palavras escritas na bíblia. Machucar uma criança ? Mentir ? Vamos ser sinceros, esse homem não machucaria uma formiga e todos os seus fiéis sabem disso! – ele observa o Júri por alguns segundos, analisando sua reação.
– Isso é tudo, Meritíssimo.
– Obrigado, Sr. Jones. – O Juiz acena com a cabeça e volta sua atenção para Taylor.
– Sr. Taylor, podemos ouvir a primeira vítima ?
– Sim, gostaria de convidar a Sra. Diaz para depor. – Taylor indica a mulher de cabelos negros e longos, que se levanta um pouco hesitante e se senta ao lado do Juiz.
– Sra. Diaz, poderia começar nos dizendo com quantos anos os abusos começaram ?
– Eu tinha dez anos quando tudo começou.
– Por favor, nos diga o que acontecia quando você e as outras vítimas estavam a sós com o Réu.
– Ele… nos reunia no quarto nos fundo da igreja, pedia para tirarmos nossas roupas e ficarmos parados em fila, todos de frente para ele. – a mulher fala visivelmente nervosa enquanto brinca os seus dedos. Enfrentar todos aqueles olhos julgadores a deixava apavorada.
– E o que o Sr. Davis fazia ?
– Apenas observava enquanto se masturbava e tirava fotos. Algumas vezes também gravava vídeos e nos obrigava a nos tocar.
– Alguma vez o réu comentou o que fazia com esses materiais ?
– Não, nós só ficávamos com ele durante os abusos. Quem realmente estava sempre ao seu lado e sabia de tudo, era o Killian. Ele era seu preferido e era o único a ser diretamente tocado.
– E por quanto tempo os abusos continuaram ? Seus pais nunca perceberam nada ?
– Continuou até os meus quinze anos. E não, eles nunca notaram nada. Sempre que alguma criança aparecia com marcas ou agia de forma estranha, o Sr. Davis inventava alguma desculpa e os convencia de que não era nada de mais.
– Isso é tudo por enquanto. – Taylor desabotoa seu paletó e se dirige até seu assento. Logo depois Jones se levanta e se aproxima.
– Sra. Diaz, você acaba de afirmar que os supostos abusos tiveram início aos seus dez anos, mas sua família frequentava a igreja desde os seus cinco anos. Por que há uma brecha de tempo tão grande ? Se o Padre Davis quisesse cometer algum crime, teria feito desde o começo.
– Quando minha família começou a frequentar a igreja, apenas iam para as missas, mas nunca se envolveram diretamente com o Sr. Davis ou os assuntos da igreja. Depois de alguns anos tentando ganhar a confiança dos meus pais, ele finalmente conseguiu convencê-los a me deixar participar das aulas de catequese.
– Se isso é mesmo verdade, por que continuou frequentando a igreja até os seus dezoito anos ?
– Está vendo aquele casal ali no canto ? – a mulher aponta em direção ao público, com um sorriso triste em seu rosto.
– É o meu pai e a minha mãe, eles me obrigaram a ir para a igreja todos os domingos mesmo sabendo o que o Sr. Davis havia feito comigo. No dia em que contei para eles sobre os abusos, meu pai me deu uma surra que me fez parar no hospital. – ela suspira e se levanta, em seguida ergue sua blusa, expondo uma grande cicatriz em seu abdômen.
– Como eu poderia me negar a ir ? Estava apavorada… – as lágrimas escorrem pelo seu rosto e seu corpo treme.
– A defesa não tem mais perguntas. – Jones fala irritado e se afasta.
– Vamos prosseguir com os demais depoimentos.
_______________
– Gostaria de chamar o Sr. Killian Edwards para depor. – Taylor fala ao se levantar.
O corpo de Killian estremece e ele volta seu olhar assustado para Lucian, que acena com a cabeça e sorri. Ele suspira aliviado, mas logo a ansiedade toma conta do seu corpo ao receber um olhar furioso do seu pai, que também assistia ao julgamento.
– Sr. Edwards ?
– Ah! Me desculpe! – ele se levanta e vai até o assento ao lado do Juiz.
– Killian, por favor nos relate com detalhes o que o Padre Davis…
– E-ele não é Padre! – Killian o interrompe.
– Não ? – o Juiz ergue uma das suas sobrancelhas.
– O Sr. Davis não completou seus estudos, foi expulso antes disso…
– Protesto, Meritíssimo. Nenhuma prova foi apresentada para validar essa suposição! – Jones se levanta de repente e fala irritado.
– Na verdade, Vossa Excelência, eu tenho provas. – Taylor força um sorriso gentil e inocente.
– Me mostre! – o Juiz fala ao estender sua mão direita. Taylor rapidamente vai até sua mesa, pega alguns papéis e entrega ao homem.
O Juiz avalia tudo em silêncio e logo deixa um longo suspiro sair, em seguida entrega os papéis a um dos policiais, que os deixa com o Júri para que também sejam avaliados por eles.
– A vítima está correta, o Sr. Davis não concluiu seus estudos e por tanto, não pode ser considerado um Padre. A defesa gostaria de falar algo ?
– Não, Meritíssimo. – Jones fala um pouco envergonhado e recua. Não esperava por essa jogada.
– A acusação pode dar continuidade. – o homem acena com a cabeça para Taylor, que corresponde com o mesmo gesto.
– Sr. Edwards, se estiver confortável com isso, pode nos dizer em detalhes o que aconteceu entre você e o Sr. Davis ?
– Ah sim… claro! – Killian concorda hesitante e desvia seu olhar para as suas mãos, que não param de tremer e suar.
– Bom, tudo começou quando eu tinha dez anos, meus pais haviam acabado de se mudar e procuraram a igreja onde o Sr. Davis é Padre. No começo nós não íamos ao local com frequência, mas à medida em que meus pais se afeiçoaram pelo Sr. Davis, passamos a ir quase todos os dias, às vezes íamos até mesmo a sua casa, onde ele fazia chás da tarde ou jantares.
– Sr. Edwards para você, o Sr. Davis se aproximou primeiro da sua família e não mediu esforços para conquistar a confiança deles, ou foi algo que ocorreu naturalmente ?
– Por alguma razão, ele sempre aparecia, como se estivesse esperando pelo momento de ser útil e agradar o meu pai. Parecia que estava desesperado por sua atenção… pela nossa atenção.
– E depois que o Sr. Davis ganhou a confiança de todos ao redor dele, foi quando os abusos começaram ?
– Acredito que sim, apesar de que eu era o único que era de fato molestado… – Killian o responde com a voz embargada e seu rosto cora. Estava tão envergonhado por ter que dizer aquilo na frente de todas aquelas pessoas, mas sabia que precisava.
– E o que acontecia no tempo em que estavam sozinhos ?
– Ele me levava para um lugar longe das outras crianças, uma despensa onde guardava ferramentas para o jardim. Quando se certificava de que estávamos sozinhos, me fazia tocar seu pênis e colocá-lo em minha boca… tinha um cheiro horrível e gosto salgado. Eu odiava aquilo! – ele ergue sua cabeça e volta seu olhar para Davis, que o observa com um sorrisinho quase sádico em seu rosto. Mesmo com todas aquelas vítimas e provas, ainda tinha esperança de que sairia ileso de tudo aquilo e voltaria para sua rotina sem problemas.
– O Sr. Davis sempre tocava o meu corpo e dizia que era bonito, como se Deus tivesse o desenhado. E quando se cansava de admirar e tocar, ou quando estava apressado e ansioso, me estu… – Killian para de repente ao ouvir um grito furioso.
– Do que está falando, maldito pirralho ? Pare de mentir, Killian! Diga a todos que o seduziu, pecador asqueroso! – seu pai se levanta e grita, enquanto aponta seu dedo em sua direção.
– Silêncio, silêncio! – o Juiz ordena, mas o homem não se cala.
– Tirem ele daqui! – ele franze o cenho e deixa um longo suspiro sair. Rapidamente dois policiais vão em sua direção, mas apesar dos esforços, acabam tendo dificuldades em conter David. Que por ter um corpo enorme e uma força quase sobre-humana, não se rende facilmente.
Após uma pequena confusão, três policiais conseguem contê-lo e levá-lo para fora. Killian observa tudo atônito enquanto seu corpo treme, e ao vê-lo sair, volta seu olhar para o Juiz com lágrimas em seus olhos.
– E-eu sinto muito por isso, senhor! – ele fala em meio ao choro.
– Não foi sua culpa, Sr. Edwards. – o homem fala de forma gentil e sorri pela primeira vez desde que chegou.
– Esta sessão entrará em pausa até amanhã. Vamos todos descansar. – o Juiz se levanta e sai acompanhado de um policial. Killian também se levanta e procura por Lucian em meio a multidão que está agitada enquanto murmuram entre si.
– Killian. – ele o chama ao se aproximar e Killian corre em sua direção, lhe dando um abraço apertado.
– Por favor, me leva para casa! – ele murmura ainda choroso e o segura mais forte.
– Tudo bem, vamos para a nossa casa! – Lucian sorri e beija o topo de sua cabeça.
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