O Renascimento Do Príncipe Esquecido

JiuYan achava que eles tinham pego um estorvo quando Shen Sheng trouxe o maldito escravo com eles. De certa forma, a aranha de alguns milhares de anos, não estava satisfeita com a presença desse humano. Devido a isso, por todo o caminho, ouvia-se uma velha aranha resmungando e ordenando. As palavras de um certo cervo não faziam efeito no exoesqueleto duro daquele idiota.

“Yan Ge, por que no inferno está o obrigando a fazê-los essas tarefas?” Shen Sheng estava especialmente irritado. “Você não têm mãos?”

Pela primeira vez, eles o viram irritado. Pela primeira vez ele repreendeu alguém. Por um humano… Por causa de um humano… JiuYan especialmente se irritou também.

“Que diabos está fazendo Yangzi?” A velha aranha deu um tapa na mesa, assustando a todos. “Este… espécime é um humano! Se esqueceu quantas vezes, apesar de nosso alto cultivo, tivemos que nos esconder para não alertar a eles sobre nós? E agora você trás um deles conosco?”

O coelho entrou no meio da discussão: “Ei, ei, aranha maldita! Que merda está saindo da sua boca, hein!? Não vê que este… espécime também é odiado entre os humanos?”

“Desta vez tenho que concordar com Bai Ge!” Goldenheart, que escovava seus longos e sedosos cabelos esverdeados concordou com o coelho. Hei He Bai olhou-o incrédulo: Este pavão o tinha chamado por “Ge”?

“Que nojento!” Hei He bai cuspiu.

Gu Xing recuou. Em toda sua vida, nunca tinha visto um coelho falar e tirando a conversa de humano para cá, não-humano para lá estava sentindo-se realmente estranho. Por acaso eles eram algum tipo de fantasma possuindo corpos?

“Não quero que o tratem como um escravo ou como um servo. Vocês… sabem como é ser tratados dessa forma! Só porque tua espécie é diferente que há de ser superior?”

“Você…” JiuYan cruzou os braços e virou a cabeça,. “Nós, animais espirituais somos superiores sim!” Resmungou baixinho. “Se não fôssemos superiores, por que os humanos buscariam nosso poder?”

“Não irei discutir contigo Yan Ge.” Shen Sheng respondeu chateado e parou a carruagem que viajavam. “Alcançarei vocês na cidade em ruínas.”

“Yangzi…” O coelho o chamou, mas quando virou a cabeça, não havia nem um rastro de seu Shen Sheng.

Gu Xing também pulou da carruagem e correu atrás de seu mestre. Dentre todos esses esquisitos excêntricos, Gu Xing notou que seu mestre era o mais comum e um servo deveria seguir seu mestre. Assim, ele não hesitou em segui-lo. Contudo, o que ele não esperava era que seu mestre era uma pessoa tão habilidosa em artes marciais e ele ficasse perdido naquela floresta.

Por sua sorte era que essa floresta não era uma daquelas com animais mágicos. Ele poderia enfrentar um lobo comum e se tivesse uma arma um urso poderia ser abatido, mas o que ele faria se encontrasse uma besta espiritual? Estava completamente morto…

Mal sabia ele, que todos os quatro ao seu redor eram desses e um deles, estava humildemente desejando seu fim.

Por fim, ele passou algum tempo caminhando e distraído. A relação entre mestre e escravo poderia fazer que um encontrasse ao outro, porém Gu Xing sequer sabia fazer isso. Então ele decidiu buscar a lógica. Como um homem comum, seu pensamento poderia ser um pouco restrito, mas ainda assim ele era um homem. E um homem entende o outro, certo? Assim, um homem que sai pela floresta busca o quê se não a caça? Claramente, um lugar para se banhar!

Uma hora depois, Gu Xing ainda não encontrou seu mestre. Ele estava confuso. Tinha seguido todos os seus rastros e sentiu o seu cheiro, mas não estava nem um pouco próximo? Onde seu mestre foi? Estava preocupado.

Foi nesse momento que o barulho de uma cachoeira chamou sua atenção. Parecia um pouco longe, mas para ele que cortava caminhos longínquos com seu antigo mestre não o cansaria muito. Gu Xing não hesitou e partiu em busca daquele som.

Cada vez mais, as árvores se abriam e numa clareira a frente estava a cachoeira.

Não era um lugar glorioso. Apenas uma a fonte com floresta e floresta ao redor. A queda d’água também não era muito alta, não chega a dez pés de altura e o lago formado por ela também não era exuberante, mas a água ainda era cristalina e alguns peixes frequentavam o local. Gu Xing notou que não havia vazão sobre a terra, então deveria haver alguma caverna subterrânea por onde a água faria seu curso.

O verde ao redor era desordenado. Árvores banhadas pela umidade e trepadeiras eram vistas por todo o lado e havia um pequeno rio abrindo um vão na floresta acima da cachoeira. De onde estava, podia ver — nesse vão — as montanhas do leste.

No entanto, sequer um sinal de seu mestre.

Gu Xing sentou a beira da água um pouco desanimado. Agora estava completamente perdido. Ele nem marcou o caminho. Não posso me tornar descuidado, minha mãe e minha irmã ou irmãozinho precisam de mim. Ele pensou.

De repente, um arbusto se mexeu. Gu Xing entrou em guarda.

As folhas se mexiam como se algum animal estivesse se remexendo e sacudindo alguma sujeira. O homem se encolheu. Um chifre dourado se ergueu acima do arbusto e o animal espreguiçou-se.

“Yan Ge estúpido!” O animal resmungou e saltou para fora do mato.

Ele não estava tendo alucinações, certo?

Apesar da surpresa, ele já tinha visto um animal falar. Aquele coelho de temperamento ruim as vezes falava mais que os humanos ao redor, mas aquilo e isso é diferente. Um cervo? Na verdade, ele estava espantado, como um cervo pode ser tão bonito? Os cervos que caçava não tinham uma coloração tão bonita ou um “temperamento diferenciado”. Eles eram bestas selvagens piores que búfalos. Ele mesmo já presenciou aquelas criaturas bestiais passarem seus chifres através do abdômen deixando um buraco nas pessoas.

Este cervo, todavia, estava em um nível elevado. Talvez… isso seria… não, não, impossível!!!!! Ele estava com pouca sorte. Como havia parado em uma floresta espiritual?

Gu Xing, cautelosamente se levantou tentando fazer o mínimo de barulho e foi se esconder atrás de um outro arbusto. O homem se agachou e ficou espiando o animal. Apesar de ser um animal espiritual, ainda queria ver a sua beleza. Não era todos os dias que se via um.

Aquele belo par de orbes douradas brilharam quando a luz decaiu sobre elas, o animal pareceu bocejar ao saltitar ao redor do lago. Aproximando-se, colocou uma pata na água… provavelmente para sentir a temperatura? Gu Xing ficou muito confuso e coçou a lateral da cabeça.

“Ai! Muito gelado!” O cervo reclamou e retirou rapidamente a pata.

Seus pelos acinzentados brilhantes se eriçaram com a baixa temperatura da água e por um instante recuou dando pequenos pulos. Os chifres dourados balançava de um lado para o outro.

O cervo, como se tivesse desconfiado, olhou de um lado para o outro para notar se havia mais alguém e suspirou. “Ainda bem.”

De repente, um brilho apareceu e reluziu por todo o lado, cegando Gu Xing por algum tempo. Quando sua visão se normalizou, o cervo já não existia mais. Piscando algumas vezes em direção ao poço d’água, pareceu ver uma miragem. Era seu mestre? O que ele estava fazendo ali?

Pior… Mestre está nu?

Gu Xing sentiu seu rosto esquentar até as orelhas. Ele estremeceu. Em toda sua vida, nunca vira uma pessoa nua fora de um bordel. Seu antigo mestre o levava junto quando ia até o distrito da luz vermelha quando precisava satisfazer suas necessidades, mas nunca permitiu tocar nenhuma mulher ou homem. Às vezes, também o fazia assistir suas sessões intermináveis de orgias com mulheres e homens sem poder desviar o olhar. Mas ver seu mestre agora, pareceu errado. Gu Xing se encolheu.

Ele já achava o seu Mestre Shen uma beleza encantadora e encantadora, mas vê-lo assim… ainda estava mais bonito. Sua pele clara, quase brilhava ao sol de tão límpida e pura. Suas omoplatas se remexiam delicadamente enquanto passava os dedos delgados e delicados pelo cabelo preto e ondulado sem sequer um único nó. Apesar de seu mestre ser um homem, sua cintura era esbelta, demarcada. E seus lindos pãezinhos… pareciam tão macios…

A qualquer momento, ele poderia ter um sangramento nasal. Para sua falta de sorte, porém houve outra reação. Aquela, no meio das pernas… Ele estava duro pelo seu mestre? Gu Xing enterrou seu rosto nas suas mãos e colocou a cabeça entre os joelhos. O que diabos estava fazendo? Espiando seu mestre enquanto ele tomava banho? Isso não era uma boa atitude!

Gu Xing precisava de acalmar.

Certa vez, ele viu um garoto careca muito novo entrar no bordel. Provavelmente, tinha uns quinze anos no máximo. Também parecia ser sua primeira vez ali. Mais estranho do que esse garoto careca no bordel, era o fato dele estar recitando alguma coisa todo o tempo. Então, esse garoto careca tomou a atenção daquele Gu Xing de dezessete anos. Toda vez que ele repetia essas palavras estranhas, o garoto careca pareceu se acalmar.

Ao se lembrar disso, Gu Xing decidiu tentar.

Ele respirou fundo e começou. Uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes… passou-se algum tempo, mas a situação pareceu piorar cada vez mais. Cada vez que se lembrava, ele levantava o olhar para Shen Sheng e ali se perdia mais uma vez.

Por que não estava funcionando?

Ele realmente quis chorar.

Portanto, Gu Xing decidiu tentar outro método. Pense em coisas más. Pense em coisas ruins. Pense em coisas ruins. Sua mãe chorando. Sendo chicoteado. Sendo forçado. Aguentando humilhações. Pulando refeições a força… Aya! Por que não estava funcionando?

Ele agarrou os cabelos e puxou com força. Estava completamente errado. Ele iria apanhar…

“Quem está aí? Yan Ge? Bai Ge…?”

Gu Xing ficou como um pedaço de madeira. Duro feito uma árvore. Ele tinha sido descoberto, aya, aya, aya… Tudo bem…. ele já aguentou muito nessa vida. Mais alguns golpes não fariam tanta diferença. Ele era forte, poderia aguentar…

“Gu Xing?” Shen Sheng perguntou surpreso. “Por que está aqui?”

Shen Sheng se virou para ele. Sua pele estava molhada, cheia de gotículas d’água que escorriam vez ou outra. Uma correu pela clavícula e desceu pelo dorso. Os mamilos rosados estavam encolhidos pela gélida água. Os cabelos estavam grudados em seu rosto. A reação em seu corpo que estava descontrolada, acabou por ficar ainda pior.

Ele queria ser uma formiga para entrar dentro da terra naquele momento.

Ele se abaixou imediatamente e apenas uma cabeça ficou por cima do arbusto, com as bochechas queimando. Shen Sheng achou a cena adorável. Ele decidiu ignorar todo o resto que vira, mas também não pôde deixar de ter seu rosto avermelhando. Isso foi bastante constrangedor. Ele tossiu para tentar disfarçar.

“P-Perd-dão… E-Eu não q-queria.” Atrás do arbusto, Gu Xing se desculpou.

“Tudo bem.” Ele tossiu novamente. “É uma reação normal.”

Normal aonde, Shen Sheng?

Mas, aquele volume… era humanamente possível?

Foi só então que percebeu estar totalmente sem roupas. Ele congelou por alguns segundos e afundou na água envergonhado, mas espera… Gu Xing estava ali há quanto tempo? Ele tinha visto… Num impulso, Shen Sheng se levantou novamente e usando seu poder espiritual fez seus cabelos e corpo se secarem. Ele foi correndo até o arbusto e buscou sua bolsa de armazenamento e vestiu suas roupas apressadamente.

“Há quanto tempo chegou?” Shen Sheng se aproximou do grande homem arbusto.

“Não muito, mestre.”

“Você viu algo estranho?”

“Não m-mestre.” Mentiu.

Shen Sheng olhou-o desconfiado, mas decidiu deixar isso na parte de trás do cérebro. Não tinha impressão que isso lhe causaria problemas.

“Por que veio?” O grande cervo se sentou na grama.

“D-Devo acompanhar o mestre e apenas ele.”

“Oh.” Ele suspirou. “Lhe darei algum tempo. Você precisa resolver isso.” Disse com a mão em formato de punho em frente a boca. “Não faz bem ficar assim.

Gu Xing se encolheu mais ainda.

“Assim que terminar, basta chamar meu nome. Eu retornarei.”

“S-Sim mestre.”

Shen Sheng parecia calmo por fora, mas só ele sabia o quão nervoso estava. Ainda assim, quando eles reencontraram seu Yan Ge, Bai Ge e Heart Ge, ambos os homens estavam tão envergonhados e estranhos, além dos rostos corados que as três bestas olharam desconfiadas.

O que diabos esses dois fizeram?

Então ali, começou um leve mal entendido…

A autora tem algo a dizer:

Se é humanamente possível não sei, apenas Sheng-ge poderá dizer se é ou não humano.

Publicado por:

Xiao Yu

Apaixonando-se aos oito anos pelo fantástico mundo da literatura, Yu Ge, em busca de um sonho e apenas uma mente fértil, passou pela poesia indo para ao romance adolescente, chegando à fantasia medieval se encontrou nos danmeis (novels chinesas boys love) e na fantasia sombria aos recém-completos 23 anos. Do xianxia à dark fantasy, se diverte encontrando o caos e ambiguidade da natureza humana.

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