Maktub - Capítulo 4 - Fim
Um mês depois.
À medida em que convivem, as brigas entre Dilan e Matteo se tornam mais frequentes, lembrando aos dois o motivo pelo qual não deram certo no passado.
– Dilan, por que não vem trabalhar comigo ? Escrever não tem futuro! – Matteo fala com certo desdém. Não queria ver o seu homem sendo um fracassado qualquer.
– Mas eu gosto disso, Matteo. E ganho o suficiente para sobreviver! – Dilan esbraveja.
– Por que você sempre faz isso ? Por que sempre trata o meu trabalho como se fosse uma coisa idiota ? Eu odeio isso!
– Não estou me desfazendo do seu trabalho, apenas te ofereci algo melhor!
– Muito obrigado, mas eu dispenso! – Dilan bate na mesa e se levanta de repente, mas logo é agarrado por Matteo, que o puxa para os seus braços.
– Sinto muito, okay ? Não queria te magoar… – ele sussurra próximo ao seu ouvido e beija seu pescoço.
– Esquece, tanto faz! – Dilan o empurra e entra no quarto, batendo a porta.
– Porra! – Matteo esbraveja e soca a parede. Havia feito de novo.
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– Entra. – Dilan fala ao ouvir Matteo bater à porta, logo ela se abre e o homem entra um pouco hesitante, com medo da fúria do seu amado.
– Ainda está chateado ?
– Por que estaria ? Você sempre faz isso, nunca me escuta e nunca deu importância ao meu trabalho. Já me acostumei! – ele cruza os braços e vira o rosto.
– Dilan, eu sinto muito. Sabe que eu só quero o seu bem, quero que nós dois sejamos bem sucedidos! – Matteo se aproxima e se senta na cama ao seu lado.
– Não tive a intenção de te ofender e entendo que errei. Sinto muito e prometo que isso nunca mais vai acontecer… – ele fala de forma carinhosa e doce, em seguida ergue sua mão direita e acaricia seu rosto.
– Não importa, Matteo. Você é sempre assim, já estou cansado dessa merda! – Dilan afasta sua mão e se levanta de repente, vai em direção ao guarda roupa e pega um casaco.
– Espera, aonde vai ? – Matteo também se levanta de repente e antes de que Dilan pudesse sair, ele agarra o seu pulso com força.
– Você está me machucando! – Dilan fala de forma calma, mas séria e fria.
– Desculpa… – Matteo se afasta e parece confuso.
– Eu só vou dar uma volta e esfriar a cabeça. – ele suspira e veste seu casaco, saindo do cômodo logo em seguida. Matteo deixa um longo suspiro sair ao estar sozinho e sente uma onda de ansiedade percorrer o seu corpo.
– Porra! – ele esbraveja e bate na cama. Não queria perdê-lo novamente.
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Ao anoitecer Dilan volta para casa, e ao entrar no apartamento todas as luzes estão apagadas, exceto pela luz da tv.
– Dilan ? – Matteo o chama e logo se levanta, se aproxima e o abraça.
– Estava preocupado… – ele suspira e o segura com mais força.
– Eu trouxe o jantar! – Dilan mostra a sacola e sorri.
– Então… está tudo bem ? Estamos bem, não é ? – Matteo encosta sua testa sobre a de Dilan e sussurra ansioso.
– Sim, tudo bem… – Dilan também sussurra e sorri.
– Òtimo, então vamos jantar! – ele segura seu rosto com as duas mãos e sorri animado.
– Sim!
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– Boa noite, baby… – Matteo sussurra sonolento e beija sua testa, logo se aconchega próximo ao seu corpo e rapidamente adormece.
– Boa noite… – Dilan sussurra, mas ao contrário de Matteo, ele não consegue pegar no sono. À medida que à noite avançava, sua mente pensava em milhares de coisas, repassando tudo em sua cabeça e se questionando se o que estavam fazendo era a coisa certa.
Apesar de amar Matteo, amar o seu jeito doce, sua voz calma e a forma como ele fala empolgado sobre o seu trabalho, por alguma razão que Dilan ainda não sabia, eles simplesmente não se encaixavam. Sua relação era como um grande quebra-cabeças que está prestes a ser completado, mas que falta uma peça, e não importa o quanto você revire a casa, a caixa, ou até mesmo olhe embaixo da cama, não consegue acha-la.
– Merda… – ele murmura e as lágrimas brotam de seus olhos. Queria tanto que fosse ele, queria tanto realizar todos aqueles sonhos e planos que tinham quando eram adolescentes, que não viu a verdade. Passou anos se perguntando como teria sido se tivesse dado certo, e sempre pensou que teria sido incrível, mas agora que vivia com Matteo, percebeu que não importava o quanto eles se amassem, nunca dariam certo. Sua relação estava fadada ao fracasso desde o início.
Para Dilan, admitir e aceitar a verdade era como ter seu coração dilacerado, e por alguma razão ele se sentia cheio de culpa e ansiedade. Sabia que precisava pôr um ponto final e fazer a coisa certa, mas como deixá-lo ? Aquele era o seu primeiro amor, o homem com quem fez planos e esperou por vinte anos, não queria partir, mas sabia que precisava.
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No dia seguinte, 06:30 da manhã.
– Bom dia… – Matteo murmura sonolento e se vira para o lado, esperando ver o rosto amassado de Dilan, mas não o encontra. Ele se levanta e caminha até a cozinha, esperando que o encontrasse fazendo o café da manhã, com aquele seu mau humor matinal, mas também não o encontra.
– Dilan ? – ele o chama desesperado e corre até o banheiro, mas Dilan não estava em lugar nenhum. Então Matteo respira fundo e pensa que talvez ele só tenha saído para comprar algo e logo voltaria, mas ao finalmente se acalmar e olhar ao seu redor, ele percebe que não há rastros de Dilan em lugar nenhum.
– Porra, Dilan! – Matteo desliza as mãos entre seus fios de cabelo e sorri, mas é um sorriso desesperado e ansioso, onde seus olhos se enchem de lagrimas e seu peito aperta. Sabia que o havia perdido.
Ele pega um casaco e vai apressado em direção a porta, pensando que se Dilan tivesse acabado de sair, poderia alcançá-lo e convencê-lo a ficar, mas antes de sair do apartamento, Matteo vê uma carta junto do anel que deu a Dilan e a chave da casa. Ele reluta em abrir a carta, mas após alguns segundos a encarando, Matteo finalmente a lê, e após ler o seu conteúdo, suas pernas cedem e as lágrimas rolam pelo seu rosto.
– Você é tão injusto, Dilan… fugindo sem me deixar falar nada! – ele murmura e amassa o papel, em seguida se recosta na parede e chora inconsolavelmente. Havia perdido o amor da sua vida, o homem que desejou e amou por mais de vinte anos. Se sentia perdido, culpado e ansioso.
– Eu estraguei tudo, não é ? – Matteo murmura novamente enquanto encara o anel. De repente tudo havia terminado tão rápido quanto começou, e mais uma vez os dois precisavam seguir caminhos diferentes, porque não importava o que fizessem, eles não dariam certo.
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Querido Matteo, ou melhor, Mio caro Matteo.
Estou escrevendo esta carta, pois tenho medo de falar isso olhando nos seus olhos. Você sabe bem como posso ser um covarde quando me sinto pressionado.
Sabe, eu passei esses vinte anos imaginando como teria sido se tivesse dado certo, como teríamos decorado nossa casa, se teríamos feito aquelas viagens malucas que você sempre falava ou se iríamos envelhecer ao lado um do outro. Infelizmente agora eu já tenho essa resposta.
Eu te amo, mas não posso continuar com isso. No fundo nós dois sabemos que é a coisa certa a se fazer, também sabemos que por alguma razão, não conseguimos fazer isso dar certo. E não importa o quanto eu revire a minha mente buscando por algum motivo, eu não consigo encontra-lo, não consigo entender como duas pessoas que se amam tanto podem simplesmente não encaixarem.
Talvez seja ironia do destino ou algo assim, acho que nunca saberemos.
Apesar de tudo, saiba que foi um privilégio amar e ser amado por você. Nunca me esquecerei dos momentos que tivemos no passado e nem dos que tivemos agora. Estarão para sempre gravados em minha memória como o meu “quase algo inesquecível”, aquele tipo de história que você conta para os jovens na esperança de dar algum conselho significativo.
Eu te amo, Matteo. Amo profunda e desesperadamente, mas não posso ficar. Espero que entenda e não se culpe. Não há nada que possamos fazer.
Com amor e para sempre seu, Dilan Lewis.
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