Mais de um milhão de beijos - Capítulo 4.2
Pouco depois de abrir o bar, enquanto Theron tinha se ausentado atendendo a um chamado do gerente e Yeong-hoo estava sozinho cuidando do bar, ele sorriu ao sentir uma presença e levantou a cabeça, mas parou abruptamente.
“Oi.”
Yeong-hoo reconheceu facilmente o homem que o cumprimentava com o rosto corado. Era de se esperar, depois de um acontecimento tão marcante. Nick, que imediatamente caminhou até o balcão e sentou-se em frente a Yeong-hoo, sorriu e disse.
“O tempo está bom, né?”
“Sim, está.”
Yeong-hoo, que deu uma resposta superficial, de repente pensou que a conversa entre eles parecia um diálogo típico de um livro didático.
“O que posso lhe servir?”
À pergunta de Yeong-hoo, ele respondeu com uma expressão um tanto animada.
“Um Black Russian, por favor.”
Ele pediu a mesma coisa no dia anterior também. Yeong-hoo respondeu prontamente “Entendido” e imediatamente preparou o coquetel. Por alguma razão, Nick seguiu os movimentos de Yeong-hoo com um rosto constantemente perdido.
“Aqui está o Black Russian que você pediu.”
“Ah, obrigado…”
Nick agradeceu com o rosto vermelho. Yeong-hoo apenas sorriu levemente. Não havia muitos clientes no bar durante a semana, e Yeong-hoo também parecia entediado, repetindo movimentos sem sentido como continuar limpando copos que já estavam limpos ou rearranjando-os. Neste momento em que Teron e o outro bartender também estavam ausentes, Nick percebeu que tinha agarrado uma chance de ouro.
Inesperadamente, suas mãos estavam tremendo. Era a primeira vez que ele ficava tão nervoso. Em comparação com Andreas, que sempre colocava facilmente seus parceiros em suas mãos e também os trocava facilmente, Nick, com sua personalidade séria e inflexível, sempre escolhia seus parceiros com cuidado. Ele, que havia namorado sua amante por 2 anos e recentemente terminado, já estava sozinho há mais de três meses. Ele finalmente encontrou um parceiro. Fazia muito tempo que seu coração não batia assim. Nick sentiu uma sensação estranha ao se lembrar de que nem mesmo quando teve seu primeiro encontro ele ficou tão nervoso assim.
“Ei…”
“Sim?”
A resposta veio imediatamente. Em comparação com sua própria voz hesitante, a voz absurdamente calma fez Nick se sentir envergonhado. Yeong-hoo sorria e esperava a próxima fala, enquanto Nick abriu a boca fingindo o máximo possível de indiferença.
“Você é muito habilidoso. Está realmente uma delícia.”
“Obrigado.”
Yeong-hoo mostrou um sorriso educado desta vez também. Nick, sentindo o suor frio em suas palmas enquanto o olhava, pegou apressadamente sua carteira e estendeu um cartão de visitas.
“Ainda nem me apresentei. Eu sou Nikos Dukakis.”
“Certo…”
Yeong-hoo o recebeu, mas sua reação não pareceu muito interessada. Era como se ele não entendesse por que estava recebendo aquilo. Nick sentiu seu rosto corar e apressou-se em dizer.
“Pretendo vir com frequência, espero que você se lembre de mim. Qual é o seu nome?”
Em resposta à pergunta óbvia, Yeong-hoo levantou levemente a etiqueta com seu nome preso ao peito e respondeu.
“Ji Yeong-hoo. O sobrenome é Ji, o meu nome é Yeong-hoo.”
“Yeong…”
Vendo Nick piscar os olhos e se esforçar para de alguma forma imitar a pronúncia, Yeong-hoo ofereceu uma solução.
“Pode me chamar de Ji. Todo mundo me chama assim.”
“Ji-i…”
Ele murmurou o nome de Yeong-hoo com uma expressão vazia e logo seu rosto ficou vermelho. Yeong-hoo sorriu educadamente por formalidade, olhou para o cartão de visitas superficialmente e o colocou em um canto dentro do balcão. Sentindo-se mais confiante e com o coração acelerado, Nick tomou a iniciativa.
“De onde você é, Ji? Japão? China?”
“Nenhum dos dois. Sou da Coreia.”
Depois da piadinha, ele deu uma gargalhada forçada.
T/N: Alguém me explica essa piada? (•́⍜•̀)
“Ah, fui pego de surpresa! Faz tempo que você está aqui? Como é a Coreia em comparação com aqui?”
Yeong-hoo, sentindo-se atordoado pela enxurrada de perguntas de Nick, respondeu com uma resposta vaga.
“Hum… Não sei bem o que dizer… Há muitas montanhas na Coreia também.”
Com a resposta vaga e imprecisa, Nick ficou desapontado, mas não desistiu e perguntou.
“Como aprendeu grego? Você é muito bom.”
“Não sou tão bom assim. Mesmo hoje em dia, às vezes, não entendo quando falam rápido.”
Yeong-hoo tentou ao máximo manter a compostura. Por que continua fazendo essas perguntas? Certamente ele não tem interesse em algo mais, ou tem?
Mesmo sendo um hotel de primeira classe, havia clientes inconvenientes. Às vezes, eles fingiam estar bêbados para tentar tocar sua mão, mas felizmente, o balcão largo servia de barreira e Yeong-hoo rapidamente fingia não perceber e se esquivava. Depois que um cliente tocou sua bunda enquanto ele servia, ele sempre ficava muito tenso ao se aproximar das mesas.
Na Coreia também houve momentos difíceis com bêbados, mas por ser estrangeiro, aqui é um pouco mais direto. Yeong-hoo chegou a se preocupar seriamente se as pessoas daqui tinham o costume de tocar em qualquer um. Depois de perguntar discretamente a um colega bartender e ouvir que ele nunca teve essas experiências, surgiu outra preocupação: será que ele parecia fácil por ser oriental?
Felizmente, Nick parecia comportado, mas considerando algumas experiências passadas e o fato de ele ter estado com aquela turma antes, ele também não era alguém em quem se podia confiar. Além disso, Yeong-hoo não conseguia imaginar facilmente qual era a intenção de Nick ao continuar essa conversa pessoal. Por que diabos não tinha movimento hoje? Se ele pudesse evitar essa situação usando o serviço como desculpa, seria ótimo. Enquanto Yeong-hoo tentava sutilmente interromper a conversa sem ser indelicado, Nick continuou falando, mostrando-se cada vez mais ansioso.
“Trabalhar num lugar assim deve ser difícil, né? Deve ter muitos bêbados.”
Yeong-hoo respondeu brevemente mais uma vez.
“Os gregos não bebem muito álcool.”
Enquanto Yeong-hoo lembrava que mesmo ficando por muito tempo, a maioria dos clientes só consumia uns dois drinques, Nick o contradisse.
“No norte, as pessoas bebem tanto que ficam completamente embriagadas. Eu sou do norte, então acabo bebendo bastante.”
“É mesmo?”
Ao se recordar de Nick e seu grupo pedindo uma quantidade absurda de álcool, Yeong-hoo simplesmente concordou.
“Além disso, aqui é um hotel, então muita gente bebe, não é?”
Como se aguardasse sua confirmação mais uma vez, Yeong-hoo respondeu à pergunta a contragosto.
“Deve ser porque há muitos estrangeiros.”
“Faz sentido.”
Nick sorriu, parecendo satisfeito. Yeong-hoo se sentia cada vez mais incomodado com a conversa. Quase implorando por socorro, ele lançou um olhar rápido para o outro bartender, mas este estava ocupado ouvindo o cliente que atendia. Ouvir a conversa dos clientes também fazia parte do trabalho do bartender, então Yeong-hoo mudou de ideia. Nick voltou à pergunta anterior.
“Há quanto tempo você está aqui?”
“Faz pouco menos de três meses.”
Nick disse com os olhos brilhando.
“Então você ainda não conhece bem a Grécia, não é? Que tal sairmos juntos na sua folga? Podemos passear, ou, a umas três horas daqui tem uma ilha que pertence à minha família…”
Era um convite pessoal. Yeong-hoo imediatamente estabeleceu um limite. Aquilo era claramente uma cantada. Agora que Nick havia revelado abertamente suas intenções, Yeong-hoo não tinha mais motivos para ser educado com ele por profissionalismo.
“Senhor Dukakis.”
Assim que Yeong-hoo falou em um tom seco, Nick respondeu com uma voz animada.
“Me chame de Nick.”
“Senhor Dukakis.”
Yeong-hoo ignorou propositalmente o pedido dele e continuou a falar.
“Sinto muito, mas não tenho nenhuma intenção de me encontrar com o Senhor Dukakis fora do trabalho. Esse interesse pessoal que o senhor está demonstrando também é bastante incômodo para mim. Se veio com essa intenção, eu preferiria não vê-lo mais.”
Nick empalideceu e ficou imóvel diante da rejeição fria, porém educada. Yeong-hoo pegou o cartão de visitas de volta e pôs na frente dele. Podia parecer cruel, mas não havia outro jeito. Ele não conseguia sentir nenhum tipo de atração por Nick.
“Ji, você pode vir aqui um instante?”
Bem nesse momento, a voz de Theron o salvou. Yeong-hoo, secretamente aliviado, respondeu: “Sim”.
“Com licença.”
Depois de se despedir educadamente pela última vez, Yeong-hoo se afastou com seu passo leve e quase flutuante em direção à Theron. Deixado sozinho, Nick ficou sentado ali, perdido em seus pensamentos. E Yeong-hoo não se aproximou até que ele finalmente se levantou e saiu do bar cambaleando. No fundo, sentiu pena, mas não havia outro jeito. Uma piedade mal expressada é ainda pior. Se não há intenção, é melhor rejeitar desde o início. Murmurando palavras de desculpa em sua mente, Yeong-hoo sentiu um amargo sabor.
Ele parecia ser uma boa pessoa.
* * *
Tradução: Yani
Revisão: Ana Luiza
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