Garland Jujin Omegaverse - Capítulo 10
Não importava o quanto estivesse bravo, Jill não podia desobedecer à ordem de Diego. No fim, estava mesmo preocupado por voltar sem gerar uma descendência, porém voltar no mesmo dia em que partiu seria ultrajante. Quando pensou que inclusive Diego poderia vendê-lo para outro homem qualquer, um calafrio percorreu sua espinha e o levou a pensar em várias palavras para expressar que havia se equivocado. E pensando que suas fragilidades poderiam derrotá-lo antes dos Alfas, Jill colocou a roupa que Norn havia separado para ele e desceu as escadas para jantar com Diego.
Sua roupa era preta e tinha uns cordões de seda que escondiam bem o seu peito, embora as costas ficassem totalmente à mostra. As roupas que os ômegas usavam nessas ocasiões eram sempre bonitas e ao mesmo tempo fáceis de serem removidas para comodidade de seus companheiros. Diego, contudo, não pode elogiar a vestimenta de Jill porque quando o olhou, notou que ele ainda tinha uma expressão incrivelmente deprimida. Aparentemente ele ainda estava bravo e também um tanto desconfortável com sua presença.
Depois do jantar, no qual mal trocaram palavras, foram informados que haviam chegados pessoas ansiosas para conhecer Jill. Logo, o levaram de imediato ao salão do prédio principal para que fosse apresentado aos irmãos lobo.
Diego começou: “Família, este é o meu amado ômega, Jill. Este que está em frente é meu irmão mais velho, Geralt”.
Jill não conseguia esconder a incrível tensão que sentia por todos os lados. Sentado em uma cadeira de couro, havia um homem-fera lobo com um lindo casado prateado composto de pele pura. Ele era maior que Diego e lembrava uma criatura mitológica que havia escapado de algum tipo de lenda. Mesmo aparentando ser muito calmo, havia uma estranha força agressiva que emanava dele. Jill, naturalmente, prendeu a respiração e abaixou a cabeça.
Geralt pareceu mover ligeiramente a cabeça em direção a cara tensa de Jill.
Não desviou o olhar do ômega e pareceu, inclusive, estar procurando algo interessante nas dobras de sua roupa…
“E este é meu segundo irmão, Toneria”.
Jill se virou para o outro homem-fera lobo, sentado em uma poltrona ao lado de Geralt, e seguiu com cuidado cada parte da apresentação de Diego. Este era um pouco menor que os outros dois, tinha a pelagem cinza e parecia ser muito antipático. Ele usava monóculo e seu corpo era magro, lembrando um estudioso calado. Quando Jill fez uma reverência, o lobo o olhou como se tivesse feito algo errado e pigarreou. Nenhum dos dois o cumprimentou de forma decente e Jill não se atreveu a dizer nada. No fim das contas ele era apenas um ômega, então se Diego não iniciasse um movimento ele tampouco poderia fazê-lo. De fato, Giralt não pareceu pensar em Jill como uma pessoa e depois de olhar um pouco em volta, perguntou a Diego, não a Jill, se era parte da “família Müller”.
“Sim. E não é apenas um ômega sob sua proteção, é o verdadeiro filho deles. Legítimo herdeiro da família Müller”. Diego colocou a mão nas costas de Jill. “O escolhi eu mesmo, como prometido. Por hora, tê-lo ao meu lado é o suficiente. Deste modo, acredito que já não temos que nos preocupar com este assunto”.
Geralt o olhou novamente.
“Eu gostaria que você mantivesse pelo menos cinco ômegas, mas acho que é algo que não pode ser evitado, vindo de você. Um que você goste já é um progresso”.
“Obrigado”.
Diego parecia aliviado, mas Toneria estava insatisfeito:
“Bom, isso só mostra que o nosso irmão ainda é muito mole com o Diego. É um ômega bonito, não vou negar, mas não é bom assumir que vai manter apenas um. Não vai ser sua esposa oficial, no fim das contas. Para garantir o nosso legado somo obrigados a ter relações com quantos ômegas for possível. É assim que nós lobos operamos”.
“Eu sei Toneria, mas é inútil falar para o Diego fazer isso imediatamente. Você precisa admitir que ele está progredindo. Um é melhor do que nenhum”.
“Isso mesmo, Toneria. Como membro da família Siegfried, estou tentando cumprir com meus deveres pouco a pouco da forma que for possível. Ok?”
“Não disse que não estava”.
“Então, obrigado. Continuarei trabalhando duro, então não fale muito sobre mim”.
Jill se surpreendeu um pouco com Diego que se defendia de Toneria, mesmo quando este tinha toda a intenção de continuar reclamando. Imaginou que Diego não queria ter filhos nunca, mas percebeu que ele apenas não queria fazer isso de imediato. O Fato de trazer um único ômega para casa deixava claro que Diego não tinha pressa em ter êxito. Os homens-fera Alfa pareciam ridiculamente obsessionados com a sobrevivência de sua linhagem e sem a participação de um ômega humano não poderiam gerar uma descendência. Isso era algo que podia ser incrivelmente desagradável para Diego, que era o filho caçula. Jill compreendia que era doloroso ser obrigado a assumir um papel simplesmente por causa de seu gênero, então foi compreensivo.
Jill observou calmamente como Diego se sentava perto de Geralt para conversar e pensou que, de fato, ele poderia estar certo quando disse que estavam “na mesma sintonia”. Claro, isso não significava que ele o havia perdoado por seu completo egoísmo, mas entendeu as circunstâncias de Diego e pensou que, já que ele o havia trazido até aqui, o melhor que poderia fazer era passar um tempo ao seu lado e não causar nenhum conflito. Felizmente, isso significava que não precisava quebrar a cabeça pensando sobre sexo e, consequentemente, que sua estadia ali não seria muito diferente do tempo que passou na mansão Müller. Claro, sua vida daqui pra frente seria muito mais tediosa sem Yoyo, mas não havia nada que pudesse fazer a respeito.
Albert…
Quem dera eu conseguisse lhe enviar uma carta… Jill gostaria de vê-lo e lamentava muito causar preocupação nele desta forma. Além disso, gostaria de se desculpar por toda esta situação pessoalmente e achava que, quando voltasse, ele diria para se casarem imediatamente como haviam planejado desde o princípio. No entanto, mesmo que isso não fosse possível, desejava que ao menos ele soubesse que nunca foi sua intenção faltar com respeito aos seus sentimentos.
“Você se chama Jill?”
Perguntaram de repente. E quando levantou o rosto para ver quem falou, Toneria apontou para um assento em frente a ele.
“Meu irmão e Diego estão falando de trabalho. Vai demorar um pouco, então você pode sentar comigo e esperar”.
“Obrigado por sua gentileza”.
Jill dobrou os joelhos e cumprimentou de forma cortês para em seguida sentar no local que lhe foi indicado. Além da pelagem e do porte físico, Toneria parecia ser muito mais modesto comparado a Diego e Geralt.
“Não gostaria de falar com seus irmãos também, Sr. Toneria?”
Era chato ficar sentado em silêncio, então Jill disse a primeira coisa que lhe veio à mente. Claro, iria calar a boca imediatamente se o lobo lhe disseque que não gosta de falar com ômegas. Entretanto, mesmo sendo um Alfa, Toneria não pareceu ofendido de nenhuma forma e olhou em direção aos seus irmãos antes de responder:
“Não. Porque o assunto que eles estão tratando não tem nada a ver comigo. Diego está ajudando Geralt com o seu trabalho, mas eu tenho negócios diferentes”.
“Entendi”.
Quando Toneria observou o ômega por um momento, ele desviou o olhar rapidamente como se tivesse visto algo inapropriado. Jill, confuso, deixou de falar e começou a analisa o salão. Notou que havia uma estante cheia de livros ali, então deduziu que se tratava de um escritório. A mobilha era toda feita de carvalho e a atmosfera era consideravelmente diferente da atmosfera que lhe proporcionava o quarto que lhe foi oferecido. Era um espaço que encaixava muito bem com os homens-fera, em particular, com o majestoso e belo Geralt que aparentava ser o dono do local.
O homem estava tentando persuadir Diego a fazer algo, desesperado, mas mantinha uma dignidade inexpressiva:
“De qualquer forma, terei problemas se você não comparecer outra vez. É como se eu estivesse de mãos atadas.”
“Mas eu não quero perder a paciência com os executivos por causa de assuntos que pertencem ao meu irmão”.
“Se perder a paciência, diga que está irritado e tome providências sobre o assunto! Quero dizer, já está mais do que na hora de você ser responsável por algo”.
Diego pareceu relutante em cooperar e, por esta razão, parecia que sua reunião demoraria muito mais tempo do que o planejado.
Olhando novamente ao seu redor, Jill deixou escapar que estava entediado e notou que Toneria tirava um objeto do bolso. Era algo com forma estranha que lembrava um instrumento musical. Um lado tinha forma de um sininho, o cabo era dobrado na diagonal e a cor mudava a partir so meio. Jill estava se perguntando se seria uma espécie de flauta, mas então Toneria puxou algo parecido com um estojo e começou a encher a ponta em formato de sino com algumas folhas secas.
“O que é isto?”
Ele nunca havia visto algo assim. Após a pergunta, Toneria olhou Jill de uma forma muito surpreso.
“Isso?”
Jill arregalou os olhos quando o objeto lhe foi mostrado mais de perto.
“Desculpe se o incomodo. É algo que vejo pela primeira vez”.
“Isto é um cachimbo”. Toneria olhou para o cachimbo que tinha nas mão e sorriu pela primeira vez. “Se utilizam as folhas de uma planta chamada tabaco e se queimam neste cachimbo para… Desfrutar do cheiro e do sabor. Se quiser pode olhar melhor”.
Jill estava muito curioso, então se sentou ao lado de Toneria. O cachimbo tinha uma parte de madeira bem polida e uma parte de metal negro. Quando tocou, Toneria começou a explicar:
“Aqui é o fornilho e aqui é a boquilha. As folhas vão bem aqui. Se você soltar bem e encher até aqui, desta maneira, pode começar a queimar as folhas”.
“Que coisa mas estranha, não é?”
Toneria riu.
“As folhas têm um cheiro agradável por si só, mas quando queimamos elas se obtém um aroma verdadeiramente único. Não sei se te agrada, mas… Gostaria de ver?”
“Claro!”
Do cachimbo acesso, saiu um odor mais forte que uma fumaça de uma chaminé, então Jill começou a se sentir um pouco enjoado.
“É assim que se aprecia isso? Só cheirando ele?”
“Não. Se suga a fumaça por esta ponta.”
“De que forma?”
“Olhe”.
Os olhos de Jill observavam atentamente quando Toneria começou a fumar. Inalando profundamento e exalando fumaça pelo nariz e pela boca.
“Você não sente vontade de tossir?”
“Algumas pessoas tossem no começo. Mas depois de acostumar, vira um hábito”. Toneria fumou com orgulho e fechou um pouco os olhos antes de olhar para Jill novamente. “Você é engraçado. Parece um ômega bem curioso”.
“Desculpe”.
Era possível que Toneria não soubesse que postura adotar diante de Jill, então seu tom não era muito estável. Depois de haver feito muitas perguntas estranhas, Jill inclinou seu corpo para frente e se desculpou pensando que poderia ter desagradado ao lobo agindo daquela forma. Além disso, sem perceber, havia se aproximado ao ponto de ficar a só alguns centímetros de distância. Toneria negou com a cabeça.
“Considerando que a cultura do tabagismo vem de um país que está além do mar, poucas pessoas têm interesse nele aqui na capital”.
“Ahm”.
O lobo parecia estranho, mas de um jeito diferente de Diego. Enquanto o olhava através da fumaça do tabaco, virou o rosto quando se deu conta que seus olhares voltaram a se cruzar.
“Hmm… Desculpe, acho que meu irmão é um pouco tonto, então desculpe pelos inconvenientes”.
Jill se sentiu aliviado ao pensar que ele tinha uma personalidade retraída. Com Toneria, não sentia essa estranha sensação de intimidação que costumava sentir na presença de outros homens-fera. Por esta razão, não se sentia nervoso ao falar com ele. Certamente não poderia ter uma conversa tão pacífica com Geralt.
Toneria sorriu um pouco ao ver Jill esboçar um sorriso.
“Posso perguntar no que o Sr. trabalha?”
“Basicamente, administro uma empresa de importação. Para conseguir coisas como cachimbo e tabaco. Quero dizer, essas são fáceis, mas, em geral, como tenho muitas conexões e amigo posso trazer quase qualquer coisa que possa pensar. Chá, livros, joias”.
“Alguma vez já andou de barco?”
Jill se inclinou para frente. Um barco era o único meio de transporte que podia cruzar o oceano para chegar a um país diferente e, por isso, estava muito emocionado com esta experiência. Toneria negou com a cabeça, mostrando uma expressão que quase parecia derrotado.
“Não, estou em uma posição onde apenas supervisiono. Então não ando nos barcos”.
“Hmm”.
“Mas sei muito sobre eles”. Tossiu: “Sou dono e muitos barcos e também de várias cartas náuticas1. Não viajo, mas tenho habilidades suficientes para operar um navio. É preciso estudar muito para administrar um negócio comercial. Por exemplo, quando uma colheita rara é trazida, é preciso avaliar se algo está mal ou não e decidir se quer fazer um acordo por aquele produto. Para este fim, não há conhecimentos desnecessários. É preciso saber sobre as rotas marítimas mais seguras, clima, percurso, nomes de chá, característica de animais, etc”.
“É incrível que diga que não há conhecimentos desnecessários”.
Jill ficou completamente impressionado com ele. Tudo o que Toneria dizia eram coisas das quais nunca tinha ouvido falar.
“Como se sabe se a rota do mar é segura? Já que o mar é tão grande”.
“Existe um mapa do mar. Essas são as cartas náuticas”. Toneria soprava o cachimbo de uma forma cada vez mais agradável. “Se você se interessa em barcos e no mar, posso te mostrar as cartas náuticas e os livros sobre barcos que tenho na biblioteca. Não é nenhum exagero dizer que a biblioteca da nossa família é a mais grande da cidade”.
1 Cartas Náuticas são documentos cartográficos que fornecem informações sobre áreas navegáveis, como oceanos, mares, rios, canais, lagos e lagoas. São utilizadas por navegantes para orientar-se e garantir a segurança da navegação.
Jill não pode responder de imediato porque não tinha certeza. Ele gostava de escutar as pessoas, mas não tinha tanto interesse em livros ou bibliotecas. Era desses que preferiam mil vezes perseguir galinhas e colher ervas no pátio do que ler algo em silêncio. Se fosse possível, seria muito melhor que ele lhe mostrasse um barco de verdade em lugar de uma imagem em um livro. Ma claro, não havia forma de que isso fosse possível. Era fácil ver que Toneria tinha muito zelo por suas coisas. Deveria dizer que gostaria de ver o livro ainda que não tivesse interesse nele? Quando estava prestes a dar sua resposta, uma mão foi estendia na frente dele repentinamente.
“Vamos, Jill. Você deve estar cansado”.
Disse Diego enquanto segurava a sua mão. Quando Jill se levanto, Diego o abraçou pelos ombros como se quisesse protegê-lo do frio. Nunca tinha feito nada assim, então Jill estava muito surpreso.
Diego disse a seus irmãos:
“Desculpe, vamos descansar”.
“Está bem, te vejo amanhã as oito em ponto”.
Geralt se despediu acenando com a mão, porém Toneria, que havia sido interrompido, estava claramente decepcionado pelo fato de Jill ter que se retirar. Sem esperar que o irmão abrisse a boca, Diego saiu do salão com o ômega ainda nos braços. De alguma forma Jill sentiu que Toneria-sama e ele foram separados à força. Talvez o fato dos dois estarem conversando de forma tão íntima era algo ruim. Diego o levou até a ala oeste e, quando finalmente entraram no terceiro piso, soltou Jill de forma brusca.
Jill olhou para Diego e lhe perguntou:
“Ainda tem algo que precisamos fazer?”
Mesmo tentando ser educado, sua voz soava áspera quando falava com ele. Diego fitou o chão em silêncio enquanto Jill franzia a testa.
“Se desconfia que eu disse alguma coisa ruim para o Toneria, não se preocupe. Apenas estava escutando ele falar sobre o oceano”.
“Não, isso não me preocupa”.
“Se não te preocupa, então o que mais quer fazer comigo? Por que me tirou de lá assim?”
Diego fico em silêncio de novo. Olhou para baixo novamente, mas Jill insistiu que falasse:
“Se tem algo pra me dizer, por favor, vá em frente”.
“Não estou bravo, é que… Por que você ficou bravo antes?”
“Antes?”
“Quando chegamos à mansão e eu te mostrei o seu quarto, você me bateu”.
Diego tocou o rosto no lugar onde recebeu o tapa. Sua cauda balançava de um lado para o outro, então Jill o olhou direto nos olhos. Ele realmente está fazendo esta pergunta? Não ensinaram isso na escola, ou algo assim?
“Você realmente não entendeu?”
Diego encolheu os ombros em forma de desculpas diante da voz fria de Jill.
“Peço desculpas se algo lhe incomodou, mas eu realmente não entendo. Se não gosta de algo, me diga diretamente. Se posso melhorar, quero fazer isso direito”.
“Está bem…”
Diego era uma peso sincera. Mesmo quando Jill se comportou como um ômega grosseiro com alguém que lhe foi amigável, ele não foi posto na rua. Certamente nenhum outro alfa lhe diria que queria fazer algo bem por ele e entenderia suas atitudes. No entanto, explicar as coisas que o aborreciam, provavelmente, não o ajudaria em sua condição atual. Não importava o quão bom Diego fosse, o resultado seria o mesmo se não estava em seus planos ter um filho. Em geral, o fato de Jill ser ômega e de nascer na família Müller e também o fato de que sua mãe o odiava, não podiam ser alterados apenas abrindo a boca e confiando em um lobo. Jill só poderia ser “O ômega que foi levado por capricho e voltou sem dar a luz” pelo resto de sua vida. Seu futuro depois disso ficaria em branco.
“Não importa”. Jill virou as costas “Se isso é tudo… Por que não se retira? Vou dormir agora”.
Olhou para Diego com a intenção de se livrar dele, mas só conseguiu ficar paralisado. O homem levava uma expressão de frustração impressionante. Algo que nunca tinha visto.
“Você parecia… Muito feliz conversando com o Toneria agora a pouco. Mas comigo, me deu um tapa e agora nem ao menos me explica o motivo”.
“Toneria não arruinou a minha vida”. Jill queria dizer isso, porém quando Diego estendeu a mão para agarrá-lo, Jill não conseguiu emitir nenhum som. Era doloroso. Os olhos azuis gélidos do lobo pareciam arder em chamas e, no momento em que ele se aproximou um passo mais, todo corpo de Jill parecia flutuar no ar. Não soube dizer de imediato o que estava acontecendo. Logo, percebeu que o homem-fera o tinha atirado na cama.
Foi então que Diego desabou sobre ele eu o olhou desde cima:
“Você deveria ser grato a mim!” A voz de Diego tinha um tom de desespero. Sua expressão escureceu devido a luz da lâmpada acesa. “Costumavam dizer que você era um lixo por ter sido rejeitado pela família Müller. Mesmo assim, eu te escolhi. Eu escolhi você, droga! Normalmente seria gratificante para um ômega ser escolhido por um Alfa da família Siegfried, ainda mais um ômega pouco confiável”.
“Por favor…”
“Te disse que voltaria para casa quando fosse o momento oportuno. Eu não acho que encontre condições melhores do que as que te ofereci e ainda assim…”
Pelo que parecia, Diego estava muito irritado. De fato, a atitude de Jill não era a melhor do mundo, mas se irritar com ele por uma coisa assim deixava claro que Diego não sabia nada sobre ele. Jill fez a pior careta que conseguiu:
“O fato de você se irritar assim… Por isso pensei que seria inútil falar contigo”.
“Nem agora você vai me explicar a razão do seu descontentamento?”
Diego estava tão frustrado que os pelos do seu pescoço se erriçaram. Logo, uma grande mão tocou o peito de Jill para abrir de forma brusca as roupas que levava. A pele ficou completamente exposta e um frio tremendo invadiu o corpo de Jill.
“O que está… Por favor, pare!”
Porém, mesmo que tentasse lutar para escapar, Diego o estava pressionando para baixo com tanta facilidade que conseguia segurar as duas mãos de Jill acima da abeça apenas utilizando a mão esquerda. Jill voltou a olhar Diego, atordoado. O corpo do homem-fera, que estava perto o suficiente a ponto de Jill sentir seu calor, era esmagadoramente grande. Seu peso era feroz e quando Jill tentou resistir e lutou desesperadamente, o lobo não moveu nem um único centímetro. No momento que a mão livre de Diego tocou a garganta de Jill, seu corpo ficou em guarda instantaneamente. Perigosamente, um calor pulsátil foi transmitido através da palma da mão do homem-fera. Pensou que desta forma, Diego poderia penetrá-lo sem nenhuma preparação e forçá-lo ao ponto de machucá-lo. Inclusive sua vida poderia acabar em um instante, da mesma forma que a vida de um frango de granja termina quando é escolhido para virar comida.
Um tremor instintivo o atingiu e Jill começou a falar entre soluços: “Você disse que não precisava de filhos no momento”.
“Isso não significa que não posso fazer meu trabalho com você.”
A voz de Diego era dura, como se quisesse destroçar Jill ali mesmo. Seu nariz úmido e comprido começou a se aproximar lentamente da pele de Jill…
A respiração da ferra irritada atingiu o pescoço de Jill e seu corpo pareceu perder a força. O medo o havia enfraquecido e aumentado a necessidade de suplicar: “Pare! Por favor, me deixe ir”. Porém, em vez de falar, Jill relaxou. Suporto em silêncio enquanto Diego tirava sua roupa com a mão direita, mesmo que nunca houvesse mostrado seu corpo nu para ninguém mais. Ele era teimoso, por isso nem ao menos piscou. Diego se arrastou sobre o peito de Jill e abriu a boca:
“E agora, o que está fazendo?”
“Nada… porque não sei o que fazer”.
“Não vai resistir?”
Jill deu um leve sorriso.
“Você quer que eu te empurre e diga para parar? Acaso vai me escutar?”
“Eu…”
“Eu sou um ômega… Sendo um ômega, é meu dever cantar quando me mandem cantar, e abrir as pernas quando me mandem abrir”.
Os olhos do lobo olharam Jill fixamente durante alguns intermináveis segundo e no fim, o próprio Diego desviou o olhar. Quando se levantou suavemente da cama, cobriu o corpo de Jill com os lençóis e se afastou o mais silenciosamente possível para não ter contato com ele. Soltou uma voz fraca que não encaixava em sua personalidade:
“Jill…”
Quando Jill não respondeu, finalmente deixou o quarto em silêncio. Somente se ouviu o abrir e o fechar da porta…
Depois que Diego desapareceu e Jill teve a certeza de estava sozinho, se encolheu sobre o colchão formando uma pequena bolinha. Segurou os joelhos com força e incontáveis tremores atingiam todo o seu corpo a ponto de se sentir completamente destruído. Jill se aconchegou e fechou os olhos com força. Isso foi tão assustador! Terrivelmente assustador! Não pensava que seria tão horrível ser “tomado”. Que cruel. Não queria sentir medo, mas a verdade é que estava apavorado. Era a primeira vez que se dava conta do que significava a impotência e de que de verdade era um ômega que não sobreviveria no mundo externo. Não enquanto o resto do mundo o visse “daquele jeito”. E como ele seria capaz de gerar uma criança se isso significava passar por todo aquele desespero outra vez? Era possível que ele não conseguiria.
Se ele tivesse ido até o final…
Se não tivesse parado…
Não importava quantas vezes esfregasse os braços e as pernas, seu corpo não parecia esquentar de forma alguma. Quando lembrou da expressão e do peso de Diego, que o tinha pressionado contra a cama segurado suas mãos, seu coração esfriou ainda mais, até que os soluços se tornarem insuportáveis. Diego era uma pessoa egoísta no fim das contas. Um alfa que parecia calmo e gentil, mas que poderia machucá-lo de acordo com seu estado de ânimo. Havia pensado que ele não era esse tipo de pessoa. Desde a primeira vez que o conheceu, Jill foi idiota em não perceber, ele já estava mostrando suas verdadeiras intenções enquanto conversavam. Ele era um alfa e, mesmo quando pensou que podiam ser amigos, eram diferentes em todos os sentidos.
Em especial, não havia nenhum motivo para ser “boa pessoa” depois de ter tirado Jill da mansão Müller daquela forma.
Publicado por:
- MDY
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