Entre Espadas - Capítulo 15

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🟡 Em breve

Quando Akiko por fim chegou ao topo da grande montanha ela havia chegado no momento certo, como sua mestra havia lhe dito a viajem ao topo durou completos cinco dias mesmo com as difíceis situações que havia encontrado pela subida, a menina conseguiu subir razoavelmente bem, havia uma quantidade considerável de comida em sua mochila que ela imaginava que supriria a necessidade de se alimentar durante a volta, e no fim ela havia chegado ao topo juntamente com os animais que havia encontrado no caminho, Nezumi estava em seu ombro. A garotinha já havia se acostumado, a cobra como sempre estava nas costas do cachorro, no entanto, os dois já não discutiam mais.

Chegando ao topo, este pequeno grupo se encontrou estando de frente para um grande arco de pedras que estava até certo ponto coberto de musgo que se prendeu a ele ao longo do tempo, aquele arco provavelmente era o que demarcava a entrada daquela grande montanha. Naquele ponto o ar era rarefeito e o local estava constantemente coberto com uma camada de névoa espessa e nada convidativa, o que provavelmente era algo normal ao se pensar o quão úmido era tal lugar.

Aos poucos aquele pequeno grupo foi adentrando ao topo daquela montanha, atravessando o arco de pedra e ao longe avistando um grande lago que em sua margem continha diversas flores vermelhas como o sangue de uma intensidade quase mágica. Vendo tais flores, Akiko sabia que havia encontrado o que sua mestre havia lhe pedido, lírios aranha, avistando as flores a jovem quase correu apressadamente para poder colher uma, mas o que a garota não esperava era que neste exato momento duas grandes figuras quadrúpedes parassem na sua frente, fazendo-a recuar um pouco para trás. De início a garota não havia conseguido ver com clareza o que exatamente eram aquelas figuras paradas a sua frente.

No entanto, aos poucos a densa névoa começava a se desfazer no ar permitindo que a jovem avistasse com clareza o que eram aquelas duas figuras paradas na sua frente, eles eram um grande tigre branco e um grande boi marrom, o tigre foi o primeiro a falar após avistar a jovem:

— Parada aí humana! Sua entrada não está autorizada!  A entrada para este solo sagrado somente pode ser feito pelos mortos e espíritos perdidos, apenas eles podem subir a estas terras! — O grande tigre disse de maneira afiada e perspicaz, havia grande imponência em sua fala.

O boi por sua vez esperou até que seu companheiro terminasse de falar, antes de dizer de maneira calma e compassiva — Caro tigre, por favor não se exceda em demasiadas palavras, esta humana a nossa frente é somente uma criança, fale de maneira adequada, provavelmente está jovem se perdeu nas montanhas.

A pequena Akiko que observava tais animais discutindo mais uma vez, neste ponto já havia começado a estranhar tamanha coincidência e permaneceu em silêncio, organizando seus pensamentos enquanto os animais a sua frente continuavam a discutir sobre de que maneira deveriam tratar a menina.

Em seus pensamentos a garota repetia para si mesma: “Todos os animais encontrados até o momento são: o rato, cachorro, cobra… isso não me parece ser somente uma coincidência… eu já li sobre isso em algum lugar… O rato, cachorro, cobra, tigre, boi… seria esses… é possível.” Após pensar por algum tempo a garota tinha finalmente chegado a uma conclusão de uma maneira até mesmo consideravelmente rápida, mas a menina ainda não disse nada, ela somente observou os animais a discutir e riu de maneira boba e inocente como a criança inteligente e perspicaz que sempre foi.

Ouvir os risos da jovem fez a discussão entre as criaturas cessar e olharem de maneira confusa para ela. O boi dessa vez foi o primeiro a perguntá-la — Me diga jovem, por que está rindo?

A menina parando de rir agora detinha um grande sorriso em seu rosto, e somente veio a dizer — Estou rindo, pois agora entendi quem são todos vocês, estou rindo por ser uma menina boba e demorar tanto tempo para perceber quem são meus novos amigos e quem são vocês dois.

Aquela fala deixou todos ali muito perplexos. O tigre então veio a falar com certa irritação — O que está tentando insinuar jovenzinha?! — Ele soltou um breve rosnado tentando amedrontar a menina que nem ao menos saiu de seu lugar com tal ação.

— Não é uma insinuação! Eu realmente sei quem todos vocês cinco realmente são! — Akiko falava com grande certeza e diversão em sua voz. — Vocês são dos doze animais do horóscopo é por isso que podem falar, não é?! Isso era parte do teste não era? Resolver os problemas que cada um de vocês me apresentaram durante o caminho.

Os animais ficaram perplexos com a conclusão rápida que a garota havia chegado e, por um instante eles se olharam entre si, como se já não soubessem o que dizer, todos, quase ao mesmo tempo, começaram a tentar se expressar pensando em uma maneira de contradizer o que a jovem havia falado, mas antes mesmo que pudessem falar algo, o som de palmas soou atrás do tigre e do boi seguido por uma risada suave, o que chamou a atenção tanto dos animais quanto de Akiko.

— Muito bem, muito bem! — Disse a figura de um homem de cabelos castanhos curtos e bagunçados que surgia de trás dos animais utilizando um hanfu masculino de cores semelhantes o qual Huo Liming usava. — Parabéns Akiko! Você foi muito mais perspicaz do que eu estava esperando!

A menina por sua vez estranhou a maneira com a qual o homem falava, como se a conhecesse muito bem, afinal ela também não se lembrava em nenhum momento de ter realmente dito seu nome deste que havia chegado ao topo da montanha e com isso em mente ela observou o homem mais uma vez, a maneira como falava, as vestes a que usava, não… seria mesmo possível? Ela tinha que perguntar — MESTRE? V-VOCÊ VIROU UM MENINO?!

O homem somente riu com a pergunta por um tempo antes de responder a sua discípula — Bom em teoria sim, mas digamos que eu sempre fui um homem, como também sempre fui uma mulher e as vezes não sou nem um nem outro, sou apenas eu, seu mestre ou sua mestra como preferir.

A jovem não entendeu muito do que seu mestre falou somente aceitou o que ele disse, mesmo sem entender, ela sabia que não era mentira. Afinal isto era realmente algo que precisaria ser discutido? Para a jovem claramente não havia necessidade de questionar ou duvidar de algo da qual seu mestre havia acabado de explicar.

A partir dali as duas pessoas conversaram durante um longo tempo sobre a tarefa, sobre como Akiko a concluiu bem, sobre o que realmente significava esta jornada e no fim Huo entregou o Lírio a Akiko e lhe disse as seguintes palavras antes de começar a descer o monte junto com ela:

— Minha Aluna me escute, sabe o que significa o lírio aranha vermelho? Não? — O homem sorriu enquanto colocava a flor no cabelo de Akiko.

— Entre seus vários significados Akiko, este lírio representa a transição para uma nova vida, o meu objetivo em lhe dar a tarefa de colhê-lo era para mostrá-la que agora como minha aluna, sua vida tem um novo começo como uma futura mestre em artes marciais, como a jovem poderosa que creio que se tornará.

Quando as duas pessoas chegassem ao templo, elas começariam uma rotina inicial de treinamento que duraria por volta de seis longos meses, o que Akiko não imaginava é que esses longos seis meses a fariam repensar diariamente sua escolha sobre aprender as técnicas do Clã Huo, mas é neste último momento em que Huo e Akiko estão descendo a grande montanha, que uma outra história começava a se desenrolar…

☆☆☆

No templo Huo, mais especificamente numa pequena área com duas árvores de sakura onde ficava os dormitórios, uma história do passado havia começado a se desenrolar dentro da mente de Leonardo. Inicialmente eram somente flashes, dos quais ele não tinha uma participação direta, somente imagens embaçadas, duas crianças a quais não se podia ver o rosto, uma praia, um aniversário, dois jovens com rostos borrados brincando, uma viagem, um dia chuvoso, um carro tombado, uma banheira transbordando, que molhava todo o piso.

Aos poucos aquelas imagens se condensavam a sua própria percepção, como se o que ele anteriormente via somente como um espectador, agora o fizesse de seu personagem principal. Aos poucos Leonardo acordava naquele doce sonho onde uma versão menor e mais jovem de si mesmo em seus plenos dez anos de idade, estava com a mente de sua versão adulta a beira de uma praia utilizando um calção amarelo.

Lá estava ele, à beira-mar com o sol poente tocando seu rosto jovem. Como já era de costume para si ele estava mais uma vez só naquela praia em questão aparentando estar quase vazia, com poucas pessoas ao longe, mas não havia ninguém perto do menino.

De maneira sincera o pequeno não dava muita importância para tal fato, afinal neste ponto, ele sabia que muitos momentos como este ainda estão por vim, ele sabia que seus pais nunca fizeram muita questão dele, afinal eles tinham o doce e esperto Daniel, o menino de ouro de seus pais, o filho mais velho, aquele que eles queriam desde o começo. Enquanto isso havia ele, o incômodo que seus pais tiveram quando já não queriam mais filhos, a criança, que segundo já ouviu de sua própria mãe, estragou a melhor fase de seu casamento e seu tempo com seu amado filho prodígio.

Estranhamente o seu eu pequeno ainda chorou, por mais que o seu “eu” real já não se importasse mais com tais ações, aparentemente só estava em uma espécie de perspectiva em primeira pessoa de si próprio do passado e com este pensamento ele lembrou por que havia começado a chorar, o que o fez soltar uma risada pesarosa para si próprio e falar algo que apenas ele mesmo podia ouvir: “Feliz aniversário pequeno eu do passado.”

Após tal fala, o garoto somente escutou o seu próprio choro ecoando em seus ouvidos, choros que como o mesmo sabia, logo seriam substituídos pelos sorrisos mais sinceros que já deu em sua reles vida mortal e quase como se seus pensamentos estivessem materializando os próximos acontecimentos, o pequeno Leonardo se assustou com o som de alguém desajeitadamente caindo atrás dele, ele se virou em um susto dando de cara com um garoto ainda menor, que usava: uma bermuda vermelha e uma camisa branca que provavelmente pertencia a seus responsáveis devido ao tamanho excessivo, caído com a cara na areia.

Vendo o menino a sua frente tentando se levantar de maneira desajeitada, o pequeno Leonardo se aproximou, se agachando e pegando o outro pelo braço o ajudando a se levantar e perguntou com uma voz um tanto rouca no melhor espanhol que poderia falar naquele momento: — ¿Tá todo bien…?  (Tá tudo bem?)

O garotinho por sua vez estava com o rosto completamente sujo de areia e assim que ficou pé ele riu enquanto estava de olhos fechados e pronunciou algumas palavras que o jovem Leonardo não pode entender, mas o seu eu atual entendeu muito bem — Sinto muito! Eu sou meio desastrado correndo… você está bem? — Quando o pequeno se deu conta que ele não havia falado em uma língua que o outro conhecia, ele repetiu a mesma pergunta após pensar em qual seria a maneira certa de se falar no espanhol e finalmente entendendo Leonardo veio a respondê-lo.

— E-eu tô bem sim… não fui eu quem caiu, eu que deveria perguntar se você tá bem. — Ele respondeu de maneira breve, ajudando o menino que agora abria os olhos a tirar muito da areia de seu rosto.

— Bem, eu só cai, é normal! Eu tô bem. — O jovenzinho disse rindo de maneira amável para o outro, agora com seu rosto limpo, o jovem Leonardo inconscientemente acabou pensando que aquele garoto bobo era fofo à sua maneira.

— AH, é mesmo! Quase me esqueci de me apresentar, meu nome é Ryo! Toyosaki Ryo! É um prazer conhecê-lo. — O menininho disse estendendo sua mão com um sorriso tímido em seu rosto, aquela era claramente uma criança buscando fazer novos amigos.

O pequeno Leonardo olhou para a mão estendida do jovem Toyosaki e apertou sua mão ainda achando um tanto estranho a maneira como o menino se portou de forma tão invasiva para um completo desconhecido, mesmo assim, ainda respondeu com um sorriso no rosto — O meu é Leonardo López… e é bom conhecer você!

Quase em questão de segundos após o primeiro encontro de Leonardo com quem seria para ele a pessoa mais importante de sua vida e morte. Ele sentiu como se uma mão o puxasse para fora de seu próprio corpo jovem, que o apagou naquele instante e quando finalmente se deu por si, ele estava em outro momento de sua longa vida, neste ponto o garoto ainda via tudo como um mero espectador dentro de seu próprio corpo, o que ele teve que admitir é assustador. Neste momento o garoto imaginou que este ele estava por volta de seus treze anos de idade, quando utilizava um estilo mais “alternativo” por assim dizer para irritar seus pais.

No momento, analisando o local de cima a baixo enquanto seu outro eu parecia muito entediado, o garoto notou certas semelhanças neste quarto, este quarto que pertencia ao Ryo de doze anos de idade, um quarto repleto de revistinhas de super-heróis, por todo lado ele se lembrava bem, foi logo após esta fase nerd em que Ryo começaria a se perder no terrível mundo de leitor de novel e mudaria totalmente a estética de super-heróis que havia em seu aconchegante quarto.

Enquanto seu outro eu ainda esperava ansiosamente, ele se lembrou que nesta idade foi quando ele havia começado a frequentar diariamente a casa dos Toyosaki, e incrivelmente nenhum dos pais de seu amigo implicaram com sua presença no local o que fez que aos poucos ele se sentisse como se estivesse em sua própria casa, por exemplo, a este ponto ele estava se levantando, tirando seus sapatos e se deitando na cama de Ryo como se fosse sua própria, o que o fez pensar que desde jovem ele dava tantos sinais e nem ao mesmo perceberia a presença desses sinais.

Enquanto estava perdido em vários de seus pensamentos o garoto ouviu a porta do quarto se abrindo e o jovem Ryo agora mais velho usando um largo moletom vermelho e uma bermuda cinza adentrou o quarto sob o olhar de Leonardo, ele se aproximou da cama e se sentou.

— Qual é Leonardo, você tá ocupando toda minha cama seu folgado, eu te chamo pra jogar e você vem é se aproximar do meu templo de descanso? —  O menino dizia enquanto empurrava o outro para o lado e se deitava ao lado dele com um console portátil em suas mãos.

— Folgado?! Assim você me machuca Toyo, eu sou seu melhor amigo e já vim várias vezes o suficiente ao seu “templo de descanso” para não me importar em profaná-lo com meu cansaço excessivo em esperar o enrolado do meu amigo que só não perde a cabeça porque está grudada a seu corpo. — O garoto disse rindo e se aproximou mais do outro passando seu braço por de baixo de sua cabeça assistindo a tela atentamente.

Inegavelmente tais provocações irritaram Ryo que prontamente se colocou na posição de mudar de assunto o mais rápido possível e com isso em mente ele ligou o console em suas mãos colocando para ambos jogarem o segundo jogo de uma franquia que os dois amavam, chamada: ‘Como matarei este Conde?’, enquanto o jogo se iniciava Ryo voltou a falar — Se continuar dando respostas assim sempre que eu lhe der uma bronca duvido que irá arrumar uma namorada… idiota!

Leonardo por sua vez riu ignorando tal fala e continuou a assistir o outro a jogar o ajudando vez ou outra em certas fases, sendo sincero naquele dia os planos dos dois para jogarem juntos se tornou apenas em Leonardo observando Ryo jogar, o que ele realmente não achava ruim, ele gostava de vê-lo jogar e além disso, ele parecia confortável apoiando sua cabeça no braço de Leonardo que por algum motivo, que até mesmo ele desconhecia na época é que realmente preferia continuar daquele jeito, e como se complementasse suas memórias o garoto assistindo sua versão mais jovem somente falou — Agora entendo por que eu gostava tanto de assisti-lo assim… afinal dessa maneira meus olhos sempre teriam uma desculpa para olharem para você.

E ali eles ficaram durante uma tarde que mais parecia uma eternidade, mas se a eternidade fosse assim lado a lado de Ryo, Leonardo não a acharia tão ruim, afinal aquele era um dos poucos momentos em que o jovem tinha paz no início de sua adolescência, se ele bem se lembrava foi por volta desta idade em que sua relação com seus pais começou a decair mais ainda e quase como se amaldiçoa-se seu eu mais jovem o seu celular da época começou a tocar, o garoto olhando quem o ligava, se levantou saindo do lado de Ryo com uma expressão nada bonita e atendeu a chamada.

— Oi… eu estou na casa do Ryo precisa de algo mãe? — A voz do garoto ao falar com a pessoa do outro lado era um tanto complicada ao se descrever, mas ele claramente não estava muito feliz em precisar contatá-la.

— Isso é maneira de falar com sua mãe Leonardo? Eu ligo para você e a primeira coisa que você pensa é que eu quero algo? Você é um ingrato mesmo garoto. — A voz da mulher do outro lado da linha era extremamente presunçosa quando respondia o garoto.

— Certo mãe, mas mantenho a pergunta do que precisa? Você não me ligaria só para saber como estou.

— Sempre tão negativo com sua própria mãe… parte meu coração ter trazido alguém que tem tantas suspeitas sobre quem o gerou… — A mulher dizia com certo vitimismo na voz antes de voltar ao seu normal. — Mas está certo, preciso que fique fora de casa por uns dias, o Daniel vai trazer os amigos dele pra cá e falei que você não se importaria com isso.

O garoto suspirou quase incrédulo ao ouvir tal coisa e saiu do quarto deixando Ryo que o encarava para trás e fechou após sair. — Como assim eu tenho que ficar fora de casa?! Onde eu vou dormir?! Mãe você não pode estar falando sério.

— Eu não estou brincando Leonardo, muito menos me importo se você vai ter onde dormir ou não, o Daniel precisa disso e você deve entender isso invés de reclamar garoto egoísta.

— Egoísta?! Você tem alguma noção do que você está falando?! Porque não é possível que isto seja sério, eu também sou seu filho! Você não pode simplesmente me tirar da minha casa por causa dos amigos do Daniel!! — Sem perceber o garoto havia começado a levantar a voz naquele corredor entre o quarto de Ryo, de Kaede e dos pais de Ryo, com certeza isto começaria a chamar atenção das pessoas da casa.

— Estou falando muito sério Leonardo, e acho bom abaixar essa voz moleque, sei que é meu filho e é exatamente por isto que estou lhe avisando, você tá na casa daquele seu amigo não tá? Pede para ficar aí… sei lá.

— Mãe eu n— Antes mesmo que pudesse responder uma figura mais alta tirou o celular de sua mão com certo cuidado para não machucar a mão do outrora jovem Leonardo, o que o assustou, fazendo-o se virar dando de cara com uma mulher que parecia ter por volta de 35 anos usando uma roupa larga caseira e um avental rosa com flores sujo com massa de comida, era Miyu Toyosaki a mãe de Ryo que se, pois, a falar com a mãe de Leonardo.

— Senhora López, aqui é Miyu Toyosaki a mãe de Ryo Toyosaki, o amigo do seu filho e pude ouvir a conversa que acabou de ter com o Léo e gostaria de informá-la, sua bruxa velha, que diferente de você, o seu filho é muito bem-vindo a ficar em minha casa, dito isso, não nos incomode mais, ele voltará quando ele desejar voltar.

Quando por fim desligou o celular de Leonardo a mulher o entregou para ele vendo seus olhos chorosos e o abraçou com grande carinho. ­— Está tudo bem Leozinho… você vai ser sempre muito bem-vindo aqui, na verdade até temos um quarto vazio sobrando, vou fazer um quarto para você lá.

Aquela atitude e aquelas palavras, foi a primeira vez que alguém além de Ryo demonstrou ter tanto carinho e tanto cuidado com ele, foi a primeira vez que ele foi visto por um adulto e nem ao menos havia sido sua mãe foi ali onde descobriu que toda a família Toyosaki estava aprendendo português por ele, e aos poucos, mais uma vez, Leonardo era puxado daquelas lembranças, contudo, dessa vez as próximas lembranças que vieram a aparecer como um filme rápido que passava bem a frente de seus olhos e parando em um momento especifico, mas diferente das outras vezes o garoto não foi como um mero espectador, era realmente a cena que ele viu na sua frente que o fez tremer e se afastar para trás até se encostar sobre a porta e se sentar em posição fetal, enquanto sentia suas roupas e sua pele serem molhadas ao tocar no chão e o silêncio gritante que se espalhava pelo ambiente como um lembrete de algo; a única coisa que ele podia ouvir era o som da água caindo da torneira para a grande banheira a sua frente.

Aos poucos o som da torneira era cada vez mais silenciada pelo jovem que repetia para si mesmo sussurrando: “Isso não é real, não é real, é só um sonho, tá tudo bem, isso não é real.” Ele falava para si mesmo, como se tentasse se convencer de algo como se já soubesse, até que finalmente o silêncio soou pelo banheiro podendo agora ser ouvido somente as poucas gotas de água que caiam da banheira que estava transbordando.

Aos poucos aquele pequeno som foi enfim silenciado, mas logo foi substituído por uma voz feminina quase irreal que veio a falar com o jovem — Então esse é o seu maior medo Leonardo…? Me conte, do que tem medo ao ver a banheira?

O garoto ao ouvir a voz mal teve tempo de pensar de onde havia surgido tal voz, ele não se lembrava de ninguém além dele que presenciou tal acontecimento, e quase em um grito doloroso — NÃO. EU NÃO TENHO MEDO! EU NÃO TENHO! ISSO NÃO É REAL! EU O TIREI DA BANHEIRA! ELE ESTÁ BEM! — Os gritos de Leonardo pareciam quase histéricos quando ele começou a chorar. A voz mais uma vez voltou a falar:

— Tem certeza? Tem mesmo certeza que o tirou de lá, tem certeza de que chegou a tempo Leonardo? Tem mesmo certeza de que ele está bem? — A voz era calma e compassiva à medida que falava e parecia cada vez mais se aproximar do jovem e voltou pôr fim a falar — Se realmente o tirou… por que a água está vermelha Leonardo?

Ao ouvir tal coisa as pupilas de Leonardo pareceram quase desaparecer em seus olhos. Ele se levantou de maneira desajeitada correndo para a borda da banheira e enfiando seus braços na água suja de sangue em desespero como se procurasse eternamente quem deveria tirar de lá.

— CADE ELE? QUEM É VOCÊ?! O QUE VOCÊ FEZ COM ELE?! ME DEVOLVA, ELE É TUDO QUE EU TENHO! POR FAVOR NÃO TIRE ELE DE MIM! — O garoto gritava histericamente ofegando a cada palavra, sua respiração parecia parar sob seu peito, quase em um desespero sem fim.

A voz que por sua vez parecia apenas observar veio a responder à pergunta do jovem — Eu não o tomei Leonardo… pobre Leonardo não passa de um garotinho machucado correndo para os braços de seu namorado… afinal Leonardo quem é você sem o Ryo?

Leonardo por sua vez parecia ignorar tal pergunta enquanto procurava freneticamente naquela banheira ensanguentada, onde estaria a pessoa que detinha seu coração, onde está Ryo? Por que ele não pode encontrá-lo? Por que sempre o tiram dele? Essas eram alguns dos vários questionamentos que ele fazia em seu coração enquanto ele voltava a gritar de maneira rouca e sem voz — TOYO… POR FAVOR NÃO ME DEIXA… SEGURA… SEGURA A MINHA MÃO POR FAVOR…! — Ele gritou, mas ninguém o ouviu ninguém o respondeu, e assim ele só pôde chorar enquanto continuava sua busca.

A voz presenciando tal ato parecia genuinamente comovida quando repetiu sua pergunta. — Quem é Leonardo sem seu Ryo?

A cada vez que a voz perguntava tal coisa, Leonardo parecia enlouquecer cada vez mais, ele não sabia quanto tempo ouviu aquela pergunta, ele não sabia mais por quanto tempo estava procurando por seu amado naquela banheira ensanguentada, parecia que dias e até mesmo meses se passaram enquanto ele procurava e nunca o achava e a voz sempre lá a repetir a mesma pergunta para Leonardo.

— Quem é Leonardo sem seu Ryo? Responda! — A esse ponto aquela voz já havia lhe feito essa pergunta dezenas de milhares de vezes desde que ele enlouqueceu, o bastante para começar a contar, mas dessa vez foi diferente.

Ele não ignorou tal pergunta dessa vez, ele reuniu forças para começar a falar quando sentiu sua mão na banheira tocar algo que parecia ter o formato de uma aliança, — Eu… eu sou…

O garoto se levantou, tirando lentamente a mão da banheira. Então, em sua mão suja pelo sangue na água, um anel entalhado com prata e rubi vermelho vibrante, como a pedra à qual ele lentamente colocou em seu dedo quando começou a falar.

— Eu sou… um tolo viajante destinado a persegui-lo, destinado a perdê-lo, destinado à loucura. Eu sou um sonhador que sonha em tê-lo em seus braços e levá-lo ao altar… eu sou seu fiel devoto, seu mais forte companheiro…

A voz notando que o garoto por fim estava respondendo a sua pergunta falou mais uma única vez — Então me diga mais uma vez Leonardo, quem é você?

O garoto agora com o anel em seu dedo com seu olhar carmesim quase como a própria lua manchada pelo sangue. O garoto agora com um ar sério respondeu: — Eu sou a lua manchada pelo sangue do primeiro pecador humano, eu sou a lua que ama este pecador, eu sou Tsukuyomi.

A voz por fim satisfeita, riu vendo a resposta do garoto e voltou a falar: — Certa resposta… agora acorde e se esqueça desse longo sonho Leonardo, salve seu amado pecador.

E assim se fez, Leonardo acordou.

————————————————–

Miniteatro do cap:

Duas entidades que assistiam ao longe possuem comentários a fazer!

Levi: — É ridículo o nome que deram para este jogo! Em nenhum momento eu tentei matar meu Amado Elias…

Elias: — Caro noivo, poderia mentir sobre tais fatos, quando não está apontando uma estaca para meu peito…

Publicado por:

Gumbbs
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