Entre Espadas - Capítulo 14
Quando por fim partiram em pleno voo pela escuridão da noite, Akiko pode sentir um calor reconfortante a envolver, ela sabia que já não estavam mais em terra firme, aquela moça que prometeu a ela cuidar de seu amigo tinhas asas e isso a fez pensar se aquela moça era tão bondosa e bonita por ser algum anjo enviado pela Deusa para ajudá-los, mas mesmo que não fosse esse o caso, estava tudo bem, pois ela havia a prometido cuidar de seu amigo.
A garotinha não soube por quanto tempo duraria aquela viajem pelos céus, porém ela sabia que estava demorando, provavelmente estavam indo para algum lugar longe de onde sua vila costumava existir e devido ao longo tempo que esta viajem estava durando o cansaço o qual havia se acumulado pela garota ao longo desse dia de terror começava a se recair sobre ela finalmente, a garotinha então que sabia que logo acabaria por adormecer se agarrou com força as pernas da mulher e após pouco tempo ela por fim cedeu ao cansaço e adormeceu.
Quando por fim acordou, Akiko se viu deitada em uma confortável cama de bambu e por incrível que pareça ela estava completamente descansada ao acordar a primeira reação da garota não foi se levantar como costumava fazer, dessa vez a menina permaneceu confortavelmente deitada olhando ao redor do quarto onde estava, era realmente um lugar simples mas muito bonito, aquele provavelmente devia ser um dos quartos da casa da pessoa que havia a levado juntamente de Leonardo com isso em mente a jovem se levantou da cama sem muita pressa e saiu pela porta se deparando com um largo corredor que se estendida por ambos os lados o que por sua vez deturbou o senso de direção de Akiko.
— Por onde eu vou…? — Ela disse a si mesma enquanto olhava para os lados tentando decidir por qual lado do corredor deveria seguir, a menina estava realmente muito confusa sobre a decisão que deveria tomar em relação a seu caminho, ela queria poder ver Leonardo para ter certeza de que seu amigo realmente estava sendo tratado, mas sinceramente ela não tinha ao menos uma certeza sobre onde estava.
A única coisa que ela pode fazer naquele momento era escolher o caminho o qual achou que deveria seguir por meio de sua intuição, e assim ela fez, após pensar um pouco decidiu seguir pela direita após sentir um leve aroma como o de incenso, o qual ela já estava familiarizada de certa forma, as pessoas da vila Tatsumaki tinham o costume de queimar incenso sempre que ofereciam oferendas como frutas a Deusa no antigo templo e mesmo tendo somente treze anos, a pequena Akiko sempre esteve disposta a participar de tais rituais sagrados.
Seguindo esta pequena lógica infantil a qual a menina teve, ela seguiu em direção de onde o aroma vinha mesmo sem um senso de direção em específico ela apenas foi pela direita sem saber onde acabaria, enquanto andava ela passou por diversas portas e abrindo alguma delas tudo o que ela viu era o mesmo o lugar onde acordou, eram quartos os quais não eram simples mas também não poderiam ser considerados algo esplendoroso provavelmente aquele lugar era um espécie de dormitório o qual se fosse somente isso, era realmente grande.
Akiko não sabia mais por mais quanto teria que andar já fazia alguns minutos que havia saído daquele quarto e ela realmente não era o tipo de criança que gosta de longas caminhadas a esse ponto o odor do incenso havia a levado para fora do local onde estavam os quartos era uma espécie de área em volta por vários corredores, aparentemente esse lugar ainda era bem grande, havia mais lugares para onde ir, mas exatamente daquela área onde duas grandes árvores de sakuras carregadas de flores entre elas havia uma espécie de mesa de madeira a qual Akiko não conseguia ver muito bem, mas poderia jurar que alguém estava deitado ali em cima e enquanto tentava se aproximar mais para olhar se realmente havia alguém lá, uma voz suave soou ao seu lado:
— Oh por fim acordou querida. — Ao escutar a voz de uma pessoa Akiko levou um pequeno susto que a fez pular para trás instintivamente e olhar na direção de onde vinha aquela voz, vendo assim a moça que havia resgatado ela e Leonardo.
— Você é a senhorita boazinha que ajudou a gente… — Akiko disse se aproximando mais da mulher a sua frente de maneira calma e com um sorriso tímido em seu rosto. — Senhorita para onde você levou meu amigo?
Ela sorriu quando Akiko se aproximou e se abaixou para olhar nos olhos da jovem a sua frente enquanto a respondia — Ele está se recuperando como eu prometi, imagino que queira vê-lo, estou certa?
A moça falava de forma calma com muita gentileza em seu olhar para Akiko e a respondendo Akiko somente acenou que sim com sua cabeça e a mulher sorrindo a respondeu — Certo irei levá-la até onde ele está, mas antes disso que tal nos apresentarmos uma para outra? Eu começarei.
Estendendo sua mão para Akiko a mulher se apresentou — Meu nome é Huo Liming e eu sou a mestre do templo da família Huo que é onde estamos agora, eu sou uma médica e mestre de artes marciais estrangeira, mas moro neste País a muito tempo mesmo!
Akiko observou enquanto Huo Liming se apresentava a ela formalmente e estendeu sua mão em um aperto de mãos suave e com um sorriso em seu rosto a menininha se apresentou também a outra pessoa: — É um prazer senhorita Huo… meu nome é Saito Akiko e bem… eu tenho treze anos e adoro flores e raposas!! — A garotinha a respondeu de maneira muito animada, ela estava genuinamente feliz em conhecer uma pessoa nova de maneira oficial agora.
— O prazer é meu senhorita Saito, você é realmente uma garotinha muito doce. — Huo Liming disse sorrindo enquanto soltava a mão de Akiko e voltava a ficar de pé. — Bem agora que trocamos cordialidades, vem vou te mostrar como seu amigo está, na verdade você até mesmo já o viu só não havia percebido ainda que era ele.
Ela então se virou e caminhou um pouco naquele corredor até um pequeno vão onde permitia a entrada a aquela área das duas árvores de sakura, por fim ela adentrou aquela área seguida por Akiko, ambas andaram lado a lado até a grande mesa de pedra a quão Akiko viu de relance ao chegar neste local e lá estava Leonardo ainda dormindo, mas diferentemente do que a jovem se lembrava de mais cedo ele não estava mais completamente ensanguentado, havia faixas em todo seu peito, barriga e braços, claro ele não estava recuperado, afinal não existe pessoa que possa se recuperar de uma para outra assim, mas estava visivelmente melhor, o perigo de morte obviamente havia passado, sua respiração estava normal, seu semblante estava mais calmo, mas ainda assim ele estava dormindo, ao vê-lo inconsciente assim deixava uma sensação ruim sob Akiko ela sentia que ele ainda estava em perigo por mais que já não estivessem mais na vila onde todo aquele ataque foi realizado, o ver inconsciente ainda a trazia a sensação de que mais uma perda eminente estava por vim.
— Senhorita Huo… por que ele ainda ta dormindo…? — Akiko tocou o ombro de Leonardo o mexendo um pouco para frente e para trás como se tentasse acordá-lo, mas logo foi impedida pela senhorita Huo que segurou seu braço de maneira gentil e disse.
— Akiko não o acorde, como a prometi estou cuidando dele, mas ele estava realmente muito machucado e perdeu muito sangue, seu corpo ainda não se sente pronto para acordar se forçarmos ele a acordar neste momento talvez sua situação possa piorar a senhorita entende isso? — Ela falava de maneira paciente com a menina tentando ao máximo ser gentil em todas as suas palavras sem que parecesse nem um pouco grossa ao respondê-la afinal ela realmente não possuía tais intenções.
— Eu… eu entendo, perdoe-me senhorita Huo, não vou agir de maneira imprudente de novo. — Akiko disse de maneira apressada e se curvando em um pedido de desculpas para a médica ao seu lado que apenas riu de maneira descontraída ao vê-la se curvar.
— Não precisa ser tão formal docinho, você é uma criança ainda, é completamente normal que não saiba disso. — Por fim Huo Liming deu somente dois leves tapinhas na cabeça de Akiko como um gesto carinhoso a jovem então se virou para sair do local — Agora que o viu e sabe que ele está bem, venha comigo irei te apresentar o templo Huo, espero que goste daqui tanto quanto eu gosto e caso queira futuramente possam chamar este local de lar enquanto sua vila não é reconstruída.
Ouvindo as palavras de Huo Liming, Akiko sorriu inconscientemente a ideia de ter um lar logo após ter perdido o seu, muitos de seus amigos e até mesmo sua mãe, trouxe a ela uma sensação de acolhimento que talvez outros não estivessem dispostos a dar a ela, mas essa pessoa que havia acabado de conhecer tirou ela e seu amigo da cidade destruída, deu a ela um local onde dormir, cuidou dos ferimentos de Leonardo e agora até mesmo estava a oferecendo um lar, isso tudo era bom demais para ela e sem que se desse conta ela estava chorando mais uma vez, mas dessa vez não era somente pela tristeza da perda pela qual havia passado, mas por uma junção de tudo o que havia sentido até o momento, tristeza, raiva, angustia, dor e agora uma mínima pontada de felicidade que finalmente brilhou para ela.
Notando as lagrimas em seu rosto ela tentava se conter, ela não queria chorar, ela tinha medo de que isso a fizesse parecer ingrata pela maneira que Huo Liming estava a acolhendo e ela não queria parecer ingrata, isso a fez ficar olhando para baixo apertando com toda sua força suas mãos, “não chore Akiko” ela dizia a si mesma, “Não chore, pois, você ainda vive, então não chore.” Isso era tudo o que ela pensava sobre si e talvez isso realmente fizesse que ela segurasse as lágrimas, mas para o azar ou sorte dela Huo Liming percebeu que ela estava chorando mais rápido do que a capacidade de Akiko de segurar suas lágrimas.
Ela se abaixou e envolveu Akiko em um abraço forte e quentinho, a sensação do calor trazia conforto pra Akiko e em meio aquele abraço a voz acolhedora da senhorita Huo soou como um sussurro ao vento — Tudo bem se quiser chorar Akiko… eu sei o que está sentindo docinho, a perda é realmente difícil, mas sabe a um ditado que um velho amigo uma vez me disse que sempre levo comigo em meu coração você quer saber qual é este ditado?
A garotinha não respondeu a sua pergunta, mas Huo decidiu levar seu silencio como um sim e por fim voltou a falar enquanto usava a manga de sua roupa para secar as lágrimas da garota — Minha jovem garotinha, não segura mais suas lágrimas certo? Pois chorar é uma dádiva que só aqueles que ainda vivem possuem, então não a disperdesse, se permita sofrer.
Se permitir sofrer? De todas as coisas que a jovem esperava ouvir de um adulto com toda a certeza não era isso que pensou que ouviria, mas isso não era ruim, pelo contrário, para Akiko aquilo foi a melhor coisa que ouviu em toda sua vida, ela tinha permissão para sentir mesmo que o que ela sinta seja confuso, ela ainda pode sentir essa confusão livremente como qualquer outro ela não estava sendo invalidada pelo simples fato que ela é muito jovem.
Quando pôr fim a menina se acalmou, ela e Huo saíram daquele pátio deixando o desacordado Leonardo sozinho em um descanso profundo naquela mesa de pedra, saindo daquele local, a mulher mostrou a Akiko todos os locais daquele enorme templo, primeiramente a casa principal onde estavam era enorme e chegava a ser mágico aos olhos da menina, ela jamais pensaria que uma pessoa como ela um dia se quer pisaria em um local como este, então estar vendo tudo isso em primeira mão era realmente magnífico, no lado de fora daquela casa havia uma enorme área externa com algumas árvores posicionadas em diversos lugares, enquanto andavam Huo mostrou a Akiko o local onde guardava seus remédios e suas plantas medicinais, o grande lago mais ao longe da residência onde diversos animais selvagens costumavam ir para tomar água e a toda a região onde o templo se localizava.
Huo a explicou que estavam em um terreno montanhoso e que o templo onde estavam se localizava em uma das montanhas mais baixas de onde estavam, também lhe explicou que estavam agora no segundo distrito e que em um geral, todo o segundo distrito se tratava de um enorme terreno montanhosos e por fim quando as duas cessaram seu tour pelo lugar, Akiko estava particularmente cansada, ela era pequena e esse era um lugar muito grande.
Por fim para finalizar aquele dia, Huo preparou uma simples porção de arroz para as duas comerem e com isso as duas conversaram durante bastante tempo naquela noite durante e após comerem, pode-se dizer que estavam se conhecendo, buscando saber mais sobre a vida uma da outra e por fim quando o sono veio a elas, a garota adormeceu nos braços de Huo que a colocou para dormir no quarto onde havia a deixado anteriormente e se retirou para seus próprios aposentos
Após aquele dia, os dias que se seguiram no templo da família Huo foram em sua grande maioria calmos, no primeiro mês Akiko ainda estava se adaptando a nova casa, havia começado a auxiliar Huo nas tarefas mais simples e na alimentação diária de Leonardo que segundo Huo Liming provavelmente ainda dormiria por bastante tempo até que finalmente acordasse, até lá Akiko deveria ajudar em todos os cuidados necessários afinal era muito trabalho somente para duas pessoas e sinceramente Akiko pensava como Huo aguentava realizar tantas tarefas sozinha durante todo esse tempo.
Durante o segundo mês as tarefas continuaram quase as mesmas, algumas vezes Huo ia a cidade a qual ficava em uma distância considerável do templo em uma dessas pequenas viagens a cidade uma vez Huo Liming decidiu por levar Akiko e durante a tarde comprou novas vestes e alguns brinquedos para a garota, quando por fim estavam indo embora enquanto atravessavam a grande ponte que levava ao templo Huo a mulher por fim veio a falar algo.
— Oh é mesmo, Akiko eu a chamei para este passeio pois tenho duas coisas a lhe dizer. — A mulher disse calmamente sem parecer muito ansiosa.
— Aconteceu algo senhorita Huo? Precisa que eu realize alguma tarefa? — A garotinha perguntava enquanto se esforçava para carregar algumas poucas sacolas das compras a qual haviam feito.
— Coisas assim, bem serei mais específica para não a deixar confusa serei breve — Huo parecia envergonhada ao tentar falar, ela havia começado uma ou duas vezes, mas realmente não se lembrava como falaria isso, afinal era algo muito sério e pessoal, mas então se mantendo convicta em sua decisão e sem olhar para Akiko devido a vergonha, ela por fim falou — Esta Mestra deseja acolhê-la como discípula, caso seja de seu interesse claro…
Os olhos de Akiko brilharam com a sugestão feita por Huo, ela poderia ser uma menina relativamente jovem, mas já leu livros e conheceu pessoas o bastante para ter a noção de quão grande era ser acolhido como discípulo de alguém, tal honra normalmente não era concedida a plebeus como ela, mas aparentemente mais uma vez ela é um em um milhão, e mais uma vez a sorte sorriu a favor da garota e antes que ela pudesse responder Huo voltou a falar:
— Ah claro, a segunda coisa é que as pessoas de sua vila chegarão esta madrugada ao templo Huo, a viajem foi longa, mas todos aceitaram o convite de se estabelecerem em nossa casa, afinal é um lugar muito grande só para três pessoas. — Ao ouvir tais palavras o sorriso de Akiko somente aumentou e em resposta a primeira sugestão de Huo a garota a respondeu de maneira animada e verdadeira.
— Senhorita Huo, eu ficaria profundamente honrada em tê-la como minha mestra, você poderia aceitar uma aluna não convencional como eu?! — A garotinha disse rindo de uma forma amável.
Huo não pode negar que tais palavras cativaram seu coração de uma maneira única e quando por fim chegaram à entrada do templo a mulher se virou para Akiko e se ajoelhando deu dois tapinhas em sua cabeça. — Akiko, como minha discípula jamais pense ser inadequada, para este mestre não existem alunos inadequados, somente mestres ruins.
Com estas palavras em mente Akiko sorriu para agora sua mestra. Huo Liming também sorriu enquanto se levantava para tomar a frente e entrar finalmente no templo, ela continuou: — Akiko, vá se trocar com uma das roupas novas que compramos, uma confortável de preferência, após isso venha me encontrar no pátio e vou lhe dar seu primeiro teste para ter certeza de que está apta a iniciar o seu treinamento como minha aluna.
Com um sorriso no rosto, a menina somente assentiu com a cabeça e saiu correndo um tanto animada para ir para o quarto e se trocar. Enquanto se arrumava, ela foi tomada por diversos pensamentos sobre o que poderia ser esse primeiro teste a qual ela seria enviada. Por fim quando terminou de se vestir, com uma espécie de Keikogi totalmente preto e com seus cabelos amarrados em um pequeno rabo de cavalo; ela conferiu seu visual no espelho e finalmente saiu do seu quarto para encontrar sua mestra no pátio do templo.
Chegando ao pátio, Akiko avistou Huo sentada em ótima postura embaixo de uma árvore e se aproximou rapidamente se sentando sobre seus joelhos na frente da Mestra. “Me arrumei como me pediu mestra, então o que devo fazer?”
— Colher flores.
— Flores?
— Flores.
A menina parecia muito confusa com a tarefa à qual sua mestra a estava lhe dando, afinal não havia muita dificuldade em colher flores, então por que isso seria um teste? Bem a não ser que fosse alguma flor em específica que sua mestra queria, e com esse pensamento ela decidiu verbalizar sua dúvida — Mestra, eu não entendi muito bem, a senhora quer que eu colha flores, mas isso não é particularmente difícil para mim, a não ser que seja uma flor específica é isso?
— Isso mesmo, eu quero que colha uma flor de difícil aquisição no local onde estamos — A mulher explicou calmamente para a jovem a sua frente, enquanto a menina permanecia em silêncio a ouvindo. — Deve colher lírios aranha, imagino que já tenha ouvido falar de tal flor, nestas montanhas, os lírios aranha só crescem no ponto mais alto conhecido protegidos por um antigo Youkai em um lago. — A mulher disse apontando na direção de uma estrada longa de pedras que se estendia quase além das nuvens.
— Sua missão Akiko, é subir até este lago e convencer este youkai a dá-la um lírio, lhe darei 15 dias, se em 15 dias não retornar com a flor, não está apta para nosso treinamento, compreende isso?
— Negociar com um youkai e trazer a flor…? — Por alguns momentos Akiko pareceu ficar pensativa sob o olhar de sua mestra, mas logo colocou um sorriso em seu rosto, dizendo: “Ok, então eu vou indo mestra te vejo em quinze dias!”
A determinação de Akiko fez que Huo tivesse um sorriso genuíno em seu rosto, ele realmente escolheu a aluna certa. — Akiko, antes de ir, passe na cozinha e pegue a mochila, lá tem mantimentos o suficiente para toda a viajem, então não coma tudo de uma só vez.
A garotinha se levantou e saiu correndo sem prestar muita atenção nos conselhos dado por sua mestra, somente foi a cozinha pegando a mochila com mantimentos e por fim partiu em seu primeiro teste.
Após partir finalmente para seu primeiro teste a menina ainda não sabia naquele momento, mas aquela viajem certamente deixaria grandes lembranças em sua mente, podendo-se dizer que seria a viajem que marcaria o seu ser em um todo.
No primeiro dia dos quinze que se seguiriam, a garota andou por um longo tempo após sair do templo de sua mestra ao ponto de se cansar de tempos em tempos, até aquele momento ela não havia realmente começado a subir as montanhas, ela estava seguindo para o caminho onde sua mestra indicou que acharia uma escada que a ajudaria nesta subida, pelo o que Huo havia dito a ela, a viajem até esta escadaria levaria de dois a três dos dias do prazo de sua viajem e que subindo pela escadaria ela levaria em torno de cinco a quatro dias para chegar ao topo contando paradas para descanso e alimentação, claro sua mestra também a lembrou que deveria tomar cuidado pois estaria sozinha e youkais poderiam tentar convencê-la a se desviar do caminho para a montanha e levá-la para longe de todos.
Ao todo ela realmente levou três dias para chegar até a escadaria, o caminho até foi calmo e o clima durante esses três dias se manteve constantemente agradável, vez ou outra durante o amanhecer havia uma certa neblina que se estendia até o que Akiko pensou ser o meio dia, afinal neste ponto o sol já estava bem acima dela, durante essas neblinas a garota pensava que se tivesse azar poderia ser um alvo fácil para qualquer Youkai ou animal que vivessem por aí, mas estranhamente a viajem foi tranquila até aquele momento.
Quando por fim começou a subir a escadaria não demorou muito para que a jovem se cansasse com a longa estrada, vez ou outra ainda no início da subida a garotinha se sentava em algumas pedras que ficavam ao lado da escadaria e descasava bebendo um pouco de água e esperando um certo tempo antes de continuar a subir.
Durante os dois primeiros dias de viajem a garota teve uma subida tranquila, parando em pontos mais seguros da escadaria para se alimentar e dormir; a esse ponto seus suprimentos ainda pareceriam durar bastante o que fez que isto não fosse algo que afetasse tanto a garota.
Foi somente a partir do terceiro dia quando já havia subido uma parte significativa da escadaria que os avisos que Huo havia dado começaram a se mostrar verdadeiros a Akiko, no terceiro dia enquanto estava parada por volta do meio do dia comendo uma das merendas as quais seu mestre lhe deu, a garota avistou uma mulher vestida de noiva ao estilo clássico, como muitas vezes viu, mas estranhamente a mulher à distância tinha suas vestes rasgadas e sujas de lama, Akiko até mesmo tentou ver o rosto da mulher, no entanto, assim que estava prestes a realmente olhar, uma voz aguda suou ao lado da menina:
— Ei, ei, mocinha não olhe para ela! — A voz por sua vez realmente chamou a atenção de Akiko que evitou olhar para a noiva que subia a escada e voltou por procurar de quem era a voz que havia acabado de ouvir, mas estranhamente tudo o que pode ver era um rato de cor acinzentada ao seu lado que estranhamente parecia encará-la.
Ver o rato não foi algo que a deixou desconfortável, diferentemente de outras crianças de sua idade a pequena Akiko gostava muito de animais por mais nojentos que a sociedade possa considerá-los.
— Com licença amiguinho… por acaso teria sido você a falar comigo? — A menina sussurrou para o rato enquanto ouvia os passos atrás de si subindo a escadaria, sinceramente Akiko não ficaria muito surpresa se nesta ocasião esse animal realmente falasse, afinal ela já havia até mesmo conversado com uma kitsune.
O rato por sua vez pareceu olhar no fundo dos olhos da jovem antes de qualquer coisa e de fato ela estava certa, lá estava o pequeno animal a respondendo novamente: — De fato! Eu, Nezumi, o grande rei dos ratos a salvou, seja muito grata mortal e me leve ao topo da montanha!
— Nezumi? — Ela por sua vez pareceu que de tudo que o animal havia acabado de falar na verdade poderia se dizer a impor, tudo o que ela havia prestado atenção foi na ironia do rato a sua frente se chamar rato.
— Isso mesmo! Eu, Nezumi, o grande rei dos ratos a ordeno que me leve ao topo da montanha para pagar sua dívida de vida comigo ao salvá-la da noiva fantasma! — O rato falava de forma presunçosa e até mesmo autoritária realmente se parecendo com algo que alguém da realeza faria.
— Noiva fantasma? Você diz aquela mulher que estava subindo? Então a mestra não estava brincando sobre ter muitos youkais na subida… realmente isso poderia ser perigoso se ela me notasse… — A menina estava falando de maneira um tanto quanto sábia, ela não poderia negar que entendia pelo menos um pouco sobre youkais, afinal tudo o que ela faz desde que se mudou para o templo é ler muitos livros que lhe ensinaram bastante.
— Bem… então senhor Nezumi, se o que diz é verdade não se preocupe irei levá-lo comigo até o topo da montanha! — Com essas palavras Akiko pegou o pequeno rato em sua mão e o colocou em seu ombro enquanto voltava a subir a escadaria observando agora de longe a noiva que estava muito a sua frente.
O quarto dia de viajem por sua vez foi calmo como os outros, o único diferencial em si era que Nezumi estava junto a ela e ele falava quase constantemente, mas isso não era realmente um incômodo, para Akiko pelo menos era ótimo ter com quem conversar por mais que esse alguém fosse um tanto egocêntrico por assim dizer, a única outra coisa estranha a qual ela notou conforme subia era que cada vez mais ela estava avistando espíritos dos mortos sobre a escadaria.
No quinto dia tudo se manteve o mesmo. A menina já havia passado algum tempo da metade da escadaria, e ela e Nezumi estavam incrivelmente se dando bem até certo ponto, a verdadeira complicação veio somente no final deste dia em que quando os dois pararam para se alimentar quando enquanto comiam os dois ouviram duas vozes que pareciam estar brigando enquanto subiam a escadaria até o local de descanso onde estavam, o que fez que ambos se escondessem atrás de algumas pedras para ouvir.
Enquanto estavam escondidos os dois puderam ouvir duas vozes brigando por estarem com fome. Akiko, que estava curiosa, se levantou para ter uma visão de quem seriam aquelas vozes, a menina pôde ver um cachorro e uma cobra aparentando estar discutindo entre si.
Ao ver os animais, Akiko logo saiu para mediar a briga entre eles e com um pouco de dificuldade ela e Nezumi conseguiram mediar a pequena briga entre aqueles dois fazendo que ambos pudessem se alimentar com um pouco da comida da própria garota e por fim os quatro decidiram subir juntos o restante do caminho da montanha após se apresentarem.
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