Entre Espadas - Capítulo 13
Enquanto isso na floresta…
Sem saber sobre o que estava acontecendo na cidade, Ryo se via em uma situação um tanto quanto complicada, seu braço esquerdo estava deslocado enquanto sua outra mão estava empunhando o florete, naquele ponto ele já estava desgastado e lento, vezes ou outra a lâmina de Seiryuu cortava parte de suas vestes quase atingindo sua pele, mas felizmente o tempo de reação que possuía juntamente a percepção de “M” fez que ele ainda conseguisse acompanhar os ataques de Seiryuu, era estranho, aquela arma aparentava ter pensamentos próprios o rondando entre as árvores, o deixando preso em um círculo, como se estivesse o caçando.
“Ahng… essa coisa ‘M’, por que essa coisa parece conseguir pensar?” Ele perguntou em voz alta para o seu próprio florete, enquanto seguia os movimentos de Seiryuu com os olhos da maneira que conseguia.
“Por que ele é como eu garoto, a diferença é que seja quem for o pactuado que possui esta arma… ele com certeza já descobriu o nome dessa arma.” A voz disse no fundo da cabeça de Ryo o que o fez ficar alheio ao ambiente por alguns segundos, o que foi tempo suficiente para Seiryuu tentar atacá-lo. “Por trás garoto!”
O aviso que lhe foi dado fez que fosse possível defender de maneira desajeitada o ataque da arma fazendo que a mesma só conseguisse deixar um pequeno corte no braço de Ryo, manchando a manga branca de suas vestes com o vermelho do sangue que saia do ferimento.
“Ele é forte assim porque descobriram o nome dele?!” Havia uma certa indignação na voz de Ryo ao responder o florete. “Então me diz o seu nome também para equilibrar as coisas sua cobra tonta!”
“Se fosse fácil assim, qualquer um poderia usar nossa capacidade total quando bem entender! Para de ser atrevido criança!” A voz parecia irritada ao respondê-lo enquanto ainda era posto como defesa dos ataques de Seiryuu o qual parecia brincar com ambos como um gato se divertindo ao caçar ratos.
“Atrevido?! Essa coisa vai matar a gente!” Ele gritou apontando com o florete na direção onde estava Seiryuu e logo voltou a falar, “quer mesmo me deixar morrer por orgulho?! Me dá pelo menos uma dica do seu nome porra!”
Quando o garoto terminou de falar, ele pode ver Seiryuu indo em sua direção para outro golpe, mas dessa vez em uma maior ferocidade de ataque, fazendo um som estridente sempre que a lâmina do florete entrava em contato com a lâmina da kamayari ao ponto de a cada colisão as lâminas soltarem faíscas com a tamanha força do impacto, elas pareciam poder ficar naquela situação o dia todo, mas esta disposição com certeza não se estendia para Ryo, seu braço doía a cada impacto, ao ponto de parecer que cada osso de seu braço fosse quebrar a qualquer segundo, era forte demais e ele ainda não possuía uma resistência tão abrangente para suportar tal troca de golpes o que o fez, sem perceber, que ele deixasse sua guarda aberta Seiryuu perfurar seu ombro o prendendo contra uma árvore, fazendo o garoto segurar um grito de dor em seus lábios.
Em meio a dor que corria por todo o seu corpo, o local onde Seiryuu o perfurou, parecia queimar de dentro para fora por inteiro, e em uma última súplica ele roucamente disse ao seu florete: “ ‘M’… por favor… só uma pista…”
Ouvir as súplicas do garoto pareceu mexer com os sentimentos internos de “M” que em um suspiro na mente de Ryo disse calmamente: “Eu direi uma única vez, eu sou a representação de conceito a idealização da vida e da evolução, algo eterno, quem eu sou Ryo?”
As palavras que Ryo ouviu de sua arma, fez sua mente vagar sobre as quantidades de possibilidades que isto poderia ser, um conceito de vida, evolução… eternidade, em sua primeira vida ele viu inúmeras representações desses conceitos, mas em meio a seus pensamentos, uma coisa voltou a sua mente de quando ele viu ‘M’ pela primeira vez enquanto ele ainda estava preso naquele lago, ‘M’ era uma espécie de naga, ele era uma serpente, grande o suficiente para dar a volta em sua própria cauda e mordê-la e, ao se dar conta disso, ele entendeu quem era o ser que habitava aquela arma, quais conceitos ele representava e, em uma tentativa ousada o garoto segurou o florete o colocando entre as lâminas da kamayari empurrando-a para fora de seu corpo contra a força dela e de maneira rouca o garoto finalmente disse:
“Eu sei o seu… eu sei o seu nome!” O garoto falou de maneira árdua colocando sua própria força contra a força de Seiryuu para afastá-lo e, em um grito finalmente terminou de falar: “Então, me ajude Uroborosu!!”
Com o grito de súplica de Ryo, pela primeira vez fora de sua cabeça o som de uma risada quase demoníaca e constante pôde ser ouvida por toda a floresta, o grito se seguiu de uma forte luz branca da arma que estava na mão do garoto, e em meio aquelas risadas e aquela forte luz, uma voz que parecia rir enquanto falava finalmente se manifestou: “MARAVILHOSO, REALMENTE MARAVILHOSO GAROTO!!” À medida que o brilho diminuiu, a voz continuou a falar parando suas risadas aos poucos, “ah… você realmente merece meu poder garoto, então… vamos cortar tudo garoto.” Quando o brilho finalmente se cessou o que outrora era um florete havia se modificado e se tornado uma katana completamente branca, até mesmo na coloração de seu ferro, com ornamentos de cor verde em seu cabo e em sua coronha um pingente de uma cobra mordendo seu próprio rabo estava pendurada, e no dorso da lâmina em vermelho os kanjis “ウロボロス” que formavam o nome Uroborosu.
Ao transformar da lâmina a respiração de Ryo pareceu se suavizar e respirando fundo uma nuvem de ar frio saiu de sua boca como em um dia frio de neve, mas o que estava frio naquele momento não era o tempo a sua volta, mas sim seu próprio corpo.
Naquele momento ele não falou mais nada, apenas se pois a trocar golpes de maneira frenética com Seiryuu, mas dessa vez, felizmente conseguindo acompanhá-lo e se defender de sua lâmina, ele sabia que não poderia superá-lo mas torcia para ao menos conseguir cansá-lo até que decidisse ir embora de vez, mas por mais que agora conseguisse acompanhá-lo um pouco mais, ainda era extremamente cansativo e seu braço começava a doer cada vez mais ao se defender de um ataque da arma, porém em algum ponto ele se viu sem conseguir acompanhar os ataques e, sem que percebesse ele estava prestes a ser atingido pela lâmina, estranhamente a Kamayari parou quase encostando no peito do garoto seguido por uma voz ao fundo a arma se virou:
“Seiryuu, as suas ordens mudaram.”
Ao ouvir aquela voz, estranhamente para Ryo ela era familiar, mas não de uma maneira boa, mas sim de uma maneira muito, muito ruim para ele. Aquela voz parecia a de alguém a qual ele preferiria esquecer, que ele preferiria nunca mais se lembrar, mesmo que achasse impossível ser ele, por que era tão parecida, somente a mínima chance de ser aquela pessoa fez a mão que Ryo usava para empunhar Uroborosu tremer involuntariamente o que chamou a atenção da arma que perguntava na mente de Ryo: “Garoto, o que houve? Você o conhece?” E mesmo antes que Ryo pudesse responder, aquela voz voltou a falar e o homem surgiu das sombras das árvores na floresta.
Em meio de toda aquela escuridão, uma figura alta com asas negras em suas costas, vestindo um kimono preto, com o rosto coberto por uma máscara, saiu do meio das árvores, aquele homem estava segurando um guarda-sol de papel de coloração vermelha acima de sua cabeça, e por fim disse: “A Xogum o quer vivo, o terceiro general aparentemente lidará com o resto que envolve o garoto.” Somente quando terminou de falar o homem então olhou para onde Ryo estava como se tentasse confirmar algo.
Vendo aquele homem mascarado o olhando diretamente, e tendo ouvido tudo o que ele dizia com aquela arma que o atacava, o braço trêmulo de Ryo parecia somente ficar mais intenso a cada vez que ouvia a voz daquela coisa, seu peito havia começado a doer, era familiar demais, era espantoso demais, ele tinha que sair, ele tinha que conseguir fugir, com isso em mente o garoto se manteve calado enquanto se comunicava mentalmente com sua arma: “U-Uroborosu… e-eu… pre… preciso de ajuda… me tira daqui… por favor… tem que ter uma maneira… me tira daqui, me tira daqui, me tira daqui, me tira daqui, me tira daqui!”
Uroborosu ao escutar as súplicas internas do garoto, pela primeira vez desde que formou o pacto com Ryo o viu com medo, ele se lembrava perfeitamente que mesmo quando ele estava diante dele pela primeira vez o garoto não havia se assustado com a aparência de Uroborosu e isso o fez pensar que para o garoto estar agindo de tal maneira, seja quem for essa pessoa, ela deve ser realmente assustadora.
“Garoto, eu não sei o por que está com tamanho medo, mas você é meu pactuado e se deseja que eu o tire daqui farei meu máximo para cumprir tal pedido pivete.” Desta vez, a voz dele era como um calmante que surgia na mente de Ryo, estranhamente o jeito presunçoso de falar que geralmente era mantido por Uroborosu foi deixado de lado. “Preciso que confie em mim pirralho, crave minha lâmina em seu peito.”
Ao ouvir as palavras ditas por sua arma, o primeiro pensamento de Ryo foi que Uroborosu estava tentando induzi-lo ao suicídio, na verdade este era o único pensamento que Ryo conseguia ter naquele momento e na visão dele aquela deveria ser mesmo a melhor opção, principalmente se o dono daquela voz fosse quem ele pensava ser e assim ele fez o garoto levantar sua própria katana contra seu peito mirando precisamente em seu coração, o que fez o homem com máscara de corvo que estava a frente dele recuar achando que aquilo era algum tipo de ameaça sobre o garoto se matar se ele se aproximasse e isso era engraçado na visão do homem.
“Garoto, abaixa a Katana, nós três sabemos que você não vai mesmo enfiar essa katana em seu peito.” O homem estava realmente achando engraçado até onde aquele garoto vestido como uma sacerdotisa estava disposto a ir para não ser pego, o que o fez entender por que Masaru teria se interessado nele de certa maneira e entendeu completamente quando viu que o garoto não estava fazendo uma ameaça sem valor.
Naquele instante ouvindo as últimas palavras daquele homem, lutando contra seu próprio instinto de sobrevivência, o garoto confiou nas palavras de Uroborosu e com um impulso empurrou a lâmina contra seu próprio peito, até se ver totalmente empalado pela própria espada que atravessava seu peito deixando suas roupas brancas manchadas pelo vermelho do sangue, a lâmina branca de sua arma parecia absorver o sangue e não se manchava, naquele momento a visão de Ryo escureceu instantaneamente o que o fez cambalear para o lado e enfim cair com força contra o chão.
Ao ver a cena do garoto se empalando e caindo no chão, o homem mascarado logo se aproximou olhando para o ‘cadáver’ e suspirou colocando a mão em sua máscara como se estivesse olhando para Seiryuu que estava flutuando ao lado dele, “Seiryuu, volte pra capital peça para prepararem um médico, chegarei em alguns minutos e com sorte o garoto ainda vai ter alguma utilidade.” Após ouvir as palavras do homem, Seiryuu somente se virou e voltou pelos céus de onde havia vindo, vendo a arma partir o homem se virou novamente para o ‘cadáver’ e se ajoelhou para analisar melhor o corpo
“É uma pena… essa é a primeira vez que vejo uma entidade que conseguiu matar seu próprio pactuado.” Após olhar o cadáver por um certo tempo, o homem então levou sua mão em direção ao corpo para levá-lo a capital. Contudo, de uma maneira que até mesmo ele se assustou, a pessoa a qual ele pensou ser um cadáver agarrou seu pulso jogando-o contra a árvore atrás de ambos, ele não sabia como e nem quando, mas naquela pequena pausa que o homem havia feito para somente então tentar segurá-lo, a katana que estava atravessada no peito do garoto havia desaparecido e sentindo o impacto contra a árvore o homem observou o cadáver que acabara de jogá-lo, e estranhamente ele ainda continuava caído, mas havia algo estranho.
A pessoa caída ali aos poucos parecia estar tendo toda sua fisionomia alterada, aquele cadáver humano estava se alterando aos poucos e isso intrigava o mascarado que decidiu apenas observar, aos poucos aquela mão que havia o atacado parecia ficar cada vez mais acinzentada e com unhas pontiagudas, as orelhas daquele cadáver começaram a se alongar para trás como as orelhas de um ser feérico, bem maiores e aos poucos aquela pessoa começou a se levantar e enquanto se levantava os cabelos negros em sua cabeça começaram a cair sendo substituído por longos cabelos lisos e brancos, quando aquela coisa por fim se levantou, ele olhou diretamente para a pessoa ainda encostada na árvore e aqueles olhos eram como os de uma serpente prestes a dar o bote em sua presa e, com uma voz grave aquela coisa por fim veio a falar: “O passarinho ainda está vivo…? Eu não usei força o bastante…?”
“Isso é novo.” O homem não parecia assustado, pelo contrário havia certo fascínio em sua voz, “ei, você aí, o que você é?”
O homem não respondeu, somente se levantou como se estivesse se espreguiçando em um novo corpo humano e disse de maneira relaxada enquanto se alongava: “Ah… então não posso me manifestar por completo nesse corpo, como eu imaginei, garoto você é realmente algo curioso, seu corpo parece me negar… realmente como um corpo consagrado pela deusa… maldita sacerdotisa…” O homem colocou a mão no queixo parecendo estar pensativo e não parecia ligar para a pessoa a sua frente e mentalmente se comunicou com Ryo: “Certo, moleque olha aqui, eu tenho dois minutos pra conseguir matar esse cara é o tempo que vou aguentar, já que essa merda de corpo parece querer me purificar só de sentir minha presença…”
Somente então ele olhou diretamente para o homem de novo: “Ah, você havia perguntado o que eu sou, não é?” Uroborosu disse, enquanto fechava sua mão em uma palma como uma lâmina e partiu para cima do homem. “Respondendo à sua dúvida mortal… eu sou o motivo da sua morte bastardo!”
Com estas últimas palavras, Uroborosu pulou na direção de onde o homem mascarado estava partindo a árvore ao meio e olhando confuso ao ver que a única coisa que havia acertado era um guarda-sol vermelho que se rasgou completamente com o ataque. “Tsk, então o passarinho sabe brincar? Que bom, odeio presas fáceis.”
Assim que Uroborosu se virou, o homem já estava atrás dele o encarando e o acertou com um chute jogando-o alguns quilômetros à frente na floresta. “Espírito arrogante, eu não sou uma presa de youkais fracos como você.” Observando o homem de cabelos brancos sendo jogado longe, o mascarado estava prestes a abrir suas asas para se retirar do local achando que com aquele ataque não compensaria mais levar o corpo do garoto.
Mas estranhamente no primeiro bater de asas o homem sentiu suas asas sendo puxadas para trás e um par de pés em suas costas forçando seu corpo para frente, o que o fez gritar de dor, e a voz anterior disse atrás dele: “Ainda bem, que não sou um youkai como você então bastardo!”
As palavras de Uroborosu estavam repletas de um tom de superioridade e um sorriso monstruoso estava estampado em seu rosto à medida que sentia que estava prestes a arrancar as asas daquele youkai, para o seu desgosto, aquele youkai era esperto e bateu contra o chão o forçando a soltar as asas dele, aquela coisa então planou sobre e falou: “Como… eu… você não deveria poder ter chegado até mim tão rápido…”
Logo o homem se calou e partiu para cima de Uroborosu usando suas asas para atacá-lo, no entanto, o espírito conseguiu se defender desaparecendo e aparecendo atrás dele e o chutando para longe, naquele momento Uroborosu sentiu seu coração bater mais lentamente, ele não conseguiria se manter manifestado por muito mais tempo, a qualquer momento ele sabia que cederia, ele sabia que não havia conseguido proteger seu pactuado como havia prometido e quando estava caindo no chão sentiu que estava prestes a ser retirado do corpo do garoto e colocando a mão sobre seu peito ele proferiu suas últimas palavras nesse corpo: “Perdoe-me garoto, eu falhei com você.”
Quando ele por fim caiu contra o chão tudo o que restou era Ryo agora desmaiado, com Uroborosu como a katana em sua mão, ambos estavam sem forças devido ao confronto, ambos não poderiam lutar e ali desmaiado sem saber se aquele homem mascarado por fim havia voltado e vendo que o garoto só estava desmaiado o pegou colocando em seu ombro e levantou voou, “Maldito pactuado… tsk, é por isso que a Xogum queria eliminá-lo inicialmente, felizmente esse garoto não me parece saber controlar aquela coisa…”
[Falhas estão sendo apresentadas ao decidir a conclusão de sua tarefa… o sistema entrará em modo de inatividade para manutenção… tempo estimado: 1.826 dias, simplificando em 5 anos!]
Ao levantar voo o homem se virou para olhar a vila a qual sua senhora havia dado ordens a Kishin para destruir e matar os moradores, olhando do alto ele pode notar que praticamente toda a cidade estava em chamas e que Kishin parecia estar enfrentando alguém naquele momento, o que honestamente o homem não deu muita importância diferente de Sakuma e Gonkuro ele não possuía nenhum motivo para ter um senso de compaixão àqueles plebeus, ao seu ver como um general e principalmente como um youkai a sua existência estava muito acima dessas pessoas e por fim após suspirar de despreocupação vendo que Kishin aparentemente estava terminando o trabalho, se virou e seguiu em direção a capital.
Durante o tempo que se manteve em voo para a capital em geral, foi uma viagem tranquila, vez ou outra a pessoa em seu ombro parecia se mexer como tivesse se esforçado para recuperar a consciência perdida durante o combate anterior, mas felizmente para ele o pirralho não acordou durante a viagem o que fez que ele chegasse sem problemas até a grande cidade de Iwasakiyama a qual levava o nome de seu País.
Enquanto sobrevoava a cidade, as pessoas ao fundo pareciam parar e admirar a pessoa que estava voando, ele até mesmo pode ouvir a voz de algumas moças do bairro de prazer chamando suas colegas para ver a chegada rara do primeiro general à capital, aparentemente não era comum os plebeus ter uma visão tão boa de qualquer um dos treze generais.
O homem sobrevoou toda a cidade até um grande castelo que só localizava no centro, ele não fez questão de pousar na frente do grande portão de entrada, mesmo sabendo que era extremamente proibido a entrada no castelo ele realmente não ligava para essas formalidades, então subiu até uma grande varanda na parte mais alta daquele castelo onde um grande salão com pilares feitos de jade o sustentavam, aquele lugar era repleto de peças de ouro, e na parte mais distante centralizado na parede havia um pequeno palco onde uma mulher de longos cabelos vermelhos utilizando um kimono azul marinho que possuía detalhes dourados em suas mangas que aparentava ser feito a partir de um tecido de alta qualidade estava sentada.
A mulher até o momento silenciosa observou o homem adentrar ao salão e colocar o garoto desacordado deitado à frente dela juntamente a sua arma e após isso se ajoelhar de cabeça baixa a frente dela, somente então Masaru veio a falar.
“Primeiro general Toshikazu, vejo que cumpriu com êxito o que pedi, me diga, o garoto parece bem isso não condiz com o que informou a Seiryuu, general.” A fala de Masaru com Toshikazu era completamente diferente da maneira a qual falava com Gonkuro, desta vez seu tom era mais severo e não fazia rodeios em sua fala.
Toshikazu ainda de cabeça baixa escutou silenciosamente sua senhora antes de dizer sem ousar olhar para seu rosto, “Minha senhora, entendo que as informações não estão de acordo com o que apresento neste momento, mas há um motivo para isto, caso permita eu posso explicar em detalhes a senhora.” A fala dele era extremamente cordial, como se a cada palavra ele estivesse calculando o que deveria dizer para não irritá-la.
“Torço para que tenha um ótimo motivo para este erro de informações, para sua sorte eu ainda não havia mobilizado os médicos do palácio para isto.” A voz de Masaru era severa e enquanto falava com o primeiro general à sua frente, ela não parecia ter intenção de permiti-lo sair de sua reverência.
Naquele momento, o primeiro general se pois a explicar para Masaru todos os acontecimentos anteriores da maneira mais detalhada que poderia, tentando ao máximo não deixar um mínimo detalhe de fora, Masaru por outro lado o ouvia atentamente, mas em nenhum momento suas feições pareciam estar mais interessadas ao que seu subordinado estava falando, ela somente o escutou atentamente e após ele terminar de explicar a ela como toda a situação anterior se procedeu ela então deu a ordem a ele de se retirar do salão e o mesmo obedeceu sem pestanejar.
Quando o general por fim se retirou do salão, deixando apenas Masaru e o jovem Ryo ainda desacordado ali, a mulher suspirou como se essa mínima conversa com um de seus generais fosse extremamente cansativa, diferentemente de como ela é com Gonkuro onde ela se sente confortável a todo o momento e se comunicam como bons amigos, para ela a comunicação com a maioria dos seus treze generais era cansativa e um tanto difícil, mas felizmente foi somente um breve contato e a chegada do garoto desacordado ocorreu estranhamente bem até o momento, de maneira sincera Masaru estava determinada a matá-lo anteriormente para evitar qualquer tipo de futuro confronto no País, mas graças a Gonkuro que a mostrou uma segunda alternativa onde a morte do garoto não seria necessária, ela optou por só trazê-lo para a capital como havia sido nesse momento.
Estando ainda sentada naquele pequeno palco, a mulher observou o garoto adormecido por um tempo com certa curiosidade em seu rosto, havia coisas que o primeiro general havia a contado que despertaram uma curiosidade ainda maior sobre Ryo na Xogum, envolto esses pensamentos o salão se manteve silencioso, até o momento em que ela escutou algumas batidas na porta.
“Entre.” Ela disse sem olhar em direção a porta, somente escutou a pessoa que estava do outro lado adentrar a sala, com um longo suspiro como se estivesse cansado e caminhar até se sentar ao lado dela.
“Então esse é o garoto?” Gonkuro perguntou, enquanto movia a mão até sua mascara a retirando, revelando uma bela face delicada com lindos olhos amarelos e uma expressão de cansaço em seu rosto.
Masaru se virou para olhá-lo observando seu rosto. “Sim, esse aparentemente é o novo pactuado que descobrimos no seu distrito Gonku, além disso, você parece cansado meu amigo…” havia certa preocupação na voz de Masaru, que se levantou e caminhou até uma grande estante no canto daquela sala. “Vamos beber um pouco enquanto o garoto não acorda.”
“Claro que estou cansado Masaru, sabe o que eu tive que ao fazê-la mudar de ideia depois de você já ter iniciado um ataque não é a coisa mais fácil do mundo, os burocratas do palácio roubaram meu tempo por minutos que pareceram horas por sua causa…” Havia insatisfação na voz de Gonkuro e sua cara não era nada boa, ele realmente estava cansado e estressado devido essa situação. “Além disso, não acho adequado bebermos agora, temos que convencer esse garoto a se juntar a nós independente do método e para isso você precisa estar sóbria.”
“hm, certo, deixaremos a bebida para depois então.” A mulher se afastou da estante e caminhou até onde Ryo estava adormecido no chão e se sentou ao lado dele tocando sua manga “Por sinal, essas roupas que esse garoto está utilizando não são vestes sacerdotais usadas por sacerdotisas…? Não sabia que homens gostavam desse tipo de roupa.”
Gonkuro olhou de maneira mais atenta as vestes do garoto quando Masaru levantou este ponto e após analisar ele a respondeu de maneira despreocupa: “Talvez seja alguma nova moda dos jovens… eu ouvi dizer que nas casas de prazer muito artistas masculinos se vestem com roupas femininas, talvez ele seja um desses artistas…”
As duas pessoas na sala permaneceriam naquele assunto por muito tempo, de certa forma intrigados com o garoto a frente deles, criando teorias sobre o por que de se vestir como uma sacerdotisa e como ele poderia ter formado o pacto e com qual entidade ele teria formado o pacto, se naquele momento Ryo estivesse com uma mínima consciência restante e ouvisse o associarem com um artista de casas de prazer, ele com certeza teria despertado e brigado com aquelas duas pessoas, mas felizmente para ele, ele ainda não havia recuperado sua consciência para saber onde estava e com quem estava, na verdade demorou algumas horas para o garoto enfim despertar por completo de seu sono, naquele ponto todos os acontecimentos da Vila Tatsumaki já haviam sido entregues tanto a Masaru quanto a Gonkuro, o que causou certa tensão entre eles, a cidade realmente havia sido destruída, mas Kishin havia sido morto por alguém, e ao saber disso o humor descontraído que Gonkuro tinha até o momento se desfez e o mesmo já estava usando sua mascara novamente enquanto estava no lado oposto do salão, de todas as baixas possíveis que poderiam acontecer essa com certeza era uma que Masaru preferia evitar, ela sabia como o garoto era importante para seu amigo e tinha certa noção de quão irritado ele estava naquele momento, mas não era a hora de se preocupar com isto agora, o garoto a frente deles estava finalmente acordando de seu sono.
Enquanto Ryo estava acordando ele sentiu uma forte dor de cabeça, ele não conseguia se lembrar ao certo de tudo o que havia acontecido, tudo o que se lembrava era de ser atacado no templo e depois disso a voz de Uroborosu o pedindo perdão por algo, a medida que ele abria seus olhos, o garoto notou um teto estranho por cima de sua cabeça, ele estava deitado em um chão de madeira e com certeza já não estava mais no antigo templo, ao se levantar se sentando por fim o garoto olhou para baixo notando que Uroborosu ainda estava em sua mão, mas estava calado, ele se sentia cansado como se tivesse trabalhado por horas, realmente não era uma sensação nada boa, ao levantar seu olhar para frente o garoto pode ver diversas tapeçarias que pareciam ser extremamente caras, ao olhar para os lados enfim ele pode ver duas pessoas o olhando com curiosidade e esse olhar fez o garoto arrepiar da cabeça aos pés o deixando alarmado.
“O-Onde… onde eu estou? Q-quem são vocês?” A voz de Ryo era rouca enquanto falava e tentava arrumar forças em seus braços para se levantar, ele estava assustado, era um lugar que não conhecia, pessoas que ele nunca havia visto, ele queria sair e correr para encontrar Leonardo.
“Ah, então finalmente acordou.” Masaru disse da maneira mais calma possível, observando o garoto tentando se levantar. “Por favor não se esforce tanto para se levantar, permaneça sentado, não vamos o machucar.”
Ouvindo as palavras da mulher ao seu lado, o garoto parou de tentar se levantar, de alguma maneira ele sabia que ela não estava mentindo, eles não possuíam intenção de matá-lo no momento, mas ele ainda não estava disposto a falar algo.
“Meu nome é Furukawa Masaru, imagino que ainda não tenha percebido quem eu sou, é um prazer conhecê-lo garoto.” A mulher disse de maneira calma a todo o momento, enquanto se moveu para ajudar Ryo a se sentar de maneira mais confortável, afinal ela sabia o quão cansativo era usar uma arma do pacto pela primeira vez então sabia por que o garoto estava tão cansado.
Após ajudá-lo, ela se levantou voltando acima daquele palco e se sentando ao centro, somente então voltando a falar: “Eu sou a Xogum responsável por este país.”
Ao ouvir aquelas palavras o garoto tremeu por um minuto, aquela mulher a frente dele e que havia acabado de ajudá-lo era a figura militar e política mais importante de todo esse país, por que ele estava a frente dela? Até onde sabia ele estava longe o suficiente da capital desse país, afinal o que alguém tão importante poderia querer com ele.
“A Xogum… o que a senhora poderia querer comigo? Eu, eu sou somente um viajante de outra terra…” O garoto falava de maneira baixa ao respondê-la, isso era péssimo por algum motivo ele havia chamado a atenção de alguém tão importante assim, isso era ruim, muito ruim e ele nem ao menos sabia onde estava Leonardo.
“Um simples viajante? Bem eu discordo, principalmente vendo a Katana em suas mãos, claro você pode ser realmente um viajante, mas com certeza não é simples.” Masaru possuía uma certeza em sua voz enquanto respondia a Ryo. “Se deseja dizer como alguém simples, claro podemos fazer assim, então me diga, qual seria seu nome? Senhor apenas um simples viajante.”
“M-Meu nome é Toyosaki Ryo, senhora… eu realmente não estou mentindo sou apenas um viajante.” A voz de Ryo demandava preocupação e certa aflição, essa mulher aparentava saber sobre algo sobre Uroborosu, mas isso não era importante agora, ele tinha que saber onde estava Leonardo. “Então… se a senhora me permitir eu gostaria muito de seguir viajem, realmente não sou alguém importante como a senhora aparenta pensar, por favor me diga onde o homem que me acompanhava está e caso deseja sairemos do país.”
“Isso não será possível jovem, não posso deixá-lo ir e não poderá encontrar seu companheiro.” Masaru disse sem muitos rodeios, ela estava direta e pelo tom de sua voz, Ryo sabia que ela estava falando sério.
“O-Oque… porque eu… porque não posso ir e por que não posso encontrá-lo?” A voz de Ryo havia ficado mais tensa e fraca ao ouvir o que Masaru havia dito. “Olha, eu, eu posso concordar em ficar, mas por favor me deixe encontrar meu companheiro… ele é realmente importante para mim, por fa—“
“Ele está morto.”
“O que…?!”
“Seu companheiro está morto, na verdade toda a vila onde você estava foi morta, por isso foi trazido para a capital.” A expressão no rosto de Masaru era completamente seria ela não parecia estar mentindo, mas se estivesse, estava fazendo isto com maestria.
Ao ouvir aquilo, o olhar de Ryo pareceu se perder da visão que tinha de Masaru como se já não pudesse mais vê-la naquele momento uma enxurrada de lágrimas começaram a descer por seu rosto “O Leonardo… morreu…?” As lágrimas não paravam de cair por seu rosto, o peito de Ryo havia começado a doer era como se seu coração estivesse partindo ao meio naquele momento, não poderia ser verdade, ele não poderia, quem o matou, esses foram os pensamentos que se passava pela cabeça de Ryo naquele momento.
“Como ele morreu?” Em meio as lágrimas aquela era a única frase que o garoto havia conseguido formular, ele segurava seu peito como se um grito fosse contido em sua garganta, ele já não olhava mais diretamente para Masaru, seu olhar estava voltado para baixo ele não conseguiria olhar nos olhos de Masaru naquele momento.
A mulher observou a reação do garoto um pouco surpresa e pensando no que poderia dizer por fim começou a falar: “Eu vou poupá-lo de detalhes senhor Toyosaki, seria cruel da minha parte o contar algo vendo o quão sensível e apegado o senhor é a essa pessoa… tudo o que posso lhe disser é que houve um ataque terrorista naquela vila e diversas pessoas foram mortas em meio a isso, a única pessoa viva que a equipe de resgate enviada localizou foi o senhor e acredito que sua sobrevivência ocorreu devido sua arma.” A voz de Masaru a todo o momento foi completamente calma e trazia um tom quase confortante de se ouvir o que ajudou Ryo a se acalmar ao menos parcialmente.
“Devido a essa situação senhor Toyosaki, não posso deixá-lo ir imaginando o tamanho trauma que isto possa gerar e afinal o senhor também é alguém muito especial, se não estou enganada o senhor é um pactuado não é? Pessoas como você são únicas no mundo.” Masaru parecia querer confortá-lo de todas as maneiras possíveis com suas palavras, no ponto de vista de Ryo ela era realmente uma boa pessoa, ele não sabia o que era um pactuado, mas imaginava ser algo relacionado a Uroborosu.
“E-Eu não tenho certeza sobre o que está falando…” A voz de Ryo era quase como um sussurro, era como se sua vontade de viver tivesse desaparecido ao receber a notícia da morte de Leonardo. “E mesmo se eu fosse… eu não vou ser útil para a senhora… me desculpe, mas eu não pretendo continuar neste mundo se meu parceiro está morto…”
Aquela afirmação de Ryo deixou Masaru impressionada, a devoção que aquele garoto parecia ter por essa outra pessoa iria tão longe? Isso era realmente magnifico. “Senhor Toyosaki, mas e se o dermos uma nova razão para continuar a viver? E se dissermos que você poderá esquecer tudo e começar uma nova vida, sendo uma nova pessoa, sem nenhuma lembrança do passado…”
Aquela proposta, era tentadora demais, boa demais, esquecer a dor… esquecer tudo “Você pode mesmo fazer isso?”
“Sim, eu posso.” A mulher disse de maneira calma olhando para o garoto que finalmente olhava em seu rosto.
“Eu… eu quero.” A este ponto tudo o que ele conseguia pensar era sobre esquecer, esquecer tudo o que já passou, esquecer a dor, esquecer de si mesmo, esquecer a dor de perder quem ama pela segunda vez. “Como eu faço isso?”
“Bem… isso foi.” Um sorriso de surpresa estava estampado no rosto de Masaru que não completou o que iria falar, mas era óbvio o que ela queria dizer, convencer esse garoto foi mais fácil do que ela havia pensado. “Certo, como concordou lhe darei uma breve explicação enquanto se acalma.”
“O processo que será utilizado para apagar suas memorias garoto, será feito a partir das habilidades do homem que você pode ver no canto da sala.” Ela disse enquanto apontava com sua cabeça na direção onde Gonkuro estava, no olhar de Ryo que se virou para olhar enquanto respirava fundo para apaziguar as lágrimas que insistiam em cair de seu rosto, aquele homem não parecia estar muito amigável em relação a ele, mas isso não era importante agora.
“Aquele homem, ou melhor dizendo aquele youkai tem a habilidade que precisamos para fazer isso.” Ela suspirou como se estivesse recuperando fôlego antes de continuar a falar “O nome dele é Gonkuro, ele é o terceiro general dentre os treze generais desse país, e o mais confiável entre eles, o terceiro general é um Baku, você sabe o que é isso senhor Toyosaki?”
“Um youkai devorador de pesadelos.” Ryo a respondeu ainda com a voz baixa.
“Ótimo, então não precisarei me prolongar na explicação, uma das habilidades do segundo general consiste em devorar para ele os pesadelos daqueles que o pedem isso, essa habilidade só pode ser usada com o total consentimento da outra parte, mas não somente isso, o terceiro general não é um simples Baku devorador de pesadelos.” Ela explicou de maneira lenta tentando ter a certeza de que a todo o momento o garoto estava entendo o que ela estava dizendo.
“O segundo general se desenvolveu mais do que os outros youkais, ao ponto de que de uma maneira extremamente difícil e cansativa para ele, ele é capaz de devorar as lembranças de outra pessoa e substituí-las por boas memorias, leve isso como se ele devorasse seus pesadelos e em troca de desse bons sonhos, tudo o que precisa fazer Toyosaki é fazer a entidade em que mantém um contrato concordar com isto e depois peça ao Gonkuro e ele apagará todas as memórias ruins.” Quando por fim terminou de explicar a mulher olhou para Ryo que aparentava estar pensativo.
Naquele momento, Ryo não estava só pensativo, ele estava tentando se comunicar com Uroborosu, mas aparentemente ele estava mais cansado que o próprio Ryo, era inútil, mas mesmo assim, talvez ele entendesse a escolha de Ryo ou até mesmo possa ouvi-lo nesse momento, com esse pensamento o garoto disse tentando se comunicar com sua alma através de suas mentes “Uroborosu… você não falhou, eu sou grato a você e continuaremos juntos, mas nesse momento eu esquecerei de muitas coisas, me esquecerei de Leonardo, aquele que cuidou de mim quando estava desacordado… Uroborosu não tente me lembrar do passado, só tente me lembrar se algum dia, por algum motivo ser provado que Leonardo não está morto.”
Uroborosu não sabia mas aquela seria a última vez em que ouvira a voz do garoto que havia conhecido quando formaram seu pacto, após aquelas palavras Ryo soltou a katana com certa delicadeza e se esforçou para levantar apoiando suas mãos no chão para conseguir ter forças para ficar de pé o garoto caminhou de maneira arrastada ate onde o terceiro general estava e se ajoelhou a sua frente, colocando sua cabeça no chão enquanto engasgava com as lágrimas que caiam pelo seu rosto ele reuniu suas últimas forças e por fim disse de maneira trêmula.
“Baku devorador de pesadelos… Baku devorador de pesadelos… Baku devorador de pesadelos… p-por favor devore… minhas memórias.” Internamente com aquele pedido o que Ryo gostaria de dizer era ‘por favor me faça esquecer que meu único amor se foi’.
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Enquanto isso nos destroços da vila Tatsumaki.
Já fazia horas desde que a vila havia sido atacada, aquele ponto Akiko já estava ao lado de fora da vila com por volta de mais 25 pessoas entre elas idosos e alguns homens, a garotinha olhava constantemente em volta aquelas pessoas, sua mãe ainda não estava lá, Leonardo também não estava lá, a última vez que o viu ele havia prometido trazer sua mãe até ela, mas a garota sabia que muito tempo havia se passado desde que os viu.
Sentindo a falta dessas duas pessoas em meio a multidão a garotinha se moveu entre os poucos sobreviventes em direção a vila sem ninguém sentir sua falta enquanto se retirava o que possibilitou que ela entrasse sem muita dificuldade vila adentro, quando ela já estava dentro da vila, a garota mal conseguia reconhecer o lugar em que um dia chamou de lar, as casas e vendas estavam destruídas, havia corpos em todos os cantos, em alguns destroços a garotinha pode ver partes de pessoas que pareciam ter cedido enquanto tentavam sair dos destroços, era realmente uma visão desesperadora, afinal por que tantas pessoas tiverem que morrer? Por que tantas pessoas tiveram que se machucar? Por que os adultos estão sempre em guerras, essas eram algumas das perguntas que Akiko tinha naquele momento e que não sabia a resposta ainda.
A garota andou pela cidade durante bastante tempo, olhando em volta tentando avistar alguém, qualquer um, talvez sua mãe tivesse conseguido sair dos destroços, talvez ela e Leonardo estivem demoram por sua mãe estar machucada, era isso que ela gostaria de acreditar enquanto seguia em frente, a medida que andava em algum ponto a garotinha reconheceu que estava se aproximando de onde havia se separado de Leonardo e a medida que se aproximava mesmo ao longe ela pode ver, dois corpos caídos e mesmo de onde estava ela pode reconhecer que um daqueles corpos era o de Leonardo.
Ao reconhecer Leonardo a garotinha entrou em um certo desespero ao ver a pessoa a qual considerava como um amigo muito querido caído, a garota gritou enquanto corria até dele de maneira desconcertada “LEO, LEO!!”
Quando a garotinha chegou até ele, ele estava desacordado e a menininha o sacudiu como se tentasse acordá-lo desesperadamente aos gritos a garota implorava ao garoto desacordado “Leooo, acorda, acorda!! Não morre também Leo!!” A garotinha falava em meios lágrimas enquanto continuava a sacudir o garoto desacordado.
A garotinha em algum momento parou de sacudi-lo e deitou a cabeça sobre o peito do garoto que ainda continha sangue e machucados e chorou, ela chorava pois achava que estava sozinha de vez, sua mãe provavelmente estava morta e Leonardo não acordava, por mais que estivesse vivo seus batimentos eram fracos demais e uma criança como Akiko não saberia escutar seus batimentos, para ela seu amigo havia morrido por culpa dela, ela estava sozinha.
A garotinha não sabe por quanto tempo ficou ali chorando, mas ela adormeceu e somente acordou com uma sensação de calor e uma forte luz como se chamas tivessem caído atrás dela, seguido por uma voz suave e calma.
“Me diga, o que aconteceu aqui pequena.”
Ao se virar para trás para ver de quem era voz que havia ouvido, a garotinha se deparou com a visão de uma bela moça com cabelos castanhos preso em coque com duas varas de cabelo em formato de penas, com lindos olhos azuis utilizando um hanfu com uma mistura harmônica de amarelo, com detalhes em vermelho e branco que somente de olhá-lo dava para saber que possuía uma alta qualidade e acessórios de cor verde e preta, essa era realmente uma pessoa muito bela de se olhar e somente pela vestimenta a garotinha sabia que esta pessoa provavelmente era uma estrangeira.
“U-Um moço malvado… machucou as pessoas e matou meu amigo… a nossa vila… a nossa vila…” A garotinha tentava continuar a falar, mas logo a vontade de voltar a chorar foi maior do que o restante e ela voltou a chorar enquanto tentava explicar a mulher a sua frente tudo o que havia ocorrido.
Vendo a garotinha chorar a mulher se abaixou se ajoelhando ao lado da garotinha e acariciando sua cabeça. “Acalme-se querida… está tudo bem, já passou, não há nenhum homem mal aqui mais viu?” A mulher possuía uma voz extremamente calma enquanto falava o que possibilitou que Akiko se acalmasse facilmente e logo a garota parou de chorar.
“Este é seu amigo?” A mulher disse apontando para Leonardo que estava desacordado e viu a garotinha acenar com a cabeça um sim, ao ver isso a mulher pegou o braço do garoto e colocou seus dedos sobre a artéria radial do pulso do garoto e após um tempo em silêncio a mulher suspirou parecendo ouvir um batimento fraco “Escute querida, não precisa mais chorar ok? Eu sou uma médica excelente e posso dizer que seu amigo não está morto querida.”
“Ele… ele não tá?” A voz de Akiko era fraca, mas um pequeno surgiu em seu rosto com essa informação.
“Não, ele não está querida, ele somente está muito machucado, mas eu posso ajudar, o que acha de eu levá-los para minha casa e mandar pessoas para buscar os outros feridos? Isso seria bom?” A mulher disse de maneira calma soltando a mão de Leonardo com cuidado no chão e então se virando para Akiko em busca de uma resposta.
“Seria…, mas a senhorita tem que prometer cuidar do meu amigo!” A garotinha parecia mais animada ao falar agora
“Eu prometo!” A mulher disse enquanto se levantava com um sorriso em seu rosto, e quando totalmente de pé a mulher suspirou e enormes asas surgiram de suas costas se abaixando então ela pegou Leonardo desacordado em seus braços e olhou para a jovem Akiko, dizendo: “Se segure em mim querida, não queremos que ninguém fique para trás sim?”
Ouvindo as palavras da mulher, Akiko abraçou as pernas da moça, que logo envolveu ambos em suas asas o que fez Akiko sentir um calor reconfortante para dizer o mínimo e pôr fim a mulher falou: “É hora de irmos, então segure-se firme em mim garotinha a viajem é um pouco longa.”
Pequeno teatro – Dia chuvoso.
Era mais um dos muitos dias de chuva desde que Leo acordou e mais uma vez ele estava na varanda assistindo a chuva.
Akiko: Leo, por que sempre que chove você fica aí?
Leo: Eu beijei meu namorado pela primeira vez em um dia chuvoso, me lembra ele.
Fim.
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Notas do autor: Primeiramente desculpem a postagem do capítulo tarde da noite e ah claro caso queiram saber, nagas são seres metade serpente e metade pessoa, deem uma olhada sobre é bem legal!
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