Entre Espadas - Capítulo 10
Após tomar uma boa distância de onde havia enfrentado o oni em um combate um tanto quanto rápido, o garoto finalmente deixou de lado a postura presunçosa a qual tinha tomado anteriormente e se apoiou em suas próprias pernas mais ao canto da estrada que estava o levando de volta para o pequeno templo, e para sí mesmo garoto riu de nervoso pela situação interior e suspirando o garoto conversou sozinho para se acalmar — ok, ok aquele cara era um oni…e eu enfiei uma katana no peito dele…e ele era do exército…eu to fudido, como eu explico isso pro Leonardo?…
O garoto se acalmou aos poucos enquanto repassava os acontecimentos para si mesmo como uma maneira de se manter calmo, mesmo tendo ciência que suas ações provavelmente resultaria em problemas uma hora ou outra, com isto em mente o garoto logo voltou a fazer o caminho para o templo de maneira mais calma, mas continuando com um peso em seus ombros enquanto pensava sobre o que poderia acontecer devido aquilo, muitos de seus pensamentos envolvia o mesmo ser considerado algum tipo de inimigo do País por ter atacado uma pessoa que aparentemente tem um cargo de peso no exército, mais em contra partido a isso o garoto também pensava se poderia alegar que agiu em legítima defesa, mas logo esta ideia se dissipou afinal, provavelmente nesta época não deve haver algo como o conceito de agir em legítima defesa, principalmente contra um militar.
A medida que estes pensamentos passavam por sua cabeça, ele acabou por se distrair com o caminho mas não chegara a sair realmente da direção correta pois em um momento estes pensamentos se dissiparam quando sentiu uma gota de água cair entre seus olhos o fazendo o piscar rapidamente um pouco agoniado pois a água respingou em seus olhos e devido a isto ele parou de andar e após limpar os olhos com as mangas de sua vestimenta e após isto olhou para o céu notando que o clima quente e ensolarado que estava durante toda a manhã agora já pelo início da tarde foi tomado por nuvens de chuva aparentemente bem carregadas — Oh, parece que vai chover, parece que não poderemos sair pela tarde então. — após avaliar esta situação imprevista, aparentemente a chuva aos poucos começava a se formar mais o garoto não acelerou seus passos em nenhum momento somente andou se deixando ser molhado pela chuva que cada vez mais se intensificava, mas não como uma tempestade que enunciaria infortúnios, mas como uma leve garoa com uma brisa calma e persistente de vento, que parecia limpar tudo o que por algum momento bagunçava os pensamentos de Ryo.
E de uma maneira quase natural, aos poucos aquele clima mexia com seus sentimentos, fazendo com que Ryo se lembrasse de um tempo em que tudo era mais calmo, uma época qual ele sabia que não iria retornar, mas, ao mesmo tempo, parecia estar tão perto que ele poderia tocar como se tocasse uma cortina de vento a sua frente. Neste período o garoto ainda estava no auge de seus dezesseis anos, diferentemente de agora, o garoto tinha cabelos curtos e bagunçados, e neste dia em específico o qual ele lembrou o clima era idêntico ao deste momento. Uma chuva calma e a sensação de paz confortando seu ser, trazendo memórias jamais apagadas pelo cheiro da chuva ao cair.
Nas lembranças de Ryo ele estava em uma casa de praia que seus pais possuíam em uma cidade no litoral, a qual já não se lembrava mais do nome, ele havia ido para lá juntamente a seus pais, sua irmã e Leonardo que neste tempo era mais baixo tendo praticamente a mesma altura do jovem Ryo mais ainda com o mesmo corte de cabelo para passar as férias do ano letivo do garoto pois segundo seus pais, ir para o litoral fazia as pessoas esquecerem de seus problemas por um tempo, naquele dia seus pais haviam saído com sua irmã para visitar um amigo da família que segundo eles moravam em uma cidade próxima, deixando ele e Leonardo sozinhos naquela casa, os dois estavam sentados perto da bancada que dividia a sala de jantar da cozinha jogando um jogo de cartas o qual compraram na viagem de ida para a cidade.
— Ryo, certeza de que seus pais não se incomodaram de você ter me trazido junto para cá? — O garoto dizia deixando de lado as cartas e se deitando com a cabeça na bancada, mantendo seus olhos fixos em Ryo.
— Por que eles ficariam incomodados Leo? Você é meu melhor amigo e eles sabem disso. — O garoto disse rindo achando a pergunta do garoto boba, o mesmo também largou as cartas que estavam em sua mão na bancada e estendeu uma de suas mão para acariciar o cabelo do outro. — Não se preocupe com isso, ok? Meus pais gostam muito de você e eles sabiam que eu não entregaria meu celular para eles se você não viesse.
O toque de Ryo nos cabelos de Leonardo o fizeram ficar vermelho por um instante, mas ele não afastou a mão do outro somente sorriu para ele antes de voltar a falar — Certo, se você diz eu irei acreditar, mas… eu to cansado de jogar cartas, vamos fazer outra coisa.
Pensando um pouco sobre o que ele havia acabado de falar, Ryo pareceu pensar em algo e logo afastou a mão dos cabelos do outro e se levantou indo para o outro lado da bancada onde ficava a cozinha — Bem, podemos cozinhar juntos o que acha? é mais divertido do que aparenta eu prometo. — Ele falava um tanto animado enquanto propunha esta atividade para os dois realizarem o que na visão de Leonardo era fofo.
— Hmm, não me parece algo que eu chamaria de divertido, mas já que é com você talvez não seja tão entediante, eu só tenho duas condições ok? — O garoto disse se levantando da cadeira e indo para o outro lado da bancada se juntando a ele.
— Você sempre vem com essa, sabia? Mas tudo bem, quais são suas condições, meu querido amigo? — O garoto disse de maneira relaxada afinal, ele já estava acostumado com o jeito que Leonardo agia em questão a atividades a qual normalmente ele não estaria disposto a realizar
— Primeiro, vamos preparar algum doce típico do meu país e minha segunda condição é que depois de fazermos vamos para a área com vista pro mar para comermos juntos. — O garoto disse com um sorriso que ia de uma ponta a outra em seu rosto como se no fundo de sua mente planejasse algo a partir disto mais isto era algo que Ryo não conseguiu perceber.
— Por mim tudo bem, a parte que dá vista para o mar é tampada então vamos nos molhar pouco, só o prazo de caminharmos para lá, eu aceito suas condições então o que vamos fazer? — O garoto diz se aproximando mais de Leonardo um tanto curioso.
— Vamos fazer bolinho de chuva! — O garoto diz animado, indo até a geladeira para ver se possuíam tudo o que ele precisaria para preparar ali e aos poucos ele pegava na geladeira os ingredientes que usariam, dois ovos, leite e canela estavam na geladeira e ele os colocou na bancada e então se virou para Ryo.
— Toyo, poderia pegar açúcar, fermento em pó e olho por gentileza? — O garoto disse animado e Ryo ficou um pouco surpreso com o garoto o chamando por um apelido com seu sobrenome, era a primeira vez que faria isto, mas ele não deu muita importância para isto e somente fez o que Leonardo havia pedido e colocou tudo em cima da bancada.
— É só isso que precisa?…Como vamos preparar isso mesmo? já que precisa de olho imagino que vamos comer algo frito certo? Mas não é perigoso mexer com óleo assim ? — Ele parecia um tanto curioso de como seria esse doce o qual Leo estava separando os ingredientes para preparar, e estava prestes a fazer mais perguntas quando Leonardo começou a falar.
— Você é sempre tão inteligente Ryo, ele é frito sim, nós vamos seguir a receita que aprendi com minha mãe então é quase improvável que não fique bom, vem eu vou te ensinar como se faz.— O garoto disse pegando uma tigela grande de vidro e colocando-a em cima da bancada. — Primeiro, você coloca os dois ovos dentro da vasilha junto com o leite e bata aos poucos com o batedor de clara. — Enquanto observava Ryo quebrar os ovos e colocar o leite, Leo se prontificou a pegar o batedor de clara que estava pendurado perto da pia e entregou ele para Ryo.
— Assim? — O garoto perguntou seguindo as instruções que eram dadas, e enquanto se concentrava em deixar bem misturado o garoto se arrepiou quando sentiu a mão de Leonardo sobre a sua — Pode bater um pouco mais rápido, assim está vendo? — dizia guiando a mão dele por um tempo, mas logo a soltou.
— Quando estiver homogênea, eu vou começar a colocar o fermento aos poucos, mas você não pode parar de bater e também tome cuidado para não mexer rápido demais ok? — Ryo não respondeu à pergunta, apenas concordou com um aceno de cabeça, parecia concentrado na tarefa que lhe foi dado.
Quando a massa por fim já estava quase no ponto, o garoto por fim começou a adicionar o fermento aos poucos quando ouviu a voz de Ryo — Sabe, isso é meio engraçado — O garoto dizia com um sorriso no rosto enquanto continuava a misturar a massa — Engraçado? Por quê? — O que Ryo havia dito fez que Leonardo se distraísse na tarefa e olhasse para ele enquanto adicionava o que ele considerava ser devagar.
— Não sei, só é engraçado, faz parecer que somos um casal jovem no ápice do romance cozinhando juntos. — Ele riu enquanto falava sobre estes pensamentos que passavam por sua mente e por fim completou sem notar que devido o que ele havia dito, o rosto de Leonardo havia ficado mais rosado “Acho que ando lendo muitas novelas recentemente para dizer essas coisas, desculpa se ficou estranho.”
— N-não foi estranho… quer dizer, eu não vejo problema algum em parecermos um casal. — Enquanto respondia os comentários de Ryo, ele se viu tendo que desviar os olhos dos dele e focou sua visão na vasilha querendo esconder a vergonha pelo o que havia falado fingindo se focar no que estava fazendo, mas infelizmente para ele, o fermento já havia sido derramado por completo dentro do recipiente e sem que ele pudesse ver, o rosto de seu amigo havia ficado completamente avermelhado com o que ele havia dito e o mesmo havia parado de misturar a massa em consequência a isto e olhava diretamente para ele e tirando a mão do batedor que estava usando para misturar a massa ele estava lentamente levando a mão para ficar em contato com a mão de Leonardo mais antes que pudesse toca-lo o garoto se afastou da panela e por extinto Ryo afastou a mão também voltando a misturar a massa.
— Bem, acho que a massa logo deve estar boa então vou pôr o olho para ferver, pode começar a fazer bolinhas com a massa por favor Toyo? Ah e depois passa elas na açúcar e depois passa na canela… — Ele ia até o fogão colocando uma panela de ferro com o olho dentro dela para esquentar enquanto tentava mudar de assunto sobre o que havia acabado de falar, fazendo o até apagar a chama do fogão sem perceber algumas vezes e tendo que respirar fundo antes de se virar para ajudar para ajudar a enrolar os bolinhos de chuva.
Durante todo o tempo restante que os dois estavam gastando preparando os doces, eles permaneceram em um silêncio quase ensurdecedor, ambos estavam envergonhados pelo rumo que a conversa anterior havia tomado, então continuaram a cozinhar tentando evitar olhar diretamente um para o outro, o que acabou por fazer eles se esbarrarem um no outro algumas vezes, fazendo arrepios passar pelos corpos que se tocavam por uma fração mínima de segundos, até que finalmente todos os bolinhos ficaram prontos e eles os colocaram em um prato de vidro e somente depois disso Leonardo disse algo — Eu vou levar os doces para a área nos fundos, pega algo para bebermos enquanto isso por favor? — Ele pegou o prato com os doces e saiu apressadamente sem permitir que o outro tivesse tempo para respondê-lo.
Quando Leonardo já estava passando pela parte aberta da área foi então que Ryo por fim suspirou como se tivesse relaxado agora que estava sozinho e foi até a pia se apoiando ali antes de lavar seu rosto com a água fria, mas ele ainda estava totalmente vermelho, mais saber que o outro não havia notado isso o tranquilizava um pouco, para ele aquele clima que acabou por surgir era estranho, eles haviam passado a tarde toda fazendo aqueles doces e sem perceber haviam deixado um ao outro constrangidos, mas talvez aquilo não tenha sido tão ruim afinal das contas, Ryo tinha certeza ter ouvido claramente Leonardo dizer que não via problema em parecerem um casal e talvez somente talvez ele também estivesse sentindo aquele sentimento diferente que Ryo vinha sentindo a alguns meses em questão a ele.
Enquanto pensava sobre todas essas diversas possibilidades o garoto por fim levantou seu rosto e coincidentemente a visão do local onde estava, ia direto para a área dos fundos para onde Leonardo havia ido e por algum motivo lá estava ele parado na chuva, olhando diretamente para Ryo, e naquele momento por algum motivo uma voz no fundo da cabeça dele dizia para ele ir para onde Leonardo estava, mesmo que ainda não tivesse pegado o que havia sido encarregado de levar para eles, ali era como se não fosse ele controlando os próprios pés, quando se deu por si mesmo ele já estava saindo de dentro da casa às pressas, saindo pela porta de vidro a qual separava a casa da área o garoto foi para onde o outro estava permanecendo os dois ali com a chuva deixando os cada vez mais encharcados, mas estranhamente não era algo ruim, a chuva por sua vez não era agressiva muito pelo contrário ela parecia cair à medida que o coração dos dois batiam em um ritmo constante e simultâneo como se todo aquele clima estivesse transparecendo o que ambos possuíam em seus corações e por fim Leonardo estava prestes a falar.
— E-eu…— Mas antes que pudesse concluir sua frase o garoto foi silenciado, não pelo som da chuva que caía sobre os telhados da casa, muito menos pelas ondas do mar agitado ao fundo de onde estavam, mais sim pelo doce gostos dos lábios de Ryo que se colocou contra os dele o deixando paralisado tempo o suficiente para entender o que aquele beijo significava e deixando de lado quaisquer palavras que estava preste a falar o garoto passou suas mãos pela cintura do outro sentido o toque de suas mãos sobre o garoto o puxando para mais perto, o fazendo se afundar nos lábios dele de maneira em que palavras não eram necessárias para ambos entenderem os sentimentos que ambos tinham naquele momento.
E então com a sensação daquele beijo o gosto doce que parecia ainda permanecer em seus lábios até os dias atuais, as memórias daquele dia se dispersaram juntamente com a chuva que começava a se dispersam quando Ryo por fim chegou à entrada do templo, mais o mesmo já estava totalmente encharcado não somente pela chuva, mais pelas memorias do que para ele foi o dia mais importante em suas duas vidas, o dia em que soube a quem seu coração pertencia.
Por fim, ele adentrou ao templo depois de um longo dia de caminhada pela manhã e coincidentemente assim que adentrou ao local, se viu cara a cara com Leonardo que o esperava com uma toalha em seus ombros e disse se aproximando dele colocando a toalha em sua cabeça — Idiota, você está completamente encharcado, já se esqueceu que acabou de acordar depois de dois meses adoecido? — Havia um tom de preocupação em sua voz, mesmo disfarçadamente com uma atitude grosseira e o mesmo continuou a secar o cabelo e o rosto de Ryo enquanto o dava uma bronca merecida.
Quando de repente sua bronca foi interrompida por Ryo — Eu, só senti vontade de saber se por aqui haveria algo parecido com bolinho de chuva, mas foi um pensamento bobo, obviamente não teria algo assim neste lugar… — Aquele comentário fez Leonardo parar por alguns segundos, como se por um momento houvesse se lembrado de algo, e por fim diferentemente de seu tom grosso de momentos antes, ele disse calmamente com certo carinho em sua voz — Eu…eu posso fazer um pouco para você quando tivermos tempo, mais primeiro, termine de se secar para seguirmos viagem… — O garoto disse se afastando indo para o cômodo ao lado, para dar ao outro privacidade.
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