BRASÃO DE PRATA - Página 5
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Capítulo 5: Homem de Fora
Os Vikings de Reiwa atracaram o enorme navio de madeira depois de arrastarem ele até a orla da praia. A chegada trouxe um lampejo de ferocidade ao destino, era uma bela cena, com aquele grande navio cortando a areia fina. A píton de madeira na proa insistia em chamar a atenção. Quem pudesse assistir esse navio chegando, se assustaria; os vikings chegaram para destruir nossa vila, saquear nossos tesouros e levar nossas mulheres — é o que muitos pensariam. Embora os Vikings de Reiwa fossem um pouco diferentes, sempre estavam atrás de ouro, comida e álcool. Esqueça as mulheres e as crianças, não rendia muita prata para vendê-las como escravas, foi o que Sephalla Krahl determinou.
O Lendário Viking de Reiwa marchou duro até o convés e encarou a Ilha de Reiwa com um olhar absorto em tristeza.
Era aqui que ele se despedia do mar.
A Ilha de Reiwa era belíssima, e a vegetação surpreendente. A areia da praia branca e fina, com conchas e rochas pairando perto da linha tênue, composta por água transparente; podia-se até mesmo observar os corais coloridos e peixes nadando no fundo do mar.
As árvores eram tão altas que poderiam alcançar o céu onde o deus da Península Ibérica morava.
A vegetação da ilha era tão densa e vasta que olhos humanos não conseguiriam encontrar a civilização. Os Vikings de Reiwa habitavam no meio da floresta, pois era lugar onde possuía muitas nascentes de água doce e cachoeiras gigantescas com muitos peixes para o abate.
Os Vikings de Reiwa pularam do navio com grandes sacos marrons nas costas. Alguns sacos estavam danificados e várias peças de ouro caíram no meio do processo, colidindo com areia quente, fazendo os raios solares refletirem no dourado mórbido que insistia em chamar a atenção. O comandante Leonard, sorrateiramente, se aproximou do Lendário Viking de Reiwa que assistia aquilo absorto, atraindo atenção dele para si, pois ele carregava algo em êxtase, um berrante.
— Estou ansioso para ver a sua mãe! — disse ele
O Lendário Viking de Reiwa fechou a mão em um punho pesado e, com velocidade, ergueu ela em direção ao homem que se desviou do golpe como um raio, pulando do navio com um chifre de boi nas mãos.
— Um senhor de idade como você não deveria estar fazendo este esforço. — Lhe avisaram.
— Toca o berrante — Vociferou de volta, lançando o chifre de boi para ele. — Avise para a nossa família que chegamos!
O Lendário Viking de Reiwa agarrou o chifre de boi com precisão e agilidade surpreendente. Ele colocou o instrumento nos lábios e encheu os pulmões de ar. No mesmo instante, um som abalou o céu. Os Vikings de Reiwa se ajoelharam em respeito a ele, que soprou o berrante três vezes, querendo se comunicar com o povo da Ilha de Reiwa.
Ele ergueu uma das pernas estonteantes e a colocou sobre o casco do navio. Sua postura demonstrava força, e os seus ombros largos e peitoral robusto só comprovavam isso. As madeixas se agitavam com a brisa suave da Ilha de Reiwa. A pele dele estava bronzeada por ter navegado por tanto tempo sob o sol escaldante e ele parecia ter crescido mais alguns centímetros de altura.
O Lendário Viking de Reiwa tinha um porte exuberante, altivo e selvagem. Um homem alto, de corpo atlético e fenomenal. Era meio-dia, e as vestimentas eram finas, de cores leves. Essas eram roupas simples, que ele teria que removê-las assim que chegasse em sua toca pessoal, pois o quarto possuía uma vestimenta oficial que exalava poder.
A orla da Ilha de Reiwa, em um piscar de olhos, se enchera de crianças. Pareciam formigas saindo de um formigueiro, um pandemônio. Eram tantas crianças brandindo espadas nas mãos que o homem sentiu a cabeça doer.
— Lendário Viking de Reiwa! — Vociferavam as crianças em uníssono, enquanto erguiam suas espadas feitas de madeira para cima.
— Eu? — Ele deu um sorriso nervoso.
As crianças começam a balbuciar várias coisas ao mesmo tempo.
— O que você trouxe para nós?!
— Queremos ouro!
— Onde está o Bellamy?
— Na próxima viagem, deixe a gente te acompanhar!
O Lendário Viking de Reiwa pegou impulso e jogou seu corpo para frente, pousando na areia com cuidado. Ele gostava de crianças, mas naquele momento específico, disse tentando enganá-las:
— Não fiz muitas paradas pela viagem, sem doce e sem brinquedos desta vez.
As crianças ficaram decepcionadas e abaixaram as suas cabeças tristemente.
— Pare de mentir — A voz de Tilf apareceu chamando a atenção das crianças. — Trouxemos muitas coisas para todos vocês.
— Lendário Viking de Reiwa! — Vociferavam as crianças em um coral decepcionante, elas estando indignadas com o homem, e ele dando de ombros e sorrindo vigorosamente por ser pego em sua própria mentira.
As crianças se sentiram tão enganadas que encheram as suas bochechas com ar e mostraram a língua para ele e, claramente temendo-o logo em seguida, elas saíram correndo. Flony e Aske pularam do Navio Primordial e ficaram do lado dele, que estava observando os Vikings de Reiwa se encontrarem com suas famílias que foram aparecendo aos poucos na praia.
— Por que Gruditi não apareceu ainda? — Aske estreitou o olhar. — Ela sempre vem nos ver.
O Lendário Viking de Reiwa também estava estranhando isso. — Não houve um único dia em que ela não veio nos receber de viagem…
— O que vocês estão dizendo?! — Flony cruzou os braços e franziu os lábios. — Gruditi também tem coisa para fazer.
Aske rapidamente concordou com isso, mas como concordar com Flony podia ser considerado um crime, o Lendário Viking de Reiwa e ele ficam em silêncio absoluto!
O Lendário Viking de Reiwa resolveu fugir quando viu vários grupos de vikings vindo em sua direção para prestar homenagens e agradecimentos. Ele pulou para dentro do navio novamente e procurou por Tilf, que estava sentada na cabine do pequeno Bellamy, enquanto permanecia em silêncio quando notou a aproximação do irmão.
— Como ele está? — Perguntou ele, cruzando os braços com preguiça enquanto se escorava no batente da porta da cabine.
O olhar de Tilf estava tranquilo, mas a sua voz um pouco rouca. — Ele acordou e conversou um pouco comigo. Bell disse que está com vontade de comer bolo de framboesa com cobertura doce.
— Pedirei para Villan fazer.
Tilf se levantou da cadeira e se aproximou dele, apertando levemente seus ombros e dizendo:
— Eu pedirei isso para Villan. Eu sei que você está preocupado com Bellamy também, mas você sendo o Lendário Viking de Reiwa não encontra tempo para ficar com ele. Então… aproveite o tempo que resta.
A morte era algo que um viking não temia. Às vezes, a morte era até desejada, pois assim, o viking falecido iria para a sala dos mortos, também chamada de Valhalla — um palácio cheio de guerreiros escolhidos por Odin. Odin era considerado o deus da sabedoria, da magia, e protetor dos mortos em batalha. Os Vikings de Reiwa acreditavam fielmente nele e, que ao morrerem, iriam habitar Valhalla. Esta crença era muito cultivada por eles, mas Thorfill não queria que o seu irmão partisse para a Sala dos Mortos agora.
Nem mesmo Odin queria que Bellamy partisse para Valhalla, aquele praga! Odin nunca mais teria paz! Ele saiu correndo em busca de ajuda, dizendo que, definitivamente, Bellamy não poderia morrer. Zeus suspirou, dizendo que iria ajudá-lo com isso.
Bellamy tinha apenas sete anos, e desde que nascera não teve uma figura paterna ao seu lado, motivo esse dele ser tão apegado aos irmãos. Ele era uma criança agitada, porém sempre ficava doente e acamado. Thorfill e Tilf, por serem os irmãos mais velhos, sempre foram cuidadosos e pacientes com os seus irmãos mais novos.
Era de extrema angústia pensar em perder um dos irmãos.
— O Lendário Viking de Reiwa irá conseguir lidar com isso. — disse Tilf, chamando atenção.
O peito dele se encheu de fúria com essa frase.
— O Lendário Viking de Reiwa é tão sem coração ao ponto de lidar levianamente com a morte de alguém? Quando vocês vão entender que eu também sou humano?
Tilf suspirou pesadamente, compreendendo suas palavras deploráveis.
— Tem razão, sinto muito pelo o que eu disse.
Ele rapidamente se arrependeu do que havia dito.
— Não, está tudo bem. Eu irei levar Bellamy para meditar nas montanhas, para ver se a condição dele melhora.
— Levar quem para as montanhas?! — Um rosnado infantil perguntou bravamente e depois gritou: — Não irei! A vovó me obriga a comer arroz glutinoso lá!
O Lendário Viking de Reiwa franziu os lábios.
Bellamy ressuscitou e se levantou da cama rapidamente, vociferando:
— Não irei!
O outro só sorriu, sabendo que isso poderia acontecer.
— Oh, você estava acordado?
— Como poderia estar dormindo com vocês conversando sobre o meu funeral?! — O garoto riu. — Após a minha morte, queime o meu corpo e jogue as cinzas na Colina do Imperador. É meu lugar favorito!
— Lá não! — Tilf foi contra a ideia. — Lá o clima é muito quente! E eu não gosto de clima quente, então seria difícil eu te visitar.
— Por Odin — Bellamy colocou a mão na testa. — Quem visita cinzas?!
O garoto não quis saber a resposta e mudou de assunto. — Estamos em casa, né? Devo proteger a mamãe e impedir Leonard de chegar perto dela! Este homem quer juntar a família dele com a nossa! Isso é um absurdo!
O Lendário Viking de Reiwa suspirou pesadamente em silêncio ao saber que nem mesmo a morte afetava o seu caçula.
— Vamos — disse, querendo mudar o rumo da conversa. — Vamos para Sukaipia.
Sukaipia era o nome da principal cidade da Ilha de Reiwa e era onde o Lendário Viking de Reiwa residia.
Ele deixou seu amado navio para trás e foi para Sukaipia acompanhado de sua família. Lá, eles foram recebido na entrada da cidade por diversas pessoas sorridentes, que o receberam com uma comemoração. Havia um incrível cheiro de comida e vinho de framboesa na cidade. O espírito alcoólico dele despertou!
As pessoas se encontraram com os seus parentes, que estavam viajando com o líder e os abraçaram afetivamente — bom, não tão afetivamente. Vikings eram um pouco agressivos, apertaram seus parentes até os ossos estalarem e produzirem uma melodia agradável, “crack”, “crack”, “crack”. Ele arrepiou da cabeça aos pés. Com Bellamy ao seu lado, ele sentiu vários olhares neles e percebeu que as crianças da cidade queriam se aproximar, mas estavam com medo, então o Lendário Viking de Reiwa afastou-se de seu caçula.
— Bell! — Vociferavam as crianças, correndo na direção de Bellamy assim que o Lendário Viking de Reiwa se afastou.
— Você chegou! Vamos caçar alguns peixes! — disse uma criança, estando empolgada.
— Ah, não — Bellamy negou com a cabeça. — Estou doente, não posso correr.
Ele olhou disfarçadamente para o distante irmão, vendo que ele estava recebendo uma coroa de flores dos Vikings de Reiwa e não estava prestando atenção nele. Bellamy sussurrou para as crianças:
— Vamos capturar uns peixes gigantes!
— E comer! — Uma criança gritou.
— Não, não! — Bellamy fez um sinal de silêncio para a criança. — Askeladd, nós não vamos comê-los. Vamos captura-los e depois soltar.
— Para que afligir tal sofrimento? — Uma garota bateu o pé, demonstrando irritação. — Vamos nadar na cachoeira!
— Bom, eu concordo com você, Hafinna. — disse Bellamy.
As crianças andaram lentamente para evitar suspeitas e sumiram junto com Bellamy em um piscar de olhos.
Os Vikings de Reiwa estavam colocando coroas de flores coloridas em todos que haviam chegado de viagem junto com o Lendário Viking de Reiwa. Ele recebeu uma coroa de flores vermelhas que, se destacando em seu cabelo volumoso, deixou seu rosto bastante gentil e amável.
— Pegue vinte barris de vinho! — Vociferou uma Viking de Reiwa. — Vocês trouxeram toneladas de ouro! Devemos comemorar!
O Lendário Viking de Reiwa foi recebido com um chifre de boi cheio de vinho e ele deu algumas goladas antes de perguntar:
— Vocês viram a Gruditi?
— Gruditi está ocupada — Um Viking de Reiwa bebericou seu vinho. — Ela está com um convidado de fora.
— Oh, é mesmo! — disse uma Viking de Reiwa. — Chegou um homem incrivelmente bonito na ilha, carregando um arco e uma aljava nas costas. Ele usava uma armadura prateada adornada de acessórios brilhantes e botas pretas de cano alto. Até tentamos saquear ele!
— Ele está hospedado em uma tenda afastada da cidade — disse outra Viking de Reiwa. — Aconteceu um acidente com ele recentemente, e a sua mãe está ajudando-o.
O Lendário Viking de Reiwa franziu os lábios e as sobrancelhas. Ele não estava informado que um homem de fora estava em sua ilha. Mas ele teve um vislumbre de concepção e finalmente se lembrou do General Guts!
— O homem é tão incrivelmente belo que as mulheres da cidade Báltica não aguentaram e foram espiar o marechal tomar banho — A viking continuou a dizer. — Este homem é incrivelmente espetacular, mas se enfureceu com as mulheres o espiando. As mulheres partiram para cima dele… e aconteceu uma briga.
— Claro que ele ficou furioso! — exclamou um Viking de Reiwa, estando indignado. — As mulheres da cidade Báltica são malucas e feias, até mesmo eu ficaria enfurecido com elas me observando.
Tilf se aproximou do Lendário Viking de Reiwa e sussurrou:
— Este homem poderia ser o General Guts?
O Lendário Viking de Reiwa não afirmou e nem discordou, ele apenas perguntou:
— Em que tenda este homem está?
Os Vikings de Reiwa estranharam a pergunta, mas uma mulher respondeu rapidamente:
— Na tenda antiga de Enon. Era a única moradia sem ninguém e o homem de fora é muito silencioso e quieto, então preferimos isolá-lo por isso e por ser um estrangeiro. No começo, queríamos matá-lo, mas a sua mãe não deixou.
— Ele parece ser um homem misantropo! — O semblante do viking que havia dito isso estava carregado de nojo.
— Não se pode nem mais ser introvertido?! — perguntou alguém, havia indignação em seu tom de voz.
Este era Aske, que havia acabado de chegar com Feup ao seu lado.
— Flony, que bom vê-lo! — Alguns Vikings de Reiwa se alegraram com a chegada do companheiro.
Uma gargalhada estrondosa foi escutada por todos. Ao lado, Feup começou a rir sem pudor, segurando sua barriga.
— Malditos! — vociferou Aske, furiosamente. — Pare de rir, seu idiota!
— Gritando assim com Feup… este só pode ser o Aske. — Sussurrou um viking, fazendo todos concordarem.
O Lendário Viking de Reiwa deu alguns passos para trás, chamando a atenção dos vikings para si.
— Lendário, onde você está indo?!
— Ele irá se encontrar com o homem de fora. — À eles, Tilf respondeu e sorriu levemente.
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Sem revisão
Publicado por:
- Bllau
- “Escritora amadora de C-Novels, escrevendo histórias para satisfazer-se, em uma busca incessante para fugir da realidade medíocre em que, infelizmente, vive lamentavelmente…”
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