Antes de me acusar, me beija - Capítulo 17: Detalhes desnecessários
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- Capítulo 17: Detalhes desnecessários - REVISADO
Os meses foram passando sem que eu nem me desse conta. Minha amizade com Troy se aprofundava cada vez mais, o que enchia meu marido de ciúmes. Era fofo ver ele disputando minha atenção. Eu também estava indo bem na faculdade com a ajuda deles e até havia feito novos amigos. Por mais incrível que pareça, recebi inclusive, algumas mensagens dos meus pais durante esse tempo. Talvez por tudo estar indo bem demais na minha vida em todos os aspectos, comecei a me importar com detalhes desnecessários.
Phew (Suspiro)
O relógio na tela do celular indicava 2h47min e eu ainda não tinha conseguido dormir. Desde que me casei, meu marido nunca havia finalizado na minha entrada feminina, o que começou a me incomodar com o passar do tempo. Afinal, ele tinha se casado comigo apenas para ter herdeiros e mesmo com a faculdade, era possível fazer uma pausa e retomar a qualquer momento no futuro. A prioridade deveria ser o plano inicial.
— Af, eu não deveria estar pensando nisso agora! — Pensei em voz alta.
— Pensar em quê? Aconteceu alguma coisa? — Perguntou meu marido, um pouco sonolento.
— A festa à fantasia vai ser amanhã e eu estou empolgado. Só isso. — Disfarcei.
Me senti mal por acordá-lo. O coitado vinha sofrendo muito com os efeitos do jet lag desde que as demandas de suas viagens internacionais aumentaram, apenas para me fazer companhia.
— Vem, vou te ajudar a dormir.
Fui pego pela cintura e arrastado para debaixo dos lençois com ferocidade.
— Que?!
“Acho que estou me preocupando atoa…”
Cheguei na faculdade atrasado e desesperado, pois o professor daquele tempo era super estrito e costumava fazer a chamada logo ao entrar na sala.
“Essa, não! ”
— {…}do Chaz? — Alguém comentou.
Um grupo de pessoas comentando sobre o garoto que me aborrecia no internato, chamou a minha atenção.
— Tô falando! No primeiro dia de aula! — Cochichou, um deles.
— Bem feito! Ele se achava demais. — Resmungou, uma menina baixinha.
— Real. Um rosto bonito com um cérebro de passarinho… quanto desperdício! — Complementou a outra.
Não resisti e me aproximei querendo saber mais.
— Olá, o Chaz foi meu colega de classe no internato, vocês poderiam me dizer o que aconteceu com ele?
— Ele foi pego tentando vender drogas para um parente do reitor e foi expulso.
— Drogas?!
— Pois é, fiquei sabendo que depois disso, a família dele gastou quase toda a fortuna com advogado e fiança e tiveram que se mudar pro interior. — Comentou um deles após analisar se havia mais alguém ao redor.
Espanto estampou meu rosto. Nunca tinha me atentado às notícias e apenas naquele momento compreendia o porquê de eu não o ter visto mais desde aquela ameaça subliminar no ato da matrícula.
“Mesmo que ele tenha me feito mal no passado, de alguma forma, eu ainda me sinto mal pela família dele.”
— A aula! — Gritei ao lembrar que havia me distraído demais e saí em disparada após uma breve reverência em agradecimento.
No horário do intervalo, fui tirar um cochilo na biblioteca.
— Insônia de novo? — Perguntou Troy, ao se sentar ao meu lado.
— Hum! — Afirmei com os olhos fechados.
— E você não pretende me contar o porquê? Achei que tivéssemos ficado próximos o suficiente.
— Não é fácil falar sobre certas coisas. Todos temos algo que não queremos compartilhar…
A única pessoa além da minha família que sabia sobre eu ser hermafrodita, era a Trin. E eu nem sequer imaginava compartilhar aquilo com mais alguém.
— Sim… Todos nós temos segredos…
Naquele momento abri os olhos ao notar seu tom diferente e reparei que sua expressão tinha ficado sombria, fazendo meu coração pesar. Abri minha boca para falar, mas sem saber o que dizer, me calei.
Quando ele agiu naturalmente ao descobrir que eu era casado com outro homem, fiquei grato e aliviado. Mas, aquilo era algo íntimo demais.
“Como eu poderia comentar que tenho perdido noites de sono pensando no porquê do meu marido não me preencher plenamente?! Impossível! ”
— Sabe, quando você estiver disposto, sou todo ouvidos. Sempre estarei aqui para te abraçar… ou te salvar, ó, nobre donzela.
Ignorei seu sarcasmo e respondi com um sorriso triste.
— Obrigado. Você é um ótimo amigo.
A expressão dele parecia um tanto diferente do costume, porém não conseguia identificar o quê.
— Hum… descansa. Ainda temos uns minutos até o próximo tempo.
— Tudo bem. — Respondi fechando meus olhos novamente.
Quando a noite chegou, Troy veio me buscar. Ambos vestimos fantasias de deuses gregos. Mas, enquanto a minha era simples e recatada, a dele era escandalosamente sensual. Nós dois tínhamos estaturas parecidas e éramos magros. Entretanto, diferentemente de mim, seus músculos vinham ficando cada vez mais definidos e evidentes. Era quase como uma versão negra do Tom Holland, o que fazia aquele traje lhe cair muito bem.
— Fiu-fiu… Troy, tá querendo impressionar alguém?
— Sem dúvidas! Eu apoio muito esse casal. Um tal de eu e você. — Piscou, sorridente.
— Troy, você é impossível! — Falei rindo.
— Eu sou irresistível! — Constatou enquanto fazia uma pose sexy.
Rimos juntos. Eu já havia me acostumado completamente com suas piadas bobas.
— Você está ainda mais sarado ou é impressão minha?
— Você notou?! Intensifiquei meu treino de novo e adicionei mais alguns suplementos na dieta. Quero ficar ainda mais encorpado. — Comentou exibindo orgulhosamente o seu bíceps.
— Não é justo… você está me fazendo parecer o Hercules desnutrido…
— De onde tirou isso? Pra mim, você é todo perfeito. — Sorriu com sinceridade.
Ainda bem que o Dario só chegaria mais tarde ou então, certamente ele teria um daqueles ataques de ciúmes bobo e não me deixaria sair da cama até ter esvaziado todo o seu estoque de fluidos corporais.
— Vamos? — Me convidou se curvando grandemente.
— Um deus nunca se curva para ninguém, bocó!
— Você é uma exceção. — Afirmou piscando para mim de novo.
— Idiota! — Exclamei irritado, seguindo em direção ao carro.
— Você fica uma gracinha quando xinga.
Ignorei e com isso, fomos curtir a nossa primeira festa dos universitários.
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