A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU - Capítulo 20: História
As duas pessoas agachadas imediatamente começaram um jogo de pedra-papel-tesoura.
Claro, nem todos os jovens ricos de segunda geração são tolos.
O que estava mais à borda permaneceu calmo.
Em vez de comprar os pãezinhos por duzentos cada das mãos de Lu Ran, ele foi ao supermercado próximo, gastou dois yuans e comprou dois pãezinhos com um pacote de picles.
Mas depois de rechear o pãozinho com os picles e dar uma mordida, ele parou por dois segundos.
Ele olhou para o pãozinho em sua mão, depois para Lu Ran, que ainda mastigava o seu, e virou-se para perguntar a Chen Sheng, que estava ao lado dele.
“Por que… parece que o meu não é tão bom quanto o dele?”
Chen Sheng olhou para ele e disse: “Você não entende nada. Esse pãozinho na mão dele custa cem cada.”
A senhora Shen observava a cena, incrédula.
Por um lado, achava inacreditável — desde quando Lu Ran ficou tão íntimo desses jovens ricos?
Ele os tinha completamente na palma da mão.
Por outro lado, sentia-se completamente envergonhada.
Vender coisas bem na frente do portão da família Shen? E vendendo algo tão simples quanto pãezinhos brancos?
Mas a senhora Shen ainda se lembrava de que estavam diante de outras pessoas, então imediatamente colou um sorriso gentil no rosto.
Ela se aproximou e fingiu entusiasmo, dizendo: “Por que todos estão parados aqui?”
Enquanto falava, fingiu ter acabado de notar Lu Ran deitado no chão e exclamou surpresa: “Oh, como você veio parar aqui? Entre logo, está tão frio lá fora.”
Sem esperar a resposta de Lu Ran, a senhora Shen deu um sorriso de desculpas aos outros e disse: “Não sei o que deu nele. Por favor, relevem.”
Por mais bem que ela atuasse, a pessoa deitada no chão não se importava nem um pouco.
Lu Ran cuidadosamente guardou sua sacola plástica e a olhou de soslaio, dizendo: “Birra? Não foi você quem me expulsou?”
A senhora Shen: “…”
Seu rosto ficou vermelho de raiva.
“Que bobagem é essa, garoto? Rápido, arrume suas coisas e entre,” apressou a senhora Shen.
“Não, obrigado,” disse Lu Ran, ainda esparramado no chão. “Estou bem aqui. O ar é mais fresco e tenho gente para conversar.”
Além disso, estou ganhando dinheiro.
“Se eu entrar, vai que eu acordo com minha bagagem jogada lá fora. Melhor nem arriscar, não acha?”
As pessoas ao redor ficaram todas boquiabertas com o que ouviam.
Não esperavam que a família Shen fosse capaz de abrir mão do orgulho assim, em meio a uma discussão.
Por mais educada que fosse, a senhora Shen estava prestes a perder a compostura com as palavras de Lu Ran.
“Você!” Ela já não conseguia mais manter o sorriso e, apontando para Lu Ran, disse: “Ótimo! Então fique aí para sempre!”
Com isso, ela voltou furiosa para a mansão.
Depois de voltar, ela se acalmou com um copo de água.
A senhora Shen começou a se arrepender.
Ela não deveria ter perdido a cabeça na frente dos outros. Se essa história se espalhasse, ela se tornaria o assunto do próximo encontro das esposas ricas.
A senhora Shen começou a se sentir inquieta novamente.
Pouco tempo depois, ouviu um barulho vindo das escadas.
Ela olhou para cima e viu Shen Xingran descendo, com cara de quem acabara de acordar.
Já estava bem tarde.
Lá fora, Lu Ran já tinha terminado o café da manhã.
Normalmente, ao ver Shen Xingran acordar a essa hora, a senhora Shen o provocaria com algumas palavras, chamando-o de “porquinho preguiçoso”.
Mas agora, seu humor estava estranhamente complicado.
Ela passara a noite em tensão por causa de Lu Ran e não dormira bem.
Havia acabado de pular o café da manhã para correr lá fora e “lutar sozinha” com Lu Ran.
Enquanto isso, Shen Xingran parecia ter dormido como um anjo.
Shen Xingran, de fato, estava de ótimo humor.
Ele finalmente conseguira expulsar Lu Ran e não se importava se ele estava deitado do lado de fora do portão ou não.
Se Lu Ran permanecesse do lado de fora sem poder entrar na casa da família Shen, melhor ainda.
Como de costume, ele se sentou à mesa de jantar.
Depois de algumas mordidas, ele notou o par de hashis intocado à sua frente e percebeu que algo estava errado.
“Mãe… por que você não está tomando café da manhã?” Shen Xingran perguntou cauteloso.
“Comer? Como eu teria apetite para comer?” disse a senhora Shen irritada, apontando para fora. “Olha, ele está muito bem lá fora, se divertindo!”
Shen Xingran ergueu o olhar e viu Chen Sheng e outros conversando alegremente com Lu Ran.
Ele congelou por um momento, sentindo-se um pouco desconfiado.
Desde quando Lu Ran se dava tão bem com essas pessoas?
Mas logo se tranquilizou.
Eram apenas alguns seguidores de Shen Xingzhuo, não pessoas de famílias influentes — nada com que se preocupar.
Mas as próximas palavras de sua mãe ainda o deixaram irritado.
“Ele está perfeitamente confortável lá fora! Eu até pedi para ele entrar, mas ele recusou.”
Shen Xingran parou de comer por um momento.
Ele então tentou consolá-la: “Mãe, não deixe que isso a afete e prejudique sua saúde.”
Durante toda a manhã, Lu Ran ficou parado bem no portão da família Shen, sem se mexer.
Quando Chen Sheng e os outros o convidaram para sair, Lu Ran recusou.
Acontece que hoje era fim de semana e Lu Ran não tinha aula no dia seguinte.
O trabalho que ele tinha para fazer podia ser concluído pelo celular.
Ele tinha todo o tempo do mundo para brincar de “esperar” com a família Shen.
A senhora Shen estava quase enlouquecendo.
Ela tinha programado um passeio com algumas pessoas à tarde, mas com Lu Ran estacionado bem na entrada, nem o carro conseguia sair.
A senhora Shen não teve escolha senão permanecer confinada dentro de casa.
Shen Xingran, por outro lado, estava ansioso para sair.
Ele queria muito passar por cima de Lu Ran, direto.
Também queria zombar dele, dizer que Lu Ran parecia um cachorro de rua, deitado na soleira, incapaz de entrar na casa.
Mas Shen Xingran sabia que não podia fazer isso.
Lu Ran não era do tipo que tolerava insultos.
Se ousasse dizer algo assim, Lu Ran não hesitaria em pressionar sua cabeça contra o chão, bem em frente ao portão da família Shen, esfregando-o no pavimento.
No fim da tarde, Shen Xingzhuo chegou em casa.
Ele pretendia dirigir direto para o pátio, mas à distância, viu alguém deitado no portão e quase teve um ataque do coração.
Quando saiu do carro e olhou de perto, percebeu que era Lu Ran.
“O que você está fazendo deitado aqui?” Shen Xingzhuo estava completamente confuso.
“Fui expulso de casa, não percebeu?” Lu Ran olhou para ele e continuou mexendo no celular.
Shen Xingzhuo ficou surpreso.
Ele não estava em casa há alguns dias, não porque não tivesse tempo, mas porque era complicado encarar Shen Xingran e Lu Ran ao mesmo tempo.
Shen Xingzhuo ainda não estava preparado para lidar com isso.
Mas ele não esperava que em apenas alguns dias Lu Ran tivesse sido expulso.
“Então você está apenas deitado aqui?”
Shen Xingzhuo não conseguiu conter uma risada.
Ele conhecia bem a personalidade da senhora Shen e tinha certeza de que, a essa altura, ela estava furiosa com Lu Ran, mas sem meios de lidar com ele.
Lu Ran, ainda concentrado no celular, ignorou-o.
Da Huang estava encolhido silenciosamente no canto do saco de dormir.
Shen Xingzhuo estendeu a mão para acariciar o cachorro.
Lu Ran lançou-lhe um olhar cortante.
Ele não disse nada, mas o aviso e a recusa em seus olhos eram inconfundíveis.
Shen Xingzhuo hesitou e então retirou a mão.
“Você vai ficar aí? E se chover?” perguntou Shen Xingzhuo.
“Tenho uma barraca.” Lu Ran deu um tapinha na mala.
Shen Xingzhuo ficou em silêncio.
Será que a senhora Shen sabia que Lu Ran estava tão bem preparado?
Ele olhou em direção à mansão.
Não conseguiu ver muita coisa.
Depois de hesitar por alguns segundos, Shen Xingzhuo perguntou: “Quer ficar lá em casa?”
Lu Ran ergueu o olhar do celular, dando um meio sorriso para Shen Xingzhuo e perguntando: “O Shen Xingran sabe que o irmão dele é tão gentil a ponto de me convidar?”
Naquele momento, Shen Xingzhuo sentiu o rosto arder.
Era como se aquela pergunta tivesse lhe dado um tapa.
Ele queria dizer, “Eu também sou seu irmão.”
Mas, por algum motivo, as palavras não saíram. E, mesmo que saíssem, pareciam fracas demais para carregar qualquer convicção.
Além disso, em algum lugar bem profundo… ele não conseguia evitar um sentimento de culpa, como se estivesse traindo Shen Xingran.
No final, Shen Xingzhuo apenas jogou uma frase ao vento: “Tudo bem, então não venha.”
Entrou no carro, abaixou o vidro e disse a Lu Ran: “Para de bloquear o caminho, preciso entrar com o carro.”
Fitando as rodas bem na sua frente, os olhos de Lu Ran se escureceram, mas ele não se mexeu nem um centímetro.
Ele se deitou no chão.
Cruzando as mãos sobre o abdômen, disse calmamente: “Sem problema, pode passar por cima de mim. Eu não me importo.”
Shen Xingzhuo: “…”
No final, ele entrou rapidamente em casa, mas nem teve coragem de atravessar o portão antes de praguejar e dar ré com o carro.
Shen Xingran e a senhora Shen notaram que Shen Xingzhuo estivera ali.
Shen Xingran estava à janela da sala, observando enquanto Shen Xingzhuo chegava, agachava-se, trocava algumas palavras com Lu Ran e depois ia embora.
A senhora Shen aproximou-se para observar.
Shen Xingran deu um tapinha no peito, aliviado, e disse: “Que susto! Ainda bem que meu irmão percebeu que havia alguém ali. Se ele tivesse simplesmente entrado com o carro…”
“Nem pensar!” A senhora Shen, imaginando a cena, também bateu no peito, assustada.
Shen Xingran olhou para a mãe, pensando que ela estava preocupada com Lu Ran.
Mas então ouviu a senhora Shen murmurar consigo mesma: “Se algo acontecesse bem na frente da nossa casa, que vergonha isso seria.”
Por um instante, Shen Xingran sentiu-se um pouco desconfortável.
Ele deveria ter se sentido satisfeito, mas, por alguma razão, não conseguia encontrar em si a alegria que esperava.
No meio da tarde, o sol ficou um pouco menos intenso.
As esposas ricas das casas vizinhas começaram a sair gradualmente.
Algumas andavam em duplas ou trios, outras saíam com suas bolsas, e outras levavam as crianças para passear.
Embora as vilas na área fossem bastante afastadas umas das outras, ainda havia algumas vias compartilhadas.
Logo, alguém passou pelo portão da família Shen.
Ao ver Lu Ran deitado sobre o saco de dormir, pararam, surpresos.
Uma senhora bondosa, vendo que ele era jovem e tinha uma mochila ao lado, junto com várias folhas de dever de casa espalhadas sobre o saco de dormir, não resistiu e se aproximou para fazer algumas perguntas.
“Com licença, você é estudante da Universidade Y aqui perto?”
Lu Ran sempre era educado com pessoas de boas intenções.
Ele ergueu os olhos do monte de dever de casa e assentiu obedientemente.
A mulher à sua frente sorriu calorosamente. “Eu também fui estudante da Universidade Y. Por que está aqui fora em vez de ir para casa?”
“Olá, veterana,” Lu Ran sentou-se no saco de dormir, apontando para o portão da família Shen atrás dele. “Essa é minha casa.”
A palavra “veterana” fez o sorriso da mulher suavizar ainda mais.
“Então, por que não entra?”
Lu Ran pensou por um momento e respondeu: “Gosto de passar meus finais de semana fora, sendo um artista de rua itinerante.”
A mulher riu e perguntou: “Que tipo de apresentação está planejando?”
“Ainda não decidi. Que tal eu contar uma história?” Lu Ran sorriu.
A senhora Shen não teve um bom almoço e seu cochilo da tarde também não foi tranquilo.
Toda vez que fechava os olhos, sua mente evocava imagens de um empregado vindo avisar que Lu Ran causara outro incidente.
Depois de rolar na cama por muito tempo, finalmente desceu, exausta.
Assim que pôs o pé no chão, ouviu a voz de um empregado.
“S-Senhora! O Lu Ran está lá fora conversando com pessoas de novo.”
“Oh.”
A senhora Shen permaneceu surpreendentemente calma.
O cenário esperado se desenrolava exatamente como ela imaginara, e nada disso a abalava mais.
Ela perguntou sem expressão: “Com quem ele está falando agora?”
A empregada tentou explicar o melhor que pôde: “Ele está conversando com as senhoras do bairro. Por algum motivo, elas se reuniram todas em frente ao nosso portão!”
“Oh, e sobre o que estão conversando?” A senhora Shen, sem expressão, pegou o chá recém-preparado que lhe foi oferecido.
“Ele está contando uma história… sobre… um menino perdido que finalmente voltou para casa, só para ter seu nome e identidade tomados.”
“Oh.”
A senhora Shen tomou um gole de chá.
No momento em que o chá desceu pela garganta, de repente ela percebeu o que acabara de ouvir, engasgando violentamente.
A senhora Shen agarrou o braço da empregada, os olhos arregalados de choque. “O que você disse?”
Na escada, Shen Xingran ficou paralisado, como se estivesse em um calabouço de gelo.
A senhora Shen estendeu a mão e, em seu pânico, derrubou o chá.
“Não, não podemos deixar isso continuar! Rápido! Ligue para a administração do condomínio!”
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