Volte para mim ômega - Cap 3: Destino?
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Mesmo após passar por dias, em que viveu coisas que não esperava que podia acontecer em sua vida, tentando não se deixar abalar por tudo o que passou, Jay decide seguir em frente.
Ainda é bem cedo, o relógio desperta, faz um pouco de manha para levantar da cama, mas logo começa a sentir a ansiedade percorrer por seu corpo. Sem esperar mais, desliga o despertador e de um modo tenso se senta sobre a cama.
— É hoje — Respira fundo — Hoje começa um novo dia na minha vida.
Se lembra da marca, consecutivamente, Alex vem em sua cabeça.
— Droga!
Leva sua mão sobre a marca, passa seus dedos com força sobre ela.
— É … você ainda está aqui…
Sente um forte aperto em seu peito.
— E pensar que isso fosse acontecer comigo, sei que não posso deixar isso me abalar, principalmente hoje que é um dia muito importante, mas queria que fosse mais fácil esquecer que você está aqui.
Alex vem ainda mais intensamente em sua mente.
— Por que você teve que chegar a esse ponto alfa?
Sente seu peito doer ainda mais.
— Droga…
Tira seus dedos de cima da marca, tenta controlar seus pensamentos.
— Não, eu não posso me deixar abalar por isso. A partir de hoje eu começo um novo rumo na minha vida. É claro que para mim não ia ser fácil de nenhum jeito, o problema agora é esse cio, meu corpo parece bem agora, mas tenho medo só de pensar que algo possa acontecer no trabalho, mas não posso faltar logo no primeiro dia, oportunidade como essa eu nunca mais vou ter, as pílulas fizeram efeito ontem e pelo jeito ainda estão fazendo, mas para ter certeza vou tentar ir no médico o mais rápido possível, mas é melhor eu não pensar nessas coisas agora, eu preciso me concentrar no meu trabalho, vai dar tudo certo, tem que dar.
Sem perder mais tempo perdido em seus próprios pensamentos. Tentando deixar de lado qualquer coisa relacionada a Alex, se levanta da cama, e vai direto para o banheiro. Para poder despertar, joga um pouco de água fria sobre seu rosto, ansioso, logo começa a se arrumar para ir trabalhar.
Para garantir que nenhum acidente aconteça, mesmo ainda um pouco inseguro, mas não querendo faltar bem no seu primeiro dia de trabalho, guarda algumas pílulas supressoras em sua bolsa, e toma uma também, acreditando que vai ser o suficiente para manter o seu corpo sobre o controle. Como não quer que ninguém veja a marca em seu pescoço, com um pequeno curativo a cobre outra vez, se sentindo um pouco irritado quando pensa que não deveria estar passando por isso, mas como prometeu para si mesmo tenta ignorar esses pensamentos.
Quando fica pronto, não querendo nem ter a chance de chegar atrasado, já se prepara para sair. Mas antes de ir para o lado de fora do seu apartamento, ao passar pela sala, algo chama sua atenção.
— Oh! Então isso ficou aqui.
Se aproxima do sofá, hesita um pouco, mas pega um objeto em suas mãos
— Pensei que tinha me livrado de você — Respira fundo — E esse cheiro? Mesmo depois de um tempo essa peça de roupa cheira tão forte.
Sente seu coração bater mais forte.
— Por que você teve que fazer isso comigo alfa?
Aperta o moletom com mais força, seu coração bate ainda mais rápido.
— Por que é tão difícil não me abalar por tudo o que aconteceu? Por que é tão difícil parar de pensar em você?
Encara a peça por alguns segundos, se dá conta de seus próprios pensamentos. Se vendo perdido pensando em Alex mais uma vez, se sente irritado.
— Mas que droga eu estou fazendo! Por que caralhos eu estou perdendo meu tempo pensando nisso?
Volta caminho até a cozinha, abre a tampa do lixo, faz um movimento para jogar o moletom dentro, mas hesita.
— Droga!
Tenta jogar mais uma vez, mas não consegue.
— Mas que merda está acontecendo comigo? É só jogar essa droga fora.
Encara o moletom novamente, se sente estranho.
— Por que eu não consigo simplesmente me livrar de você?
Frustrado com seus próprios sentimentos, se sente ainda mais irritado.
— Eu só posso ser um imbecil mesmo, que se foda essa merda.
Muda a direção dos seus passos, segue em direção ao seu quarto. Sem coragem de jogar a peça de roupa fora, coloca ela dentro do seu guarda roupa. Para não se irritar ainda mais, tenta não pensar no que acabou de fazer. Sem perder mais tempo, volta a andar em direção a sala, então logo sai para fora, seguindo caminho direto até o ponto de ônibus, olhando desconfiado para cada pessoa que passe ao seu lado, se sentindo inseguro por causa do cio.
Quando o ônibus chega, ainda inseguro, se senta em um assento vazio, mas pela reação das pessoas, parece que ninguém percebeu nada sobre o seu cio, então se sente um pouco mais tranquilo.
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Diferente de Jay, que está tentando esquecer de tudo o que aconteceu, Alex não faz questão alguma de esquecer. Desde o momento em que acordou, mesmo fazendo outras coisas como se arrumar para ir trabalhar, não importa o que faça, não consegue tirar o ômega da cabeça. Ainda pensa em tudo o que fez, se sente mal, sabe que feriu Jay com seus atos, sabe que cometeu um grande erro. Esses pensamentos o assombram, mas ao mesmo tempo, fazem Alex sentir ainda mais desejo de ver o ômega novamente.
— Como será que você está hoje? Espero que tudo ocorra bem no seu dia, o meu provavelmente vai ser a mesma coisa de sempre, o que vai mudar é que provavelmente vou passar o dia inteiro pensando em você — Respira fundo, seu peito também dói — Como eu queria te ver outra vez ômega.
Sem muito mais o que fazer em seu apartamento, logo também sai, seguindo caminho direto para o trabalho, ainda tendo seus pensamentos completamente tomados por Jay.
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Observando o movimento da rua, não conseguindo controlar a ansiedade, Jay começa a se sentir nervoso. Por ser o seu primeiro dia de trabalho, principalmente depois de tudo o que aconteceu, não consegue controlar suas emoções. Pensa em como as coisas vão ser, se vai dar tudo certo, se vai se sair bem, se vai ser bom o suficiente. Sem conseguir ignorar, pensa em seu cio e em sua marca, como consequência pensa em Alex também.
Sem controle, quanto mais se aproxima do trabalho, sente o nervosismo aumentar ainda mais. Por sorte conseguiu um bom trabalho de designer em uma das maiores agências de publicidade da cidade pouco tempo depois de ter se formado, e por sentir que é uma grande responsabilidade e por nunca ter trabalhado antes, mesmo muito feliz por conseguir trabalhar com algo que goste, não consegue deixar a insegurança de lado.
Quando chega, sabendo que não pode ficar assim, tenta controlar o nervosismo. Mas em frente a agência, estando a poucos minutos de dar um dos maiores passos de sua vida, mesmo com seus olhos brilhando enquanto admira o lugar, não consegue manter o controle novamente, sente medo e insegurança. Nervoso fica um tempo parado criando coragem para entrar, mas os minutos passam rápido, não tem para onde correr, então mesmo ainda sentindo o nervosismo percorrer por seu corpo, mas vendo que já está perto da hora de entrar, respira fundo, toma coragem e vai, e em passos tímidos segue até a recepção e fala com uma atendente, que logo o leva até a sala do diretor que já estava lá o esperando.
— Jay?
Fala um alfa um pouco mais velho, olhando firme em sua direção.
— Olá.
Responde em um tom tímido.
— Pode entrar e sentar, fique à vontade.
— Com licença.
Se aproxima e se senta de frente para o alfa. Que com um sorriso no rosto volta falar.
— Primeiramente seja bem-vindo.
— Obrigado — Solta um pequeno sorriso.
—Depois daquela nossa entrevista estou ansioso para ver você no trabalho, seus projetos são muito bons, é sempre bom ter uma mente nova quando o trabalho envolve tanta criatividade.
— Obrigado senhor John, eu vou dar o meu melhor.
— Eu sei que vai Jay, seus olhos me dizem isso.
— Fico feliz em ouvir isso, espero ser bom o suficiente, é o sonho de qualquer designer trabalhar aqui, essa oportunidade sem dúvidas foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
— Você é jovem e tem muito para crescer ainda, espero que aqui seja só o começo para você, mas fico feliz por você ter escolhido aqui. Sobre entrevista daquele dia ficou alguma dúvida?
— Não, você foi bem esclarecedor e também pesquisei bastante sobre a agência.
— Isso é bom, então acho que por agora não tem muito mais o que eu te falar, melhor eu te mostrar a sala que você vai trabalhar, daí eu já aproveito e te apresento para o pessoal da equipe e se você tiver qualquer dúvida, você aproveita e vai me perguntando.
— Ok.
— Vamos, a sala fica no andar de baixo da minha.
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Já no trabalho, depois de um caminho com seus pensamentos completamente tomados por Jay, Alex vai tentando seguir sua rotina normal. Por ter uma função importante, e com muitas responsabilidades, mesmo ainda sendo somente o começo do dia, já tem muitas coisas para fazer. Sabendo de suas obrigações, tenta focar seus pensamentos e se concentrar nelas, mas não importa o que faça, sempre acaba se perdendo, tendo sua mente completamente tomada por Jay, de um modo tão intenso, que não podia imaginar que seria assim.
— Caramba ômega, sabia que seria difícil não pensar em você, mas não imaginei que fosse desse jeito, será que com um tempo esses pensamentos vão diminuir? — Sente algo estranho, ri de si mesmo — Não, eu não quero parar de pensar em você, eu não posso, como eu disse, eu preciso te ver novamente, nem que seja só mais uma vez, mas eu tenho que ser sincero, se esse dia demorar muito, e você continuar tendo esse tanto de efeito em mim, sinto que posso ficar louco.
Sem conseguir manter o controle, como em um ciclo vicioso, seus pensamentos são cada vez mais tomados por Jay. Quanto mais o tempo passa, por alguma razão parece que esses pensamentos aumentam cada vez mais, como se algo estivesse chamando sua atenção.
— O que está acontecendo comigo? Sei que tudo ainda é muito recente, mas era para eu pensar tanto assim e você?
Se sente ansioso, seu coração bate mais forte.
— Meu corpo está estranho, até parece que quer me mostrar algo. Me vendo nesse estado, até parece que você está…
Se toca de seus próprios pensamentos, sente algo ainda mais forte em seu corpo.
— Não pode ser, eu só posso estar ficando louco.
Ri de si mesmo, mas logo muda a feição do seu rosto quando se lembra de algumas anotações. Sente seu corpo pesar.
— Não! Não pode ser isso, em quantas chances no mundo isso seria possível?
Em movimentos ansiosos, abre algumas fichas no seu computador, e rapidamente lê o que está escrito. Sem acreditar no que está vendo, sente seu corpo pesar ainda mais. Em um movimento repentino, sem se der conta de seus próprios atos, ignorando tudo o que estava fazendo antes, se levanta de sua cadeira e sai de sua sala seguindo caminho em passos rápidos quase correndo para uma direção que ele nem mesmo sabe, mas ele só segue, sentindo seu coração acelerar cada vez mais.
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Depois da breve conversa com John, Jay o segue até uma sala com vários computadores, uma longa mesa com algumas pessoas em volta conversando, um ambiente colorido com vários desenhos na parede e lindos quadros, um lugar aparentemente bastante agradável. Mesmo estando nervoso, os olhos de Jay continuam brilhando olhando atentamente cada detalhe do lugar.
— Essa é a sala onde você vai trabalhar, é daqui que saem todas as ideias e projetos de todos os nossos trabalhos, essa é uma parte muito importante da nossa agência.
Seguem até algumas mesas individuais, com cada uma com um computador e alguns equipamentos para ajudar no trabalho.
—Essa é sua mesa, aqui é o lugar que você vai trabalhar a maior parte do tempo. Pode ficar à vontade e colocar suas coisas aqui, depois vou te apresentar para o pessoal.
Sem muita demora, assim que Jay termina de arrumar as suas coisas no espaço em que vai trabalhar, seguem até o pequeno grupo que está conversando, e John começa os apresentar para eles.
— Olá pessoal, vim apresentar para vocês o nosso novo Designer, Jay.
Se afasta um pouco, abrindo espaço para Jay.
— Olá.
Se sentindo bastante envergonhado, fala em um tom baixo.
— Olá seja bem-vindo.
De um modo descontraído, todos falam juntos olhando e sorrindo em sua direção.
— Esses são, Lisa, Kay, Willy e Theo, os seus novos companheiros, que vão trabalhar na mesma equipe que a sua.
Olha em volta
— Também tem o meu sobrinho, mas acho que ele ainda não chegou, vocês viram ele por aqui pessoal?
— Ele está vindo em nossa direção senhor.
Lisa aponta para a porta.
Sem entender o porquê, sentindo uma forte presença que pesa em todo o seu corpo, Jay começa a sentir uma sensação estranha. Seu coração começa a bater mais rápido, começa a sentir calafrios, sua marca queima, o nervosismo aumenta. Mesmo sem precisar olhar para trás, sabe quem é que está ali, se sente perdido, não consegue acreditar no que está acontecendo.
— Não pode ser… Essa presença…
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Depois de seguir os seus instintos, andando cegamente até chegar no local em que tinha certeza que o que estava procurando estava ali o esperando. Mesmo vendo com seus próprios olhos, Alex não consegue acreditar no que está bem na sua frente.
Sentindo essa presença pesar cada vez mais em seu corpo, não conseguindo mais ignorar o que está acontecendo, no impulso, Jay se vira rapidamente para trás, e sente seu corpo pesar ainda mais quando cruza seus olhos com Alex que está olhando fixamente me sua direção.
— Você!
Sem controle, fala sem pensar.
Sem entender o que está acontecendo, John estranha o comportamento dos dois, olha em direção a Alex e depois para Jay e pergunta confuso.
— Vocês se conhecem?
— Não.
— Sim.
Respondem juntos.
— O que?!
John se sente ainda mais confuso.
Com medo de que as pessoas percebam, mesmo sentindo seu corpo todo tremer e um nervosismo enorme, Jay aumenta o tom de sua voz e fala olhando intensamente em direção a Alex.
— É… a gente se conhece por um amigo, mas não somos próximos.
Captando o olhar do ômega, Alex logo percebe o que Jay está tentando fazer, para tentar amenizar a situação não o desmente.
— Sim tio, a gente se conheceu a um tempo atrás, e eu me surpreendi por que eu não imaginei que um conhecido iria vir trabalhar aqui, esse mundo é tão pequeno.
Solta um sorriso falso.
— Isso é bom Alex, vocês se conhecendo vai ser mais fácil para os dois, já que eu não sei se você se lembra, mas ele é o nosso novo designer, e você como diretor de arte desse setor vai ser o responsável em ajudar o Jay daqui para frente.
Ao ouvir as palavras de John, Jay demora um pouco para digerir o que acabou de ouvir, fica um tempo pensando, mas não consegue acreditar, novamente fala sem pensar.
— É… eu acho que não preciso de ajuda.
Cada vez mais intrigado com o comportamento de Jay, John volta a olhar em sua direção, sem disfarçar a confusão na voz fala o olhando com um olhar sério
— Por que não Jay? Tem algum problema? O Alex é o responsável por esse setor, não tem porque ele não te ajudar.
Sem saber o que responder, se sentindo cada vez mais perdido e irritado, Jay sente dificuldade em formar palavras em sua boca.
Vendo o rumo que a situação está indo. Tomando a frente de suas palavras, em um tom um pouco mais alto, Alex fala, ainda sem conseguir tirar o olhar de Jay.
— Provavelmente não é isso tio, o Jay só deve estar nervoso, não é mesmo Jay?
O encara com um olhar ainda mais sério.
Jay sente esse olhar, se dá conta do que está fazendo, mesmo irritado e sem acreditar no que está acontecendo, deseja muito esse trabalho, então tenta se manter calmo, respira fundo, ignora o que está sentindo, e volta a olhar em direção a John.
— Sim, é… me desculpe, como o… o Alex, disse eu só estou um pouco nervoso e não sei bem o que estou falando, é claro que não tem problema algum John.
— Está tudo bem mesmo? Você parece pálido e também está estranho.
— Está sim John, me desculpe, eu… eu estou melhor agora.
— Você tem certeza?
—Sim… não sei nem por que agi desse jeito.
— Tudo bem então, de qualquer modo, você não precisa se preocupar, você não está sozinho, além do Alex, a equipe toda e muito unida, então qualquer coisa que você precisar, você pode contar com qualquer um, então não se preocupe Jay, os primeiros dias são difíceis, mas eu garanto que vai dar tudo certo.
— Eu sei, eu já estou mais calmo agora, me desculpe por ter agido assim.
Sorri falso.
— Bom, se está tudo bem mesmo, acho que já posso deixar o Alex cuidar das coisas agora, tive alguns problemas de saúde recentemente então não vou poder ficar muito tempo na agência, mas não se preocupe o Alex vai te mostrar o resto das coisas e começar a te ensinar sobre seu trabalho. Como eu havia lhe falado quem cuida desse setor é o meu sobrinho, então ele é que vai te ajudar a partir de agora e vai ser responsável por você, qualquer dúvida pergunte para ele, então fique tranquilo Jay, vai dar tudo certo e boa sorte. E você Alex cuide bem dele.
— Pode deixar tio.
Sem ter muito mais o que falar, começa a andar e se afasta do grupo.
Agora sem Jonh por perto, sem coragem de falar com mais ninguém e sem saber como agir, Jay abaixa a cabeça e se mantem em silêncio.
Alex o observa, sente seu peito apertar, percebe como Jay parece mal. Assim como o ômega, também não sabe muito bem como agir. Mas ao mesmo tempo, sabe também que precisa fazer alguma coisa. Para tentar quebrar o clima pesado que está se formando cada vez mais entre dos dois, não aguentando mais se manter em silêncio, olhando firme em direção a Jay, fala tentando parecer calmo e disfarçar ao máximo o que está sentindo.
— É… o meu tio… digo, o John, ele te mostrou onde é a sua mesa? Se não, e se você quiser, eu posso te mostrar onde é, daí já te mostro o resto das coisas.
Ao ouvir as palavras de Alex, Jay pensa alguns segundos antes de responder, se sente frustrado, sente vontade de o ignorar, mas todos estão em volta, sabe que não pode simplesmente agir assim, então engole em seco e responde ainda mantendo a cabeça baixa.
— Sim, ele me mostrou, é… e se você… e se vocês não se importarem, acho que já vou indo para lá então — Levanta a cabeça, solta um sorriso forçado — Com licença.
Começa a andar. Sem esperar por Alex, se afasta do grupo e vai em direção a sua mesa.
Vendo Jay se afastar, ainda mantendo seu olhar forte sobre ele, Alex o fita até o ômega se sentar. Sem conseguir pensar em mais nada, que não seja o fato de Jay estar tão próximo, para poder o quando antes ficar ao seu lado, troca poucas palavras com o grupo ao seu redor, então logo os libera, para que eles possam começar a trabalhar.
Agora sozinho, volta seus olhos em direção a Jay. Em passos lentos, mas com pensamentos ansiosos, se aproxima devagar. Ainda sem acreditar no que está vendo, fica um tempo parado olhando firme em sua direção.
Mesmo sem olhar para trás, Jay consegue sentir esse olhar, se sente desconfortável, sua marca queima ainda mais.
Ainda sem saber como agir, se sentindo completamente sem jeito, de um modo hesitante, Alex se senta ao lado de Jay. Sem conseguir manter seu olhar distante por muito tempo, logo volta a olhar em sua direção mais uma vez. Seu coração bate cada vez mais rápido. Jay ao seu lado, o ômega que desejou tanto ver outra vez, parece uma miragem querendo confundir a sua mente. Mas nem tudo é assim tão fácil. Mesmo sem precisar dizer uma única palavra, Alex sabe que ele não está bem, e se ele está agindo assim, é por que ficou realmente machucado pelo o que aconteceu entre os dois. Seu peito dói de um modo intenso, sente dificuldade de formar palavras em sua boca, mas a ansiedade o toma cada vez mais. Precisa dizer algo, mesmo inseguro, com medo dos efeitos de suas próprias palavras, fala ainda mantendo o olhar forte sobre Jay.
— Você aqui ao meu lado — Solta um sorriso disfarçado — Não importa o quanto eu pense, eu nunca conseguiria imaginar que isso seria possível.
Mantendo a cabeça baixa, Jay não fala nada. A explosão de sentimentos que está sentindo no momento o consome por inteiro. Não consegue acreditar no que está acontecendo, não acha justo, se sente frustrado, Alex ao seu lado, o atinge muito mais do que ele podia imaginar, se pudesse desejar por algo agora, com certeza seria que nada disso estivesse acontecendo.
Por causa da marca, Alex consegue sentir exatamente o que Jay está sentindo no momento. Seu peito dói ainda mais. Mesmo desejando tanto ver o ômega outra vez, por ter sido pego completamente de surpresa e por causa do rumo em que as coisas estão indo, não consegue lidar bem com a situação. Então tenta ser sincero e colocar tudo o que está sentindo para fora, desejando unicamente que de alguma maneira suas palavras possam fazer Jay se senti melhor.
— Jay por favor não fique assim, olhe para mim ômega, sei que você deve estar muito chateado comigo, mas não mantenha a cabeça baixa, você não fez nada de errado, sou eu quem deveria me envergonhar pelo o que eu fiz.
O encara com o olhar ainda mais intenso. Jay sente a força desse olhar sobre si, seu coração bate ainda mais forte, seu corpo pesa. Sentir a presença de Alex ao seu lado o afeta tanto, que é a até difícil respirar. Sem conseguir controlar mais, a mistura descontrolada de emoções que está sentindo dentro de si, explode. Com um olhar frio, finalmente olha em direção a Alex, e fala em um tom um pouco mais alto, sem esconder o que está sentindo.
— Olhar para você? Não ficar assim? Me desculpa alfa, mas do jeito que eu estou agora, só o fato de você estar do meu lado, já é o suficiente para me fazer se sentir mal, então não importa o que aconteça nada vai mudar isso.
Muda a direção do seu olhar mais uma vez, respira fundo e tenta se manter calmo. Sabe que os dois não estão sozinhos, mesmo frustrado deseja muito esse trabalho, então não quer que ninguém perceba. Descontente engole em seco, tenta deixar de lado tudo o que está sentindo. De um modo mais calmo, fala mantendo o olhar longe.
— Vamos deixar esse assunto para depois alfa, eu estou aqui agora somente pelo trabalho, eu não vejo motivo para falar nada além disso.
Mesmo ainda tendo mais coisas para falar, mesmo ainda não tendo a chance nem de se desculpar, mesmo ainda mexido, Alex não descorda das palavras de Jay. Sabe como o ômega está desconfortável, sabe também que esse não é o melhor lugar para falar sobre isso, então não toca mais no assunto.
De um modo calmo, mesmo ainda não conseguindo controlar a intensidade de seu olhar, muda completamente de assunto e começa a falar somente sobre o trabalho, tomando cuidado com suas palavras e dando o máximo de espaço para Jay.
Mesmo tentando ao máximo deixar de lado tudo o que está sentindo, fingir que nada aconteceu não está sendo uma tarefa fácil. Depois da surpresa de dar de cara com Alex, com nesse momento o alfa estar tão próximo, somente a alguns centímetros de distância sentado bem ao seu lado. Sem conseguir controlar seus pensamentos, a única coisa que Jay deseja no momento é não estar ali. Com muito esforço até tenta se manter calmo, e se concentrar, mas tudo parece em vão, já que todas as vezes que escuta a voz de Alex, que o alfa se aproxima, que sente sua presença que parece esmagar todo seu corpo, não consegue manter sua atenção, se perde, tudo o que escuta parece embaralhado, a única coisa que consegue pensar é que Alex está ali, e isso não o faz bem.
O fazendo se sentir ainda pior, Alex sabe de tudo, sabe que Jay não está bem, sabe que é a causa de tudo isso. Se sente culpado, sua intenção nunca foi que as coisas terminassem assim. Sem controle, se sente ainda pior, quando bate seus olhos sobre o pescoço do ômega e percebe o curativo sobre a marca. Seu corpo todo pesa, a culpa aumenta ainda mais. Para a maioria dos ômegas, ser marcado por seu parceiro alfa é algo de sentir orgulho e não esconder de ninguém, já que é a maior prova de amor entre os dois. Mas Alex sabe que não foi assim, sabe que agiu por impulso, marcou um ômega que mal conhecia e ainda sem sua permissão, e essa marca foi um grande erro, que nem ele acredita que teve coragem de fazer. Quando um alfa marca um ômega sem seu concedimento, é a mesma coisa de um abuso, e sabe que Jay se sente assim, seu coração dói ainda mais.
O clima naquela mesa está diferente, mesmo tentando agir como se nada tivesse acontecido, ambos sabem e se lembram de tudo. Ignorar tudo o que passou não está sendo algo fácil. Quanto mais tempo ficam perto um do outro, mais suas mentes ficam tomadas por todas as lembranças, arrependimentos, culpa e sensações que viveram e estão vivendo em tão pouco tempo.
Em alguns momentos Alex tem que se aproximar para mostrar algo para Jay, e basta um movimento bobo ou um trocar de olhares para fazer os dois se sentirem estranhos e o coração acelerar.
Muitas vezes, mesmo tentando não pensar assim, Alex se vê perdido, olhando cada traço do rosto e corpo de Jay. Se sente cada vez mais culpado, por que mesmo sabendo que errou, e que para o ômega tudo está sendo muito ruim, no fundo, se sente feliz por poder ver Jay novamente.
Mesmo fingindo não perceber nada, Jay sente todos os olhares de Alex que pesam cada vez mais em seu corpo. Se sente desconfortável e até um pouco irritado, mas ser mirado tão intensamente assim, também faz o ômega sentir algo estranho, algo que ele não consegue entender o que é.
Quando finalmente chega a hora do almoço, querendo sair o mais rápido possível do lado de Alex, sem perder tempo, Jay é o primeiro a se levantar.
No impulso, enquanto percebe as intenções de Jay, não conseguindo mais fingir que nada aconteceu, sem pensar muito em seus atos, Alex o impede segurando em seu braço.
— Jay… por favor espere só um pouco.
Ao sentir o toque de Alex, rapidamente Jay se vira e olha confuso em sua direção.
— O que você está fazendo alfa?
Alex não o solta.
— Por favor não vá.
— O que?
Pergunta se sentindo ainda mais confuso.
— Só espere até todo mundo sair.
— Alex?
Alex o encara fortemente, Jay se sente estranho e não consegue sair do lugar.
— Por favor Jay.
Sem conseguir manter contato visual, Jay desvia o olhar.
— Não faça isso comigo alfa…
Insistente, Alex fala mais uma vez.
— Por favor Jay…
Sem forças para dizer não. Só desejando se livrar o quanto antes dessa situação, Jay não consegue negar.
— Ok Alex, só… só me solte, se você continuar com isso as pessoas vão perceber.
De um modo hesitante, Alex o solta, mas não tira seu olhar do ômega, que se mantém parado. Quando todos saem da sala, Alex volta a falar.
— Jay, a gente precisa conversar.
Quando escuta as palavras de Alex, mesmo já imaginando o que o alfa iria falar, Jay se sente irritado. Em um tom seco, responde ainda sem olhar em sua direção.
— A gente não tem nada para conversar alfa, eu só quero sair daqui.
Não mudando de ideia, mantendo o mesmo tom firme na voz, Alex fala o encarando ainda mais intensamente.
— Sim, a gente tem e você sabe disso.
Mantém o forte olhar sobre Jay, que não aguenta a intensidade, recua um pouco e fala em um tom mais fraco.
— Eu… eu não quero falar com você Alfa….
— Jay… eu sei que não está sendo fácil. Para ser sincero, para mim não está sendo fácil também, mas é por esse motivo mesmo que a gente precisa conversar.
Sem saber o que responder, Jay continua com a cabeça baixa e não consegue dizer nada.
Alex o encara por alguns segundos, engole em seco, insiste mais uma vez.
— Por favor Jay, vai ser só uma conversa eu prometo.
Se aproxima ainda mais. Percebendo essa aproximação, Jay o olha surpreso.
— Eu preciso me desculpar, eu preciso me explicar.
— Eu não sei alfa.
— Por favor Jay. Nós vamos trabalhar juntos agora, você não acha que quanto mais cedo a gente se resolver mais fácil vai ser daqui para frente?
Sem conseguir discordar, Jay pensa alguns segundos antes de responder, mas não consegue mais ignorar tudo o que está sentindo, então é sincero.
— Eu tenho tantas coisas para falar para você Alfa, mas ao mesmo tempo queria que nada disso tivesse acontecendo.
— Eu sei, por isso a gente precisa conversar — Fala se sentindo ainda mais culpado.
— Ok, já que agora a gente vai trabalhar juntos é melhor não ficar nenhum mal entendido entre nós, mas vai ser só uma conversa alfa, nada além disso.
— Obrigado Jay, se você quiser eu te pago o almoço.
— Não!
Fala um pouco mais alto.
— Eu não quero que ninguém veja a gente juntos, já é estranho o suficiente só nós dois aqui. Um lugar vazio, um lugar vazio é melhor.
— Não precisa disso Jay, a gente vai só conversar.
— Já disse que não alfa, eu não quero que as pessoas pensem mal de mim, e principalmente eu não quero que elas escutem.
— Tudo bem então, se você prefere em um lugar vazio, eu tenho a minha própria sala aqui, se você quiser a gente pode conversar lá.
— Pior ainda, o que eu vou fazer sozinho com você em sua sala?
— Não se preocupe, ninguém vai para lá no horário do almoço, e também a sala vai estar fechada, ninguém vai ver, eu não consigo pensar em um lugar melhor.
Inseguro, Jay pensa por alguns segundos.
— Não tem outro lugar mesmo?
— Que a gente possa conversar sozinhos, que eu consiga pensar, não.
— Mas que droga alfa!
Respira fundo, se sente cada vez mais irritado.
— Tudo bem então, e que essa conversa seja rápida por favor.
— Ok…
Sem perder mais tempo, ambos começam a andar. Por não ser muito longe, somente tendo que subir um andar para chegar até a sala de Alex, não demoram muito para chegar.
Em frente a sua sala, Alex dá espaço para Jay entrar.
Sem graça o ômega entra devagar, ficando parado perto da porta, não conseguindo se manter calmo.
Alex fecha a porta e se aproxima.
Percebendo que estão sozinhos em uma sala fechada, e que Alex está tão perto, Jay sente seu coração bater ainda mais forte e o nervosismo cada vez maior, não consegue o encarar, então novamente mantém a cabeça baixa.
Alex o observa outra vez, ver Jay assim faz seu corpo pesar.
— Olhe para mim por favor Jay, eu juro, eu não vou te fazer mal.
— Não peça coisas difíceis para mim alfa, por favor, só fala o que você quer, para eu poder sair o quanto antes daqui.
— Tudo bem.
Alex solta um sorriso desanimado, respira fundo. Sem tirar o olhar de Jay nem por um segundo que seja, começa a falar.
— Eu realmente sinto muito Jay, eu quero me desculpar adequadamente pelo o que eu fiz, e saber como você está.
— Sente? Saber como eu estou?
Ainda sem olhar em sua direção fala em um tom frio.
— Como você acha que eu estou me sentindo alfa? — Sorri irônico — Na verdade, como você acha que eu me senti desde o momento em que eu vi essa marca? Como você teve coragem de fazer algo tão sério, e ainda por cima me deixar sozinho depois? E pra ajudar, agora eu ainda tenho que trabalhar com você? eu não consigo acreditar que tudo isso está acontecendo, isso não é justo.
— Eu sei
Fala em um tom desanimado, mas precisando soltar tudo o que está sentindo para fora, continua a falar.
— Eu sei também que somente desculpas é pouco para o que eu fiz, mas nesse momento é a única coisa que eu posso fazer agora. Você pode não acreditar em mim ômega, mas a minha intenção nunca foi machucar você. Eu… eu não sei o que deu em mim naquela noite, é só que… você estava ali, tão seguro, tão entregue para mim, eu me senti tão bem, eu desejava tanto você, eu desejava tanto que aquilo durasse para sempre, que eu não consegui me controlar. Eu sei que errei, eu sei que fui egoísta, só que naquele momento você era tudo o que queria, e eu não queria te perder Jay, então eu só fiz…
De um modo incomodo, as palavras de Alex, fazem Jay se sentir estranho. Não consegue raciocinar direito seus pensamentos, e nem entender o que está sentindo. Mas como resposta, seu coração bate ainda mais rápido, sua marca queima como fogo, sente seu corpo estremecer, está muito além do seu limite, se sente esgotado.
— Por que você me fala essas coisas alfa?
Com um olhar perdido, volta a olhar em sua direção.
— Não tente bagunçar a minha cabeça ainda mais, essas suas palavras não vão melhorar o que você fez. Na verdade, elas só mostram o quão egoísta você é, e isso só me faz odiar ainda mais tudo o que está acontecendo.
Ao ouvir essas palavras, Alex sente seu corpo pesar ainda mais, se sente frustrado e decepcionado. Mesmo conhecendo Jay a somente alguns dias, não importa o que o ômega faça ou fale, tudo é demais para ele, e ouvir essas palavras não é diferente. Desgostoso, engole em seco, muda a direção do seu olhar e fala, agora sendo ele, sem conseguir encarar Jay.
— Eu mereço que você me odeie, mas eu… eu não queria que fosse assim.
— Você não queria? E o que você queria Alfa?
Alex o encara de volta, mas não fala nada.
Sentindo seu intenso olhar novamente, agora quem não consegue manter contato visual é Jay, que volta a abaixar a cabeça e o tom de sua voz.
— Sabe o que eu queria alfa? Eu queria que nada disso tivesse acontecido, eu queria simplesmente poder tirar essa marca com uma faca, e não ter conhecido você.
— Jay…
Como uma facada perfurando o seu peito, Alex sente essas palavras o ferirem cada vez mais, a desilusão o toma por inteiro.
— Está tão ruim assim? Você me odeia tanto?
— É claro que está, não foi seu pescoço que foi marcado por um estranho, e ainda em um momento que eu não tinha controle do meu corpo. Quando eu percebi isso no meu pescoço, eu me senti abusado, traído, assustado, abandonado…
Tentando se manter firme, Jay se segura para não chorar, mas não consegue. Sem controle, algumas lagrimas descem sobre seu rosto.
—Marcar alguém é algo tão sério, e você simplesmente fez em mim como se fosse brincadeira, como se eu não valesse nada, como se eu não fosse me importar com isso depois.
Ver Jay assim, ouvir suas palavras, sentir como o ômega está machucado, faz o peito de Alex doer cada vez mais. A cada palavra de Jay, a culpa que sente fica cada vez maior, não sabe o que fazer, não imaginava que os seus atos teriam o afetado tanto, o arrependimento toma o seu corpo.
— Novamente me desculpe Jay, na hora que eu perdi o controle, eu não imaginei que meus atos iriam te machucar tanto, mas eu juro, eu nunca pensei isso de você, o que aconteceu não foi uma brincadeira para mim, eu realmente estava sério, na verdade eu ainda estou…
— Eu já disse alfa, não adianta ficar se desculpando ou tentando me fazer sentir melhor com essas palavras, você realmente não tinha o direito de fazer isso comigo, e nada do que você falar vai mudar isso.
— Eu sei, por isso eu quero arcar com todas as responsabilidades, como eu disse nada disso está sendo uma brincadeira para mim.
O lança um olhar ainda mais intenso. Jay sente seu corpo responder ainda mais, se sente irritado, desconta esse sentimento em suas palavras.
— Como? O que você vai fazer agora? Você já fez a merda, imagina se alguém descobrir, imagina se o John descobrir. Alfa que vergonha, eu posso até perder a oportunidade de trabalhar aqui, o John vai pensar que eu fiz de propósito só para me aproveitar de você já que é o sobrinho dele.
— Não, ele não vai pensar isso, a culpa foi toda minha Jay, você não fez nada de errado, como eu disse, sou eu é quem tenho que me responsabilizar por tudo, não você.
— Como? Você não pode simplesmente fazer essa marca desaparecer, se bem que…
Fica um tempo em silêncio pensando, algo vem em sua cabeça.
— Só tem um jeito de você arrumar o que você fez.
Volta a olhar em sua direção, agora o mirando com um olhar profundo.
Confuso, sentindo um arrepio em sua espinha, Alex engole em seco.
—Você pode tirar a marca.
— O que?!
Fala surpreso, sem acreditar no que acabou de ouvir.
— Por que eu não pensei nisso antes, do mesmo jeito que você a fez, você pode tirar.
— Eu não posso fazer isso ômega!
Só de ouvir essas palavras de Jay, Alex sente como se algo estivesse apertando seu pescoço, respira com dificuldade, a tensão em seu corpo faz parecer que ele pesa toneladas.
— Por que não? Você disse que ia se responsabilizar.
— Sim, mas…, mas não posso simplesmente tirar a marca.
— Então você não pode fazer nada, mas agora que eu pensei nisso, eu realmente quero que você tire isso de mim.
— Jay…
— O que foi alfa? Se você a tirar, eu não vou ser mais marcado por você, e a gente não tem mais nada, não preciso esconder nada de ninguém, e dá pra gente esquecer tudo, vai ser melhor até para o trabalho.
— Eu não sei se eu quero isso.
— Não é você que tem que querer alfa, sou eu, é meu pescoço que está marcado, não o seu.
Alex o encara ainda mais, mas fica em silêncio.
— Não adianta me olhar assim, essa conversa já está demorando demais, eu já tomei minha decisão.
Jay coloca mão sobre a marca e se vira de costas para Alex.
— Por favor Alfa, eu realmente não quero ficar com essa marca.
Alex se surpreende ainda mais, seu corpo congela, não consegue acreditar no que Jay está pedindo.
— Eu… eu não posso fazer isso, nós estamos no trabalho, é melhor você se acalmar Jay.
— Por que você não pode?
O encara com o olhar tenso.
— Eu vou ferir você Jay, vai sair sangue da sua pele, vai doer muito, não só o seu pescoço, mas seu corpo todo, não dá para fazer isso aqui, não dá pra gente fazer isso assim do nada.
— Eu não me importo com a dor, por favor Alex, isso é a única coisa que quero agora.
Abaixa a cabeça, deixando o local que está a marca mais visível.
— Jay eu não vou fazer isso, eu não posso. Não sei se você esqueceu, mas a gente ainda está no trabalho, e o que você pretende fazer depois se eu a tirar? Andar por aí com a roupa toda suja de sangue, aí sim as pessoas vão descobrir.
Digerindo as palavras de Alex, Jay fica alguns segundos em silêncio, se sente ainda mais irritado. Frustrado, em um movimento brusco, se vira de frente para o alfa novamente e resmunga.
— Droga! Você está certo.
Pensa mais um pouco, respira tenso.
— Na minha casa.
— O que?!
— Na minha casa alfa, já que não dá pra você fazer aqui por causa do trabalho, a gente vai lá depois, é o melhor lugar que eu consigo pensar agora, pelo menos lá se você tentar fazer algo comigo, eu acabo com você lá mesmo.
— Jay…
Engole em seco.
— Não dá para você esperar até a marca sair sozinha?
— Não Alfa, eu não quero essa marca, e se você não quer tirar, então não tem nada que você possa fazer para arcar com as responsabilidades, e essa conversa foi em vão.
Sem saber o que responder, Alex somente o encara. Pensa em falar algo para tentar mudar os pensamentos de Jay, mas pelo jeito que o ômega está agora, sabe que não importa o que fale, Jay não vai mudar de ideia.
— Você tem certeza disso?
— Sim, eu realmente quero que você tire essa marca.
Alex respira fundo.
— Se você prefere assim, então eu faço, mesmo não tendo certeza se é o certo, mas se você vai se sentir melhor, então eu tenho que fazer.
— É o melhor alfa, você e eu sabemos que essa marca nem devia ter existido.
— Eu sei, então se isso é o que você quer eu vou fazer.
Fala em um tom baixo e desanimado.
Jay o encara por alguns segundos, sente algo estranho por ver Alex assim, o alfa parece tão desanimado e frustrado, que mesmo sem querer, Jay se sente mal, mas não muda de ideia.
Sem saber como agir, ambos se mantem em silêncio mais uma vez.
Não vendo mais razões para ficar ali, querendo sair logo e poder esquecer pelo menos um pouco de tudo o que está acontecendo, agora quebrando o silêncio entre os dois, Jay é o primeiro a falar.
— Bom, agora que a gente já falou tudo o que tinha para falar, acho melhor eu ir então… é, você pode abrir para mim alfa?
— Sim, claro…
O encara sem jeito, se aproxima outra vez, passa ao seu lado, abre a porta, olha em volta para ver se tem alguém no corredor, depois volta a olhar em direção a Jay.
— Você pode sair tranquilo Jay, não tem ninguém no corredor.
— Ok.
Começa a andar, seguindo em direção a porta. Quando passa ao lado de Alex, abaixa a cabeça outra vez, mesmo assim ainda conseguindo sentir o seu olhar, que parece mais sério e pesado. Se sente estranho, mas novamente tenta ignorar, e somente segue em frente.
— Com licença alfa.
Não fala mais nada, somente segue caminho, andando sem olhar para trás.
Se mantendo em silêncio, Alex somente o observa, até o ômega sumir de sua vista. Depois dessa conversa, se sente mal e decepcionado, sabe que Jay não está errado, mas não queria que as coisas fossem assim.
— O que foi isso? Como tudo isso pode acontecer? Por que eu estou me sentindo assim? Tudo o que eu queria não era te ver outra vez? Por que agora que você está aqui parece que eu me sinto pior? O que eu imaginava? É claro que você não ia correr para os meus braços e aceitar tudo o que eu fiz, mas por que dói tanto? Esse é o preço pelo erro que eu cometi?
—
Fora da sala de Alex, depois de tudo o que aguentou até agora, Jay se sente muito mais que esgotado. Não consegue mais se manter neutro e fingir que está tudo bem. Para tentar espairecer e se livrar pelo menos um pouco de tudo o que está sentindo, vai em passos rápidos até o banheiro. Vendo que o local está vazio, respira fundo e ser aguentar mais, se entrega aos seus sentimentos.
— Que droga! o que foi tudo isso, eu mal estou conseguindo respirar?
Leva suas mãos até o seu peito, respira ofegante, se encara sobre o reflexo do espelho, se sente perdido.
— O que eu faço agora? mas que merda! Como isso foi acontecer comigo? Por que justo você? porque universo, por que você foi fazer isso comigo? isso não é justo…
Coloca a mão sobre a marca.
— Essa droga está queimando tanto, parece até que você ficou bravo comigo.
Se lembra do olhar de Alex, sente seu peito apertar.
— E aquele olhar? O que você queria alfa? Queria que eu simplesmente aceitasse essa marca? Você só pode ser um egoísta mesmo…
Fica um tempo dentro do banheiro, tentando se acalmar e lidar melhor com tudo o que está sentindo. Sua marca não para de queimar, não consegue tirar Alex da cabeça, se sente irritado. Sem paciência, sentindo uma grande explosão de emoções, abre a torneira e joga bastante água fria sobre seu rosto, não consegue se manter calmo, não importa o que faça, não consegue controlar seus sentimentos.
Por ser horário de almoço, o fazendo se sentir ainda mais desconfortável, outras pessoas começam a entrar no banheiro também. Envergonhado, não querendo que ninguém perceba algo de diferente nele, sem jeito, sai do local e segue caminho com a cabeça baixa até o lado de fora da agência.
Ainda sem saber o que fazer, agora do lado de fora, olha perdido para os lados. Mesmo sendo horário de almoço, não sente fome. Se sentindo sem rumo e sem vontade de fazer nada, ao perceber uma pequena praça pouco movimentada, segue caminho até o local e se senta em um banco. Respira fundo mais uma vez, tenta se acalmar, tenta pensar em outras coisas, mas não importa, mesmo tentando, a única coisa que continua vindo em sua mente é Alex.
—
Também se sentindo sem rumo, Alex continua em sua sala. Mais do que antes, seus pensamentos estão ainda mais tomados por Jay. Não consegue acreditar que ele, o ômega que desejou tanto ver outra vez, a poucos minutos estava ao seu lado, mas não se sente bem. Mesmo querendo tanto o ver novamente, não deixa de se sentir frustrado e decepcionado com o rumo que as coisas foram. Saber que Jay está mal, saber que vai se machucar, e pior, vai o machucar ainda mais, é sufocante para o alfa. Alex não queria que as coisas fossem assim, sua intenção nunca foi o ferir. Ainda tenta entender por que agiu assim, tenta entender o que Jay tem, ao ponto de o fazer perder a cabeça e fazer o que fez, mas não consegue. Se sente perdido, assim como o ômega não consegue lidar com seus próprios sentimentos.
Para tentar distrair um pouco sua cabeça, já que sabe que não vai conseguir fazer mais nada. Como passa tempo, vai até uma janela e começa a observar o movimento da rua, mas logo se vê perdido outra vez, tendo seus pensamentos novamente tomados por Jay.
Sem se dar conta do tempo, fica o horário todo do almoço ali parado, com os pensamentos vagando para longe, mas como uma coisa única, no momento que bate os olhos em Jay que está voltando para o trabalho, sua atenção é toda voltada para o ômega. Mesmo longe, Alex o observa atentamente, sabe que aquela pessoa é Jay, seu coração bate mais forte.
— O que você tem para mexer tanto assim comigo ômega? Só de te observar de longe meu coração já fica assim. Eu só queria entender o que está acontecendo comigo, eu só queria entender o que você fez.
Sabendo que em poucos minutos, Jay vai estar ao seu lado outra vez, em passos rápidos volta para a sala de criação, se senta em sua mesa, e com um olhar disfarçado olha atentamente para a porta, esperando ansioso até o ômega chegar.
—
Assim como Alex deduziu, poucos minutos depois, Jay também chega na sala de criação. Mesmo com todos já estando no local, como se nada mais chamasse sua atenção, o primeiro gesto que faz assim que entra na sala, é olhar em direção a Alex. Seus olhos se cruzam, sente seu coração acelerar outra vez, sua marca queima, a sensação estranha volta em seu corpo. Sem conseguir manter contato visual por muito tempo, assim como das outras vezes abaixa a cabeça novamente. Sem jeito, andando em passos tímidos, passa direto em direção ao alfa, e segue caminho até a sua mesa.
Com o olhar disfarçado, Alex continua o observando. Pensa na conversa que os dois tiveram, seu peito volta a doer. Apesar de saber que Jay está certo, não consegue aceitar o rumo em que as coisas estão indo. Se sentindo frustrado, sem saber direito como lidar com suas emoções, diferente de como agiu de manhã, mesmo ansioso para ver Jay novamente, se mantem um pouco mais distante, se aproximando somente quando vê que o ômega precisa de ajuda, trocando poucas palavras e não falando uma única vez sobre o assunto que conversaram anteriormente.
Percebendo essa diferença de humor, Jay se sente incomodado, sabe a razão de Alex estar agindo assim, o modo que o alfa está agora, também afeta o seu corpo, já que sua marca queima cada vez mais. Sente como se Alex estivesse agressivamente demostrando o quanto está mal com tudo isso, como consequência se sente estranho, Alex está tão presente em sua mente, sua presença o domina tanto, que em alguns momentos sente até dúvidas.
Agindo como se nada estivesse acontecendo, mesmo ambos, sentindo e somente pensando na presença um do outro, com muita dificuldade vão seguindo o dia da melhor maneira que conseguem. Mas não está sendo fácil, apesar do esforço, só de pensar em tudo o que está acontecendo, e principalmente, pensar no que vai acontecer depois, os atingem de um modo intenso, mesmo acreditando que é o certo, não deixam de sentir seus corpos estremecerem ao imaginar em como as coisas vão ser.
Perto do fim do dia, sem conseguir mais controlar suas emoções, Jay começa a se sentir cada vez mais nervoso. Mesmo sendo da sua parte o fato de querer tirar a marca, sente medo, medo da dor, medo do que vai sentir depois e medo de ficar sozinho com Alex.
Sabendo exatamente como Jay está se sentindo, Alex se sente cada vez pior. O sentimento de culpa, consome o seu corpo, sabe que é a razão de tudo isso, mas ao mesmo tempo não sente vontade alguma de tirar a marca. Mesmo sabendo que está sendo egoísta, no fundo deseja fortemente que Jay mude de ideia.
Ao fim do trabalho, mesmo vendo todos já arrumando suas coisas para ir embora, hesitante, Alex se mantem parado, somente observando Jay discretamente. Agora que as coisas estão próximas de acontecer, não consegue controlar seus sentimentos, não importa o quanto tente não consegue aceitar. A dor em seu peito está insuportável, só de pensar em tirar a marca de Jay, sente como se estivesse tirando algo de seu próprio corpo. Tenta pensar no ômega em primeiro lugar, mas controlar tudo o que está sentindo, não está sendo algo fácil.
Também sentindo uma dor incomoda em seu peito, assim como Alex, Jay se vê um pouco hesitante. O medo domina o seu corpo, ignorar tudo o que está sentindo, está sendo cada vez mais difícil, mas sem mudar de ideia, se mantem firme em sua decisão. Já pronto para ir embora, diferente de mais cedo, quando cruza caminho com Alex, para seus passos ficando parado olhando em sua direção, sua voz está trêmula, mas sem hesitar mais, fala desejando logo que tudo isso passe.
— Vou indo na frente alfa, e te esperar na minha casa, se quiser anotar em um papel, eu te passo meu endereço.
Ainda hesitante, mesmo com Jay parado bem a sua frente, Alex fica alguns segundos em silêncio somente o mirando em olhar pesado. Sente uma dificuldade enorme em aceitar o que precisa fazer. Por que Jay simplesmente não pode desistir e deixar para lá? Sem disfarçar, não consegue esconder o tom de frustração em sua voz.
— Então você realmente não mudou de ideia, não é mesmo ômega?
— Não.
Engole em seco, sentindo o peso esmagador da presença de Alex em seu corpo, mas não hesita.
— E eu nem vou mudar, eu já tomei a minha decisão.
— Tudo bem.
Fala em um tom seco, não fazendo questão alguma de esconder a sua frustração.
Se sentindo estranho, Jay o encara por alguns segundos em silêncio. Não importa o que Alex faça, tudo o afeta de alguma maneira, teme se deixar levar por esses sentimentos confusos, a única coisa que consegue desejar no momento é que tudo isso passe.
— Bom…é… anote meu endereço alfa, aqui nós não temos mais nada para conversar, como eu disse, eu te espero na minha casa. Então por favor não demore.
— Não se preocupe com isso Jay, eu estou com meu carro, a gente pode ir juntos até a sua casa.
— Não… é …não precisa — Desvia o olhar — Eu posso ir indo na frente alfa, a minha casa não fica longe, não tem necessidade.
— Claro que tem Jay, se nós vamos para o mesmo lugar, não vejo motivo para não te levar, vai ser só uma carona, nada demais.
— Meu Deus Alfa, você não entende mesmo.
— Eu entendo Jay — Sorri desanimado — Mas se é para eu fazer isso, então eu preciso fazer direito, e também vai ser mais rápido você não acha? A gente sai daqui e vai direto para lá. Como eu disse, é só uma carona, nada demais.
— Droga! — Respira fundo — Ok… se for para ser mais rápido, então tudo bem alfa, pelo menos assim eu garanto que você não vai dar para trás, mas saiba que depois de hoje, nada disso vai acontecer novamente.
— Eu sei Jay, não se preocupe com isso.
— Ok, mas é melhor a gente não sair juntos daqui, sabe o ponto de ônibus a alguns quarteirões da agencia, te espero lá por perto, não quero que ninguém me veja saindo com você.
— Não vejo necessidade disso, mas se você vai se sentir melhor assim, então eu te pego lá.
— Ok… vou indo então, até daqui a pouco.
Sem muito mais o que falar, já demorando muito mais do que imaginava para sair dali, Jay se afasta novamente, então começa a andar.
Sem conseguir tirar o olhar dele, Alex o acompanha até o ômega sumir de sua vista. Ainda não concorda com o que está prestes a fazer, mas como isso foi uma decisão de Jay, sabe que precisa fazer, então não hesita mais. Sem perder mais tempo, assim como o combinado, se levanta, arruma suas coisas, e também sai, indo direto até seu carro, não demorando muito e logo se encontrando com ele outra vez.
Juntos novamente, sem muita conversa, Jay passa seu endereço, então em silêncio seguem caminho até o seu apartamento.
(…)
No caminho, com suas mentes cheias, ambos se mantêm calados.
Sem coragem de olhar para Alex, Jay fica o tempo todo virado olhando para a janela. Mesmo tentando parecer calmo, quanto mais se aproxima mais sente o medo dominar o seu corpo.
Por causa da marca, Alex consegue sentir tudo, seu corpo pesa como pedra, saber que vai o machucar, mesmo sendo algo que veio da parte do ômega o deixa muito mal. Assim como antes, em vários momentos sente vontade de desistir, inventar uma desculpa, dar meia volta e simplesmente deixar tudo para trás, mas como prometeu que iria até o fim, se mantém calado tentando controlar tudo o que está sentindo.
Quando chegam, ainda sem muita conversa, seguem caminho direto para o apartamento de Jay.
Mesmo tentando disfarçar, a cada segundo que se passa, Jay se sente cada vez mais nervoso, o que faz Alex se sentir cada vez pior também.
No apartamento, sem conseguir olhar diretamente para Alex, de um modo frio Jay dá espaço para o alfa entrar.
— Pode entrar.
— Com licença.
Sem graça, Alex entra em passos lentos e fica parado perto da porta.
Jay a fecha e se aproxima novamente.
— Eu só vou no meu quarto tirar o curativo e trocar essa roupa e já volto, pode sentar no sofá eu não vou demorar.
Sai e segue caminho para seu quarto.
Sem saber como agir, Alex fica parado o observando até Jay sumir de sua vista. Nervoso continua de pé. Nesse momento seus sentimentos estão ainda mais intensos, seu peito dói como se tivesse lâminas cravadas sobre eles, sente como se algo estivesse entalado em sua garganta, a frustração e desgosto dominam seu corpo, nunca imaginou que poderia se sentir tão mal assim.
Em seu quarto, de um modo hesitante, Jay troca sua roupa, colocando uma roupa de ficar em casa para não sujar a sua de trabalho de sangue. Antes de voltar para onde Alex está, vai até o espelho, coloca a mão sobre a marca e tira o curativo. Também se sentindo nervoso, encara a marca por alguns segundos, seu coração bate ainda mais rápido, sente suas mãos molhadas de suor, sem controle o medo o domina cada vez mais.
— Que droga!
Respira fundo.
— Eu não posso voltar atrás agora, mas porque essa sensação?
Se sente estranho, não é só o medo que o incomoda no momento, algo parece estar errado. De alguma maneira seu corpo parece negar o que está para acontecer, Jay se sente confuso, seu coração bate tão rápido, sua marca queima tanto, que mesmo a ideia de a tirar ser da sua parte, desistir na última hora, não parece tão ruim assim.
— Merda! porra Jay! Não é isso que você quer? Eu não posso mudar de ideia agora, é claro que não vai ser fácil, mas eu tenho que fazer. Depois de feito eu tenho certeza que as coisas vão ser melhores, tem que ser…
Respira fundo, tenta ignorar tudo o que está em sua cabeça. Mesmo com muito medo, não muda de ideia. Decidido que isso é o certo em passos lentos volta para a sala.
Vendo o ômega voltar, assim que bate seus olhos em Jay novamente, Alex sente seu corpo pesar ainda mais, seu coração acelera, pensa em falar alguma coisa, mas nenhuma palavra sai de sua boca.
Ainda em passos lentos, Jay se aproxima, olha rapidamente em direção a Alex, engole em seco, seu peito também dói, sente ainda mais medo, a forte presença de Alex pesa em seu corpo, o que está prestes a fazer no momento parece errado, a confusão ainda assombra a sua mente, mas sabe que se voltar atrás vai se arrepender depois. Então não muda de ideia. Sem hesitar mais, se vira de costas para Alex e fala em poucas palavras.
— Seja rápido.
Mostra a marca e fecha os olhos.
Sem conseguir fazer um único movimento, ainda hesitante, Alex encara a marca por alguns segundos. Sem controle seus olhos passam por todo o corpo de Jay, percebe que ele está tremendo, seu estomago dói, se sente um pouco enjoado. Ir até o fim, está sendo muito mais difícil do que ele imaginava. Em um tom fraco na voz, desejando nem que seja no último segundo que Jay mude de ideia, pergunta outra vez.
— Jay, você realmente tem certeza disso?
Sentindo muito medo, Jay hesita um pouco em responder, mas não quer voltar atrás agora. Se tem algo bom de tudo isso que está acontecendo com ele, é a chance de se livrar dessa marca cravada em seu corpo. Então mesmo com medo responde em um tom firme.
— Sim alfa, só faça.
Percebendo que Jay realmente não vai mudar de ideia, mesmo ainda não confortável com a situação, Alex faz o que o ômega está pedindo. De um modo hesitante se aproxima um pouco mais do ômega, encosta de leve seus dedos sobre a marca, respira fundo mais uma vez, então se prepara para tira-la.
No momento em que Jay sente o toque de Alex em sua pele, fecha seus olhos com força. No impulso se encolhe.
Percebendo isso, Alex se sente ainda pior.
— Me desculpe Jay, eu não queria que você passasse por isso, de verdade me desculpe.
Olha Jay por mais alguns segundos, mas o ômega não fala nada. Sem ter muito mais o que fazer, se aproxima um pouco mais, encosta de leve seus lábios sobre a pele do ômega, e tira suas presas para fora fazendo um movimento para morder, mas não consegue. Sente uma dor insuportável em seu peito, seu corpo também treme, até respirar parece difícil no momento. Sem conseguir seguir em frente hesita.
Assim como Alex, mesmo antes do alfa fazer um corte mínimo em sua pele, Jay já começa a sentir intensamente os efeitos disso em seu corpo. Somente a respiração do alfa é o suficiente para fazer o seu coração bater ainda mais forte, o medo que está sentindo aumenta ainda mais também. A confusão em sua mente está em um ponto de ser sufocante, se sente cada vez mais estranho. Ao pensar em Alex tirando a marca de seu corpo, sente uma tristeza muito grande e um vazio enorme em seu peito, não é somente o medo da dor que o incomoda, na verdade, pensar em Alex simplesmente tirando a marca de sua pele e o deixando sem ela o incomoda ainda mais. Jay se sente confuso, não consegue entender os seus próprios sentimentos.
Por causa da marca, Alex sente todos esses sentimentos como se fossem seus. Sabe de tudo o que Jay está passando, isso pesa cada vez mais em seu peito, o alfa tenta seguir em frente, mas nesse momento tão perto de ir até o fim, não é somente os sentimentos de Jay que o incomodam, mas os dele também. Só de imaginar em tirar essa marca, sente como se estivesse tirado seu bem mais precioso. O embrulho no estomago volta a percorrer por seu corpo, se sente desesperado, mas prometeu para Jay que iria fazer isso.
— De verdade, me desculpe ômega.
Ignorando suas dores, tenta tira-la mais uma vez, mas seu corpo não reage, se sente pesado, quase imóvel. Suas emoções estão tão descontroladas, está tão perdido, está tão afetado, que mesmo tentando, a única coisa que sabe é que não quer fazer isso, mas prometeu para Jay. Então mesmo em meio a tudo o que está sentindo, tenta mais uma vez, mas novamente não consegue ir até o fim…
Percebendo Alex imóvel, confuso, Jay se vira de frente para ele novamente. Sem se der conta, por causa da explosão de sentimentos que está sentindo no momento, algumas lagrimas descem de seu rosto. Quando cruza seus olhos com Alex, se sente ainda mais estranho.
Sem conter a intensidade, o alfa o fita com o olhara ainda mais profundo. Parece diferente, sua presença está mais forte, de algum modo Alex está até um pouco assustador.
— Alfa?
Com a voz trêmula Jay o chama.
Se sentindo esgotado, sabendo que mesmo que tente não vai conseguir seguir em frente, Alex se afasta um pouco, e fala em um tom envergonhado.
— Me desculpe eu… eu não consigo.
Confuso, Jay o encara ainda mais.
— O que?!
— Me desculpe Jay, mas não dá.
— Alfa?
Sente o desespero dominar o seu corpo.
— Eu… Eu não posso, eu não posso fazer isso comigo, eu não posso fazer isso com você.
Sem acreditar no que está ouvindo, frustrado Jay fala em um tom mais alto.
— Como assim? mas você prometeu!
— Eu sei, mas olhe para você. Está chorando, está com tanto medo, está tremendo tanto.
Surpreso, Jay olha em suas próprias mãos, percebe que não está conseguindo controlar o tremor de seu corpo, algumas lagrimas caem sobre elas. Irritado com sigo mesmo, ignora completamente o que está sentindo, então volta a olhar em direção a Alex.
— Isso não importa, se você for rápido isso vai passar.
Fala isso mais para ele mesmo, do que para Alex.
Sem mudar de ideia, Alex o encara com o olhar mais sério.
— E depois? Eu vou simplesmente ir embora e deixar você aqui sozinho e fingir que nada aconteceu? Eu sei que a culpa é minha, e você não pediu por isso, mas… pense bem, olhe para gente, mesmo antes de eu fazer um único corte em sua pele, a gente já está nesse estado, imagine depois Jay. Não só por mim, mas por você também, espere essa marca sumir sozinha, você sabe que com um tempo ela vai sumir de você, confie em mim, vai ser o melhor.
Sem acreditar no que está acontecendo, Jay não consegue disfarçar a decepção em seu olhar, sem controle sente as lagrimas ainda mais grossas em seu rosto.
— Confiar em você? Você só pode estar brincando comigo alfa, mesmo com tudo o que eu estou sentindo, eu não desisti, eu quero ir até o fim, mas novamente você é egoísta e só pensa em você, e mesmo assim você ainda quer que eu confie em você?
— Jay…
Tenta falar mais alguma coisa, mas as palavras não saem de sua boca.
— Alfa por favor…
— Me desculpe, mas eu não posso fazer isso.
Se afasta um pouco mais
Sem acreditar no que Alex está fazendo, Jay o encara com o olhar cada vez mais decepcionado.
— Alfa?
— Me desculpe.
Envergonhado, agora é Alex que desvia o olhar.
— Droga! Então é isso? você realmente não vai tirar a marca alfa?
— Não…
Sabe que está fazendo Jay sofrer com isso, mas não consegue seguir em frente.
— Ok…
Irritado, Jay sorri sarcástico, está tão frustrado e decepcionado que fala tudo que está em sua mente, sem se importar com mais nada.
— Então o que você está fazendo aqui ainda alfa? Se não for para tirar a marca eu não preciso de você, eu juro que se não fosse pelo trabalho eu nunca mais chegaria perto de você. Depois daquela noite a minha vida mudou e não foi para melhor e parece que cada vez fica pior.
Nesse momento, mesmo algumas lagrimas ainda estando descendo sobre seu rosto, Jay o encara com intensidade e se mantem sério.
Sem conseguir responder, Alex se mantem calado, se sente destruído, se sente ainda mais culpado, mas não importa o quanto tente, não consegue mudar de ideia.
— Vá embora alfa, você não é bem vindo aqui, e amanhã por favor só fale o necessário comigo e esqueça tudo o que aconteceu entre a gente, por que é que eu vou fazer. Não importa o tanto que demore, essa marca vai sair de mim e tudo de você também, então mesmo você sendo um egoísta você não vai conseguir o que quer.
Mesmo sabendo que o ômega tem todo o direito de se sentir assim, as palavras que saem de sua boca, doem mais do que facadas em seu peito. Alex se sente frustrado e decepcionado, mesmo tentando se controlar, algumas lagrimas também se formam ficando paradas em volta dos seus olhos, que se cruzam novamente com os de Jay, transmitindo um olhar profundo e triste.
O ômega responde o seu olhar o encarando na mesma intensidade, mas ver Alex assim o faz se sentir estranho novamente, se sente mal, seu peito também dói. Sem conseguir o encarar por muito mais tempo, desvia o olhar novamente.
— Jay…
Tenta se aproximar mais uma vez, mas se sente tão envergonhado e frustrado, que não consegue sair do lugar.
— Me… me desculpe novamente Jay, sei que não importe o que eu fale, nada vai mudar os erros que eu cometi, mas a única coisa que me resta agora é me desculpar.
— Não perca seu tempo alfa, só vá embora logo, essa é a melhor coisa que você pode fazer agora, por que eu não estou mais suportando tudo isso, eu só quero ficar sozinho.
— Ok…
Fala em um tom desanimado, encarando Jay por mais alguns segundos, mas o ômega se mantém com a cabeça baixa e não fala mais nada. Sem muito mais o que possa fazer, sorri amargamente, muda a direção do seu olhar, respira fundo e começa a andar, seguindo em direção à porta.
Percebendo que Alex está se afastando, no impulso, Jay o encara mais uma vez. A sensação estranha volta, junto ao aperto em seu peito, sem conseguir se controlar não consegue tirar o olhar de Alex.
Antes de sair pela porta, Alex volta o encarar também. Novamente seus olhos se cruzam, seu corpo pesa, se sente esgotado. Em um tom fraco na voz, já não suportando mais tudo o que está sentindo, fala sem conseguir disfarçar a frustração.
— Novamente me desculpe ômega, e me desculpe por te deixar sozinho também, mas acho que não tem mais nada que eu possa fazer aqui além de te machucar ainda mais. Espero que você fique bem, e de verdade eu não queria que as coisas acabassem assim, novamente me desculpe…
Se vira, e volta a andar, agora cruzando a porta.
Sem falar nada, Jay continua o encarando até Alex sumir de sua vista. A sensação estranha fica cada vez mais forte, se sente cada vez mais confuso e frustrado. Irritado engole em seco. No fundo, mesmo tentando negar isso, sente coisas que não gostaria de estar sentindo.
— Mas que merda! O que está acontecendo comigo?
Coloca a mão sobre a marca.
— Não é possível que isso me mudou tanto assim, se ao menos aquele alfa tivesse coragem de realmente tira-la, aquele covarde egoísta.
Sente seu peito apertar outra vez.
— E essa sensação? Por que dói tanto quando eu penso se você realmente tivesse tirado essa marca? O que está acontecendo comigo? O que você fez comigo alfa? Eu… eu preciso me livrar disso aqui…
Já sem forças para se manter em pé, se joga sobre o sofá. Sua marca queima como nunca, seu peito continua doendo, nunca se sentiu assim antes, está completamente perdido. Sem controle as lagrimas voltam a descer.
—
Publicado por:

- Fei
-
Oiii, me chamo Feick . Começando agora nesse mundo louco da escrita kkk, desculpem qualquer erro de português e espero que gostem
Sejam bem vindos.
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