Uma história de várias vidas - Professor Cai e Aluno Shen ficam presos
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No campus da faculdade de arquitetura, havia uma sala de aula que ficava lotada em todos os períodos que aquele professor estava em aula, principalmente, as jovens estudantes apaixonadas por aquele professor que mais parecia como um raio de sol. Se existia alguém cujo é a grama do campus, provavelmente esse professor era a árvore escolar.
E naquele dia, assim como nos dias anteriores, seus estudantes e ele, juntamente com o clube de teatro, ficaram responsáveis pela decoração da festa de Halloween, totalmente inédita na Universidade de Pequim.
Devido ao horário apertado, poucos estudantes vieram no dia trinta para ajudar nas decorações, também era um dia antes do período de provas e muitos estudantes estavam completamente focados nas provas finais. Felizmente, ainda há aqueles que se dispuseram e se ofereceram para ajudar com a decoração da festa universitária. Muitos dos professores também vieram.
O Professor Cai, cuja reputação era melhor que o próprio presidente do país, como sempre, estava rodeado de estudantes do sexo feminino. Ele parecia não se importar, mas por dentro estava cansado desse interesse superficial dessas pirralhas…
Ele se despediu dessas jovens nutridas de hormônio e correu para o lado de seu amigo pessoal e colega de trabalho, You Xiaolin. Assim que se aproximou, escutou uma risadinha vinda daquela boca vil.
— Se você saísse do armário, provavelmente não haveria tantos jovens apaixonados ao seu redor, Professor Cai.
Cai Xing quase jogou a caixa de MDF sobre o amigo.
— Isso não seria possível, homens são mais perigosos… você sabe.
O professor de arquitetura riu.
— Além disso, me assumir, custaria meu emprego, Professor You! — felizmente, para You Xiaolin, a caixa pousou sobre a mesa. — Eu valorizo meu emprego.
Cai Xing abriu a caixinha de MDF branca. Não era o que ele esperava ter trazido e teria mais trabalho do que desejava por isso.
— Professor Cai valoriza seu salário. — Xiaolin ajeitou os óculos enquanto falava e sorriu para as suas alunas que se despediam dele.
Cai Xing deu uma risadinha que chamou atenção de quem passava por perto. Embora fosse um homem caloroso e sorridente, uma risada sincera era difícil de ouvir daqueles lábios doces e melosos. Saía como se fosse algo muito etéreo e isso apenas ressaltava sua beleza. E, ao lado do gentil e cavalheiro professor de medicina que tinha um adorável sorriso, tornava a cena ainda mais agradável.
— Você também valoriza seu salário.
— Eu tenho um filho para cuidar, diferente de você Professor Cai. — ainda falou sorridente.
O professor de arquitetura deu uma risadinha amarga.
— Você chama aquele seu gato de filho?
— Isso é óbvio. É uma herança de família, afinal. — seu semblante se tornou triste por um momento, mas logo perdeu a tristeza, pois eram boas lembranças. Não gostava de se entristecer ao relembrar do marido, seu casamento foi o melhor que poderia ter.
Embora fosse doloroso, por que se apegar a dor enquanto viveram momentos tão bons?
Huo Liangyi foi morto por um assaltante, dentro de uma instituição bancária, há pouco mais de dois anos. O assalto foi noticiado em todo o país e houve muitos reféns e seu Liangyi foi a pessoa quem estava ajudando com a negociação dos assaltantes com a polícia. Ele morreu após tentar salvar uma criança.
O Xiao Feng — nome do gato — era a lembrança mais vívida que tinha dele e foi lhe dado alguns dias antes do marido falecer. Mesmo sendo jovem, ele não se via com outra pessoa tão cedo, então tratou Xiao Feng como a criaturinha mais importante em sua vida.
— Desculpe. — o professor Cai sentiu-se culpado. Ele passou a mão no pescoço, bastante envergonhado.
Num pensamento rápido, Professor You teve uma ideia interessante.
— Se está se sentindo culpado vá até o depósito e busque essas coisas para mim. — falou, lhe entregando uma lista.
— Seu merdinha! — olhou a lista em suas mãos, eram muitos adereços. — Talvez eu demore um pouco. Eu vou fumar. — deliberadamente, abaixou o tom de voz.
You Xiaolin apenas o encarou por alguns segundos e decidiu não o repreender por esse hábito ridículo. Não podia culpá-lo depois de seu último relacionamento. Ele deu um suspiro pesado e balançou a cabeça, conformado.
Cai Xing havia estado com um homem muito cruel que o tratava como lixo. Ele o manipulava, usava e, às vezes, até mesmo o agredia fisicamente, com a desculpa que era um jogo entre eles. Fumar se tornou um hábito após isso. Por pior que fosse, You Xiaolin não conseguia culpá-lo.
De repente, uma agitação tomou conta dos estudantes. Começaram a cochichar e olhar numa única direção. O par de professores, dois homens muito curiosos, também direcionaram seu olhar para o motivo de tal e inesperada situação.
Tanto You Xiaolin quanto Cai Xing não pareceram surpresos. Se havia alguém capaz de causar um alvoroço tão grande quanto esse professor de arquitetura, era seu próprio aluno e assistente: Shen Zhengyi. Um jovem educado, bonito e limpo que chamava atenção principalmente pelo seu olhar. Ora fosse arrogante ou frio, ora fosse gentil e suave, ele era o balanço perfeito.
O único problema dessa pessoa era o quão corte sua aura poderia afastar as pessoas. Suas palavras também poderiam ser como facas afiadas prontas para cortarem qualquer pessoa. Talvez por isso, sua única amizade fosse Xie Yan. Um maldito golden retriever que não se importava com palavras ruins.
Cai Xing deixou seu olhar vagar para seu estudante por alguns momentos antes de sair para o depósito.
— Líder de classe Shen, o que o traz aqui tão cedo? — uma voz melodiosa e graciosa de uma estudante do sexo feminino cobriu os ouvidos daquele estudante. Suas bochechas estavam vermelhas de vergonha e se vestia de forma tão fofa que parecia uma boneca.
— O mesmo que você. — respondeu secamente e virou as costas para sua colega de classe e colocou a caixa que estava em suas mãos no chão.
A estudante do sexo feminino soltou um suspiro apaixonado. O que havia de tão bom em ser rejeitada dessa forma?
— Ge, por que você rejeitou uma garota tão fofa? — Xie Yan se aproximou, perguntando baixinho.
— Não tenho interesse em garotas burras. — respondeu de forma que todos os presentes possam escutar.
Xie Yan abriu a boca num perfeito “O”. A cada dia que passava Zhengyi estava ficando cada vez pior! Professor You estava tentando segurar o riso, não era a primeira vez que esse seu nada adorável sobrinho deixava esse tipo de situação. As confraternizações de família eram muito animadas graças a ele.
O líder de classe Shen ignorou todos os olhares e questionamentos pois estava acostumado a esse tipo de situação e foi até o professor You, verificar as tarefas que lhe foram atribuídas. O pequeno golden retriever foi atrás, como uma sombra.
— Xiao Shen, Xiao Xie.
— Professor. — os dois estudantes sincronizaram o cumprimento.
— Como tem estado o meu sobrinho favorito?
Professor You estava feliz em ver esse rapaz colaborando. Deve-se saber que Shen Zhengyi era um antissocial nato! Mal saía de casa e seus dias passavam entre seu quarto e o escritório de sua mãe. Para ele se alimentar, os empregados deveriam lembrá-lo de fazer as refeições adequadamente.
You Xiaolin tinha medo que seu sobrinho, um dia pudesse colapsar. E, embora sua mãe fosse muito amorosa, o problema era o chefe da família, seu irmão You Luo. Desgostava do irmão como se fosse um inimigo. Se fosse resumi-lo numa única palavra, seria monstro.
— Estou bem tio. — ele respondeu.
Não era isso que o corretivo abaixo dos seus olhos o dizia.
— Como está minha cunhada e o Shen Lin?
— Todos estão bem. — Zhengyi desviou o olhar para o celular que vibrava em seu bolso, mas quem quer fosse, foi ignorado com o máximo de satisfação.
— E Pequeno Xie?
— Como sempre, cuidado do grande freezer. — Xie Yan brincou, passando a mão pelos ombros de seu amigo e lhe dando um abraço.
Eles conversaram mais um pouco antes do professor lhe atribuir algumas tarefas. Shen Zhengyi foi alocado para buscar mais alguns adereços no depósito e Xie Yan ajudar no auditório, onde as apresentações musicais iriam ocorrer.
O aluno de arquitetura ficou aliviado por ter sido direcionado ao depósito. Era irritante estar rodeado o tempo todo e pessoas insistindo num flerte incessável que nunca teria o resultado almejado por eles.
Já basta ser pressionado em casa, ele pensou enquanto caminhava pelo corredor até o depósito.
Pela janela do terceiro andar, podia notar a agitação e os sorrisos dos seus colegas de faculdade e não entendia como eles conseguiam sorrir despreocupadamente. Toda vez que tentava, sentia uma angústia pressionar seu coração, sua mente, seu corpo. Sentia-se como se carregasse o Monte Tai nas costas, hipócrita demais.
Um suspiro profundo saiu como se estivesse cansado demais até para raciocinar esse tipo de coisa banal do seu dia a dia. Ele ergueu os óculos até a testa e esfregou o canto dos olhos. Sua visão também estava piorando.
Abrindo a porta do depósito, ele espirrou. O cheiro do mofo, misturado à poeira e a velhice das prateleiras cobriu seu olfato sensível. Não foi tão agradável estar longe das pessoas.
Ele ligou a luz e começou a vasculhar entre as coisas, o que estava na lista que seu tio havia pedido.
O sangue falso estava vencido. Seria possível usar?
As máscaras da Impermanência estavam rasgadas. O conserto era viável?
O brocado marrom tinha uma mancha de vinho tinto enorme bem no meio. Era para ser assim?
Tudo estava estragado?
Era Halloween, ou como costumava chamar em casa, Festival Fantasma, mas não precisava ser tão drástico!
Outro espirro. Precisava ser rápido ou ficaria sem nariz!
Inesperadamente, o motivo dessa última reação não foram os cheiros citados anteriormente, mas a fragrância detestável do tabaco. Havia também um perfume que mal se sobressaía sobre aquele lugar. Foi então que ele ouviu também uma voz.
— Não, não vou poder ir para casa no ano novo… Eu sei mãe! Mande um abraço para ela, mas estarei muito ocupado… Prometo ir para aniversário dela… — uma risada despreocupada foi ouvida. — Também te amo mãe. Vou me cuidar.
Shen Zhengyi não queria escutar a conversa, pois sentia ser desrespeitoso, porém precisava pegar uma mão falsa que estava bem ao lado da pessoa que estava ali, sentada sobre a mesa em frente à janela, com os pés na cadeira.
O homem estava de costas, mas poderia reconhecê-lo perfeitamente, principalmente por esse jeito descolado. Era seu professor de cálculo. Professor Cai Xing.
Eu te amo, mãe.
Essas palavras carinhosas nunca saíram de sua boca. Ele amava sua mãe, mas também a odiava por ser tão submissa e esse ódio, era o que mais se sobressaia.
Zhengyi gerou um barulho para anunciar sua chegada. Foi de imediato que o professor se virou, quase antecipando sua chegada. Ele ainda estava sorrindo quando acenou, cumprimentando-o suavemente.
Estranhamente, Shen Zhengyi levou a mão ao peito. Era aquela sensação estranha toda vez que via seu professor. Ansiedade, medo, admiração, palpitação… seu coração batia tão rápido que poderia sofrer um ataque cardíaco. E principalmente, anseio.
Ele não era burro, sabia o que isso significava, mas não sabia defini-lo completamente e, por isso, negava até para o seu coração esse tipo de desejo absurdo.
— Tudo bem mãe…
Com as mãos trêmulas e pernas vacilantes, ele chegou até a mão falsa ao lado de seu professor.
Assim que pegou o objeto, seu pulso foi agarrado. Quase deu um salto para trás, assustado com o toque repentino. Ele olhou para cima, encontrando o olhar de Cai Xing.
— Vou desligar. Preciso voltar ao trabalho.
Na sua boca, o cigarro barato pendia quando ele guardou seu celular.
— Zhengyi. — seu sorriso aumentou e ele apagou o cigarro na mesa, deixando um rastro escuro na superfície plana e clara. — Você realmente veio!
Ah! Era esse sorriso animado que o deixava ansioso!
— Precisava participar de alguma atividade ou repetiria o semestre.
Na verdade, ele nem ligava se precisaria repetir o semestre. Ele veio porque na noite anterior, havia discutido com o seu pai e este, repetia incessantemente o quão inútil ele poderia ser. Estava exausto de permanecer naquela casa, então preferiu a exaustão da faculdade. Talvez, se conseguisse chegar ao telhado, pudesse acabar com essa exaustão. A questão era que, não tinha coragem de fazê-lo. Shen Zhengyi queria viver.
— Pense bem, não seria tão ruim. Ser meu assistente não é chato, ou é?
— Não, professor.
Era a única parte agradável da sua vida de merda.
— Com licença… — o estudante pediu com cuidado, percebendo que o professor ainda não o havia soltado.
Cai Xing pareceu um pouco envergonhado e recuou.
— Desculpe… — notou a lista — Xiaolin lhe pediu para buscar algumas coisas? Quer ajuda? Estou levando só uma caixa.
— Não é necessário, professor. Mas, obrigado. Também não é um volume muito grande.
Bem, ele precisaria voltar duas vezes, mas estar sozinho com o professor lhe deixava nervoso. Muito nervoso. Preferia evitar esse tipo de encontro.
— Eu vejo que tem muitos rabiscos aí, tem certeza?
— Tenho. — tentou manter uma firmeza em suas palavras.
— Certo, não vou insistir. Se precisar de ajuda, apenas me ligue.
Shen Zhengyi não percebeu, mas esse professor havia ficado decepcionado com a sua resposta. Ele puxou uma caixa pequena para debaixo do braço, deu um tapinha leve no ombro de seu aluno e saiu cantarolando uma música qualquer.
Assim que ele saiu. Shen Zhengyi pôde respirar normalmente. Colocou as mãos na borda da mesa e deixou que seu corpo relaxasse, direcionando seu peso para os braços. Soltou outro suspiro, mas dessa vez não era de cansaço. Era apenas um alívio que o motivo do seu desespero havia ido embora.
O dia passou rapidamente e aos poucos, a bagunça se tornou organização e à noite, as luzes e barracas de comida, estabelecimentos da faculdade, estavam todas ornamentadas. A movimentação entra as praças já crescia regularmente e, no alto-falante, uma voz indicava as direções e atrações durante o festival de Halloween.
Estava tudo muito colorido, principalmente as fantasias e elas eram muito criativas. Os alunos estavam bastante animados em relação a esse festival. Tinhas aquelas clássicas, de fantasmas, cabeças de abóbora, Frankstein, vampiros e lobos e tinham aquelas mais conceituais, cuja autora prefere deixar pra lá, pois nem a própria entenderia essas.
O professor Cai, como um preguiçoso nato, apenas vestiu-se casualmente, da mesma forma ao qual se arrumaria para sair com seus amigos. Ele era um grande fã de rock e havia um cantor que ele adorava especialmente, aquele de nome Ling Shan.
Uma bota coturno, camisa com uma estampa do rosto de seu cantor preferido, uma calça cargo escura e colocou alguns acessórios exageradamente aqui e ali. A maquiagem no seu rosto era pesada, mas a única coisa normal em sua ‘fantasia’ era o cabelo. Ele o despenteou e deixou assim. Depois de tudo, a preguiça o abateu e desistiu de arrumar o cabelo. Sua maior vontade, às vezes, era ser careca: sem cabelo, sem trabalho.
Cai Xing despediu-se de alguns estudantes quando se afastaram da barraca que ficou responsável. Ele detestava doces, todos sabiam disso, por que raios o havia designado justamente a barraca de doces?
Já eram dez da noite e seu vício no cigarro estava começando a incomodar. Fechou os olhos por um momento e segurou com força o maço de cigarros no bolso da calça. Infelizmente era proibido fumar na frente dos estudantes, mesmo se fosse parte da fantasia.
Foi quando avistou seu cúmplice de crime que se vestia como um espetacular grego. You Xiaolin, que fazia patrulha, avistou seu amigo.
— Eles arrumaram um excelente trabalho para você. — zombou.
— Xiao Ge é muito engraçado, estou morrendo de rir. — revirou os olhos — Ei! — se aproximou por cima do balcão — Aguenta meia hora aqui? Realmente preciso ir ao banheiro!
— Por que toda vez que me vê sempre está pedindo um favor? Você se lembra da última vez que tentou fazer isso? Eu tive que tirá-lo da delegacia!
— Só dessa vez, por favor!
Cai Xing parecia um pouco desesperado, seus braços estavam trêmulos e a boca seca. Professor You percebendo isso sentiu um amargor.
— Tudo bem. — sacudiu a mão no ar — Uma hora, você tem uma hora.
— Obrigado, Xiao Ge. — o sorriso fez com que seus olhos se tornassem duas luas crescentes.
Ele saltou de dentro do balcão como se fosse um adolescente fazendo parkour. Cai Xing devia se lembrar que ele era um professor! Ay! E ainda deixou um beijo estalado em sua bochecha!
— Obrigado Xiao Ge!
You Xiaolin só viu um homem de vinte e nove anos se comportar como um jovem de dezoito sair como se houvesse descoberto que era correspondido no amor.
Por outro lado, esse jovem de espírito escorou-se numa árvore perto do auditório. Estava muito escuro então ninguém o notaria ali. Não muito longe, um casal de namorados fazia algo muito indecente ao ar livre. Os gemidos não o incomodavam, mas sim a atitude irrefreada em não os conter só porque estavam no escuro. Afinal, ele morava num apartamento que fazia divisa com três homens bem ativos e saudáveis.
Felizmente, ele suportou por pouco tempo toda essa bagunça. O punk metaleiro Cai Xing saiu dali e retornou para o seu canto agradável, no depósito de fantasias. Depois de encontrá-lo hoje, seria um local bem especial em suas folgas e não era longe do campus de arquitetura.
A porta estava trancada. Que seja! Ele tinha a chave! O que ainda era melhor, ninguém o incomodaria.
Cai Xing entrou rapidamente e trancou a porta. Não ligou a luz, sua memória era boa o suficiente para se lembrar do caminho até a janela. No percurso ele acendeu outro cigarro, a nicotina entrando nos pulmões diminuía sua expectativa de vida, o que Cai Xing achava extremamente atraente.
Foi então que ouviu um choro.
Ele franziu a testa e caminhou com cuidado até encontrar um jovem estudante encolhido num canto, ele trajava um hanfu escuro e antigo. Havia colocado uma peruca de cabelos compridos.
Mas, inesperadamente, sem entender o porquê, um nome floresceu em seus lábios.
— Zhengyi? — ficou surpreso ao escutar a própria voz.
O choro cessou imediatamente. Secou as lágrimas do rosto e ergueu seu olhar. Infelizmente, por mais que tentasse esconder, era impossível. O delineador borrado acusava o acontecido.
— Professor Cai? — havia também sua voz, bastante fragilizada.
Ele baixou a cabeça novamente, envergonhado. Cai Xing era a última pessoa que gostaria de ver.
— O que houve? — o professor se agachou, ajoelhou-se parcialmente e começou a remexer a cabeça tentando encontrar uma abertura.
Estava muito preocupado. Nos três anos em que conviviam, nunca o viu com tamanho descontrole! Pelo contrário, mal demonstrava qualquer emoção.
— Desculpe… eu…
Com o pedido de desculpas, Cai Xing conseguiu compreender, de forma parcial, a situação.
— Não se desculpe, não contarei a ninguém. É perfeitamente normal chorar. — hesitou por um momento em tocá-lo e, no final, acabou sendo repreendido.
— Por favor, não me toque. — ele disse.
— Tudo bem. Então vou me sentar aqui.
E discretamente, mandou uma mensagem para You Xiaolin.
[Encontrei seu sobrinho chorando aqui no depósito. Talvez eu demore um pouco mais, mas não se preocupe tanto. Estou controlando a situação]
O que seria sob controle? Bem, isso ele não sabia dizer.
Depois disso, o professor Cai sentou-se no chão e sentou-se em posição fetal, espelhando seu aluno e colocou a cabeça sobre os joelhos, observando-o com cuidado. Seu hanfu parecia desalinhado.
Ele não conseguiu segurar o riso.
— É difícil vê-lo demonstrar emoções, Zhengyi. — Cai Xing iniciou. — Nunca sei o que se passa nessa sua cabeça incrível. — sua voz estava em um tom baixo e atraente, Zhengyi não pôde deixar de prestar atenção — Você parece ser bom em tudo o que está fazendo. Nunca o vi sendo rude com ninguém, nem levantar sua voz. Um excelente aluno e, como pessoa é alguém muito gentil, embora, às vezes, você possa ser um pouco rude devido a sua sinceridade. Também é difícil ler você, suas microexpressões são tão complicadas de se entender! — sua voz tomou uma nota de indignação — Como alguém que está convivendo com você por três anos, me sinto preocupado ao vê-lo chorar dessa forma.
Cai Xing inclinou sua cabeça e continuou:
— Sempre fui bom em ler as pessoas, mas não sei nada sobre você. Se você gosta do que faz, o porquê é alguém tão frio com outras pessoas. Só o vejo com o Pequeno Xie porque afasta todo mundo. Talvez seja somente minha impressão, mas você é opaco e minha preocupação é bem fundamentada.
Nesse ponto, Cai Xing olhava para fora da janela, com os olhos fechados e escutando a agitação do festival. Não tinha percebido que, há algum tempo, os olhos cansados de Zhengyi o encaravam com atenção.
— Conheço muito dos meus alunos, mas não consigo enxergar através dessa casca que você tem. Fico bastante curioso. — Professor Cai abriu os olhos e retornou à posição inicial e se deparou com o silêncio — Você parou de chorar. — e sorriu.
— Professor… — um oceano prestes a se tornar agitado pendurou-se nas linhas d’água.
— Bem, acho que estou sendo tagarela demais.
Cai Xing se agradeceu por não ter ligado a luz, sentia todo seu rosto queimar. O que estava fazendo? Porra! Shen Zhengyi era seu aluno! Ele era apenas um professor qualquer!
— Meus pais tinham razão quando diziam que a única coisa boa em mim era a aparência. — soltou um espirro — Eles… eles… tentaram… — seu olhar estava desfocado, um tanto desorientado e assustado.
Vendo isso, o coração do professor se partiu e inclinou seu corpo para frente, e segurou com firmeza o rosto do outro.
— Menti quando falei sobre não repetir o semestre. — ele engoliu a seco — Eu não me importo se eu repito o semestre ou se desisto. Odeio tudo isso. Isso é só… aquele homem! E ainda… — por alguns segundos e logo em seguida, voltou a chorar, desesperado — Eu quero acabar com tudo isso.
Cai Xing não falou nada, mas quando percebeu ele estava o abraçando com força. Zhengyi chorava ainda mais alto. O oceano desabou e lavou toda a beira da praia até que a calmaria e o silêncio fossem a normalidade.
— Está melhor agora? — o sussurro chegou até o ouvido de Zhengyi.
— Sim, obrigado professor.
Cai Xing pôde sentir que ele havia dado um sorriso, mesmo sem vê-lo. Ansiava ver isso há algum tempo. Realmente queria vê-lo nesse momento. E também sorriu.
— Zhengyi, se não quiser dizer… — Cai Xing se soltou, verificando o estado de seu aluno. — Quem foram os covardes?
De repente, o professor Cai se tornou um com a escuridão. Seu semblante era bastante obscuro, que, por um momento assustou o aluno e ele desviou o olhar, sem saber como encará-lo. Ele está realmente preocupado, mas com raiva também, pensou Zhengyi.
— Não importa, professor. — baixou ainda mais sua atitude.
Isso o fez parecer ainda mais frágil e perdido e tornou Cai Xing ainda mais sombrio.
— Importa… não! Realmente não importa. De qualquer forma, descobrirei do meu jeito. — passou a mão no rosto com força, quase arrancando a maquiagem. — Você quer sair daqui? O festival ainda não terminou, posso te acompanhar.
Zhengyi mordeu o lábio inferior. Ele estava ainda bem abalado, mas também não seria bom para sua alergia se continuasse a ficar no depósito.
— Se o professor quiser, eu aceito. — a ponta das suas orelhas se enrubesceu.
Cai Xing deu uma risada, desfazendo-se do mau humor. Ele levantou a mão, cobrindo uma das orelhas de Zhengyi e mexendo nos brincos.
— Está ainda mais incrível hoje, Zhengyi. — desviou o olhar dos brincos para os olhos de seu aluno.
Foi então que eles perceberam a posição que estavam. Cai Xing estava sentado no chão, com uma das mãos circulando a cintura de Shen Zhengyi, que sentado em seu colo, muito próximo havia passado suas mãos por cima do ombro do mais velho.
Assustado, Shen Zhengyi se levantou rapidamente e soltou um espirro.
— Vamos então… — a risadinha baixa quase não poderia ser ouvida, mesmo no silêncio.
Cai Xing se levantou, seu coração batia tão rápido que tinha medo de outra pessoa escutar. E não apenas se coração havia reagido a isso. Ele se odiava tanto por isso. Olhou para o teto, respirando fundo e finalmente sentindo o odor do mofo e poeira.
“Que imundice, porra”
Shen Zhengyi espirrou novamente.
— Não quero que você perca esse nariz esculpido. — deu um sorriso de lado, carregado de malícia.
Esse era um lado que, em todos esses anos, Shen Zhengyi nunca tinha visto. Ele considerava o Professor Cai como se fosse um dia de primavera. Refrescante, quente, agradável, gentil e alegre. Era estranho esse tipo de sorriso, mas o deixava envergonhado.
Cai Xing puxou a chave do bolso e ligou a luz para encaixar a chave na porta. Ele olhou para a direção do seu quadril e sentiu que precisava resolver isso antes de estar no meio de outras pessoas, mas não podia deixar Shen Zhengyi sozinho.
A chave entrou, mas não queria girar. Cai Xing tentou forçar e, de repente, escutou um barulho que não deveria existir nesse momento. Puxando a chave para fora, percebeu o acontecido.
— Porra!
A chave se quebrou dentro da fechadura.
— O que houve, professor?
Ele se virou para trás e ergueu a chave.
— Vou tentar ligar pro Xiaolin.
— Ele deixou em casa.
— O quê?
— O celular.
— Filho da puta! — ao perceber suas palavras, ele decidiu se retratar — Desculpe por isso…. — respirou profundamente — Nesse horário, não costuma ter alguém por aqui, vamos ter que esperar.
— O professor não tem contato de outra pessoa? — perguntou inocentemente.
Cai Xing riu amargurado e mostrou o celular que tinha: um celular antigo, com botões e contatos apenas de familiares e de You Xiaolin, além do próprio de Shen Zhengyi. Este último, somente o possuía porque ele era seu assistente.
— E o seu? — o mais velho retornou a pergunta.
— Perdi enquanto fugia…
Alguns segundos de silêncio seguiram entre eles.
— Seus familiares.
— Eles não sairiam da Europa até aqui para abrir a porta.
Mais alguns momentos de silêncio e Cai Xing desistiu.
— É melhor ficar perto da janela, não vão nos procurar tão cedo. Vou mandar uma mensagem para Xiaolin, ele vai precisar olhar o celular em algum momento.
Havia um sentimento estranho percorrendo o peito do professor. Ele pensava ser sortudo por ter entrado nessa situação, mas também esse era um péssimo lugar para ficarem. Esperou três anos para entrar nesse tipo de situação precária? Porra! Porra! Porra! Coisas importantes devem ser ditas três vezes!
“Vão se foder leis celestiais!”
Ao menos era uma chance e, mesmo sentindo que tudo isso era errado, num momento errado, não perderia esse momento para se aproximar.
Passou por ele, caminhando de volta para onde estavam e olhou através da janela, meio perdido em suas próprias ilusões. Ele enviou uma mensagem para seu amigo e continuou em seus próprios devaneios e esperanças.
Sentiu o olhar por trás, de Zhengyi, pousando sobre si. Um calafrio cobriu seu corpo.
— Zhengyi, você tem namorada?
O estudante demorou para responder, procurando as palavras corretas para, no fim, usar somente uma única e monossilábica, e bastante frequente em seu vocabulário.
— Não.
— E namorado? — voltou a repetir.
A resposta demorou mais que anteriormente.
— Também não.
— Entendo, isso é bom. Tem algum interesse em alguém?
Essa resposta, porém, foi a mais rápida, quase instantânea.
— Não sei dizer.
Ele não sabia definir o que sentia, então era difícil dizer se gostava.
— Então, eu poderia cortejá-lo?
Talvez fosse os segundos mais demorados de sua vida. Cai Xing tinha certeza disso. Ele contou cada maldito segundo e foram exatos vinte e sete. E, ao contrário de sua situação anterior, seu coração batia normalmente, com calma. E quando as palavras vieram, foram hesitantes.
— Sim, professor.
Isso era tudo que ele precisava.
†
Infelizmente, ninguém seria capaz de ouvir aquela melodiosa risada que Shen Zhengyi dava toda vez que Cai Xing fazia um trocadilho esperto ou alguma piada ruim. Nem ele mesmo percebeu que estava sorrindo de verdade.
Cai Xing era um homem divertido e sincero, além de saber pontuar as coisas sem adentrar o espaço pessoal de outra pessoa, graças sua intuição e observação notáveis. Era possível se sentir confortável com ele rapidamente.
— Professor, por que você leciona?
— Não se decepcione… não tenho um motivo grandioso. É pelo dinheiro. Se eu receber bem, posso viver bem. Não necessariamente precisa ser algo que eu goste, viver confortável é o suficiente.
Não tinha aspirações altas para sua vida, e, nesse ponto, eram parecidos. Shen Zhengyi desejava viver confortável e de forma estável. Longe de sua família, preferencialmente. Com um ambiente familiar daqueles, seu maior desejo era se afastar e não se importava com as opiniões de outras pessoas. Estava alcançando o seu limite.
— Não estou decepcionado.
Estava aliviado, porque tinham o mesmo pensamento em relação à vida.
— Para mim, também é simples. Nunca teve algo que eu me interessasse e não tive tempo para pensar sobre isso. — ele brincou com seus dedos, focando atenção nas próprias unhas — Mas, desde que saí de casa para faculdade tenho pensado sobre isso, apreciei minha própria vida e escolhas e decidi que desejo viver pacificamente.
Quero ser livre.
— Sou péssimo em muitas coisas. Posso ser inútil para os meus país e minha família ou para mim mesmo. Mas, haverá um dia que poderei ter utilidade para outra pessoa ou para eles…
— É a primeira vez que o ouço falar tanto.
Também estava surpreso por falar tanto e falar sobre coisas tão íntimas para outra pessoa.
— Perdoe-me, professor. Não costumo ser assim, como o senhor sabe.
— Shen Zhengyi. — chamou seu nome com firmeza.
— Fiz algo errado? — sua voz saiu um pouco incerta.
Cai Xing suspirou, cansado.
— Estou tentando flertar com você, qual o ponto de me chamar de professor? — inclinou ligeiramente a cabeça, cerrando os olhos — Ou você possui algum fetiche nisso? — seus lábios arquearam muito maliciosos, deixando ainda mais sugestiva a sua pergunta.
— N-Não é isso, professor… digo… — ele se escondeu colocando as mangas do hanfu sobre o rosto.
— Vamos, tente usar meu nome. — ele se levantou da mesa, onde estava sentado e ficou à frente de Shen Zhengyi, que usava a cadeira bem abaixo da janela. Cai Xing colocou os braços no batente da janela, cercando esse rapaz tímido e se aproximou, soprando em sua orelha — Posso lhe dar uma recompensa se o fizer.
Cai Xing sentiu que esse pequeno coelho poderia ferver, já que via suas orelhas, rosto e pescoço completamente vermelhos. Isso o incitou a querer fazer mais e roçou os dedos em sua nuca com suavidade, mas o pobre rapaz não emitiu nenhum som ou sequer se mexeu.
— Também posso lhe dar algo mais do que uma simples recompensa. — aos poucos, aquele tom magnético se tornou mais baixo e agradável, causando arrepios por todo lado. — Isso seria muito satisfatório para nós dois e poderia deixá-lo completamente mole… Você cheira bem… não vai chamar meu nome? Vai me deixar sair prejudicado, Assistente Shen? Vou ficar chateado.
Finalmente houve uma reação e, com um tipo coragem inexplicável, Shen Zhengyi levantou a cabeça. Isso fez com que seus rostos ficassem muito próximos, a ponto que se quisesse, poderia tocar os lábios do outro.
— C-Cai Xing…
Ouvir isso era melhor que qualquer outra palavra que já tenha ouvido em sua vida.
— Atrevido… — Gosto disso.
A maçaneta da porta girou e o professor se afastou sutilmente e olhou para trás, esboçando seu descontentamento.
— É uma pena… alguém veio resgatar as princesas, afinal.
Cai Xing foi até a porta e acabou por descobrir ser You Xiaolin. Enquanto o chaveiro tentava abrir a porta ou arrombá-la, Shen Zhengyi não parou, nenhum momento sequer de espirrar e quando saíram, o ainda assustado e alérgico estudante correu para o lado do seu tio.
— O que raios aconteceu para ficarem presos? Que tipo de coincidência milagrosa para você foi isso? — uma nota de raiva foi expressa pelo Professor You.
— Eu só fui fumar e o encontrei chorando. Quando decidimos sair a chave quebrou. É simples. — respondeu desinteressado, olhando para o rapaz que estava dormindo sobre o banco da frente do carro de You Xiaolin.
— O que você fez com ele? — O professor You o segurou pela gola da camisa.
— Porra, Xiaolin! Se eu tivesse feito algo você realmente saberia. — seu olhar escureceu — Não sou idiota o suficiente para forçar outra pessoa. Só fiz o que ele me permitiu, embora alguém tenha tentado fazê-lo. Por isso, ele estar chorando.
You Xiaolin o soltou com raiva.
— Quem foram?
— Ele não quis me contar, mas você sabe que tenho meus meios para descobrir. Não se preocupe com isso. — passou a mão na nuca repetidamente. — Eu não vou prejudicá-lo ou magoá-lo Xiaolin. Me conhece melhor que qualquer outra pessoa.
— É por isso que não o quero perto de Xiao Yi!
Cai Xing revirou os olhos. Já estava amanhecendo e seu humor havia despencado novamente, não queria discutir mais.
— Estou indo embora, preciso dormir. Tenho que aplicar provas no primeiro período.
E simplesmente se virou para sair, deixando seu melhor amigo indignado e questionando sua amizade.
“Por que sou amigo desse cara? Filho da puta maldito!”
†
Pela manhã, Cai Xing chegou na sala de aula com tanto sono que poderia cair sobre a mesa de trabalho e seu mau humor era palpável. Ele se despediu de seu amigo dizendo que precisava dormir, mas não havia dormido um minuto sequer!
Sua cabeça girava e distorcia todo tipo de situação e imaginava todo tipo de coisa relacionado a Shen Zhengyi e aquele hanfu maldito hanfu. Além de precisar resolver alguns outros assuntos importantes.
Vez ou outra, durante o tempo de avaliação, seus olhos por Shen Zhengyi. Ele parecia tão cansado quanto ele e podia notar que havia usado maquiagem para esconder a evidência abaixo dos olhos.
Olhou também as horas.
— Vou passar o gabarito. Preencham corretamente e não rasurem o gabarito ou serei incapaz de decidir qual é sua verdadeira resposta. — se levantou da mesa bocejando — Vocês têm quinze minutos para preencher.
Obviamente, algumas reclamações surgiram.
— Professor, não pode nos dar mais algum tempo?
Sem pestanejar, Cai Xing explicou com a suavidade de um coice:
— Vocês tiveram o semestre inteiro, senhorita. Sem mais um minuto! — ele riu — Estava tão ansioso para corrigir suas provas!
O comentário alegre do professor deixou a sala num clima de velório. Eles esqueceram que esse professor que era como a primavera, na verdade tinha a personalidade de uma raposa! Muito enganador!
Quando passou por Shen Zhengyi, o rapaz havia debruçado sobre a mesa, e dormido profundamente. Sua prova estava completamente feita e, olhando rapidamente, todas as repostas corretas.
— Vejam, o Assistente Shen já respondeu todas e agora tirou um tempo até para tirar um cochilo. — aumentou seu tom de voz e tentou acordá-lo com cautela. — Deveriam fazer o mesmo.
O aluno, esfregou os olhos, confuso.
— Professor Cai?
— Está na hora de se casar, Xiao Shen. — ele falou num tom brincalhão.
Todos estavam acostumados com as brincadeiras do professor, mas devido o ocorrido na noite anterior, Shen Zhengyi estava um pouco sensível. Ele arregalou os olhos, mas assim que percebeu onde estava, suas orelhas tornaram-se como um pequeno tomate maduro.
Isso arrancou risadas de todos os colegas de turma, o deixando ainda mais envergonhado. Ele puxou a folha de gabarito das mãos do Professor Cai antes que ele continuasse com as brincadeiras.
Em exatos quinze minutos, Cai Xing recolheu as provas junto ao seu assistente e o restante dos alunos já se preparava para sair.
— Zhengyi, pode ficar? Preciso discutir algo com você. — ele estava sério.
Ele acenou positivamente e aguardou os seus colegas saírem para se aproximar.
— Aconteceu algo, professor?
Cai Xing também organizava alguns papéis, ele abaixou os óculos até a ponte do nariz e encarou Shen Zhengyi.
— Aconteceu algo. — usou as mesmas palavras que seu aluno e notou que ele ficou tenso. — Os rapazes que tentaram forçá-lo, não se preocupe com eles. — a tensão aumentou em Zhengyi. — Estão todos expulsos. Foi divertido que eles nem conseguiram negar quando os perguntei.
Por perguntar, ele se referia a bater neles em lugares que não deixariam vestígios, interrogá-los utilizando tortura psicológica e fazê-los confessar diante da polícia e serem presos. O reitor da universidade era um conhecido de Cai Xing e lhe devia alguns favores então usou disso para expulsar essas pessoas, embora somente seu sobrenome seja capaz de causá-los certa tremedeira na perna e os fazer ajoelhar.
Shen Zhengyi ficou um pouco assustado. Como ele sabia sobre isso? Sobre quem eram essas pessoas? Ele não havia contado nada.
— Como o professor descobriu?
— Existem câmeras por todos os lados hoje em dia. A tecnologia é muito avançada. — respondeu vagamente e desviou seu olhar para a tela do computador. — Dito isso, o reitor também me devia um favor. Então, não precisa se preocupar quanto a isso. Ah! Eles se entregaram a polícia também.
— Professor não precisava…
— Veja bem Zhengyi. — interrompeu — Desejo proteger as pessoas quem aprecio e estimo muito. — colocou as mãos sobre a mesa e se levantou, inclinando seu corpo para frente — Zhengyi é alguém que aprecio e estimo muito. Para mim, és uma pessoa especial. E se você quiser me pagar pelo favor esteja no Teatro Nacional às oito da noite. Estarei lhe esperando.
— O qu…
— A minha recompensa virá depois. — ele ajeitou os óculos no lugar com um sorriso perverso no rosto e se sentou, como se não tivesse falado nada demais — Tenho que cumprir minhas promessas, não é mesmo? Tenha um bom dia, Zhengyi. — e sorriu.
Shen Zhengyi não soube como saiu da sala de aula quando os alunos do próximo período começaram a entrar. Quando percebeu, estava em frente ao espelho, com o rosto corado.
Sentia-se bastante nervoso, mas não era algo assustador. Ele não era alguém desconhecido, era Cai Xing. O Cai Xing que ele conhecia de muito tempo. O homem que havia feito muito por ele no passado, em outros planos, em outras vidas, então não havia o que temer. Ele se sentia ansioso por isso, há muito, muito tempo.
Fim.
Publicado por:
- Xiao Yu
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Apaixonando-se aos oito anos pelo fantástico mundo da literatura, Yu Ge, em busca de um sonho e apenas uma mente fértil, passou pela poesia indo para ao romance adolescente, chegando à fantasia medieval se encontrou nos danmeis (novels chinesas boys love) e na fantasia sombria aos recém-completos 23 anos. Do xianxia à dark fantasy, se diverte encontrando o caos e ambiguidade da natureza humana.
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