Paixão em Dellvild. - Capítulo 5
Com a medalha de campeão de ouro no pescoço, a brisa realmente do lado de fora estava muito fria, mas eu senti um certo calor perto dessa pessoa, não sei como explicar mas eu apenas sentia isso. O céu noturno é recheado de pontos brilhantes que chamamos de estrelas. Os grandes refletores na tonalidade branca brilhavam no céu como um sinal de ajuda, a área do banheiro químico estava vazia, só havia apenas nós dois.
Ainda ouço o barulho da música dentro do galpão mesmo a essa distância, minhas mão estão quase seca mas de alguma forma fica suadas, ouço também risadas de outras pessoas que estão a poucos metros de mim, mas a única coisa que eu conseguia processar é seu cheiro inebriante e seu lindo rosto. No claro vejo que realmente ele é muito alto, e que meu palpite sobre sua altura esteja totalmente certo. Sua voz, é mais forte e imponente quando escuto claramente, ele não estava usando o chapéu eu podia ver a cabeleira farta e negra, ela caia perfeitamente sobre sua testa.
Ele tinha mudado de camisa, já que essa é num tom azul escura, e pelo tecido dá para perceber que é de boa qualidade, ele disse ‘oi’ para mim novamente, mas dessa vez sinto minha boca seca mais ásperas. Eu apenas movimento as mãos, ele sorri ligeiramente.
“…Oi.”
Finalmente sai da minha boca, mas sai bastante fraco, eu tento limpar a garganta para que minha voz saia um pouco mais alta.
“Oi.”
Falo novamente, mas agora meu tom saiu mais limpo.
“Oi.”
“Eu pensava que você tinha ido embora, então resolvi fazer algumas coisas…”
“Acabou de surgir um problema naquela hora, eu tive que resolver rapidamente, mas não pensei que ia demorar tanto.”
Então dentro da minha cabeça surge novamente o relato das duas jovens sobre a ida de Brandon Black, então me senti mais tranquilo, pois ele não podia ser um Black, meu chefe? Impossível, fora que pelos relatos, o filho de Henry vivia o tempo todo fora, não tinha muito envolvimento com a empresa, mas ele sabia que eu era novato na empresa, denunciando que ele trabalhava lá a bastante tempo. O silêncio permaneceu entre nós, realmente sou péssimo para lidar com alguém, ser introvertido às vezes é um saco, nem sirvo para manter uma conversa. Na maioria das vezes as pessoas falavam e respondia por mim e eu apenas acenava concordando escutando ela.
E isso vem se repetindo durante minha vida toda, mas com ele está sendo diferente, ele quer de alguma forma que eu fale, crie voz. Mas dos meus lábios não sai nada. Possivelmente ele vá desistir de falar comigo e ir embora.
“Ah, entendi, então você quer entrar?”
Eu convido ele, talvez no meio do barulho e bebendo aquela cerveja novamente eu consiga me abrir facilmente e manter uma conversa.
“Podemos conversar aqui fora? Lá dentro está muito barulhento e quase não dá para conversar.”
“Certo, entendi…”
Droga, a ideia de beber uma cerveja e conversar melhor não funcionou, mas eu não queria ficar falando com ele em frente ao banheiro químico, então pergunto se podemos ir para outro lugar, e ele diz que sim, caminhamos e passamos pela entrada do galpão, as pessoas que estavam conversando e fumando um cigarro foram para dentro e ficou só nós dois, o barulho ficou mais alto mas, ainda dava para ter uma boa conversa.
Eu estava muito curioso para saber o que ele queria falar comigo, ele chegou de repente em mim e começou a falar, nós não nos conhecemos, nunca vi ele, mesmo quando havia uma reunião geral eu nunca vi ele. Então, estou apreensivo e nervoso.
“Como você sabia que eu era novato?”
“Quando eu completei uma idade certa eu acompanhava meu pai nas festa de aniversário da empresa, menos ano passado, e nunca te vi, então previ isso.”
Talvez ele seja filho de alguma figura que tem um cargo importante na empresa, já que é proibido trazer filhos para festa comemorativa da empresa.
“Eu entrei assim que concluí a escola. Quando estava com 17 anos eu terminei meus estudos, então um amigo do meu pai ofereceu uma vaga de emprego no hipermercado, e estou aqui até agora, faz seis meses hoje.”
“Você trabalha em qual área? Não me diga que é no deposito.”
“Na verdade não, meu cérebro trabalha melhor que minha musculatura, eu sou na verdade operador de caixa….”
Estava preparado para ouvir um risinho de escárnio, mas não ouvir nada ele apenas olhou para mim de forma como se fosse interessante esperando mais sobre a profissão que faço. Então eu continuo.
“…. esse amigo do meu pai viu minhas qualificações nessa área e conseguiu me encaixar nela, eu realmente sinto que sou bom no que faço e agradeço a ele por me colocar lá, sem ajuda dele eu não saberia de fato o que estaria fazendo.”
“Mas você quer fazer uma faculdade? Vejo que é novo e terminou os estudos cedo, deve ser uma pessoa bem inteligente.”
“Oh. Na verdade, eu quero entrar numa faculdade, mas no momento não estou podendo fazer, quero juntar uma boa grana para isso.”
“Mas realmente eu nunca te vi, você sempre morou aqui? Na cidade de Dellvild?”
Eu achava que ele ia perguntar sobre o por que eu estou juntando uma grana, mas agradeço por ele não tocar nesse assunto e sim abordar outro mais fácil de responder.
“Nascido e criado aqui, frequentei escola e o colégio de Dellvild, viva os Wolf..”
Eu não sei por que eu acrescentei as últimas palavras, mas parecia que eu queria dar veracidade ao fato que sim, eu nasci aqui e possivelmente se eu não perseguir meu sonho morrerei aqui. Ele riu das últimas palavras que eu disse quase sem animo nenhum. Talvez ele dever ter percebido que eu queria dizer que sempre estive aqui e que sou um legítimo americano.
“Entendi, entendi. Então de fato você é um caipira como eu?”
“Claro.”
Então, do lado de dentro o DJ colocou uma música super lenta para casais, então parece que ficou um pouco mais quieto. As luzes internas ficam num tom mais quente, simbolizando o amor, eu achei bem estranho nós dois conversando do lado de fora num clima frio enquanto ouvíamos uma música country super romântica. Eu pergunto, não eu, mas ele, se ele estivesse lá dentro com esse físico formidável ele teria atraído muitas mulheres e nessa hora ele estaria dançando com alguma delas. Enquanto eu, ficaria morrendo de sono em algum canto bebendo o resto de alguma cerveja.
“Você torce para os Wolf?”
De alguma forma eu ri de sua pergunta, queria pedir desculpa por essa indelicadeza mas só de lembrar que não dou a mínima para o time, isso me tornaria um alienígena?
“Por que está rindo?”
Ele diz num tom divertido quase rindo comigo.
“E que… apesar de ter nascido aqui, eu não sou torcedor dos Wolf, na verdade eu não tenho interesse por futebol americano, na verdade por quase nenhum esporte. Desculpe.”
Eu não entendo o fato de ter pedido desculpa, mas deve ser pelo fato que sou um extraterrestre que se apossou do corpo de um jovem menino caipira, por isso a antipatia por esporte e problemas com coordenação motora. Talvez.
“Não é problema não torcer ou não gostar de esporte, talvez haja outras coisas que você goste, como xadrez?”
Eu fiquei abismado com sua precisão, eu jogava bastante xadrez quando jovem com meu pai, e até participei de um torneio na escola e fiquei em segundo lugar, ainda tenho a medalha, creio que esteja na garagem numa pilha de caixas criando teias de aranhas.
“Como você sabe?”
“Eu apenas deduzi, você disse que é bom com a mente, então rapidamente pensei no xadrez, e também meu falecido avô jogava muito xadrez. E pude acompanhar algumas partidas com ele quando era criança.”
“Que legal. Eu realmente amo jogar xadrez, eu costumava jogar, na verdade jogava com meu pai, ele me ensinou muitas regras que ele aprendeu com pai dele e isso foi passando de geração a geração.”
Eu senti em minha voz um tom de alegria misturado com nostalgia, um filme passa pela minha mente de quando era menor jogando com meu pai na sala enquanto minha mãe preparava algo para comermos, esse clima bom foi prolongado até meus 17 anos, quando eu ganhei a medalha pelo segundo lugar, meu pai me levou para a cidade para eu escolher meu próprio tabuleiro de xadrez, ele dizia quer ter o próprio item de xadrez é como dar um grande passo para se tornar um homem.
Na época eu não entendia, mas agora compreendo verdadeiramente, o xadrez me ensinou ter uma mente mais ágil e bem estruturada, ao mesmo tempo as jogadas difíceis de fazer mostravam as grandes dificuldades que eu enfrentaria um dia e teria que escolher a melhor rota para vencer no final. A escolha difícil foi enfrentar a morte dos meus pais, e aos poucos vou jogando, mas ainda não venci, sinto que falta muita coisa.
“Você ia gostar de ter jogado com meu avô, ele não tinha muita paciência em muitas coisas, mas quando ele jogava eu sentia que o tempo ao redor dele parava e ele esperava o momento certo para fazer a jogada certa. Era incrível, mas eu não tenho essa destreza igual a dele. ”
“Mas se pode aprender, o ser humano tem capacidades escondidas que até ele mesmo duvida ter. Nada que um empurrão não resolva.”
Brandon sorri e olha para o alto, parece que ele lembrou de algo em especifico.
“Por incrível que pareça, você falou igual meu pai, ele costumava dizer essa frase constantemente para mim, principalmente quando estava passando por algum desafio.”
“Então talvez eu tenha conhecido seu pai.”
“Talvez sim, na verdade eu creio que sim. Ele era bem famoso.”
Fico surpreso com sua resposta, então a pergunta que ele deve ser filho de algum sócio ou alguém muito importante da empresa passa pela minha mente. Mas neste momento, eu esfrego minhas mãos pelo meu braços, o frio parece ter piorado, e meus pelos estão todos arrepiados, ele olha para mim, notando que sinto frio, e pediu para esperar um minuto, eu vejo ele indo até certo ponto do estacionamento. Olho o céu noturno, realmente a madruga está muito bonita, mas mesmo assim não consigo parar de sentir frio.
Então, vejo ele vindo em minha direção com algo nas mãos, quando ele chega próximo de mim vejo que é uma jaqueta jeans do mesmo tom escuro que sua calça, e na gola a pelagem é branca e parece ser bem quente. Sinto meu rosto esquentar com essa gentileza, ele deve ter percebido que minha camisa é muito fina e que o frio estava forte.
“O clima nesse lugar é quase semelhante ao deserto, faz muito frio a noite, então percebi que está com frio e peguei meu casaco, sobre o pelo é sintético não é de origem animal. Pode vestir?”
Eu ia rir de sua maneira de oferecer o casaco, ele praticamente estava quase implorando para usar, eu pego, eu mal tocou a ponta dos seus dedos, e visto, como percebi, é grande demais, porém tem um cheiro muito bom dele. A parte de cima é muito quente e a tremedeira para um pouco.
“Muito obrigado.”
“Não foi nada.”
“Mas e você?”
Eu fico preocupado com o clima, sua pele branca no entanto, dourada, mostra sinais que trabalha no campo, ele sorriu, mostrando seus dentes brancos perfeitos.
“Eu estou acostumado a trabalhar em climas severos, não sinto frio facilmente.”
“Ah… então você trabalha na fazenda e não no escritório?”
Ele para e pensa, parece procurar a palavra certa para dizer para mim. Não por maldade, mas para explicar melhor.
“Eu sempre estive na fazenda, trabalhando com a terra e com o gado. Mas agora com alguns acontecimentos tenho que ficar na parte administrativa.”
“E pelo jeito você não gosta muito da área administrativa…?”
Eu chuto essa teoria, mas parecia que ele gostava de ficar na fazenda e quando ele falou sobre ficar na área administrativa, senti um leve desgosto no seu tom de voz.
“Sim, eu e meu pai costumávamos ficar muito mais na fazenda enquanto a parte burocrática outras pessoas cuidavam, na verdade eu estudei para ficar principalmente na fazenda.”
“Qual curso você estudou?”
“Medicina veterinária.”
“Realmente um verdadeiro cowboy….”
Na loja havia três veterinárias que cuidava do setor da carne, eles inspecionavam a qualidade da carne e de outros animais, quando uma veterinária ia lá, os açougueiros ficavam malucos,e eles iam com bastante frequência fazer uma inspeção, como aqui é a sede, o prédio ficava de frente para o hipermercado era fácil eles sempre monitorar de perto. Mas eu nunca conheci um médico veterinário que trabalha na fazenda. E pelo sorriso dele, ele realmente ama o que faz. Então eu fiz uma pergunta aleatória que um dia vi na televisão.
“Então você faz aquilo com a vaca, tipo, pega aquelas luvas gigantescas que vai até o ombro e….”
“E faço exame ginecológico na vaca?”
“É…. tipo isso.”
Falo cheio de vergonha, na verdade eu queria saber para que serve aquilo, mas não precisei perguntar, ele logo me respondeu, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
“Sim, eu faço ou na verdade fazia exame ginecológico nas vacas, precisamos saber quando elas ficam férteis para fazer a inseminação artificial. É como fazer exames ginecológicos numa mulher, o ginecologista não usa uma luva para verificar a vagina feminina, então é a mesma coisa nos animais, mas cada um tem um método diferente. Também tiramos o semên do boi para fecundar a vaca, exames parasitológicos, verificar a vacinação e entre outras coisas.”
“Ahh.”
Quando eu via sobre um documentário sobre a vida no campo, eles costumam sempre focar na profissão de veterinário, a vida de um médico veterinário que trabalha na fazenda é muito duro, tem que acordar antes mesmo do sol nascer, verificar o gado, e outros animais que estão na fazenda, fazer o tal ‘exame ginecológico’ nas fêmeas. Algumas partes eu achei bem nojento. Mas quando estávamos conversando acabei me interessando por essa profissão, ele fala com uma facilidade e autoridade sobre o que fazia na fazenda. Ele me contou um pouco de cada coisa, ele disse que apesar de ser veterinário ele trabalhava com os grãos que serviriam como ração para os animais da fazenda e que cada animal tinha uma necessidade diferente.
Ele disse que isso também fazia parte do trabalho do veterinário até a parte do abate também um veterinário participava, ele contou que quando algum animal está muito debilitado e não há jeito para curar ele, esse animal era doado para a faculdade de medicina veterinária para os estudantes estudarem, ele contou sobre a época que fazia exames nos cadáveres dos animais doados, e participou de diversas cirurgias, e já fez também cirurgias nos animais.
Eu fiquei um bom tempo escutando ele dizendo sobre sua profissão, e como ele amava fazer essas coisas, por incrível que pareça não era chato, ele tinha um magnetismo misterioso que fazer se envolver em tudo que ele falava, uma vez eu li num livro sobre administração as característica de um líder, lendo esse livro eu achava impossível uma pessoa ter tudo aquilo, até que olho para o Brandon, ele não estava falando nada complicado era até de certa forma simples, mas havia algo nele que somente um líder teria, que chama atenção para ele.
Mas ao mesmo tempo em que ele falava ele me deixava a vontade de também falar sobre o que gosto, sobre minhas curiosidades e meus sonhos. Eu nunca encontrei alguém assim para falar de coisas simples mas ao mesmo tempo importantes, eu achava que só tinha esse nível de intimidade com meus pais, eu achava que mesmo casando com alguém eu não conseguiria encontrar o mesmo magnetismo e total liberdade com essa pessoa. Mas por incrível que pareça parece que encontrei nesse homem.
Mas, eu estava sentindo o calor de seu casaco, a brisa não chegava mais em mim, e eu estava mais envolvido no seu cheiro que mesmo que eu devolva o casaco eu não vou conseguir esquecer mais, como se estivesse grudado no meu cérebro e virou algo fixo. Mas meu cansaço estava nas alturas, eu bocejo e uma gotas ralas de lágrima forma no canto dos meus olhos e escorre pela minha bochecha. Eu estava realmente cansado, e o casaco estava tão quente. Então percebo que tenho que falar com a Amanda, quero ir embora, eu nem sabia que hora era mais.
“Você está cansado?”
Pergunta preocupado.
“É que na verdade…. eu nunca fui dormir muito tarde, a vida toda eu acordo cedo e durmo cedo e meu relógio interno está pedindo socorro.”
“É sua primeira festa?”
“Sim, normalmente eu ia para festa de família, mas não se compara a isso.”
“Você veio com alguém?”
“Sim…”
Bocejo novamente esfregando meu olho direito, sinto as pálpebras pesadas. Ele pergunta se ele pode falar com essa pessoa, eu impeço ele, essa hora Amanda deve estar torta dançando muito ou ficando com algum cara, eu não queria atrapalhar, possivelmente eu só iria embora quando a festa acabar, simplificando, quando o dia raiar.
“Não tudo bem, eu não quero atrapalhar ela, ela deve está curtindo a festa ou deve está com alguém, eu vou para dentro e espero no canto até a festa a acabar.”
Ele olha a hora no seu relógio de pulso, e diz que já são quase 4h da manhã, até o sol nascer vai demorar duas horas. Ele perguntou se eu estaria bem, mas eu tentei relaxar ele dizendo que sim, que podia aguentar mais duas horas. Mas na realidade eu não estava me aguentando em pé, eu realmente precisava de uma cama macia urgentemente, se não, ia desmaiar lá dentro.
“O seu casaco, eu… obrigado.”
Minha voz saiu meio arrastada, eu estava tirando o casaco dele do meus ombros, mas então ele diz algo inesperado com uma feição preocupada. Ele coloca a mão nos meus ombros, sinto sua poderosa força nos meus ombros magros, suas mãos largas mantém em equilíbrio para não cair para trás, então meus olhos focam em seu rosto. Seus olhos claros, que ainda não sei a cor direito, olham diretamente para mim.
“Dylan Bailey.”
Ele diz meu nome com uma voz forte e poderosa, rapidamente eu lembro do cantor country que cantou até certa hora da madrugada com sua companheira feminina, mas a voz dele era mais forte. Fazendo vibrar meus ossos.
“Quer uma carona para casa?”
“Ahn?”
Eu pensei que escutei errado, mas ele queria me dar uma carona até a minha casa? Eu fiquei na duvida, mas ele transparecia tanta confiança que meu cérebro não acionou o alarme do perigo, e de alguma forma depois de ficar parado e imóvel por três minutos, eu balancei minha cabeça concordando.
“Então vou falar com essa pessoa que você irá comigo para casa…”
Mas antes dele ir para dentro eu seguro seu braço impedindo.
“Deixa que eu falo, não se preocupe com isso.”
Ele para no caminho, e aceita a condição, eu ia devolver o casaco mas ele pediu para continuar usando. Então eu entro no galpão. O clima interno era um pouco mais quente, mas mesmo assim continuei com o casaco firme no meu corpo. Algumas pessoas estavam espalhadas conversando, então foi fácil localizar Amanda, ela estava conversando com um cara aleatório que não sabia quem era. Eu respirei fundo e tentei afastar todo sono possível dentro de mim. E fui até ela.
“Amanda.”
Toco no ombro dela, ela vira e olha para mim surpresa, no rosto dela eu posso ver um leve arrependimento por ter me deixado sozinho por muito tempo, mas eu não estava ligando para isso, eu só queria ir para casa dormir.
“Bailey.”
“Me desculpe.”
Falo com o homem, e pego a Amanda para um pouco mais longe, então falo toda a minha situação.
“Mas quem é Brandon? Qual o sobrenome dele? Esse casaco é dele?”
Ela lança várias perguntas que meu cérebro estava sendo incapaz de processar direito, eu realmente estava cansado.
“Olha, ele me ofereceu uma carona para ir até a minha casa, e eu decidi ir, então presta atenção, estou devolvendo sua medalha, e seu troféu está com Dave. É só ir lá e pegar com ele.”
“Quem é Dave? Por que meu troféu está com ele?”
Eu realmente não sou de ficar irritado com ninguém, mas nessa hora eu estava muito cansado e ela estava me irritando, mas exalo todo ar, e explico novamente devagar que tive que ir no banheiro e que não tinha com quem deixar e falei com o Dave, ele concordou e guardou, então expliquei que conheci o Brandon na festa e depois lá fora quando tinha acabado de lavar minhas mãos. Ela ouviu atentamente, e só disse uma coisa.
“Ele deve ser perigoso, sei que você não é uma mulher, mas devo me preocupar do mesmo jeito. Você não sabe nada sobre esse Brandon, vai que ele seja algum maluco.”
Amanda diz de forma histérica e preocupada, eu sei que não devia confiar em estranho, meus pais diziam isso o tempo todo para mim isso, mas alguma coisa dentro de mim confia no Brandon, e tento transparecer essa confiança que tenho nele para ela.
“Não se preocupe, de alguma forma eu não sei, eu confio nele, mas se acontecer qualquer coisa eu sei me virar, e quando eu chegar em casa mesmo caindo de sono eu envio uma mensagem para seu Messenger. Escuta bem, estou devolvendo sua medalha e seu troféu está com Dave, lembre antes de ir embora, senão vai ter como mostrar para seus filhos e sua mãe a sua conquista.”
Ela olhou para mim ainda preocupada e ressentida, ela queria dizer alguma coisa, mas eu já estava convicto e com muito sono, eu tiro a medalha do meu pescoço e coloco no pescoço dela, e digo que irei enviar uma mensagem quando chegar em casa antes de dormir.
“Bailey, envia a mensagem, por favor. Eu quero muito te ver no trabalho na segunda-feira.”
“Tudo bem, eu vou fazer isso.”
Eu dou uma última olhada nela e deixo ela confortável que estará tudo bem comigo, depois disso não vi mas ela, apenas segui em frente para saída. Eu passei direto, e não vi Brandon, mas antes de eu falar alguma coisa ele me surpreendeu, ele estava apoiado na parede de metal do galpão. Digo a ele que falei com a pessoa que me trouxe e que estava tudo bem. Ele calmamente me guia até seu carro.
Ainda havia carros estacionados, claro, em menor quantidade quando cheguei, mas eu só via caminhonetes e impalas velhos, o carro dele estava estacionado no final do estacionamento, e era um carro incrível, enorme, muito grande mesmo. Ele era na cor vermelha, mas era muito brilhante, as peças exteriores pareciam novas como se acabasse de comprar era uma coisa que só se vê na TV em propaganda ou em alguma série da Netflix, eu sei pois vejo bastantes comerciais, séries e filmes. Esse cara não era um cara comum para ter uma máquina dessa, eu não pude saber qual era a marca mas eu podia confirmar com toda certeza que era 4×4 de luxo.
Meu sono tinha ido embora só de imaginar que vou andar nesse tipo de carro pela primeira ou talvez última vez. Ele acionou o carro e que fez um barulho suave, ele falou para entrar, eu abri a porta, como o carro era grande eu coloquei meu pé em cima de uma rampa e entrei no carro, como eu era magro e por dentro era muito espaçoso podia ir duas pessoas no mesmo peso que eu, que caberia facilmente, eu estava olhando todos os comando do carro que nem prestei atenção no que ele estava falando, parecia uma obra de arte até dentro do carro cheirava seu perfume, por dentro o couro do assento é macio, olhei para trás e cabia três pessoas perfeitamente e sobraria um espaço.
Normalmente os carros feitos nos Estados Unidos costumam ser grandes, pois transportamos uma quantidade maior de carga, nos mercados e hipermercados, tudo que se vende são enormes e ocupam muito espaço então os carros tem que ser enorme, e também o carro tinha que se adequar ao tamanho do motorista e dos passageiros, então tudo era muito grande. O carro dos meus pais eram grandes, mas o carro do Brandon é gigante.
E o carro dessa potência é grande para andar em estradas difíceis e carregar uma carga extremamente pesada. Basicamente o carro de Brandon é um tanque de guerra, só que em forma de um carro conversível. Quando olho para Brandon sentado do meu lado, vejo que ele ocupa toda a cadeira, e vejo o quando ele é enorme, mesmo sentado ele continua sendo alto e muito forte.
“Você já jogou algum esporte?”
“Ahn? Ah! Sim, futebol americano no colégio e na faculdade.”
“Ah tá.”
Agora entendo por causa desse físico monstro, mas de alguma forma não era exagerado como fisiculturista, eram bem distribuídos, e dava um visual bem legal, um físico que qualquer homem gostaria de ter.
“Por que?”
Ele coloca o cinto de segurança, e eu faço o mesmo.
“Não, é porque imagino você carregando muito peso.”
“Quando eu trabalhava na fazenda eu carregava muito peso, principalmente bezerros, fora que eu ajudava na manutenção da fazenda então eu carregava feno, ferros, escadas, caixa com produtos e outras coisas.”
Eu tentei mentalizar um cara como esse fazendo tudo isso, mas minha mente ficou uma bagunça e eu comecei a rir, ele me acompanha então ficamos um bom tempo assim, até ele perguntar o endereço da minha casa. Eu digo o endereço e ele põe no GPS, na tela que que funciona bluetooth, e a tela é touchscreen, ele liga o som e coloca um rock antigo.
Fiquei surpreso pois eu pensava que ele ia colocar uma música country, mas não disse nada, guardei para mim e fiquei escutando a melodia do rock antigo. Ele moveu o volante para sair do estacionamento, como seu carro era enorme eu pensava que ele teria uma certa dificuldade, mas ele fez tudo muito rápido com maestria, e quando fui ver já estávamos na estrada lisa. Eu não senti nada, não ouvi nenhum barulho, então essa era a sensação de estar dentro de carro de luxo? A sensação era muito boa.
Eu queria experimentar mais vezes.
Eu relaxo meu corpo no banco macio e sinto todo peso nos meus ombros, a melodia era baixa e não era um rock pesado, me lembrava muito bandas dos anos 80 e 90, suaves e boas de ouvir. Então fechei meus olhos, eu não tinha notado se eu estava acordado ou dormindo, eu estava no transe entre ambas as partes, mas ele não falou nada e deixou eu dormir confortavelmente, ele aumentou um pouco o som, e seguimos na estrada ao som de rock.
“…Bailey…. Dylan Bailey….”
Eu ouço uma voz distante me chamando como se eu estivesse num túnel muito distante, então eu percebi que tinha dormido durante o percurso.
“…oi? O que?”
Minha voz estava grogue como se acabasse de acordar, os músculos da pernas estavam doloridos devido ficar tanto tempo em pé parado, desde que cheguei em casa no sábado eu não descansei e o trabalho foi muito puxado e juntou com a festa, me sinto destruído.
“Chegamos.”
Diz ele suavemente, como se estivesse preocupado por me acordar, eu olho em volta, e passo a mão pelo meu cabelo, ele estava amassado de um lado e com certeza deve está muito engraçado a minha figura agora. Eu esfreguei meus olhos tentando focar, não havia mais a melodia suave do rock estava tudo um silêncio, como se não morasse ninguém na minha vizinhança.
“Seus pais não vão brigar com você por chegar tão tarde?”
Droga, eu tinha esquecido de falar com ele que moro sozinho e que não tenho pais. Falo com ele de forma arrastada que estava tudo bem, eu só conseguia falar essa palavra e mais nada. Então tiro o cinto de segurança e o casaco dele, ele põe na parte de trás. Depois ficou um puta climão, eu não sabia o que dizer para ele e apenas agradeci pela companhia e pela carona. Na minha mente ficou circulando para pedir o número de telefone dele, já que ele era depois de Amanda uma pessoa que foi de certa forma próximo a mim, e eu nunca tive amizades masculinas, então fiquei sem graça, porque não sabia como reagir.
Então ele fala primeiro.
“Eu queria pedir seu telefone. Na verdade eu gostaria de pedir seu número, posso?”
Foi a primeira vez que vejo alguém se atrapalhar para pedir algo meu, mas havia uma atmosfera estranha, não parecia dois homens trocando contato, eu realmente me senti no papel feminino onde um cara que estava muito afim pedia o telefone. Eu rapidamente tirei essa ideia da cabeça e tentei focar no agora, eu pego meu telefone pois eu queria o telefone dele também, mas quando vou ver meu celular estava descarregado e desligado. Quando mais preciso de algo, essa coisa falha comigo e fico na mão.
“Meu celular descarregou, então não vai ter como entrar em contato com você imediatamente, falo meu número de telefone e você envia uma mensagem e eu gravo seu número, tudo bem?”
“Para mim tudo bem.”
Eu digo meu numero para ele digita rapidamente no seu iphone. A porta estava destrancada então era só eu sair, então eu iria agradecer ele novamente, mas quando eu disse o nome dele, e virei em sua direção, nossos rostos ficaram muito próximos. Eu cheguei ver a cor finalmente dos seus olhos que eram um castanho claro esverdeado, e notei o quanto combinava com ele. E vi o quanto ele era lindo, então dentro de mim, meu coração começou a pulsar muito rápido e suor nas minhas mãos, mas minhas mãos estavas meias inquietas devido a forte adrenalina liberada na corrente sanguínea.
Percebo que ele pode está sentindo a mesma coisa que eu, então percebo que o nosso modo de nos conhecer foi muito diferente, não podia ser considerado como apenas ‘dois homens socializando’, foi algo além uma conexão estranha se emaranhou entre nós dois. E de certa forma ficou sem caminho, nós dois ficamos parados olhando um para o outro, eu não tinha experiência com relacionamento e não tinha a mínima vontade em ambos os sexos, eu pensava que iria me acostumar a viver assim até que um dia eu saísse de Dellvild, mas neste momento.. agora vejo que não.
Eu estava com uma puta vontade de sentir o gosto dos lábios dele, eu nunca beijei alguém e nunca senti essa vontade, mas olhando para ele eu queria fazer isso, agora nesse exato momento, minhas mãos inquietantes gruda no assento de couro macio, e dentro de mim há um grito invisível dizendo para fazer isso e esse grito se torna grande até tomar forma. E eu acabei empurrando minha cabeça para frente e de forma desajeitada eu alcanço os lábios deles.
Publicado por:

COMENTÁRIOS
Sua Comunidade de Novels BL/GL Aberta para Autores e Tradutores!
AVISO: Novos cadastrados para leitores temporariamente fechados. Se vc for autor ou tradutor, clique aqui, que faremos seu cadastro manualmente.