Paixão e Pecado - Capítulo 8
Dois dias antes do julgamento.
– Mãe ? – Killian chama a mulher ao entrar na cozinha.
– O que foi, Killian ? Estou ocupada! – ela fala de forma rude enquanto corta os legumes para o jantar.
– Me desculpe por interromper, mas quero falar sobre uma coisa…
– Fale logo, garoto!
– E-eu vou testemunhar contra o Padre Davis no julgamento. – Killian fecha seus olhos e fala de uma vez, tirando um peso dos seus ombros.
– O quê ? – a mulher se vira em sua direção e o encara com um olhar ameaçador.
– Não sei o que porra está passando pela sua maldita cabeça, mas vai desistir dessa ideia idiota. Se o seu pai descobrir, vai bater em nós dois. Entendeu, Killian ? – ela se aproxima e fala próximo ao seu rosto, com um tom agressivo, mas cheio de medo.
– Mãe, eu não posso… ele também fez isso comigo! – Killian segura a barra da sua camisa e fala hesitante. Sabia que estava correndo um grande risco, mas não podia continuar escondendo a verdade, precisava se libertar de toda aquela dor.
– Escuta aqui, garoto, você nunca mais vai falar sobre isso. Apenas fique quieto e esqueça esse assunto.
– Mas mãe, eu…
– Chega, Killian! – ela grita, o interrompendo.
– O que está acontecendo aqui ? – o homem questiona ao chegar na cozinha, encarando a mulher com um olhar desconfiado e irritado.
– David! – ela fala assustada. Não esperava vê-lo tão cedo em casa.
– Não respondeu minha pergunta, Elena. – ele força um sorriso gentil e segura seu rosto com força.
– Pai! Fui eu, eu disse algo que deixou a mamãe irritada! – Killian interrompe, temendo o pior.
– E que assunto desagradável foi esse que deixou sua mãe irritada ? – ele solta a mulher e se aproxima de Killian.
– Eu só… – ele hesita por um instante ao ver o olhar assustado da sua mãe, mas decide ignorá-la. Já havia tomado sua decisão.
– Disse que iria testemunhar contra o Padre Davis. – Killian olha em direção aos seus olhos e fala com convicção, apesar de que de por dentro, está morrendo de medo.
– Que besteira está falando, Killian ? Foi Elena quem colocou isso na sua cabeça ?
– Não, eu tomei essa decisão sozinho.
– E porque faria isso ? O Padre Davis sempre te tratou bem.
– Bem ? Pai, ele me estuprou! – Killian esbraveja.
– Tome cuidado com as suas palavras, Killian. O Padre Davis é um homem de Deus! – ele agarra Killian pelo braço e o encara furioso.
– Estou falando a verdade! Ele me violentou, assim como fez com as outras crianças. Aquele homem é o demônio! – ele grita frustrado.
– Elena, traga o meu cinto. Nosso filho precisa de uma lição. – David estende sua mão em direção a mulher, que está imóvel observando tudo enquanto seu corpo treme.
– Agora, mulher! – ele grita, a assustando. Elena assente com a cabeça e vai até o armário.
– Pai, espera! Eu estou falando a verdade, acredite em mim! – Killian tenta se soltar, mas o homem o segura com mais força e o arrasta em direção a um quarto nos fundos da casa.
– Elena! – David esbraveja enquanto passa pelo corredor, logo a mulher aparece com o seu cinto nas mãos e lhe entrega.
– Mãe! mãe, por favor! – Killian grita desesperado e assustado. Não queria apanhar.
– Não adianta pedir para sua mãe, você vai ser castigado por mentir!
– Mãe… – ele murmura e as lágrimas começam a brotar do seus olhos, mas Killian apenas recebe um olhar frio e vazio da mulher, que já não podia fazer mais nada por ele.
– Pare de espernear! – David abre a porta do quarto e o joga para dentro, entrando em seguida, mas antes de fechar a porta, volta seu olhar para Elena.
– Você será a próxima. – ele a adverte e entra. A mulher começa a chorar e suas pernas cedem, fazendo com que ela caia de joelhos sobre o chão.
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Sentado no bar, Lucian bebe um pouco de uísque enquanto ouve Lilith falar sobre mais uma das suas noites de prazer.
– Lilith, já chega. – ele suspira e sente uma pontada de dor atravessar sua cabeça. Estava cansado.
– Ah, qual é! Você disse que me daria atenção hoje! – a mulher toca sua mão, acariciando o dorso dela e sorri.
– Sério, chega. – Lucian se levanta e está pronto para ir embora, quando sente o seu celular vibrar no bolso da sua calça. Ao ver a identificação da chama, um arrepio percorre seu corpo e seu estômago embrulha.
– Fale. – ele diz em um tom frio ao atender. A voz do outro lado lhe conta algo rapidamente e logo desliga.
– Preciso ir. – Lucian guarda seu celular e segue apressado em direção a parte de trás do bar.
– Lucian, o que foi ? – Lilith o questiona preocupada, mas ele continua caminhando sem lhe dar atenção.
Ao sair pela porta traseira do bar, ele tira sua camisa e estende suas asas, em seguida alça voo em direção ao céu.
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– Está pronto para dizer a verdade agora ? – David se abaixa e segura o rosto de Killian, que está cheio de hematomas após tantos socos do seu pai.
– Eu… disse a verdade… – ele murmura com a voz debilitada e fecha seus olhos, perdendo a consciência aos poucos.
– Seu maldito mentiroso! – o homem ergue o cinto e está pronto para golpeá-lo mais uma vez, quando ouve a porta do quarto se abrir de repente. Ao olhar para trás, David vê a figura de uma estranha criatura o encarando e seu corpo paralisa de medo.
– O que está fazendo, seu animal ? – Lucian o questiona irritado e caminha em sua direção, em seguida o segura pelo pescoço e tira seu corpo do chão.
– Maldito humano… – ele o joga contra a parede e precisa se segurar para não arrancar sua coluna com as próprias mãos.
– Killian, não durma agora. – Lucian se ajoelha e o envolve em seus braços, o aconchegando próximo ao seu peito. Ao ver o seu estado, ele sente uma onda de ansiedade e medo percorrendo o seu corpo, não conseguiu mantê-lo seguro de novo.
– Sinto muito, meu querido Arcanjo. – ele beija sua testa com cuidado e o pega em seu colo, logo depois segue em direção ao corredor que dá acesso a porta da frente. Ao sair do quarto, Lucian encontra Elena, que o encara assustada.
– Não é culpa sua. – ele fala indiferente, sem a real intenção de consolar a mulher, mas não pode ficar calado ao ver o quanto sua alma está sofrendo.
– O… o quê ? – Elena balbucia confusa, mas sente que essas palavras ressoam em seu interior, a fazendo chorar compulsivamente.
– Vou levá-lo comigo. Ele ficará seguro. – Lucian volta seu olhar para Killian e sorri, logo depois sai da casa em silêncio.
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Killian abre seus olhos devagar, sentindo uma dor intensa em todo o seu corpo. Ele olha para o lado e vê Lucian cochilando na poltrona próxima a cama.
– Meu salvador… – ele sussurra e sorri. Por alguma razão, sempre soube que ele viria.
– Lu-Lucian… – Killian fala um pouco alto, o despertando.
– Finalmente acordou! – Lucian salta da poltrona e se senta ao seu lado na cama.
– Desculpe por te preocupar.
– Tudo bem, você não tem culpa. – ele segura sua mão e beija o dorso dela com cuidado.
– Descanse mais um pouco, seu corpo está muito debilitado.
– Como você sabia ? – Killian acaricia seu rosto, o observando com um olhar gentil.
– Intuição. – Lucian fala com uma expressão séria, mas logo ri.
– Bobo. – ele ri e seus olhos começam a pesar, se sentia esgotado.
– Obrigado, Lucian… – Killian sussurra e adormece.
– De nada, Killian. – ele beija sua testa e volta para a poltrona. Não queria tirar seus olhos dele.
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No dia seguinte.
– Sim, isso mesmo, preciso de suprimentos médicos e comida. Mande entregar tudo no meu apartamento do Centro. – Lucian fala ao celular enquanto observa o sol nascer no horizonte.
– Preciso de tudo para hoje, entendeu ? – ele traga a fumaça do cigarro e a solta em seguida, deixando que ela flua entre seus lábios e seja levada pelo vento.
– Conto com os seus serviços. – Lucian desliga e ao voltar seu olhar para a cama, vê Killian sentado enquanto esfrega os olhos.
– Que bom que acordou, está na hora dos seus remédios.
– Ah! Bom dia! – Killian fala envergonhado.
– Se sente melhor ? – Lucian o questiona enquanto apaga o cigarro no cinzeiro.
– S-sim!
– Que bom. – ele sorri satisfeito e vai até a mesa da cabeceira ao lado da cama, põe um pouco de água no copo e lhe entrega, em seguida pega duas caixas de remédios e tira uma pílula de cada embalagem.
– Pegue, precisa tomar duas vezes ao dia. – Lucian lhe entrega os remédios.
– Obrigado… – Killian toma as pílulas sem hesitar e lhe devolve o copo.
– Vai morar aqui de agora em diante. A cama e as outras coisas vão chegar mais tarde, o quarto no final do corredor, pode continuar usando ele.
– O quê ? – Killian questiona surpreso.
– Não me faça repetir, Killian.
– E-espera, eu não posso ficar! Já tenho uma casa e o meu pai, ele…
– Está falando do homem que te deixou assim ? – Lucian o encara irritado.
– Ele não é sempre assim… – Killian sussurra hesitante.
– Ouça, Killian. Vai morar aqui a partir de hoje e se tentar voltar para lá, vou ser obrigado a prendê-lo nesta casa. – ele se inclina em direção a Killian e fala próximo ao seu rosto, com um olhar sério e um tom malicioso. Lucian desliza seus dedos pelo seu tornozelo e o segura com força, o assustando.
– Estamos entendidos ?
– S-sim! – Killian fala assustado e se encolhe, onde Lucian o tocou estava quente e formigava, o deixando inquieto.
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