O SUBSTITUTO DESPERTOU - Capítulo 51
O horário era 10h31.
Lu Lin encarava o avatar padrão. Depois de cerca de cinco minutos — ou talvez dez — ele desligou a tela, afastou a cadeira e se levantou.
Sem trocar de roupa, foi até a sala de descanso e pegou um casaco preto longo de plumas. Era feito sob medida, capaz de suportar temperaturas abaixo de 30 graus negativos.
Pegou o elevador até o estacionamento. O porta-malas estava cheio de equipamentos de pesca. Ele dirigiu até o lago particular.
A noite estava silenciosa, e o lago, completamente quieto.
Nos últimos dias, a temperatura subira um pouco, e na superfície do lago restavam apenas alguns pedaços de gelo que ainda não haviam derretido. Era o segundo dia do Ano Novo Lunar, e no meio da noite, apenas uma única luz estava acesa.
Lu Lin montou apenas uma cadeira e uma vara de pesca.
As sombras difusas da luz refletiam na água, imóveis. No vale deserto, o silêncio era tamanho que parecia até que o vento havia parado.
Mas sua mente não conseguia se aquietar.
O tempo passou devagar, e uma tonalidade cremosa começou a surgir no horizonte.
A boia finalmente se mexeu. Lu Lin, no entanto, não puxou a linha. Seus olhos negros se perderam na distância, observando a boia tremular violentamente. Quando ela parou, ele finalmente recolheu a vara.
O peixe, é claro, havia escapado.
E o anzol estava sem isca.
Por volta das sete horas, Lu Lin recolheu os equipamentos e voltou ao estacionamento. Não havia dormido a noite toda, mas não demonstrava sinais de cansaço. Estava acostumado a trabalhar até tarde, viajando constantemente a trabalho. Dormir apenas duas ou três horas por dia era suficiente para ele.
Dirigiu de volta à cidade.
Não foi para a empresa nem para a casa da família, mas sim para o apartamento onde Yan Heqing costumava morar.
Assim como na noite da véspera do Ano Novo Lunar, nada havia mudado. Nada a mais, nada a menos.
Lu Lin calçou chinelos, foi ao banheiro para tomar banho e saiu de roupão. Em seguida, foi à cozinha, cozinhou um ovo, esquentou duas fatias de bacon e pão, e pegou uma garrafa de água na geladeira. Enquanto fazia isso, seus olhos pousaram nas caixas fechadas de mirtilos.
Ele não gostava de doces. A quantidade de frutas que consumia em um ano podia ser contada nos dedos das mãos.
Depois de observá-las por um momento, pegou uma caixa, lavou-as e levou tudo para a sala.
Comendo sozinho, o ambiente na sala de jantar era silencioso. Ele acabou se lembrando da última vez que comeu ali, quando Yan Heqing estava sentado à sua frente.
A tigela mais simples de macarrão com ovo que já provara, mas também a mais deliciosa.
Por um breve momento, perdeu-se em pensamentos. Depois, recolheu os pratos e talheres, lavou tudo na cozinha e percebeu que seu cabelo já estava quase seco.
Ao passar pelo quarto de hóspedes no caminho para o seu quarto, ele parou e girou a maçaneta.
Ao abrir a porta, o cheiro fresco de detergente emanava das roupas de cama recém-lavadas, arrumadas com cuidado. As cortinas estavam presas com faixas decoradas com nós chineses de boa sorte.
Foi nesse momento que o telefone do assistente tocou.
A inauguração do parque temático estava marcada para o 15º dia do Ano Novo Lunar, durante o Festival das Lanternas. Além das atividades diurnas, Lu Lin havia solicitado à equipe de planejamento algumas ideias para eventos noturnos.
Eles haviam enviado as propostas no último dia antes das férias.
Nada inovador: apenas shows de luzes e fogos de artifício, como em qualquer outro parque.
Faltando cerca de dez dias para o evento, Lu Lin ainda não havia aprovado nenhum plano. O assistente ligou para saber como proceder.
Lu Lin olhou para os nós decorativos e teve uma ideia. “Lanternas flutuantes.”
Soltar lanternas no Festival das Lanternas era uma tradição. Mas vinculá-la a um parque temático deixou o assistente surpreso. Ele ficou alguns segundos em silêncio. Quando desligou o telefone e refletiu melhor, percebeu que era uma ideia brilhante.
Os convidados da inauguração seriam crianças de orfanatos de todo o país.
Embora os shows de luzes e fogos fossem encantadores, permitir que essas crianças escrevessem seus desejos e os soltassem para o céu, como um símbolo de bênção, era muito mais significativo.
Entretanto, soltar lanternas exigia aprovação e um plano de recuperação, o que tornava o custo várias vezes maior do que o de luzes ou fogos.
O parque temático não era o foco principal dos negócios do Grupo Lu, então o assistente ficou realmente surpreso com o empenho de Lu Lin.
***
Às seis da manhã, Yan Heqing acordou pontualmente.
Com o fim do feriado de sete dias do Ano Novo Lunar, o departamento de trânsito reabriria, e ele poderia se inscrever para o exame teórico da habilitação.
Ele não pretendia frequentar uma autoescola.
Atualmente, tinha quase 100 mil yuan de economia. Com um orçamento de 50 mil, conseguiria comprar um carro usado decente. Ele também conhecia um local deserto e espaçoso, ideal para praticar dirigir. Em cerca de 45 dias, já teria sua habilitação.
Com um carro, poderia ir pescar com mais facilidade.
E também seria mais prático para se livrar de Xu Qiaoyin.
Se seus cálculos estivessem corretos, Xu Qiaoyin estava atualmente presa na casa de veraneio de Lu Muchi.
No livro original, ela ficou confinada lá por três anos. Cada quarto, cada móvel, ela conhecia de cor.
Lu Muchi amava Xu Qiaoyin e desejava seu carinho maternal, mas usava métodos extremos para tentar mantê-la ao seu lado — algo que Xu Qiaoyin jamais poderia aceitar.
Uma vez livre, uma ave dourada que teve suas asas quebradas e depois conheceu anos de liberdade e sonhos nunca aceitaria retornar a outra gaiola luxuosa.
Ela tinha ideais, amor e um mundo muito mais amplo à sua espera.
Agora, Yan Heqing só precisava esperar.
Esperar o momento em que Xu Qiaoyin desejaria escapar dessa gaiola.
Yan Heqing observou o ovo fritando na frigideira. O som e o aroma tomaram a cozinha. Ele desligou o fogo.
Colocou o ovo sobre o macarrão em caldo claro, polvilhou com algumas folhas frescas de cebolinha. Um simples macarrão com ovo estava pronto.
Ele comeu em pé, na cozinha, e rapidamente terminou o café da manhã. Depois, voltou ao quarto para revisar as questões do exame teórico.
Enquanto passava pelas perguntas, pegou o celular. Desde as 32 ligações perdidas de ontem, Lu Muchi não havia ligado mais.
Com o estilo dele, se não estivesse ocupado com outra coisa, já teria aparecido para brigar.
Yan Heqing sabia que, neste horário, Lu Changcheng estava internado no hospital.
No Hospital Qikang, a melhor clínica particular da capital.
Lu Lin também compareceria.
No livro original, Lu Muchi contou isso a Lin Fengzhi, que foi ao hospital fingir um encontro casual com Lu Lin. Mas Lu Lin ficou apenas por um curto período antes de sair.
O que acabou deixando Lu Muchi e Lin Fengzhi sozinhos.
Da última vez, Lin Fengzhi mencionou que queria devolver algo a Lu Muchi.
Mas isso nunca foi mencionado novamente.
Era provável que Lin Fengzhi tivesse devolvido o item, mas não encontrou Lu Muchi pessoalmente.
Yan Heqing apertou os olhos, reflexivo, e ligou para Lin Fengzhi.
Lin Fengzhi, que não dormira a noite toda, estava sentado abraçando os joelhos e olhando para a janela. O celular vibrava sem parar, mas ele não reagiu.
Gu Xingye entrou no quarto com o café da manhã.
Ao ver o estado de Lin Fengzhi, franziu o cenho.
Era a primeira vez que via Lin Fengzhi tão abatido.
Desde que o conheceu, Lin Fengzhi parecia um pequeno sol radiante, sempre caloroso e animado. Em seu mundo, não havia tristeza ou desânimo.
Gu Xingye se aproximou, devagar. O celular ainda vibrava. Ele olhou para a tela e viu quem estava ligando.
Yan Heqing?
O nome lhe parecia familiar. Ele tentou lembrar e, dois segundos depois, se deu conta.
Um dia antes do Ano Novo Lunar, seu professor havia lhe enviado uma mensagem confidencial. Comentou que um estudante brilhante de engenharia de software estava transferindo-se para sua turma no próximo semestre.
O nome? Yan Heqing.
O professor havia elogiado Yan Heqing tanto que parecia ter encontrado um tesouro.
Gu Xingye colocou o café da manhã na mesa e perguntou: “Quem é Yan Heqing?”
O nome “Yan Heqing” era como um gatilho para Lin Fengzhi. Ele imediatamente virou a cabeça, assustado, e olhou para Gu Xingye, sua voz carregada de desespero: “O que você disse?”
Gu Xingye ficou atônito por um instante e apontou para o celular. “Seu telefone.”
Foi só então que Lin Fengzhi olhou para o aparelho. Quando viu o nome “Yan Heqing” piscando, mordeu os lábios com força. Quando a ligação estava prestes a cair, ele atendeu.
Ficou em silêncio, mordendo os lábios com tanta força que parecia que ia sangrar.
O som do telefone ressoou no ouvido, e a voz de Yan Heqing, clara e suave, ecoou: “Fengzhi, você já terminou o que tinha para fazer?”
Lin Fengzhi sabia que sua mãe havia ligado para Gu Xingye. Com o jeito dela, era óbvio que dissera que ele estava fora resolvendo algo importante.
Ele também sabia que havia sido grosseiro ao convidar Yan Heqing para visitá-lo e, em seguida, desaparecer. Mas ele não conseguiu evitar. Estava apavorado em enfrentar Yan Heqing.
Era inseguro e… também sentia inveja de Yan Heqing.
Sua mãe planejava adotar uma menina, mas mudou de ideia no orfanato ao ver Yan Heqing.
Além disso, mesmo sendo gêmeos, Yan Heqing era mais alto, mais bonito e, para piorar, suas notas eram muito melhores.
Todos gostavam de Yan Heqing. Onde quer que ele estivesse, Lin Fengzhi era completamente esquecido.
Ele… havia perdido toda a confiança em si mesmo.
Com a voz baixa, respondeu: “Ainda não.”
“Ah, entendi.” Yan Heqing riu suavemente. “Não tem problema. Vou ver isso sozinho.”
Lin Fengzhi, hesitante, perguntou: “Ver o quê?”
“Estou pensando em comprar um carro usado.” A voz de Yan Heqing soou um pouco frustrada. “Mas eu não entendo nada de carros.”
Nada? Absolutamente nada?
A melancolia de Lin Fengzhi evaporou no mesmo instante com essas quatro palavras.
Yan Heqing não entendia de carros.
Mas ele entendia!
Lin Fengzhi levantou-se de repente. “O que eu tenho para fazer pode esperar. Vou ajudar você a escolher um carro! Onde nos encontramos?”
Enquanto falava, já caminhava para fora. Após algumas palavras rápidas, encerrou a ligação e, então, virou-se repentinamente. Olhou fixamente para Gu Xingye, que o observava, confuso. “A-Ye, se um dia o mundo inteiro me abandonasse, você ainda estaria ao meu lado?”
Gu Xingye ficou em silêncio por alguns segundos, depois sorriu levemente. “Sim.”
Do outro lado da cidade, Lu Lin foi despertado por um telefonema.
Lu Changcheng havia sido hospitalizado.
Lu Lin chegou ao Hospital Qikang em meia hora.
Ao entrar no quarto, viu o médico medindo a pressão de Lu Changcheng. Lu Muchi, que passara a noite toda ali, estava dormindo no sofá. Lu Han estava ao lado da cama.
Lu Changcheng, ao ver Lu Lin, soltou um leve suspiro de desdém.
Lu Han fingiu que acabara de perceber a presença dele e sorriu, cumprimentando-o: “Ah, Lin, você chegou.”
Lu Lin acenou com a cabeça e foi para trás do médico, perguntando sobre a situação.
No sofá, Lu Muchi acordou. Mas, com medo de enfrentar Lu Lin, enrolou-se no cobertor e fingiu que ainda dormia.
O médico explicou em detalhes: o problema de Lu Changcheng era o de sempre — pressão alta. Não era grave, mas precisaria ficar internado para observação.
“Está bem, você já veio.” Lu Changcheng falou friamente. “Pode ir embora agora.”
A enfermeira retirou os equipamentos, e Lu Han arrumou as mangas do pijama hospitalar do pai. Enquanto fazia isso, olhou de soslaio para Lu Lin e comentou: “Pai, você fica falando do Lin o tempo todo, mas, agora que ele veio, está mandando ele embora. Vocês dois…”
Lu Changcheng o interrompeu com um tom ríspido: “Pai e filho? Que tipo de pai e filho passam a ceia de Ano Novo separados? Pelo que vejo, no coração dele só existe um Lu, e não é a nossa família Lu!”
O médico e a enfermeira deixaram o quarto em silêncio.
Lu Han, satisfeito por ter atingido seu objetivo, permaneceu calado, esperando que Lu Lin dissesse algo.
Mas, para sua surpresa, Lu Lin realmente foi embora.
“Se precisarem de algo, me avisem.”
Lu Changcheng, tomado pela fúria, tremia de raiva enquanto olhava o filho sair. Seu peito subia e descia descontroladamente. Lu Han apressou-se em acalmá-lo: “Pai, não fique nervoso. Por favor, respire fundo…”
O quarto estava no segundo andar. Em vez de pegar o elevador, Lu Lin desceu pelas escadas.
O estacionamento ficava no pátio do hospital. Ele colocou o cinto de segurança e olhou para o relógio.
Eram 11h45.
Saiu do hospital planejando encontrar um lugar para almoçar antes de voltar para a empresa.
No caminho, recebeu uma ligação de Xie Yunjie, convidando-o para jogar golfe.
“Estou ocupado.” Ele parou o carro no sinal vermelho.
A voz de Xie Yunjie ecoou dentro do carro: “Além de trabalhar e pescar, você não pode encontrar outra coisa para fazer?”
Lu Lin não respondeu. De repente, seus olhos se fixaram em algo.
Na calçada, quase deserta, parecia ser Yan Heqing que passava.
No bar, aquele Yan Heqing fora de lugar.
No lago congelado, o Yan Heqing lúcido e cooperativo.
No leito do hospital, o Yan Heqing pálido e frágil.
Na lista de honra da Universidade de Pequim, o Yan Heqing brilhante.
Sob o beiral da chuva, o Yan Heqing que lhe oferecera macarrão apimentado.
O Yan Heqing que lhe desejara “Feliz Ano Novo”.
O Yan Heqing, cheio de segredos insondáveis.
Era inverno, e o céu estava nublado. A qualidade do ar na capital era ruim, um cinza opaco cobria tudo.
Mas aquele jovem era a única cor vibrante no cenário.
A voz de Xie Yunjie soou novamente: “Lu? Alô? Está me ouvindo?”
O semáforo começou a piscar.
9, 8…
Lu Lin falou: “Naquela noite no bar, você me perguntou o que eu estava fazendo no camarote.”
Xie Yunjie fez um som de surpresa. “Na festa de despedida de solteiro? Sim, perguntei. Por quê?”
3, 2…
Lu Lin ligou a seta. No último segundo, mudou de direção.
“Eu estava olhando para ele.”
A ligação foi encerrada.
Publicado por:

- DanmeiFuwa
-
Sou apaixonada pelo mundo das novels BL chinesas e venho me dedicando à tradução desde 2021 no Wattpad. Adoro o que faço, mesmo sem receber nada em troca. Disponibilizo minhas traduções aqui, pois nunca se sabe quando uma novel pode ser removida do Wattpad.
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