O Lobo e a Lua - Capítulo 46
Desmond acorda de repente e sua respiração está pesada, como se estivesse tendo uma crise de ansiedade. Ele olha ao redor e sente uma forte dor de cabeça, sabia que havia tido um sonho estranho, mas não conseguia se lembrar do que era apesar de que ele parecia extremamente fresco em sua memória.
– Ah! Já acordou ? Está bem tarde. – Nanber fala surpresa ao vê-lo acordado.
– Sim, eu só… – ele murmura confuso.
– O que foi ? Não se sente bem ? – a mulher se aproxima preocupada e toca sua testa, verificando sua temperatura.
– Estou, só não consigo me lembrar de um sonho que tive… – Desmond afasta sua mão e respira fundo. Precisava se controlar e fazer o que tinha que ser feito.
– Onde Lyter está ?
– Cuidando dos seus homens.
– Certo… – ele acena com a cabeça e se levanta.
– Pode me arrumar roupas limpas ? Eu preciso falar com a Aiyra hoje.
– Eu já fiz isso e já preparei o seu banho. – Nanber sorri orgulhosa.
– Obrigado, você é ótima! – Desmond beija sua testa e segue em direção ao banheiro.
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– Senhora, é bom vê-la de pé! – a Aiyra o cumprimenta enquanto caminha em sua direção.
– Aiyra. – Desmond acena com a cabeça.
– Como a senhora está ?
– Bem, na medida do possível. – ele suspira, mas logo põe um sorriso em seu rosto.
– Já almoçou ? – a anciã o questiona com um olhar gentil.
– Não, ainda não.
– Podemos ir juntos ?
– Claro! – Desmond oferece seu antebraço para que ela se apoie e juntos caminham até a sala de jantar, onde o almoço estava sendo servido.
Ambos se acomodam e logo são servidos. Desmond encara o prato e realmente não sente vontade de comer, mas decide tentar. Ele come um pouco, em meio a um silêncio constrangedor, onde só se ouve os talheres se chocando contra os pratos.
– Teve alguma notícia da Capital ? – Aiyra o questiona de repente.
– Não, ainda não.
– Recebi uma carta hoje pela manhã. Azael quer que eu vá até a Capital para encontra-lo. – ela fala despreocupada.
– Então ele sabe, não é ? – Desmond segura os talheres com força e deixa um longo suspiro sair. Queria mais tempo.
– Sim, e não vai demorar muito para que tente invadir o Distrito para conseguir o que quer.
– Eu deveria ter matado aquele desgraçado… – ele resmunga irritado.
– Me desculpe, eu… – Desmond se levanta de repente.
– Eu sei. – ela sorri.
– Obrigado! – ele acena com a cabeça e sai apressado.
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Ao chegar no acampamento improvisado para os soldados, Desmond se surpreende ao ver as camas enfileiradas com lobos feridos sobre elas, grunhindo de dor e se contorcendo.
– Desmond. – Lyter o cumprimenta ao se aproximar.
– Como eles estão ? – ele desvia seu olhar em direção a Lyter e tenta ignorar aquela cena.
– Péssimos.
– Porra… é tão ruim assim ? – Desmond suspira e esfrega os olhos.
– Sim.
– Ele sabe, Lyter. Sabe que estamos aqui!
– Não me surpreende, Aiyra é um dos poucos Distritos que não o aceitaram como Rei…
– O que vamos fazer, Lyter ?
– Eu não sei. Não temos nada, Desmond! – ele franze o cenho e suspira. Se sentia como um rato encurralado.
– Cuide deles, vou descobrir um jeito! – Desmond fala decidido, mas a verdade é que estava apavorado.
– Não se preocupe, eu vou… – Lyter para de repente ao ouvir um dos seus homens agonizando de dor.
– Me desculpe, falamos depois! – ele se despede apressado e vai socorrê-lo. Desmond observa tudo atônito e sente uma estranha ansiedade percorrer o seu corpo, por algum motivo, ver aquela cena estava o deixando inquieto.
– Por que isso agora… ? – ele sussurra para si mesmo enquanto caminha em direção a saída. De repente Desmond começa a sentir uma forte dor de cabeça, que o deixa tonto e confuso, ele se segura na primeira árvore que vê, buscando por algum apoio.
– Desmond! – Nanber o chama preocupada. Ele não parecia bem.
– O que aconteceu ? – ela o questiona enquanto passa o seu braço por cima do ombro, fazendo com que ele se apoie em seu corpo.
– E-eu não sei… – Desmond murmura confuso e flexes de memórias começam a surgir em sua mente, o deixando mais atordoado. Nas suas visões, estava escuro e húmido, por isso não conseguia identificar onde, ou o que estava vendo. Tudo o que sabia era que um estranho odor ficou impregnado em suas narinas.
Ele caminha com dificuldade, apoiado em Nanber, mas a sua respiração fica cada vez mais pesada e logo sua visão fica escura, como se a tivesse perdido.
– Nanber, m-me deixe no chão… – Desmond fala assustado e move sua mão direita, procurando por algo para se apoiar. Nanber rapidamente o ajuda a se sentar em baixo de uma árvore e se ajoelha à sua frente.
– Está tudo bem ?
– Eu não consigo ver nada… – ele murmura e logo percebe que há uma pequena luz, brilhando um pouco distante.
– Está vendo aquilo ? – Desmond aponta para frente.
– Aquilo o quê ? Não vejo nada! – Nanber fala confusa enquanto encara o local para onde ele aponta, realmente não via nada.
– Desmond, o que… – ela para ao notar que ele parecia preso em algum tipo de transe. Não estava mais vendo ou ouvindo nada.
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– Onde eu… ? – Desmond murmura confuso, logo a luz que estava vendo antes se intensifica, o obrigando a cobrir seus olhos.
– É bom vê-lo novamente, Desmond. – a voz feminina fala de forma doce.
– Gaia… – ele sussurra e ergue sua cabeça. Um pouco mais a frente, Desmond pode ver a sua figura brilhante, que tem um olhar amoroso e um sorriso gentil em seu rosto.
– Eu… eu… – Desmond murmura e sente um nó se formar em sua garganta enquanto seus olhos se enchem de lágrimas. Não podia pôr em palavras a dor que estava sentindo, mas sabia que de alguma forma, ela compreendia.
– Eu sei. – Gaia se aproxima e se ajoelha, em seguida ergue sua mão direita e acaricia o seu rosto. Desmond se surpreende, mas logo as lágrimas começam a rolar e ele se agarra ao seu corpo, chorando e soluçando em desespero.
– Desmond, eu tenho visto o seu sofrimento e sinto muito por isso. Acabei sendo uma mãe negligente e deixei que meus filhos agissem de forma insensata. – ela fala enquanto acaricia os seus cabelos, tentando consola-lo.
– Não! Não é sua culpa! Não pode interferir em tudo o que eles fazem. Esse é o fardo do livre arbítrio. – Desmond se afasta de repente e esbraveja. Em momento algum, ele havia colocado a culpa nela ou se revoltado, sabia como as coisas eram e aceitava isso.
– Obrigada por confiar em mim, Desmond. Mas ainda sinto que preciso fazer algo a respeito.
– O que vai fazer ?
– Eu pedi pessoalmente ao Universo para interferir nessa situação, e após uma longa conversa, tive sua permissão. Nós dois concordamos que está na hora de você ter o seu final feliz. – ela sorri e beija sua testa.
– O meu… final feliz ? Do que está falando ? – Desmond murmura.
– É isso mesmo, já está na hora! – ela fala sorridente.
– Co-como ? Azael, ele… – Desmond começa a divagar, confuso e um pouco irritado.
– Desmond, apenas faça o que está planejando fazer e quando chegar a hora, eu farei a minha parte.
– Gaia, não sei se consigo. Não temos nada! Não temos homens, armas ou até mesmo um plano!
– Não se preocupe com isso e apenas planeje o seu próximo movimento. Eu vou cuidar do resto. – ela sorri confiante, esperando convencê-lo.
– Tudo bem, confio em você… – Desmond suspira e acaba cedendo.
– Pegue, fique com isso. – Gaia segura sua mão, com a palma virada para cima e põe algo sobre ela.
– Agora precisa ir, Desmond. Te vejo logo. – ela sorri e aos poucos desaparece. Desmond abre seus olhos de repente, ofegante e confuso.
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– Desmond! – Nanber fala animada ao vê-lo voltar a si.
– O que… ? – ele murmura enquanto põe sua mão em frente aos olhos para evitar a luz do sol.
– Você ficou imóvel por uns cinco minutos!
– Ah, certo… – Desmond olha ao redor e logo a sua memória começa a voltar, mais clara do que antes. Ele olha para a outra palma da sua mão e há uma pequena semente sobre ela.
– Nanber, me ajude a levantar.
– Certo, se apoie em mim. – ela passa seu braço por cima dos seus ombros e o põe de pé. Nanber o guia de volta para o seu quarto e o deixa sobre a cama.
– Precisa de alguma coisa ? Você parece tão pálido… – Nanber o questiona preocupada enquanto acaricia o seu rosto.
– Preciso que faça algo por mim… – Desmond murmura com a voz debilitada.
– Sim, qualquer coisa!
– Pegue isso e plante em algum lugar. – ele segura sua mão direita e põe uma pequena semente sobre sua palma.
– O que… ? – Nanber observa a semente confusa.
– Apenas vá. Por favor.
– Sim, estou indo! – ela concorda com a cabeça e sai apressada do quarto. Desmond suspira ao vê-la sair e acaba adormecendo novamente, se sentia exausto.
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