O Lobo e a Lua - Capítulo 31
– Ambrose. – Lyter bate à porta e entra, se deparando com um lobo de aspecto miserável.
– Cacete… a quantos dias você não dorme ?
– Três ou quatro dias. Eu acho. – Ambrose suspira e esfrega os olhos.
– Precisa descansar, sabe que pode perder o controle facilmente se estiver muito cansado. Odiaria ter que lidar com um lobo enorme como você destruindo o palácio. – ele brinca, mas está realmente preocupado.
– Não se preocupe comigo, apenas diga o que quer.
– Tenho informações sobre os mercenários que atacaram a carruagem.
– Fale.
– Nós os capturamos e após uma bela conversa, um deles me contou sobre o homem que os contratou. E adivinha quem é ? O lobo empregado do Willbur, que você condenou a morte.
– Porra… maldito Willbur! – Ambrose bate na mesa furioso.
– Pois é, estamos em um beco sem saída de novo. Mesmo que possamos acusar o Willbur, não temos provas concretas de que ele está por trás de tudo.
– Merda, está tudo dando errado… – o lobo resmunga, se sentindo impaciente.
– Ainda não conseguiu falar com ele ?
– Não, ele está furioso comigo. Até voltou para o seu antigo quarto!
– Bom, ele tem motivos para isso.
– Eu sei, agi como um idiota… – ele apoia o rosto nas palmas das mãos e sente uma pontada de dor atravessar sua cabeça. Todo o estresse e os dias sem dormir estavam cobrando o preço.
– Está dizendo isso para a pessoa errada, Ambrose. É ele quem deveria estar ouvindo isso.
– Eu diria, se ele quisesse me ouvir.
– Sei que é difícil aceitar que seu irmão virou as costas para você e o traiu, mas Desmond precisa de você agora, precisa que assuma seu papel como marido e o apoie, então vá até ele e resolva as coisas! – Lyter bate na mesa e o encara com um olhar ameaçador.
– E durma, seu babaca! – ele dá um tapinha em sua testa, o deixando alerta.
– Obrigado, Lyter.
– Não me agradeça, só estou tentando evitar uma catástrofe!
_______________
Após uma longa e chata reunião, Ambrose segue em direção a sala de jantar para o almoço, ao chegar, ele é o único ali, como o esperado. O lobo suspira e se senta no lugar de sempre, mas não consegue comer.
– Merda… – ele resmunga e se recosta na cadeira, mas logo ouve o barulho das portas se abrindo.
– Desmond! – Ambrose fala surpreso ao vê-lo, fazia algum tempo que não via o seu rosto.
– Me desculpe, senhor. Comerei outra hora. – ele fala de forma fria e distante.
– Fique e coma. É uma ordem. – o lobo se levanta e indica o assento do outro lado da mesa, Desmond suspira e se senta. Ambrose sorri e começa a comer, se sentindo um pouco animado, mas logo nota que é o único.
– Por que não está comendo ?
– Não consigo comer, e odiaria vomitar na sua presença… – Desmond o encara com um olhar frio e mantém as mãos sobre seu colo.
– Desmond, por favor. – o lobo suspira e sente uma pontada de dor atravessar sua cabeça. Não queria iniciar outra briga, mas sua paciência estava por um fio.
– Para o senhor pode ser fácil comer, dormir e viver na ignorância, mas para mim, cada dia tem sido um inferno e sempre que me lembro que o lobo que matou meu filhote está respirando o mesmo ar que eu, me sinto tão sufocado ao ponto de desejar cortar a minha garganta. – ele mantém seu olhar fixo no lobo enquanto brotam lágrimas dos seus olhos. Seu coração estava tão angustiado que não podia mais viver tranquilamente.
– Chega, Desmond! – Ambrose se levanta de repente e bate na mesa, bagunçando toda a louça e fazendo os castiçais caírem.
– Acha mesmo que não sinto nada ? Eu acordo todos os dias me culpando e me sentindo miserável por não ser capaz de proteger você e o nosso filhote. – o lobo esbraveja com a voz embargada, como se existisse um nó em sua garganta.
– Você não sabe o tamanho do fardo que tenho carregado todos os dias, então não aponte seu dedo para mim e diga que não me importo.
– E nem você, Ambrose. – Desmond lhe mostra um sorriso tristonho enquanto enxuga suas lágrimas e se levanta, indo em direção a saída. Ambrose observa tudo em silêncio e ao ficar sozinho, se senta novamente e deixa um longo suspiro sair, se sentia sufocado.
– Maldição…
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À medida que a madrugada avança, Ambrose afoga suas mágoas em álcool, enquanto sua mente divaga entre milhares de pensamentos.
– Estraguei tudo… – ele ri, pensando no quão patético é.
– Ambrose. – Lyter o chama de repente, o fazendo voltar à realidade.
– Entre.
– Ouvi que estava me procurando.
– Sim, preciso que dê apoio ao Desmond nas investigações sobre o assasinato da Princesa e no que mais ele quiser.
– E por que não faz isso você mesmo ?
– Nós brigamos de novo. Além disso, você é esperto e tem as ferramentas para ajudá-lo. – Ambrose bebe mais um gole de vinho e encara o copo vazio.
– Ambrose, você…
– Não, não diga nada, por favor. Sei o quão miserável estou.
– Entendo.
_______________
Dia seguinte.
– Entre. – Desmond fala ao ouvir alguém bater à porta, logo depois Lyter entra.
– Algum problema, Lyter ? Você não costuma me procurar.
– Não, apenas vim oferecer minha ajuda.
– E por que isso de repente ? – ele ergue uma das sobrancelhas.
– O Rei me pediu para ajudá-lo com as investigações ou no que mais precisar. Então aqui estou eu.
– Entendo… – Desmond suspira e seu rosto fica levemente corado.
– Tenho uma reunião daqui a pouco, mas podemos conversar quando terminar. Me procure depois. – ele limpa a garganta e se levanta.
– Certo, mas antes de ir…
– Mais alguma coisa ? – Desmond o interrompe.
– Sei que ele é um idiota, cabeça dura e tem problemas em controlar a raiva, mas o Ambrose está tentando e eu nunca o vi se esforçar tanto por alguém antes.
– Veio até aqui para isso ? Para defender seu amigo ?
– Não, na verdade eu vim como um mero empregado e não como um amigo. – Lyter força um sorriso gentil.
– Então seja um bom empregado e se abstenha de comentários como esse. Não vou tolerar que se intrometa na minha vida pessoal.
– Sinto muito, senhora. – ele se curva e observa enquanto Desmond sai irritado do cômodo.
_______________
– Ei, você, maldito Astemyo! – Nanber grita ao encontrar Lyter no corredor.
– O que disse para a senhora ? – ela o encara furiosa, enquanto aponta o dedo para o seu rosto e usa o seu melhor tom ameaçador.
– Calma, lobinha. Não fiz nada. – Lyter sorri e afasta seu dedo gentilmente, em seguida se aproxima e a observa da cabeça aos pés.
– Sei que fez algo, seu lobo astuto. Não minta para mim!
– Não estou mentindo. – ele sorri e segura seu rosto.
– Precisa melhorar o seu temperamento, lobinha, ou não vamos poder trabalhar juntos. – Lyter murmura próximo ao seu rosto.
– Do que está falando, idiota ? – Nanber agarra seu pulso e afasta sua mão.
– Nanber, a Rainha está procurando por você. – River, que está parado um pouco mais a frente, os observa inexpressivo.
– C-certo, estou indo! – ela se apressa e entra no cômodo. River lança um olhar mortal até Lyter e também entra.
– Parece divertido… – ele sussurra para si mesmo e sorri. Estava precisando de um pouco de diversão.
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