O Lobo e a Lua - Capítulo 26
Desmond entra na sala do Conselho e caminha em direção ao centro do cômodo, onde Ambrose está sentado o esperando. Ele para ao seu lado e observa fixamente os líderes do Conselho.
– Agradeço a presença de vocês e espero que possamos chegar a uma decisão que satisfaça a todos hoje. River, por favor. – Desmond volta sua atenção para River e acena com a cabeça.
– Obrigado, senhora. – ele sorri e vai em direção ao centro da sala. River começa a explicar detalhadamente seu projeto, se certificando de captar a atenção e interesse de todos os membros do Conselho. Depois de algumas longas horas de reunião, River conclui sua apresentação e espera ansioso pela resposta dos alfas.
– Obrigado, River, foi ótimo. – Desmond sorri, satisfeito com seu trabalho.
– Sou suspeito para falar, mas é um ótimo projeto, está muito bem pensado. Parabéns Desmond, estou orgulhoso. – Ambrose acaricia seu rosto e logo depois beija o topo de sua cabeça.
– Alguém gostaria de falar algo ? – ele volta seu olhar para o Conselho, que continua em silêncio.
– Então vamos começar com a votação. Aqueles que concordam que o projeto seja iniciado em seu Distrito, levante a mão. – Ambrose segura a mão de Desmond e espera ansioso junto com ele. Sabia que mesmo estando em uma situação crítica, muitos ali eram teimosos de mais para dar o braço a torcer.
Depois de alguns minutos de um incômodo silêncio no local, os líderes das Casas Vadim, Kazimier, Martinus, Bosco, Audagar, Ruffinus e Astemyo, levantam suas mãos. Desmond suspira aliviado, mas ao mesmo tempo, começa a pensar em uma forma de convencer os outros líderes.
– Então está decidido. A reunião está encerrada. – Ambrose e Desmond se levantam e seguem em direção a saída. Havia sido uma pequena vitoria.
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Uma senana depois, início do verão.
– Senhora! – River fala ao abrir as portas do escritório de repente.
– Algum problema ? – Desmond, que estava conversando com um empregado, se levanta ao notar que algo não parecia bem.
– Eu sinto muito por interromper e sei que está em um momento delicado, mas precisamos conversar! – River o encara fixamente, dando a entender a gravidade do assunto.
– Nós deixe sozinhos, por favor! – Desmond fala ao empregado, que se curva e sai rapidamente da sala.
– O que houve ?
– Um trabalhador nos campos da Casa Rufinus foi assassinado ontem à noite!
– Tem certeza disso ? – ele o questiona surpreso, mas sem descartar a possibilidade.
– Sim!
– Mas por que ? Eu não entendo… Não ganhariam nada com isso. – Desmond se apoia na mesa e sente sua cabeça dar algumas voltas.
– Ganhariam se fizessem parecer uma morte por exaustão, para culpa-la de obrigar os homens a trabalhar nas terras até a morte!
– Está dizendo que mataram um lobo inocente para me prejudicar ? Isso é absurdo! – Desmond se senta e respira fundo. Precisava se manter calmo e garantir que seu filhote continuasse seguro.
– É assim que os políticos jogam, senhora.
– E como vamos resolver isso ? Não podemos simplesmente ignorar!
– Tenho um amigo na Casa Martinus, vou pedir para que ele investigue pessoalmente o que aconteceu. Prometo que vou dar um jeito nisso!
– Obrigado, River. Você tem sido de grande ajuda, não vou me esquecer disso!
– Não precisa me agradecer, faço porque gosto verdadeiramente da sua pessoa. – River sorri e se curva. Havia se tornado um bom amigo para Desmond.
– Fico feliz em… – ele para de repente ao notar que algo estranho está acontecendo. Desmond se levanta bruscamente e vai em direção a janela, enquanto o lobo o observa sem entender.
– Algum problema ?
– Sim, ouvi algo estranho… – ele murmura e logo depois sai apressado do cômodo. River fica preocupado com sua forma de agir e o segue. Ao se aproximarem de uma das varandas do palácio, o barulho de gritos furiosos podem de ser ouvidos com mais clareza.
– O que está acontecendo ? – Desmond questiona um dos empregados que estava observando a confusão.
– Senhora, não deveria estar aqui! – o lobo fala assustado ao vê-lo e tenta impedi-lo de se aproximar, mas Desmond consegue passar por ele e chega até o parapeito, de onde é possível ver uma multidão de lobos furiosos pela morte do trabalhador.
– Maldito branco, matou meu amigo! – um dos lobos esbraveja. Aquele era apenas um dos milhares de xingamentos e ofensas que podiam ser ouvidos desde o final do corredor.
Desmond observa tudo atônito, sem conseguir falar ou se mover. De repente ele se dá conta de que nunca seria verdadeiramente aceito, mesmo que se esforçasse para isso. O seu desejo mais profundo e inocente de viver uma vida feliz em um lugar tranquilo estava desmoronando diante dos seus olhos e não havia nada que pudesse fazer a respeito. Não era um lobo, não era bem-vindo, e isso era um fato cada vez mais claro em sua mente.
– E-eu não fiz nada disso… por que estão agindo assim ? Eu só tentei ajudar e… – ele tenta argumentar e esclarecer o que aconteceu, mas ninguém lhe dá atenção.
– Porra… por que ninguém me ouve ? – Desmond suspira e sente que sua saúde mental já está no limite e logo seu corpo estaria também. Ele recua e se apoia na parede enquanto tenta pensar em algo, mas sua mente está turva e seu cabeça gira, como se estivesse prestes a desmaiar.
– Eu estou ouvindo você, Desmond… – uma voz gentil sussurra próximo ao seu ouvido. Desmond se surpreende, mas logo a reconhece e acaba sorrindo.
– Não consigo fazer isso… é tão difícil. Esses lobos idiotas não querem me ouvir!
– Então eu falarei por você, Desmond. – a voz o responde e Desmond finalmente pode suspirar aliviado. Ele fecha seus olhos por um instante e ao abri-los, nota que seu corpo está parado proximo ao parapeito, apesar de não se lembrar de ter ido até lá.
Enquanto observa confuso o que estava acontecendo, percebe que seu corpo se move sozinho e que uma estranha voz sai de sua boca. Ele se assusta e tenta assumir o controle, mas para ao ver que todos os lobos que antes estavam furiosos, agora estão quietos e atentos as palavras que a estranha voz entoa.
– Está dando certo! – Desmond pensa consigo mesmo e está feliz por ver que tudo está se resolvendo. Logo todos os lobos gritam animados e parecem satisfeitos por ouvirem aquelas palavras.
Quando tudo se acalma, Desmond retoma o controle de seu corpo, mas depois de tanto estresse, ele fica sem força e acaba caindo no chão, em uma estranha poça de um líquido desconhecido.
– O quê… – ele murmura com a voz fraca e os sentidos ainda entorpecidos. Não conseguia distinguir bem o que estava acontecendo ao seu redor naquele instante.
– Desmond! – Ambrose o chama ao se aproximar e se ajoelha diante dele, segura seu rosto e o encara fixamente, se certificando de que ele estava consciente.
– Consegue levantar ?
– Hã ? O que você está… ? – Desmond questiona desorientado, mas logo sua atenção se volta para a poça em baixo do seu corpo. Ele toca o líquido e percebe que sua parte inferior está encharcada.
– Desmond, o bebê! – Ambrose grita, em uma tentativa desesperada de faze-ló entender.
– A-agora… ? – Desmond toca sua barriga e logo sente a primeira contração se espalhar por seu corpo, o fazendo gemer de dor.
– Ambrose… está doendo! – ele choraminga e se agarra ao seu corpo. O lobo rapidamente o pega no colo e caminha apressado em direção ao quarto.
– Chamem a parteira! – ele grita ao encontrar alguns empregados no corredor. Toda a situação era caótica e seu medo de que tudo desse errado apenas aumentava.
– Ambrose… – Desmond sussurra debilitado e agarra sua nuca, puxando seu rosto para mais perto.
– Aguente firme, Desmond! – ele o encoraja tentando parecer forte, mas seu corpo treme de ansiedade. Desmond sorri e sussurra algo em seu ouvido, em seguida acaba desmaiando, deixando Ambrose ainda mais apavorado.
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Ambrose caminha de um lado a outro em frente a porta do quarto, ansioso com o que poderia estar acontecendo lá dentro e após algumas horas de uma longa e dolorosa espera, ele finalmente ouve o primeiro grunhido do filhote. O rei entra apressado no quarto e vê Desmond em sua forma de lobo, descansando depois de um parto difícil.
– É uma fêmea. – Veronica se aproxima e lhe entrega o filhote, que está enrolado em uma manta. Ambrose o segura com cuidado e observa maravilhado o pequeno focinho do seu precioso bebê.
– É tão pequena… – ele murmura emocionado.
– Logo vai crescer e ficar forte, não se preocupe! – Veronica o conforta com um sorriso gentil. Pais de primeira viagem eram sempre assim.
– Como ele está ? – Ambrose se aproxima da cama e se senta ao lado de Desmond, preocupado com sua condição fisca.
– Bem, só precisa descansar. Logo vai voltar a forma humana.
– Obrigado, Veronica…
– Não foi nada. – a mulher se sente satisfeita ao ver que tudo terminou bem e sai do cômodo, deixando que a nova família tenha um momento a sós.
– Ela é linda, Desmond. É tão pequena e frágil… – Ambrose fala enquanto acaricia com cuidado o filhote.
– Tem pelos brancos como os seus! – ele ri e não consegue conter o seu sorriso bobo. Se sentia extremamente feliz.
– Ela se chamará Zaria Ambrosia Asena Bianchi Brenhin, como você queria. Então acorde logo, minha preciosa esposa, precisa ver o seu filhote… – Ambrose esfrega seu focinho no pelo de Desmond, como uma forma de carinho e em seguida muda para a sua forma de lobo, se aninhando próximo ao seu corpo e ao do filhote, para protege-los e garantir que tudo esteja bem até que sua rainha acorde.
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