MILHARES DE PESSOAS O DESPREZAVAM POR SE COMPORTAR DE FORMA INCOMPETENTE - Capítulo 47: Um Bom Lugar
Yan Qiu dormiu tranquilamente.
Quando ele acordou, o lado de fora da janela estava completamente escuro.
Ficar na mesma posição por muito tempo deixou seu pescoço um pouco dolorido. Ele instintivamente levantou a mão para massageá-lo, mas assim que estendeu a mão, sentiu algo escorregar de seu corpo.
Yan Qiu olhou para baixo e só então percebeu que havia uma jaqueta preta sobre ele, que parecia ser do Sr. Li.
O que o deixou ainda mais surpreso foi que, antes de dormir, ele estava apoiado na janela do carro, mas agora percebeu que estava apoiado no ombro do Sr. Li.
Seu cérebro, ainda meio grogue, ficou imediatamente alerta. Quem poderia lhe dizer o que estava acontecendo?
No entanto, Yan Qiu não queria parecer muito alarmado, então fez um esforço para agir como se nada tivesse acontecido, lentamente endireitando seu corpo.
Depois de um momento, ele arrumou a jaqueta do Sr. Li e olhou para ele.
Para sua surpresa, o Sr. Li ainda estava na mesma posição, com os belos olhos levemente fechados, parecendo também estar dormindo.
Yan Qiu não sabia se deveria acordá-lo. Ele pegou seu telefone e percebeu que já eram dez horas da noite.
Ele tinha dormido tanto assim? Olhando para fora, a velha mansão já estava à vista. Por que o Sr. Li não o acordou?
Enquanto ponderava o que fazer, viu o Sr. Li se mover levemente, lentamente abrindo os olhos.
Primeiro ele olhou para fora, depois se virou para Yan Qiu e disse: “Já chegamos, desculpe, eu também adormeci.”
Ao ouvir isso, Yan Qiu imediatamente acenou com a mão: “Não, você deve estar muito cansado e ocupado todos os dias. Obrigado por me trazer de volta.”
Dizendo isso, ele entregou a jaqueta: “Sr. Li, eu vou indo. Você… descanse cedo.”
“Certo.” Li Zhi pegou a jaqueta e olhou para ele, dizendo: “Você também.”
Yan Qiu desceu do carro e só depois de ver o carro do Sr. Li desaparecer de vista, se virou e entrou na velha mansão.
Yan Qiu pensou que todos já estariam dormindo, mas, para sua surpresa, a casa ainda estava completamente iluminada.
As empregadas estavam no jardim procurando algo, parecia que algo havia sido perdido.
“O que vocês estão procurando?” Yan Qiu perguntou curioso, caminhando até elas.
A empregada que foi perguntada virou-se e, ao vê-lo, teve uma reação como se tivesse visto um fantasma, soltando um grito e deixando a lanterna cair no chão.
A reação dela assustou Yan Qiu, que passou a mão no rosto, achando que poderia haver algo nele.
“Jovem Mestre Qiu…”
“O que houve? O que está acontecendo?” Yan Qiu perguntou, confuso.
A empregada apenas esfregou as mãos, olhando para baixo, sem conseguir dizer nada.
Vendo que ela estava em uma situação difícil, Yan Qiu não quis pressioná-la. Apenas acenou com a mão, indicando que ela continuasse a procurar, e seguiu em frente.
Dentro da mansão, as pessoas também estavam ocupadas.
O velho Sr. Fu estava sentado no sofá, com uma expressão de raiva, ao lado da Sra. Fu, que também parecia descontente.
A Sra. Fu estava doente há algum tempo e raramente descia as escadas. A última vez que Yan Qiu a viu foi quando ele provavelmente a irritou, e ela desapareceu por um tempo.
Mas, hoje à noite, ambos estavam presentes, o que significava que algo sério havia acontecido.
“Vovô, por que ainda está acordado a esta hora?” Yan Qiu chamou ao ver o velho Sr. Fu.
O avô olhou para ele, com um traço de culpa nos olhos. “Xiao Qiu voltou.”
“Sim, aconteceu alguma coisa? Por que estão procurando algo tão tarde?”
Yan Qiu ignorou a Sra. Fu e se sentou ao lado do velho Sr. Fu.
A Sra. Fu estava acostumada com o comportamento desrespeitoso de Yan Qiu e apenas o olhou de soslaio.
“Xiao Qiu, não se preocupe.” O velho Sr. Fu parecia em um dilema, segurando a mão de Yan Qiu, “O vovô vai encontrar para você.”
Yan Qiu ficou confuso. Encontrar o quê? Ele perdeu algo?
“Ajudar a encontrar…” Yan Qiu parou de falar. Ele não tinha muitas coisas, tudo estava bem guardado em seu quarto.
A única coisa que poderia ter se movido era o gato malhado. Será que o pequeno malhado estava perdido?
O velho Sr. Fu viu a mudança de expressão em seu rosto e soube que ele já havia adivinhado.
“Não se preocupe…”
Antes que o velho Sr. Fu pudesse terminar, Yan Qiu já estava correndo para o andar de cima.
O pequeno malhado era tão comportado, nunca saía correndo, sempre esperava pacientemente em seu quarto.
Como poderia estar perdido?
Ele esperava que o avô estivesse apenas brincando e que, ao abrir a porta, veria o pequeno malhado como de costume, espreguiçando-se e vindo até ele.
Mas não foi isso que aconteceu. Quando Yan Qiu abriu a porta, tudo estava exatamente como ele havia deixado de manhã.
Exceto que faltava o gato malhado que sempre vinha recebê-lo.
Embora fosse apenas um gato, o quarto parecia subitamente muito maior, com o vento soprando, vazio.
Yan Qiu não se importava com os motivos ou com a verdade, apenas virou-se e correu para baixo.
O avô tentou chamá-lo, mas Yan Qiu não ouviu, saiu correndo pela porta.
Começou a procurar no jardim.
Mas mesmo depois de vasculhar toda a mansão, não encontrou sinal do pequeno malhado.
Ele queria sair para procurar, mas o avô o alcançou, vendo-o coberto de terra, com um olhar vazio. Com pena, segurou-o.
“Deixe que eles procurem, você deve descansar. O vovô promete que encontraremos o gato até amanhã de manhã.”
Ao ouvir isso, Yan Qiu finalmente mostrou algum foco nos olhos. Ele olhou para o avô e disse com dificuldade: “Ele é muito comportado, nunca sai correndo.”
O velho Sr. Fu assentiu com a cabeça, também sentindo a dor dele. “Sim, ele é tão comportado quanto você.”
“Então por que ele desapareceu?”
O velho Sr. Fu não soube responder ou talvez não quisesse, e ficou em silêncio.
Yan Qiu viu a expressão dele e, controlando suas emoções, disse: “Vovô, vá descansar. Eu vou procurar mais um pouco.”
“Está tarde, que tal dormir um pouco e continuar procurando depois?” sugeriu o velho Sr. Fu.
Mas Yan Qiu teimosamente balançou a cabeça. Quando olhou para cima novamente, parecia estar com metade da alma perdida, com uma expressão pior do que se estivesse chorando. “Não, eu não posso dormir. Preciso encontrar o gato. Não posso perdê-lo também.”
Dizendo isso, Yan Qiu virou-se e saiu.
Já era tarde da noite, e a área ao redor da mansão estava deserta. Não havia ninguém na rua, mas ainda havia luzes, então não estava completamente escuro.
Yan Qiu caminhava pela rua, de vez em quando olhando nos arbustos ao lado, ou para as árvores.
Ele chamava o nome do pequeno malhado.
Não se sabia se estava muito cansado ou se a cena era muito familiar, mas ele começou a misturar os nomes, ora chamando “pequeno malhado”, ora chamando “Diudiu”.
A noite era fria e deserta, e a estrada parecia interminável.
Cenas como essa já haviam aparecido em seus sonhos.
Ele também ficava na mesma estrada, tentando encontrar “Diudiu”.
Nos sonhos, ele o encontrava muitas vezes, mas sempre acordava sem nada.
Os sonhos eram o oposto da realidade, ele nunca conseguia encontrar Diudiu.
Assim como nunca conseguiria voltar ao passado, ou encontrar seu antigo eu.
Ele pensou que dessa vez não perderia o pequeno malhado, afinal, o gato e a faca de gravura eram suas únicas posses, ele cuidava de cada um com carinho.
Mas o destino gostava de brincar com ele.
Gostava de tirar de volta as coisas que lhe dava.
A luz da lua acompanhou sua busca durante toda a noite, até que o amanhecer começou a clarear o céu.
Gradualmente, começaram a surgir sons de pessoas e carros na rua.
Um novo dia havia começado, e todos seguiam em frente, menos ele.
Yan Qiu havia caminhado a noite toda, exausto. Sem se importar com a aparência, sentou-se à beira da estrada.
Estava tão cansado que parecia que adormeceria ali mesmo, mas sua mente o forçava a continuar. Ele ainda não tinha encontrado o gato, não podia voltar.
“Você realmente é Yan Qiu? O que está fazendo sentado aí tão cedo?” uma voz veio de trás.
Yan Qiu virou-se e viu Qin Mu, vestindo pijamas, saindo de casa.
Yan Qiu voltou à realidade e percebeu que, por coincidência, estava sentado em frente à casa de Qin Mu.
As famílias Qin e Fu moravam na mesma área, então as crianças cresceram juntas.
Mas depois que Fu Jianting assumiu a empresa, eles se mudaram.
A família Qin não se separou, continuando a morar ali.
Qin Mu viu alguém sentado perto da janela e, curioso, saiu para ver quem era. Para sua surpresa, era Yan Qiu.
Mas hoje, Yan Qiu estava particularmente desarrumado. Suas roupas claras estavam cobertas de terra, e sua postura, geralmente ereta, estava curvada. Seu rosto estava pálido, exalando uma aura de derrota.
“O que aconteceu com você?” Qin Mu perguntou, sem vontade de brincar, ao ver o estado dele.
Yan Qiu já estava de mau humor e ficou ainda mais irritado ao vê-lo. Levantou-se e começou a andar.
Mas Qin Mu não desistiu, puxando-o. “Yan Qiu, o que aconteceu com você?”
Na vida passada, eles tinham alguma relação, mas nesta vida, Yan Qiu não se sentia próximo dele.
Então, ele não entendia por que Qin Mu estava tão interessado em sua situação.
Sem hesitar, Yan Qiu afastou a mão dele, respondendo friamente: “Isso é da sua conta?”
Qin Mu, acostumado a ser rejeitado por Yan Qiu, pensou em desistir, mas vendo seu estado, não conseguiu ignorá-lo. Então, tentou provocá-lo: “Você foi expulso da família Fu? O avô Fu não quer mais você?”
Isso funcionou, pois Yan Qiu levantou a cabeça e, olhando para Qin Mu, respondeu: “Não… Meu gato sumiu.”
“Gato?” Qin Mu levantou uma sobrancelha, surpreso, “Um gato malhado?”
Yan Qiu levantou a cabeça bruscamente, “Como você sabe?”
“Então era verdade? Que coincidência!” Qin Mu coçou o queixo, “Ontem, um gato malhado apareceu em nossa casa. Não temos o costume de criar animais, mas como era uma vida, decidimos levá-lo ao veterinário hoje. Então, era seu?”
“É meu!” Yan Qiu exclamou, com os olhos brilhando, “Onde ele está?”
“Para evitar que arranhasse alguém, colocamos ele em uma gaiola.”
Qin Mu levou Yan Qiu até a casa, conduzindo-o até o porão.
O gato, que estava quieto a noite toda, ouviu passos familiares e começou a arranhar a gaiola, ansioso.
Yan Qiu abriu a porta e viu essa cena.
“Pequeno malhado.” Yan Qiu chamou, emocionado, pedindo a Qin Mu que abrisse a gaiola e, então, segurou o gato firmemente.
Naquele momento, ele segurava o pequeno malhado, mas parecia que estava abraçando o perdido Diudiu.
O vazio em seu coração parecia preenchido.
Qin Mu observava Yan Qiu, com uma expressão carinhosa pelo gato, e murmurou: “Pequeno malhado? Que nome bobo.”
Embora soubesse que Qin Mu estava ali, a alegria de reencontrar o gato fez com que Yan Qiu não segurasse as lágrimas. Ele tentou limpar os olhos, mas quanto mais limpava, mais chorava.
Qin Mu não entendia como alguém poderia chorar tanto por um gato, mas vendo o esforço de Yan Qiu para se controlar, suspirou e lhe entregou um lenço.
Depois, agachou-se ao lado dele e consolou: “Não chore mais.”
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