Manhattan Blue - Capítulo 01
BZZZ- BZZZ- BZZZ
O som mecânico constante da máquina de tatuagem se espalhou pela sala. Ocasionalmente, um som alto como — Ai!, — podia ser ouvido.
Mikey como estava segurando a agulha então teve que se concentrar mais do que qualquer outra pessoa, mas não conseguiu e teve que parar de desenhar várias vezes. Jay, que estava deitado na cama de aço inoxidável, perguntou com as pupilas trêmulas como se havia notado alguma mudança em MIkey.
— Mikey, você está bem? Parece que suas mãos estão tremendo mais do que o normal.
— Eu estou bem.
— Não você, minha tatuagem. Está realmente tudo bem?
Jay começou a reclamar que a espingarda nas costas não deveria ficar torta. Mikey enxugou o suor da testa com os olhos bem abertos. Revirando os olhos, mas podia sentir claramente que sua condição estava pior do que o normal.
Mas estava agradecido por Jay ser um beta. Se ele fosse um alfa, teria notado sua condição.
— Cale a boca seu idiota, você acha que a minha tatuagem ficaria torto igual o seu pau?!
Jay parou de rir e olhou para ele bastante sério.
— Vendo que você está mais calmo do que o normal, acho que você está realmente mal?
Mikey ignorou seu olhar simpático. Ele deve ter pensado que não poderia mais trabalhar hoje, então largou a agulha com um som de ‘baque’.
— Não se preocupe. Eu só tenho que aguentar isso.
— Aguenta o que? É porque você não tem dinheiro?
Jay tinha um sorriso no rosto mesmo expondo os segredos de outras pessoas. Mikey assentiu levemente envergonhado.
— Se for esse o caso, deveria ter dito. Tenho um trabalho, mas estou ocupado, então acho que não posso ir. Você gostaria de ir em meu lugar?
Jay tentou esconder sua alegria da melhor maneira que pôde, mas seu rosto tinha uma expressão estranha.
Mikey balançou a cabeça, mas olhou para ele com desconfiança. Era a cara que ele fazia quando tentava adiar algo que não queria.
— O que foi?
— São apenas tarefas como carregar caixas e limpar.
— Você?
— Lógico! Ei, nós do Harlem fazemos qualquer coisa. Como um faz-tudo.
Mikey que sempre viu Jay fazendo coisas incomuns. Em resposta ao olhar penetrante de Mikey, Jay ficou bravo, dizendo que não era nem um trabalho árduo, mas um trabalho comum, mas que valia a pena. Ele foi imprudente e nem explicou o que estava acontecendo.
— Ah… que barulhento, então vamos. Vamos terminar a sessão de hoje por aqui.
Mikey segurou a cabeça balançando e enxugou o suor frio.
— Ei, você estava dizendo que vai recusar. Esta é uma ótima oportunidade!
Parecia que Jay estava determinado a ficar no estúdio até que Mikey concordasse em ir. Mikey assentiu, empurrando Jay com a palma da mão.
— Tudo bem, agora vai pra casa…
— Vá embora!
— Bem, aqui está o número. Tudo o que você precisa fazer é dizer que está indo no meu lugar. Não se esqueça de ligar. Entendeu?
Jay implorou e deu o número para Mikey com as duas mãos. Mikey foi pressionado pela pressão e finalmente conseguiu expulsar Jay depois de obter seu número de telefone.
Jay desapareceu depois de dizer para contatar. Depois que ele saiu, Mikey caiu contra a parede como se tivesse perdido toda a coragem.
Na verdade, durante muito tempo sentiu tonturas a ponto de querer sentar imediatamente. Embora ele estivesse sentado quieto e respirando fundo, sua cabeça estava preste a partir em dois.
Mikey mal conseguiu recuperar o juízo e pegou o telefone. Quando discou o número e respirou lentamente e profundamente, sentiu como se seus olhos estivessem lentamente entrando em foco.
Mikey ligou para o número de telefone que Jay lhe deu. Após o toque constante dos tons, as vozes de pessoas que pareciam estar com pressa puderam ser ouvidas pelo telefone.
Ele disse que estava ligando para ir no lugar de Jay, mas a pessoa do outro lado não parecia saber quem era o tal de Jay. Então perguntou a Mikey se ele poderia vir trabalhar amanhã, já que não importa quem o indicou, e Mikey disse que sim.
— Ah, você é um beta?
Assim como no último procedimento, o tom de voz era desprovido de qualquer emoção, como se pedisse algo óbvio.
— Sou.
Mikey mentiu casualmente. Se ele dissesse a verdade, ia ser expulso mais de uma vez porque pensou que seria um trabalho árduo.
Ele pensou, se esse for o caso, por que eles criaram algo como a Lei Anti discriminação Omega? De qualquer forma, havia menos Alfas e Ômegas no mundo do que homossexuais. Então era como se não houvesse interesse nos Ômegas.
Depois de passar por um processo de verificação desleixado, lhe disseram para ir ao Palace Hotel às 4 da manhã e encerrou a ligação.
Quando relaxou sua mão, sua cabeça caiu junto com ela. Era um rosto inexpressivo. Os olhos vazios foram obscurecidos pelas pálpebras que se fechavam por cima.
* * *
No dia seguinte, às 4 da manhã, a fachada do Palace Hotel estava repleta de todo o tipo de equipamentos, incluindo câmaras e luzes. Assim que chegaram, todos foram revistados por uma pessoa de aparência perspicaz e de óculos, e logo seguida começaram a carregar caixas enquanto eram arrastados pela multidão.
Todas as suas expectativas de que faria algo como limpar estavam erradas. Era um cenário de filme.
Parecia que havia uma parede dentro do lindo e cintilante Palace Hotel. Pessoas em pé, atrás e na frente da câmera. Mickey apenas sentiu o suor escorrendo pelo rosto por causa do sol escaldante.
Todos os trabalhadores foram expulsos, mandando-os sair e esperar porque tinham que começar a filmar. Mesmo quando Mickey estava sendo expulso, ele olhou para um lugar das filmagens.
Onde as câmeras e os olhos das pessoas estavam focados, havia pessoas com as nádegas firmes paradas ali. O mais notável entre eles foi um ator asiático.
Tem sido um símbolo sexual frequentemente visto em filmes recentemente. Houve muita fofoca sobre ser muito atraente no gênero suspense. Ele não conseguia lembrar o nome. Foi incrível ver a pessoa que ele estava vendo pessoalmente fora das telas.
As pessoas estavam reunidas em grupos de dois ou três acendendo cigarros. Se ele estivesse com Jay, o teria ouvido reclamando sobre como estava sendo difícil. Mikey também colocou as mãos trêmulas nos bolsos e vasculhou.
— Eu não acredito que confiei naquele bastardo.
Mikey só conseguiu recuperar o fôlego depois de mover dezenas de caixas cujo dentro deles nem sabia dizer o que tinha. Sua jaqueta já estava encharcada de suor. Algumas pessoas que carregavam caixas junto com ele se aproximaram e começaram a conversar.
— É sua primeira vez em um set de filmagem?
Eles estavam rindo e fumando cigarros. Mikey não respondeu, pensando que nunca mais veriam essas pessoas. Na verdade ele não tinha mais forças para responder mais nada.
No momento em que ele estava prestes a acender o fogo pensando que iria bater forte em Jay quando voltasse, recebeu um telefonema de Jay. Mikey atendeu o telefone nervosamente. Tudo era culpa dele, por ele estar passando por todo esse problema.
— Oh! Mikey! Parece que é hora de uma pausa!
— Ei, é um trabalho simples? Você está louco?
— Hehe, é mais difícil do que você pensou, certo?
— Eu vou matá-lo.
Mikey, que estava tão cansado que não tinha forças para discutir, apenas soltou a fumaça baixinho. Não era normal recomendar algo assim a alguém que não está bem de saúde.
Jay sabia das condições financeiras de Mikey que não teve escolha a não ser aceitar esse emprego. Foi difícil, mas contanto que ele tivesse forças para esconder que era um ômega, ele poderia fazer qualquer coisa. O seu cio estava terminando e o dinheiro estava longe de ser alcançado.
— Mas você ainda pode ver os rostos das celebridades. Tem muita gente bonita?
— Se você está curioso sobre isso, venha pessoalmente.
— Não posso ir lá porque briguei com o diretor de mão de obra. Você viu o hematoma da última vez.
Mikey suspirou sem dizer nada com as palavras de Jay.
— Não existem atores bonitos, apenas cheios de homens. Especialmente aquele asiático… ele pode ser até bonito, mas seus olhos pareciam um pouco com os de uma cobra.
— É assustador.
Mikey lamentou que, se pudesse voltar no tempo, definitivamente mudaria essas palavras. Não com olhos de cobra, mas com bastardos parecidos com cobras.
Assim que terminou de falar, sentiu uma presença ao seu lado. Quando Mikey lutou para virar ligeiramente a cabeça, um homem estava parado ali. Ele fez uma careta enquanto olhava para a luz brilhando de cima. O rosto estava escuro então não conseguiu identificar quem era.
— Eu sou tão atraente assim?
Ele poderia dizer quem era pela voz que ouviu. Este foi o ator que acabou de falar que tinha olhos de cobra. O nome era difícil de pronunciar e ele não conseguia lembrar. Enquanto olhou para ele por um tempo, começou a ver um rosto enquanto seus olhos se ajustavam.
Ryu se aproximou dele com um sorriso brilhante no rosto. Para alguém que acabou de ser amaldiçoado, ele tinha uma expressão muito brilhante. Ele era uma pessoa com um sorriso verdadeiramente lindo.
Até o vento soprava suavemente, com medo de que acidentalmente tocasse aquele rosto com muita força, e até a luz do sol parecia estar enfraquecendo, como se tivesse medo de queimar seu rosto.
O som do coração de Mikey estava batendo descontrolado ecoando em seus ouvidos. Era quase como se seu rosto estivesse brilhando. No momento em que encontrou seu rosto, não conseguiu desviar o olhar.
Olhando para ele por um tempo porque o sorriso com apenas um canto da boca levantado não combinava com o que ele tinha acabado de ouvir.
Por que um momento como este sempre chega quando o pior é possível? Ele apenas olhou para ele com meus lábios entreabertos como uma idiota. Achando que se piscasse, ele desapareceria.
— Não posso acreditar que estou sendo discriminado racialmente, mesmo pelos ianques* que vivem essa vida de lixo. Eu me sinto tão mal.
(N/t: Ianque (em inglês: Yankee, ou em sua forma abreviada yank) tem vários significados inter-relacionados, todos se referindo às pessoas dos Estados Unidos. Seus vários sentidos dependem do contexto e podem referir-se aos habitantes da Nova Inglaterra, residentes do norte dos Estados Unidos ou estadunidenses em geral. )
As palavras que saíram da boca de Ryu foram inversamente proporcionais ao seu sorriso fresco e elegante. Mesmo que Ryu estivesse sorrindo, ele não parecia estar sorrindo. Havia desprezo em seu tom. Mikey deixou cair o telefone atordoado.
— Uh… não é isso que você acabou de dizer?
Isso foi tudo que Mikey disse depois de pensar muito. Não havia necessidade de ficar com raiva ao ouvir que sua vida era um lixo. Ele estava imune a ser amaldiçoado. Ele era uma pessoa que acreditava que a única maneira de ferir o povo do Harlem era fazer buracos de bala em seus corpos.
Ryu parecia ter perdido o interesse, assim como parecia ter perdido o interesse em manter sua expressão desavergonhada.
— Se você diz.
Ryu olhou Mikey, que estava agachado, de cima a baixo. Ao contrário de seus olhos sorridentes, seus olhos frios eram tão gelados quanto a temperatura corporal de uma cobra. Mikey respirou fundo ao sentir seu corpo sendo lentamente tenso. O ambiente barulhento de repente ficou em silêncio e parecia que restavam apenas duas pessoas neste espaço. Justamente quando ele começou a sentir que estava sufocando, Ryu rapidamente entrou. Mikey engasgou assim que ele entrou.
— Gasp…Porra. O cio deve começar de novo.
Ele nem emitia feromônios, mas era um homem que tirava o fôlego das pessoas com apenas um olhar. Pelo que parece, ele não saiu para fumar, então não podia deixar de amaldiçoar porque teve que conhecê-lo neste lindo momento.
O local de filmagem manteve as pessoas em cativeiro por muito tempo, como se isso nunca fosse acabar. As filmagens terminaram cerca de duas horas antes da partida do primeiro carro.
Os diretores e gerentes começaram a discutir dizendo que poderiam tomar um drink lá dentro, já que continuavam alugando o hotel. As pessoas começaram a tomar um ou dois drinks, dizendo que ficariam até o primeiro carro chegar.
Foi natural que Mikey expressasse sua intenção de comparecer assim que soubesse que tudo era gratuito. Ele devia ter sido incapaz de beber álcool por muito tempo, então estava engolindo cerveja a uma velocidade incrível. As pessoas começaram a ficar bêbadas uma por uma. Entre eles, o diretor foi o mais honesto.
— Se tudo correr bem, deveríamos fazer tatuagens como os Vingadores? Hahaha!
— Haha! O diretor também tem que fazer!
O faz-tudo sentado ao lado de Mikey começou a se colocar entre eles. Não sabia se era porque queria fazer algo um pouco mais confortável ou se era simplesmente porque estava bêbado.
— Diretor! Ele falou que trabalha com tatuagem!
Mikey teve vontade de levantar o copo e bater na cabeça do cara. Foi o homem quem perguntou: ‘Por que você tem tantas tatuagens?’ Ele disse sem rodeios: ‘Porque tatuar é a minha profissão’, e ele deixou escapar.
Mikey disse sem jeito: — Sim, sou Tatuador. — Ele respondeu com a mesma expressão estranha.
O diretor rapidamente o alcançou e fez várias perguntas, inclusive se ele tinha uma conta no Instagram e se tinha algum trabalho. Mikey parecia desconfortável e disse: — Ah, sim. — Ele ficou repetindo a mesma coisa e depois saiu, dizendo que ia fumar um cigarro. Algumas pessoas se levantaram e pediram para fulmarem juntas.
‘É chato lidar com pessoas bêbadas.’
As ruas ao amanhecer estavam silenciosas, mas barulhentas. Talvez porque o barulho habitual tivesse desaparecido, a conversa ao longe parecia mais alta.
— Você é mesmo um tatuador?
Mesmo que ele tenha ficado desconfortável com a pergunta e tenha ido embora, algumas pessoas perguntaram e Mikey tentou responder adequadamente. Porém a pergunta veio do ator asiático de mais cedo.
Como se todas as pessoas que queriam fumar estivessem apenas dando desculpas, viram uma pequena silhueta ao longe. Todo mundo voltou para dentro.
— Você fuma?
Mikey tentou lhe dar um cigarro.
— Eu não gosto do cheiro. Só saí para tomar um pouco de ar.
‘Então por que você está aqui?’
Mikey levou à boca o cigarro que estava prestes a entregar. Ele não era uma pessoa gentil o suficiente para dar cigarros de graça a qualquer um. Talvez tenha sido por causa do olhar ameaçador de Ryu ou por causa de seu coração batendo forte, mas Mikey não conseguiu esconder seu constrangimento. Foi Ryu quem quebrou o silêncio.
— Eu também quero fazer uma tatuagem. Onde fica o seu estúdio?
Ryu disse com um sorriso brilhante. Ele parecia pretensioso e amigável. Os cantos de seus olhos eram levemente curvados, fazendo-o parecer uma cobra. Mikey respondeu brevemente, como se não quisesse responder.
— Manhattan.
Esse bairro era Manhattan, e seu discurso curto e interrompido deu a impressão de que ele não queria que ninguém soubesse. Mas Ryu reagiu naturalmente.
— Haha! É perto daqui. Você tem um cartão de visita?
— O que você acha?
Quando lhe fizeram uma pergunta que parecia bastante inocente, Mikey foi abertamente sarcástico. Ryu não se importou e apenas começou a dizer o que queria.
— Eu queria colocar algumas letras na nuca.
— Quando você vai parar de falar?
Mikey disse em tom briguento sem perceber.
— Um nobre ator como você, não deveria ir a uma loja de tatuagem adequada?
Ryu franziu as sobrancelhas e franziu a testa por um momento, como se estivesse de mau humor. Um prazer desconhecido surgiu dentro de Mikey ao pensar em causar tal agitação em seu rosto.
— Não importa onde ou o que eu faça, não é assim? E as tatuagens desse lado do seu corpo são muito bonitas.
Mickey cruzou as mãos como se quisesse cobrir as tatuagens em seu corpo. Mas metade da parte superior de seu corpo estava coberta de tatuagens e suas mãos eram pequenas demais para cobrir todas elas.
— … … rua 125.
— Não há trânsito, então você mesmo pode encontrar.
Mikey disse e se levantou, jogando o cigarro no balde de tinta. Ele não era uma pessoa tão fraca a ponto de cair no comentário lisonjeiro de que tatuagens são bonitas. Foi porque ele sabia distinguir entre a vida pública e a privada. Foi simplesmente porque estava quase na hora do primeiro trem.
Mikey saiu da mesa, tocando a nuca, que estava vermelha, provavelmente por causa do álcool. Ryu ficou parado e o observou até ele desaparecer de vista. Mikey sentiu olhares sobre ele, mas não se preocupou em olhar para trás com medo de fazer contato visual.
‘A parte de trás da minha cabeça abrirá um buraco desse jeito .’
Ryu umedeceu os lábios com a língua enquanto observava Mikey desaparecer ao longe. Assim que Mikey desapareceu de vista, a expressão de Ryu mudou para um rosto inexpressivo.
— Ele está sendo sem vergonha ou realmente não se lembra…?
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