Mais de um milhão de beijos - Capítulo 4.1
“Desse jeito não dá.”
No final da tarde, Yeong-hoo foi ao hospital antes de ir trabalhar e, como esperado, levou uma bronca do médico. Ele o repreendeu por tirar a bandagem por conta própria, dizendo que se pegasse uma inflamação, seria ainda mais problemático, e Yeong-hoo, constrangido, se desculpou. Mas, em seu íntimo, ele achava que esses avisos não eram nada. Fazia tanto tempo desde que ele pôde segurar um saca-rolhas novamente. Relembrando o período, Yeong-hoo percebeu que quase um mês havia se passado desde a lesão e esboçou um sorriso de alívio. Agora ele não precisava mais se sentir envergonhado ao oferecer o vinho para outros bartenders abrirem. “Isso aí, ter a determinação vencida por algo assim é um absurdo.
Mesmo resmungando, o médico examinou cuidadosamente a ferida e colocou um curativo grande em vez da bandagem.
“Cicatrizou bem, mas não custa ter cuidado mesmo assim.”
Depois de pedir que voltasse mais umas duas vezes para retirar os pontos e fazer o curativo, o médico o liberou. Saindo do hospital com passos leves depois de tanto tempo, Yeong-hoo conteve o canto que naturalmente queria sair. Era a primeira vez que sentia a luz do sol do Mediterrâneo tão suave. Parecia que as sensações de quando chegou à Grécia pela primeira vez estavam voltando. Um homem que cruzou seu olhar sorriu, e Yeong-hoo, como um hábito, retribuiu o sorriso. O homem tentou dizer algo, mas ele não percebeu e atravessou a rua.
Naquele dia, com sua determinação renovada, Yeong-hoo escreveu um cartão postal para o dono do bar na Coréia pela primeira vez desde que chegou à Grécia.
* * *
Sentado em um café, bebendo um café grego forte e aproveitando o tempo livre pela primeira vez em muito tempo, Yeong-hoo foi para o hotel depois de enviar o cartão postal. Enquanto cantarolava baixinho e sorria sem querer, Theron, que o viu primeiro, falou com ele.
“Você parece feliz, Ji.”
“Sim.”
Yeong-hoo respondeu com um sorriso radiante no rosto.
“Minha ferida está quase cicatrizada. Além disso…”
Ele soltou um breve suspiro e acrescentou.
“Ontem eu finalmente abri o vinho. Nove garrafas de uma vez só.”
“O quê? Incrível! Parabéns, muito bem!”
Theron mostrou grande alegria, feliz como se fosse seu próprio feito. Se outras pessoas vissem, certamente inclinariam a cabeça, questionando o que havia de tão especial em um bartender abrir um vinho. Yeong-hoo, envergonhado e com um leve rubor nas bochechas, respondeu: “Obrigado”. Outros bartenders que ouviram a história também o parabenizaram. Sinceramente grato a eles por terem observado em silêncio, mesmo tendo causado transtornos, Yeong-hoo entregou a cada um os pequenos presentes que havia preparado.
“O que é isso?”
Yeong-hoo respondeu à pergunta de Theron.
“Por ter causado transtornos durante esse tempo. Não é nada demais… Comprei velas aromáticas.”
“Não precisava se incomodar.”
“Na verdade, foi você quem sofreu mais. Nós nem ajudamos muito…”
Insistindo em entregar os presentes aos que estavam sem graça, eles sorriram sem jeito e aceitaram as velas. O bartender foi o primeiro a agradecer.
“Vou usar bem. Vou usá-la quando for rezar.”
Theron também acrescentou uma palavra.
“Minha esposa vai ficar muito feliz. Obrigado.”
Na Igreja Ortodoxa Grega, é oficialmente permitido casar até três vezes, e este era o segundo casamento de Theron.
“A terceira vez tem que ser com muito cuidado”, ele costumava murmurar como um hábito. Yeong-hoo pensou se não seria problemático se casar três vezes, mas não disse nada em voz alta.
“Ah, sim.”
Theron, que estava prestes a se virar, parou e olhou para Yeong-hoo.
“A propósito, chegou um documento oficial da associação, você recebeu?”
“Documento oficial?”
Diante daquela fala inesperada, Yeong-hoo parou hesitante e olhou para ele. Isso mesmo, e Theron continuou a falar.
“Parece que vão realizar o W.C.C. em Tessalônica desta vez. Já deve ter um tempo que o documento oficial chegou…”
“W.C.C.? Quando?”
“Com a pergunta casual, Theron piscou os olhos surpreso.”
“Você não sabia? Nossa, pensei que Ji certamente participaria, então achei estranho.”
“Não recebi nenhum comunicado…”
Enquanto murmurava sozinho, lembrando-se das palavras do dono do bar que o havia apresentado a este lugar um dia, sobre competições e guildas, Theron passou a informação que ele sabia.
“Sei que o prazo final é até o fim deste mês. Você provavelmente conseguirá saber os detalhes procurando na internet… Espera, vou te dar o endereço. Você poderá descobrir o formulário de inscrição e o método de participação. Estranho, eu tinha certeza que você estava cadastrado.”
Quando ele conseguiu o emprego, Theron gentilmente até preencheu os documentos em nome de Yeong-hoo e solicitou a adesão ao sindicato. Theron inclinou a cabeça, confuso, mas procurou apressadamente um bloco de notas, mas não encontrou nada que chamasse a atenção.
“Vou anotar e te dar mais tarde. Nossa, por pouco não perdemos uma grande oportunidade. Seja qual for o resultado, só de participar já tem um grande significado. Além disso, não se sabe quando vai acontecer de novo na Grécia, e se acontecer em outro país, a oportunidade ficará ainda mais distante.”
Com as palavras de Theron, Yeong-hoo assentiu com a cabeça com força, dizendo ‘Sim’. Seu coração palpitava. Quem diria que isso aconteceria. Só de pensar em participar do W.C.C. seu coração disparava, e ainda por cima seria realizado na Grécia, que sorte inacreditável. As coisas ruins sempre vêm juntas, mas as boas também parecem seguir o mesmo padrão. Mal saiu do trauma e já ouve notícias como essa. Vendo Yeong-hoo com as bochechas levemente coradas de excitação, Theron sorriu.
“Bem, então bora trabalhar duro hoje também.”
“Com as palavras de Theron, Yeong-hoo respondeu brevemente “Sim”. Era como se um novo dia tivesse começado.”
*
*
“Andreas acordou com um toque familiar. Franzindo a testa, tentou ignorar, deitando-se de bruços e enterrando o rosto no travesseiro, mas a campainha continuou a tocar persistentemente. No final, Andreas, admitindo a derrota, estendeu o braço comprido, apalpou a mesa de cabeceira e encontrou a origem do som.”
“Sim…”
“Quando Andreas apertou o botão para conectar a chamada e respondeu brevemente com uma voz baixa e ainda sonolenta, a voz familiar do mordomo foi ouvida.”
– Você está acordado agora, jovem mestre?
Com o tom rígido e formal, Andreas soltou um profundo suspiro.
“Que horas são…?”
– Já passa das 19 horas. Já faz tempo que a sesta* acabou.”
*Hora da soneca da tarde após o almoço.
De propósito, o mordomo acrescentou. Andreas, que só tinha ido para a cama pouco antes da sesta começar, disse enquanto procurava aspirina abrindo a gaveta da mesa de cabeceira com a cabeça latejando de ressaca.
“O que aconteceu, tão de repente?”
Por ter derrubado a aspirina que tinha acabado de encontrar no chão, ele soltou um breve palavrão.
– O mestre está procurando o jovem mestre. Ele ordenou que o jovem mestre visite a casa principal hoje, seria possível?
Enquanto ouvia as palavras do mordomo e descia lentamente da cama, Andreas pegou a aspirina que tinha caído no chão, apertou a embalagem fina para tirar o comprimido, colocou-o na boca e bebeu água.
– Jovem mestre?
Como ele não respondeu, o mordomo perguntou novamente, parecendo ansioso. Andreas respondeu com uma voz cansada, jogando os cabelos desgrenhados para trás.
“Entendi. Posso ir depois do jantar, certo?”
– Sim, o mestre também não deve voltar para casa antes das 22 horas…
“Vejo você à meia-noite.”
Andreas terminou a conversa brevemente e desligou o telefone. Mais tarde, ele verificou as chamadas perdidas. Era Nick. Era óbvio que ele tinha ligado várias vezes enquanto Andreas dormia. Andreas apagou displicentemente a chamada recebida e jogou o celular descuidadamente na cama, depois caminhou lentamente até o frigobar e bebeu um copo de água fria.
Para ele, que vive em seu iate luxuoso, ir para a casa principal é raro. A razão pela qual ele não se dá ao trabalho a menos que seja chamado assim é que ele tende a uma vida solitária e tranquila, mas também há o desejo de não causar conflitos. Para ele, receber uma ordem de seu pai para ir até a casa principal era um mal presságio.
Andreas, que colocou o copo na mesa de cabeceira, encostou-se na janela e olhou para fora. Ainda havia sol, mas logo iria se pôr. O calor do meio-dia tinha diminuído, mas ele sentia um calor persistente no fundo do peito. Aquilo sempre ardia daquele jeito, deixando-o sufocado por dentro. Depois de olhar para fora por um tempo, Andreas, como se tivesse tomado uma decisão, despiu a única coisa que vestia, a cueca, e num instante ficou nu, dirigindo-se resolutamente ao banheiro conectado à cabine. Descer de seu iate luxuoso, ancorado sobre o mar calmo onde quase não se sentia o balanço, e partir para a casa principal aconteceu algumas horas depois.
T/N: Eu segui o horário do original. Talvez seja questão de fuso horário lá na Grécia isso de ainda estar sol, não sei dizer, então deixei 19h mesmo…
* * *
Tradução: Yani
Revisão: Ana Luiza
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