Mais de um milhão de beijos - Capítulo 3.5
Foi somente quando o amanhecer se aproximava e a maioria dos clientes do bar já haviam ido embora que a gangue finalmente se levantou de seus assentos. Depois de prometerem mais uma vez, conforme combinado, que manteriam as mãos longe de Yeong-hoo, eles saíram do bar um por um com olhares de pesar direcionados, substituindo o arrependimento.
Depois que o grupo foi embora, restaram apenas Nick e Andreas. Conforme combinado inicialmente, Andreas tentou pegar sua carteira para pagar, mas Nick foi mais rápido.
“Você teve um dia agitado, hein? Fomos um pouco cruéis, não fomos?”
Ao entregar o cartão com um sorriso, Nick disse algo, e Yeong-hoo, com um rosto cansado, sorriu de volta. Está se adiantando, Nick, Andreas pensou de mau-humor, lançando um olhar de soslaio para o pedaço de papel em branco que Yeong-hoo havia tirado.
“A caixa registradora está quebrada no momento. Por favor, aguarde um instante.”
Yeong-hoo deu um sorriso de desculpas e rapidamente anotou os detalhes do pedido em um pedaço de papel. Como esperado, a lista não estava nada errada. Até os preços individuais estavam perfeitos. A admiração renovada não era exclusividade de Nick, Andreas também estava da mesma maneira.
Eles tiveram que esperar um pouco até que Yeong-hoo terminasse de somar o total. Por alguma razão, demorou mais para calcular do que para anotar os pedidos ou preparar os coqueteis. Ainda hesitando e apertando os botões da calculadora para somar tudo, naquele momento Yeong-hoo soltou um longo suspiro de alívio.
“O cálculo está errado.”
Com a observação repentina de Andreas, Yeong-hoo piscou, confuso.
“Ah, onde exatamente?”
Yeong-hoo, que não tinha sequer se abalado enquanto recebia uma enxurrada de pedidos, inesperadamente parecia perplexo e sem saber o que fazer. Andreas e Nick simultaneamente olharam um para o outro. Andreas estendeu a mão e com longos dedos apontou para os números.
“Aqui, 80 centavos mais 30 centavos dá 1 euro e 10 centavos, não é? E você também calculou o imposto errado. … Me dá isso, eu faço.”
Sem terminar a explicação, Andreas pegou a calculadora e a lista, digitando os números freneticamente. Tão rápido quanto Yeong-hoo preparava os coqueteis, Andreas concluiu o cálculo e rabiscou o resultado final no papel, entregando-o bruscamente.
“Está faltando nada menos que 450 euros. Como você pretende cobrir isso?”
Com a leve repreensão, o rosto de Yeong-hoo ficou vermelho. Ouvi dizer que os orientais são bons em matemática, mas não é assim. Andreas reconheceu, de má vontade, o fato de ter um preconceito. Onde? Pensando nisso, Yeong-hoo pegou a calculadora e, como se quisesse confirmar algo, apertou os números lentamente. Observando essa cena, Andreas incapaz de lidar com sua impaciência, pegou-a de volta e começou a apertar os números na frente dele.
“Veja, 15 euros e 30 centavos, mais 40 euros, mais dois de 800 euros, um de 12.000 euros, dois de 140.000 euros…”
Ao mostrar a calculadora que exibia os mesmos números de antes, Andreas exclamou: ‘Viu só!’, como se quisesse esfregar na cara de Yeong-hoo, cujo rosto ficou ainda mais vermelho. Andreas mal conseguiu conter o riso. Ele nunca foi do tipo que se divertia vendo os outros constrangidos, mas por que era divertido ver Yeong-hoo ficar perplexo? Ele definitivamente estava bêbado. Ou talvez só estava eufórico por ter ganhado a aposta.
Mas, antes que Andreas pudesse brincar sorrindo com Yeong-hoo, Nick estendeu a mão para ajudar primeiro.
“Acontece, fazer o quê? De qualquer forma, a calculadora faz todo o trabalho, não é? Hoje demos azar da máquina quebrar.”
Nick, já está querendo competir?
Andreas franziu a testa e se virou para ele. Nick, de forma irritante, até corou enquanto falava com entusiasmo.
“Não faça essa cara, se o bartender manuseia bem a bebida, isso basta. Os coqueteis de hoje estavam realmente excelentes. Mesmo com uma avalanche de pedidos, não houve nenhum erro e o sabor também estava perfeito…”
Nick não poupou elogios a ele. O rosto de Yeong-hoo foi se iluminando aos poucos, e uma expressão de alegria se espalhou. Observando a cena, Andreas sentiu um incômodo inexplicável.
“É óbvio que um bartender deve manusear bem a bebida. Não é só sair servindo sem pensar. Se continuarmos com esse tipo de prejuízo, a falência do hotel será apenas uma questão de tempo. Os clientes vão adorar, poderão beber Dom Pérignon de graça. Por que não oferece Romanée-Conti de graça também?”
Com a observação sarcástica, Nick se manifestou novamente.
“Por que tanto alarde por causa de um mero Dom Pérignon?”
“Mero? Será que nosso bartender pensa o mesmo? Quer que eu pergunte?”
No clima que se tornou tenso em um instante, Yeong-hoo, confuso, apressou-se em falar.
“Fui eu quem errou, então, por favor, parem os dois. Desculpem, vou calcular agora mesmo. Eu não sou muito bom com a calculadora. Não sou muito bom em matemática.”
Nick, como se estivesse esperando uma oportunidade, o apoiou quando acrescentou uma piada sem graça na intenção de amenizar o clima.
“Matemática é difícil, né? Não sei por que algo assim existe no mundo. Eu tenho urticária só de ver números.”
“Eu também sou assim.”
Ver os dois até rindo juntos era de dar nos nervos. Andreas bateu o cartão de Nick na mesa com impaciência e soltou:
“O que vocês estão fazendo? Desse jeito, vai amanhecer. Estão querendo que passemos a noite no bar?”
“Não estamos fazendo isso?”
Andreas ficou perplexo com as palavras de Yeong-hoo, que há pouco ria alegremente para Nick, mas agora o encarava com raiva. Era uma atitude extremamente rude para com um cliente. De repente, Andreas se lembrou da gata de Delphi. Daiana, com seus olhos cor de âmbar, ficava arisca com aquele olhar assim que se sentia um pouco irritada, mas se Delphi acariciasse seu queixo, ela ronronava como se nada tivesse acontecido.
De repente, o olhar de Andreas se fixou no pescoço delicado de Yeong-hoo. No momento em que teve um impulso de estender a mão e acariciá-lo, Yeong-hoo pegou o cartão da sua mão, quase que o arrancando. Enquanto Andreas ficava parado, Yeong-hoo processou o pagamento e devolveu o cartão para Nick. Com um sorriso.
“Obrigado.”
“Vamos embora.”
Andreas puxou Nick assim que ele pegou o cartão e estava prestes a fazer outra piadinha sem graça.
“Espere um pouco.”
De repente, Yeong-hoo se inclinou com tudo por cima do balcão e agarrou Andreas. Andreas, que quase sorriu sem querer, apressou-se em fechar a cara. Nick também parou e olhou surpreso para ele.
Yeong-hoo que até pouco estava com um sorriso suave e receptivo, olhou com a cara fechada para Andreas que se virou com uma falsa irritação, e perguntou:
“O que você disse para mim agora há pouco com aquelas palavras estranhas?”
Um silêncio frio percorreu o ar por um instante. Nick olhou para os dois, alternando o olhar, surpreso. Andreas, com o rosto endurecido, olhou para ele e abriu a boca para falar.
“Era francês.”
“De qualquer forma, o que você disse?”
Do nada, Yeong-hoo já estava com uma coqueteleira na outra mão. Parecia que, se ele dissesse algo errado, seria atingido no rosto com aquilo. Inconscientemente, Andreas piscou. Pelo canto do olho, ele viu Nick virar a cabeça e seus ombros tremerem levemente. Completamente irritado, Andreas respondeu com rispidez.
“Não é da sua conta.”
Antes que Yeong-hoo pudesse insistir, Andreas se livrou da mão dele e saiu andando a passos largos. Yeong-hoo tentou chamá-lo apressadamente, mas Nick acenou com a mão sorrindo, forçando Yeong-hoo a acenar de volta com uma expressão distorcida. Nick alcançou Andreas, que caminhava rapidamente, e falou animadamente, como se não tivesse estado com uma cara feia até então.
“Parece que ele não gosta nem um pouco de você.”
Pensando que, por alguma razão, queria golpear Nick, que sorria radiante com um rosto satisfeito, Andreas não disse nada.
Tradução: Yani
Revisão: Ana Luiza
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