JOGO DE TESTE DE VIDA - Capítulo 306: A Cidade da Noite Eterna daquele Ano (2)
Um mês depois, Jin Cheng finalmente conseguiu o que queria: ele e Tang Cuo se mudaram de volta para a mansão no Distrito A. A casa era a mesma de antes, mas Wen Xiaoming, para celebrar o retorno deles, mandou reformá-la completamente.
A reforma quase esvaziou os cofres de Wen Xiaoming. Desde a conversão do porão em laboratório até a mudança completa de equipamentos e a instalação de barreiras acústicas em todos os cômodos, ele chegou a fazer pelo menos três versões do projeto antes de finalizar.
Construir em Yongye City tinha suas vantagens. Mesmo que você ignorasse completamente as regras da arquitetura, com magia e habilidades especiais, tudo era possível.
No projeto final, o “Laboratório Supernova”, criado por Wen Xiaoming usando uma combinação de magia e tecnologia, ocupava todo o subsolo. Ele também construiu um túnel subterrâneo como saída exclusiva para o laboratório, permitindo que visitantes não precisassem passar pela mansão. Já o acesso interno ao laboratório ficava escondido atrás da estante de livros de Wen Xiaoming. Acionando um mecanismo secreto, a estante se abria para revelar uma entrada misteriosa — o que era, convenhamos, extremamente legal.
Por isso, Wen Xiaoming escolheu seu quarto no térreo. No segundo andar, o quarto principal no lado leste foi reservado para Tang Cuo e Jin Cheng, enquanto o lado oeste ficou com Lilith. Além disso, havia três quartos de hóspedes espalhados entre os andares e um sótão.
Claro, não podiam faltar coisas como um bar, uma academia e um espaço musical. Inspirado pelo estilo discreto e refinado de Tang Cuo, a decoração da casa seguia uma paleta de preto, branco, cinza e azul. Mas, para agradar ao lado romântico e artístico de Jin Cheng, Wen Xiaoming também escolheu várias peças de decoração únicas. Seu maior orgulho era um retrato de “família” encomendado especialmente, retratando ele, Lilith, Jin Cheng e Tang Cuo. Belos e charmosos, o quadro foi pendurado no centro da sala de estar. Não só servia como símbolo de união, mas também protegia a casa.
As reações ao quadro foram diversas.
Jin Cheng ficou parado por um longo tempo, braços cruzados, e comentou: “Não sou tão bonito quanto na vida real.”
Tang Cuo respondeu com um simples: “.”
Lilith, por sua vez, perguntou: “Wen Xiaoming, você pediu ao artista para te deixar mais alto?”
Chi Yan, por outro lado, ficou emocionado. “Quando poderei fazer parte dessa pintura também? Isso é incrível.”
Yu Yi permaneceu em silêncio. Ele ainda não sabia quando finalmente “teria um nome”.
No fim, embora o quadro chamasse atenção, nem Tang Cuo nem Lilith sugeriram retirá-lo. Já para Tang Cuo, o que ele mais gostou na casa foram os sofás grandes espalhados por todos os cantos.
Sofás individuais, de dois lugares, amplos e macios. Bastava sentar para nunca mais querer levantar.
Depois de se mudarem para o Distrito A, as atividades em Yongye City começaram a voltar ao normal, e Tang Cuo e Jin Cheng finalmente tiveram um tempo livre. Talvez porque antes estivessem tão ocupados, cercados de pessoas o tempo todo, quando finalmente tiveram paz, os dois optaram, em perfeita sintonia, por ficarem em casa. Até mesmo Jin Cheng abandonou os planos de encontros elaborados que tinha feito.
Sem sair para encontros, a mente cheia de ideias de Jin Cheng encontrou outras maneiras de se divertir. Wen Xiaoming frequentemente agradecia por sua previsibilidade: olhando para o laboratório fortemente protegido e as barreiras acústicas em toda a casa, ele se sentia verdadeiramente genial.
Às vezes, ao voltar do laboratório tarde da noite, Wen Xiaoming notava uma luz acesa na cozinha. Curioso, espiava para encontrar os dois homens cozinhando.
Jin Cheng mantinha seu estilo descontraído, vestindo uma regata folgada, calças de moletom e pés descalços. Ele sempre bagunçava o cabelo, que agora estava um pouco mais comprido, e andava de forma desleixada. Bastava trocar algumas palavras com Tang Cuo para começar a se encostar nele.
Jin Cheng adorava abraçar Tang Cuo por trás, descansando o queixo em seu ombro, como um grande coala. Quando ria, sua voz reverberava no peito, balançando Tang Cuo junto com ele.
Tang Cuo virava-se para dizer algo que fazia Jin Cheng rir ainda mais, um riso solto e alto. Então, Jin Cheng estendia a mão para bagunçar o cabelo de Tang Cuo, que desviava, forçando Jin Cheng a apelar para a provocação.
Em nove de cada dez vezes, Wen Xiaoming sabia que a cena a seguir seria inadequada para menores. Cobria os olhos com as mãos, espiando entre os dedos antes de sair de fininho para seu quarto.
Depois disso, ele adotou o hábito de manter comida armazenada em seu quarto. Quanto a Lilith, bem, uma jovem elegante nunca comeria à noite.
No assunto cozinha, Wen Xiaoming sempre tinha algo a comentar.
Nenhum dos quatro era um verdadeiro mestre na cozinha. Apesar de não serem desastrosos, os pratos que preparavam eram apenas passáveis. Com o tempo, ficava difícil suportar a monotonia.
Tang Cuo chegou a perguntar: “Como vocês viviam antes?”
Jin Cheng respondeu: “Experimentando as culinárias dos diferentes cenários dos desafios.”
Wen Xiaoming adicionou: “Ainda lembro de um cenário futurista onde o alimento era um líquido nutritivo. Tinha gosto de desinfetante misturado com álcool hospitalar. Não era bom, mas parecia desinfetar o estômago.”
Lilith interrompeu: “Os pratos de foie gras e cordeiro do Reino das Nuvens eram os melhores.”
Tang Cuo: “.”
Agora, com os jogadores entrando menos nos desafios, eles não podiam mais contar com aquela vida. Melhorar as habilidades culinárias tornou-se uma prioridade.
Pedir comida, claro, era uma opção. Desde a reforma da cidade, o setor de delivery tinha crescido enormemente. Mas viver pedindo comida não era sustentável.
Jin Cheng insistiu que não. Determinado a provar que era um homem de família exemplar, ele arrastou Tang Cuo para aprender a cozinhar. Tang Cuo, que preferia comer macarrão instantâneo e pratos rápidos da vendinha do prédio, resistiu.
No entanto, Jin Cheng era insistente. Ele dizia: “Você pode não cozinhar, mas tem que ficar aqui comigo. Presença moral é o mínimo.”
Além disso, Jin Cheng argumentava: “Se você não assistir, vai perder a chance de me ver cozinhando com tanta elegância. Não seria um desperdício?” Lilith, se fosse consultada, certamente concordaria.
De fato, Jin Cheng ficava impressionantemente charmoso enquanto cozinhava. Com um avental cinza e uma expressão concentrada, ele transmitia confiança. Sempre que se dedicava a algo, parecia que não havia nada que ele não pudesse fazer.
As articulações bem definidas seguravam a faca com precisão. Cada movimento fluía como água corrente — cortar em tiras, desossar, nada era um desafio. Todos os ingredientes estavam lavados até ficarem impecáveis, a bancada organizada meticulosamente, e a apresentação dos pratos ao final era uma obra-prima.
Resumindo: agradável aos olhos, mas o sabor era apenas mediano.
Jin Cheng provou a comida que havia preparado, as sobrancelhas se erguendo cada vez mais, enquanto seu olhar se tornava cada vez mais perigoso. Era o suficiente para alguém suspeitar que, embora sua habilidade culinária não causasse uma explosão na cozinha, ele talvez decidisse explodir tudo só para esconder sua evidente falta de talento.
Tang Cuo pegou a espátula das mãos dele a tempo. “Deixa comigo.”
Os fatos comprovavam que o mais relutante a cozinhar, Tang Cuo, era na verdade o mais talentoso. Diante dele, tanto Jin Cheng quanto Rong Yi pareciam aprendizes.
“Isso é injusto.” Pela primeira vez, Jin Cheng sentiu-se alvo de uma provocação divina.
“Continue descascando.” Tang Cuo lançou um olhar para o tomate nas mãos de Jin Cheng. O cardápio daquela noite incluía salada de pepino, carne com tomate, carne de porco caramelizada e sopa de tofu com ovo preservado. Lilith adicionou uma salada de legumes e seu suco especial, completando a mesa de maneira modesta, mas suficiente para os quatro.
Ainda assim, Jin Cheng não conseguia aceitar. Durante o preparo, ele bombardeou Tang Cuo com mil perguntas. Por que colocar sal agora? Qual o motivo? Como é que você joga uma colherada de sal de qualquer jeito e acerta na medida?
Tang Cuo respondeu: “Olho a receita.”
Na verdade, Tang Cuo não tinha nenhum segredo especial para cozinhar. Ele apenas seguia o que estava no livro de receitas. Uma colher de cada tempero, tudo feito no instinto. Achava que estava muito salgado? Adicionava água. Muito insosso? Mais sal. Qual poderia ser o mistério?
As receitas são a sabedoria acumulada de milhares de anos. Seguir isso à risca raramente dá errado.
Jin Cheng estava abalado e precisava ser consolado pelo namorado. Ele nunca achou que um homem adulto pedir consolo fosse algo vergonhoso; pelo contrário, fazia isso com plena confiança.
E o que Tang Cuo poderia fazer para animá-lo? Não via nenhum sinal de tristeza genuína no rosto de Jin Cheng.
Tudo uma desculpa.
No fim, Tang Cuo foi arrastado para fora de casa por Jin Cheng, que usou o pretexto de “tomar um ar”. Eles saíram para caminhar pela Cidade da Noite Eterna e planejaram ir ao cinema.
Tang Cuo ainda se lembrava da última vez em que haviam ido assistir a um filme. Naquela ocasião, Jin Cheng estava prestes a se declarar, mas foi interrompido por uma partitura de Black Hat. Desde então, não tiveram mais tempo livre, sempre ocupados explorando masmorras e batalhando sem parar.
Embora tivessem se passado apenas alguns meses, ao relembrar, parecia uma outra vida.
O filme daquela noite era uma animação clássica, uma reprise de um longa antigo. Mais de 90% do público provavelmente já havia assistido antes. Tang Cuo até ouviu garotas na frente recitando as falas antes que os personagens as dissessem.
Ao olhar para Jin Cheng ao lado, percebeu que ele também parecia já ter visto, assistindo com interesse, mas sem surpresa. Tang Cuo entendeu que as pessoas ali estavam para reviver o passado, para lembrar do tempo em que se emocionaram e choraram com aquele filme, buscando um pouco de conforto nas memórias que brilhavam.
Para Tang Cuo, no entanto, aquilo era novidade. Em mais de vinte anos de vida, ele nunca tinha entrado em um cinema, exceto naquela primeira vez com Jin Cheng, e nunca assistira a grande parte dos filmes mais comentados.
Ele sabia que Jin Cheng estava, conscientemente, preenchendo lacunas em sua vida. Aprender a cozinhar, assistir a filmes animados, jogar damas, brincar com jogos simples de criança — pequenas coisas que ele nunca tinha experimentado.
No caminho de volta, as luzes dos postes alongavam as sombras dos dois na calçada. Jin Cheng olhou para o rosto suavizado de Tang Cuo sob a luz amarelada e perguntou: “Gostou do filme?”
“Sim”, respondeu Tang Cuo.
Jin Cheng sorriu e disse: “Esse é o meu filme de animação favorito.”
Tang Cuo ergueu os olhos e encontrou o olhar dele, sem dizer nada, mas entendeu o que ele queria dizer. Ele também tinha gostado muito do filme, mas o que mais gostava era da pessoa que o levara ao cinema.
“De que mais você gosta? Da próxima vez eu organizo para você.” Ele disse.
Ao ouvir isso, Jin Cheng piscou, só então se lembrando que seu namorado era o Sr. Corvo. O cinema pertencia à administração da Cidade da Noite Eterna, e organizar uma sessão especial era algo fácil para ele.
Mas ser paparicado assim de repente…
Jin Cheng não conseguiu conter a risada, segurou o rosto de Tang Cuo com as mãos e começou a apertá-lo para moldar uma expressão fofa. Quando Tang Cuo ameaçou bater nele, Jin Cheng correu para trás, abraçando seus ombros e guiando-o de volta para casa.
“Vamos, vamos. Algumas coisas não são apropriadas para se discutir na rua. Em casa a gente conversa.”
Mais uma vez, Tang Cuo não fazia ideia do que Jin Cheng estava falando.
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