Antes De Me Acusar, Me Beija

Durante o jantar eu comecei a me sentir muito quente.

— Não está gostando?

— Hã?

— Mal tocou na comida. — Comentou apontando para o meu prato.

— Ah… Não estou com muito apetite.

A verdade era que eu estava muito quente. Tanto que me fazia sentir sufocado.

— Você é muito magro. Precisa comer mais para melhorar a sua estamina.

— Sim senhor… — Respondi cabisbaixo.

Seville parecia ter se zangado com a minha simples resposta, então me esforcei para comer um pouco mais.

Depois do jantar eu precisei tomar um banho frio para aliviar o calor imenso que eu sentia. Ao sair do banheiro, tinha apenas uma toalha na frente do corpo, sem me enrolar nela de fato. Ao ver meu marido me encarando sério em frente a porta, o susto foi tão grande que quase deixei a toalha cair no chão.

— Quem vir sua reação, vai pensar que na verdade eu sou um monstro.

“Essa não, ele ainda estava de mau-humor…”

— D-desculpa, eu estava imerso em pensamentos.

— E no que estava pensando tão profundamente?

Não esperei ele realmente se importar com o que eu pensava, mesmo assim, não poderia dizer que eu estava me perguntando se o remédio realmente iria conseguir me fazer dormir rápido o bastante para não ser possuído, considerando o desconforto no meu corpo.

“Ele ligou o aquecedor? Por que está tão quente aqui? ”

— N-não é nada demais. Já até esqueci o que era.

Tentei disfarçar ansiosamente, o que aumentou ainda mais o franzido na testa dele. De repente comecei a ficar muito mais ofegante.

— Que seja. Dessa vez eu vou ficar fora apen-

Naquele instante uma tontura me fez perder o equilíbrio, precisando ser amparado por braços fortes para não desabar no chão.

— Tsc, o que tá rolando?!

— T-tá muito quente, desligue o aquecedor por… favor.

Esbaforido eu já começava a ter dificuldade para falar. Uma sensação de formigamento se espalhava por todo o meu corpo e anuviava os meus pensamentos.

— Do que você tá falando? O aquecedor não está ligado.

— Então p-por que eu tô me sentindo assim? — Indaguei arfando.

— Você tomou ou comeu alguma coisa diferente hoje?

— S-só um calmante natural. — Apontei para o criado mudo.

Seville me deitou na cama, abaixou a temperatura do ar-condicionado no mínimo e foi verificar o tal remédio na mesinha de cabeceira. Pegou o saquinho duvidoso, cheirou o pó e cerrou os dentes em reconhecimento.

— Isso não é um calmante, é um afrodisíaco!

Não conhecia aquela palavra mas também não me importava. Aos poucos eu perdia o controle do meu próprio corpo e tudo o que me preocupava era o fato de eu estar tremendo tanto e ficando tão molhado entre minhas pernas.

— Merda… — Resmungou ao me ver esfregando minhas pernas uma na outra.

Ele parecia bravo e quando começou a se despir apressadamente, fiquei alerta de imediato.

— N-não chega perto de mim!

— Do que você tá falando? Se você nã-.

— Se afasta! — Berrei enquanto protegia ao máximo a minha nudez com a toalha de banho.

— (…)

Eu já não podia controlar minhas emoções. Comecei a chorar ao perceber que não conseguia mais impedir minha ereção de surgir, ao sentir minhas entradas pulsando. Seville notou a tenda na toalha e abaixou o seu tom.

— Escuta, eu conheço muito bem essa erva. Você só vai melhorar se aliviando. E pelo tanto que tomou, duvido que vá passar tão facilmente.

Seu tom de voz mais calmo não tinha me impedido de continuar alarmado, mas me deu forças para desabafar tudo o que tinha guardado só para mim aquele tempo todo.

— Eu sou humano, sabia?

— O que? Que afirmação mais tola.

— Eu sou de carne e osso. E sinto dor!

— Do que você está falando?

— S-sexo… Toda vez eu tenho medo… Não quero!

— (…)

Lágrimas escorriam sem parar do meu rosto e eu não sabia mais nem se o que eu falava fazia sentido.

— Que problemático… — Afirmou passando a mão na própria nuca.

Agarrou meu rosto na tentativa de me fazer olhar para ele e focar em suas palavras.

— Olha pra mim! Prometo que não vou deixar você sentir dor. Melhor assim?

Tudo o que obteve de mim foi um soluço entre lágrimas. Então me abraçou forte e disse no meu ouvido:

— Eu juro que farei tudo direitinho e você não vai sentir nada além de prazer.

Eu tentei me soltar dos seus braços em vão. Não tinha como eu acreditar naquelas palavras.

“Ele parece uma parede! Não consigo me mover”

— Me solta, eu não acredito em você!

Ele permitiu que eu me afastasse com dificuldade, mas a visão daquele corpo musculoso perfeito só me fazia querer aproximar.

— Se minha esposa não está bem, isso é problemático para mim! Você prefere que eu te leve ao hospital e eles te vejam nesse estado? Posso fazer isso por você já que não aceita minha ajuda.

Permaneci em silêncio. Aceitar a ajuda dele estava fora de cogitação, mas, aquela sensação era cada vez mais insuportável e pensar em hospitais me deixava atordoado.

“Parece que minhas entranhas estão queimando… O que eu faço?!”

O lençol abaixo de mim já estava encharcado de suor e fluídos corporais. Conforme eu tentava me decidir sobre o que fazer, minhas forças iam se esgotando e a sensação cada vez piorando mais.

— Ahh… — Gemi ao esconder minhas mãos na virilha.

Quando a única coisa que eu conseguia pensar era apenas em me aliviar, Seville passou um braço pela minha cintura e me puxou em direção à ele, se aproveitando da minha surpresa, para me beijar.

— Uh… A…

Aquele beijo voraz drenou qualquer vontade minha de retrucar. A sua língua em minha boca quente trazia uma sensação tão boa que eu não queria mais parar. Vendo como um sinal verde, sem parar de me beijar, se livrou da minha toalha.

— Calma, eu vou fazer você se sentir bem em breve.