Antes de me acusar, me beija - Capítulo 2: Você sabe de alguma coisa sobre...?
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No carro, eu me senti sufocado por todos os acontecimentos do dia. Mil pensamentos passavam na minha cabeça enquanto eu tentava afrouxar um pouco a gravata em meu pescoço sutilmente e demorei para perceber que me chamavam:
— Lian! — Gritou, Seville.
— S-sim?
— Bai Lian, é assim que se pronuncia o seu nome?
— Sim… s-senhor.
Não fiz questão de corrigir o tom errado já que ele claramente não falava Chinês. Eu mesmo só falava o idioma com os meus pais, o que já é algo raro, por ser apenas nas férias e recessos escolares. Então, nunca me importei em corrigir ninguém.
— Você acabou de completar 18 anos, certo? — Perguntou olhando para uma prancheta em suas mãos.
— I-isso mesmo.
“Se ele é 13 anos mais velho do que eu, deve ter… 31 anos?”
— Ok. Já acertei tudo com teus pais. Não precisa se preocupar com nada, só fazer tudo o que eu te pedir sem reclamar. — Soltou sem me encarar.
“Não sou digno nem sequer de saber os detalhes do acordo? Como um objeto inanimado…”
— Entendeu?
Seu tom era muito sério e indiferente. Distante daquele homem que conversava sorridentemente com as pessoas durante a festa.
— S-sim senhor.
— Tem alguma pergunta?
“Será que eu devo…?”
— O senhor está ciente mesmo da minha… con-condição?
Não ousei olhar em seus olhos, entretanto, a dúvida ainda me consumia. Mesmo que minha mãe já tenha dito que sim, era necessário ouvir a confirmação da boca dele.
— Tsc. É óbvio. Que pergunta tola.
Ele parecia zangado. Sei que tinha sido uma pergunta tola, mas eu precisava ter certeza.
— Me d-desculpa…
Ele então, bufou ao retirar a própria gravata impacientemente.
— É precisamente esse o motivo de estarmos aqui hoje.
— P-Perdão?
“Não entendo como essa anomalia poderia servir de alguma utilidade para alguém…”
— Você é gago? — Questionou com ar de desdém.
— N-não… — Tentei firmar a voz. — Devo estar muito nervoso…
Após um olhar inquisidor, ele continuou.
— Eu sou gay.
Não tive muito contato com o mundo fora do internato e lá fomos criados sabendo que é preciso um homem e uma mulher para formar um casal. Qualquer outra coisa, seria pecado.
— Meu pai insiste que eu deva me casar, ter herdeiros e blá, blá, blá… Você ser um homem com um útero me deixou incapaz de recusar esta união. Tsc…
Foi então que eu percebi que ele estava tão infeliz quanto eu naquela relação forçada. E isso me deixou ainda mais aflito por algum motivo.
— Entendo… — Respondi encarando minhas próprias mãos que se agarravam com força à calça.
“Ele me acha um monstro também…? ”
— Mais alguma pergunta?
— Não senhor…
E assim passamos o resto do trajeto em silêncio.
Quando chegamos à mansão, cerca de 50 minutos depois, eu já me encontrava mais sóbrio.
— Sebastian vai te mostrar o quarto. Toma banho e me espera nu na cama. — Ordenou enquanto retirava e depositava o casaco nas mãos do mordomo. — E seja rápido.
E então, saiu apressado, o que me foi bem-vindo já que eu tinha ficado tão constrangido com aquelas palavras que nem sequer consegui me mover de imediato.
— Ma’am? Por aqui. — Disse o ecônomo, indicando o caminho como se não tivesse ouvido nada do que o patrão dissera.
Segui o mordomo em silêncio com o rosto em brasa e ao adentrar o cômodo, percebi que o ambiente era muito maior do que o meu quarto na casa de meus pais.
A decoração era minimalista e elegante mas no momento eu não conseguia apreciar a beleza do local e fui direto para o banheiro com meu celular em mãos para fazer pesquisar no gulugulu sobre como é a relação íntima entre homens.
Protelei o máximo que pude no banheiro enquanto pesquisava vídeos e artigos sobre sexo pela primeira vez na vida.
“I-isso ao menos é possível?!”
Depois de muito tempo que havia me banhado, saí vestindo um roupão. Nunca fiquei nu na frente de ninguém por vergonha do meu corpo e aquela situação repentina como um todo, era absurda demais. Ainda em choque devido às pesquisas realizadas, me assustei ao ver Seville sentado na cama do quarto.
— Ái, que susto!
— Acho que fui bem específico quando disse que queria que você fosse rápido e me esperasse pelado.
Seu tom e expressão não eram nada amigáveis, o que piorou e muito a situação, me fazendo gaguejar ainda mais do que de costume.
— E-es-está um p-pouco frio. Temi p-pegar um res…friado.
Torci para que ele acreditasse naquela mentira deslavada, o que claramente não tinha funcionado, pois, ele me encarou estreitando os olhos com incredulidade após ter fitado o termostato na parede, cujo indicador marcava 26ºC. Porém, prosseguiu ignorando meu comentário, com um suspiro.
— Phew… Tira o roupão. Você já me fez perder tempo demais.
Me despi como me foi pedido, cobrindo apenas meus genitais com as mãos enquanto tremia descontroladamente. Mas não era de frio, e sim, de vergonha mesmo.
— Fica de quatro na cama.
— Hã? — Indaguei confuso.
Não tive acesso a nada sobre a intimidade de um casal até alguns minutos antes, já que vivi minha vida toda em um internato cristão. Sem contar que não tínhamos acesso livre à internet ou dispositivos eletrônicos pessoais. Me senti constrangido como nunca antes na vida.
— Ajoelha na cama com as mãos sobre o colchão.
— Ah, sim… — Respondi ao lembrar da imagem na internet da pessoa imitando a pose de um cachorro.
— Você sabe alguma coisa sobre sexo?
— N-não muito senhor.
— O que você sabe exatamente? Sua mãe me falou que você é virgem mas eu esperava um mínimo de conhecimento básico.
— Huh… É… É… — Cutuquei minha cutícula nervosamente sem saber o que dizer.
“Isso é muito constrangedor…”
Eu realmente tinha ficado perplexo com a pergunta. Ainda mais ao imaginar que tipo de conversa ele e meus pais haviam tido. Depois de algum tempo, aparentemente, ele se cansou de esperar pela minha resposta.
— Tá, esquece. Você não precisa fazer nada mesmo. Só fica quieto e deixa que eu cuido de tudo.
Suas palavras soavam tão ásperas aos ouvidos que só fazia o meu coração palpitar cada vez mais.
— Vai ser doloroso já que é sua primeira vez, mas eu detesto escândalo, então, nada de gritos. Vou tentar me conter e ser breve mas morda o travesseiro se for insuportável.
“M-morder…?”
— Entendido?
“O quão doloroso deve ser? Estou com medo…”
— Será que eu vou ter que ficar repetindo as mesmas perguntas toda hora?! — Levantou uma sobrancelha, irritado.
— S-sim. Quero dizer, não s-senhor. E-eu entendi.
— Meu humor tá péssimo nesses últimos dias. Seria sábio você não fazer nada para piorar a situação.
Não sabia como lidar com aquele misto de emoções que estava sentindo. Só esperava que tudo aquilo acabasse logo.
— Vamos começar. — Anunciou retirando o roupão que vestia.
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