Antes de me acusar, me beija - Capítulo 16: Meu segundo amigo
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- Capítulo 16: Meu segundo amigo - REVISADO
Passei alguns dias perdido em mim mesmo novamente. Seville fizera questão de verificar sobre a pessoa que havia me deixado naquele estado. E tudo o que Troian disse, era verdade. Havia todo um registro do crescimento dele com sua antiga família. Mesmo que não houvessem fotos. Então, eu precisava superar.
— O que você pretende fazer agora?
— Foi um choque, mas, já estou melhor e preciso continuar com a minha vida de qualquer forma.
— (…)
Seu olhar de dúvida me fez não querer desapontá-lo. Não queria que sentissem piedade de mim.
— Irei voltar para a faculdade na próxima segunda-feira.
— Ok, só não se force demais. De qualquer forma, você tem conseguido se virar bem estudando EAD.
— Hum!
— Não posso mais adiar minha viagem de negócios mas, você sabe, estarei a apenas uma ligação de distância.
— Tudo bem. — Tentei forçar um sorriso tímido.
Com um beijo na minha testa, Dario se despediu, me deixando só com meus pensamentos novamente.
“Será que eu mando mensagem ou não? ”
Depois de ter refletido por mais um tempo, enviei uma mensagem para o tal número.
[Olá, aqui é o Lián Bái, amigo da Trin. Você deixou seu número comigo há alguns dias.]
Nos poucos segundos que gastei digitando a segunda parte da mensagem especificando o nosso último contato antes de enviar, já chegou sua resposta.
[Oiiiii~]
— Que rápido!!!
[Achei que não fosse me mandar mensagem nunca, garoto! ]
— Nem mesmo eu sabia que faria isso… — Pensei em voz alta.
[Mas fico feliz que tenha feito ]
[◝(ᵔᗜᵔ)◜]
“Ele estava esperando o meu contato? Por que?”
Hesitei por alguns segundos. Não sabia exatamente sobre o que conversar. Nunca tive amigos além da Trin e as únicas pessoas com quem eu conversava ultimamente era o Dario e os empregados da casa.
— O que eu falo?! — Me perguntei roendo as unhas.
“Ele agiu tão rápido e de forma tão inesperada que esqueci o que eu ia dizer…”
Antes que eu pudesse pensar em algo, outra mensagem chegou.
[Você tem cara de quem gosta de livros. Acertei?]
[Sim. Amo livros.]
[Tá livre amanhã? Como não tem aula, quero aproveitar pra ir comprar um box que tá na pré-venda. Seria divertido ter sua companhia. ]
[Claro.]
[Combinado então! Até amanhã! ]
— Amanhã, hein… Será que eu vou conseguir agir naturalmente?
Phew (Suspiro)
Ao chegar no local muito antes do combinado devido a ansiedade, me deparei com Troian acenando para mim todo empolgado, quase uma hora antes do combinado!
— Você chegou cedo! — Exclamei surpreso.
— Como diz Caio Fernando Abreu: ‘acordar já é vitória; cedo, vitória dupla’.
Acenei com a cabeça em concordância.
— E nesse caso, quanto antes, melhor. Olha! A fila lá dentro já tá gigantesca. — Disse apontando para a multidão enfileirada dentro do estabelecimento.
— Nossa… Eu nunca fui a uma feira de livros por conta do internato. Não fazia ideia de que seria assim.
Não consegui evitar um sorriso quando ele fez aquela pose dramática em resposta ao meu comentário.
— Oh! Você sabe sorrir!
Corei ao ver aquela expressão idêntica à da Trin. Fazia sentido já que ambos eram irmãos, mas, tanta semelhança fazia o meu coração doer. Talvez por ter percebido que meu humor havia mudado rapidamente, abriu a boca para falar alguma coisa. Mas, ao ver que a fila tinha diminuído e havia um espaço enorme entre nós e o último fã posicionado, gritou:
— Ah! A fila andou. Corre!
No final, consegui recobrar o controle das minhas emoções e apreciei muito tudo aquilo. Até comprei alguns livros para mim mesmo.
— Ufa! Até que enfim conseguimos sair! Quer ir tomar um sorvete?
— Com este frio?! — Perguntei incrédulo.
— O sorvete foi criado a partir da neve e só podia ser consumido no inverno. Que hora melhor para aproveitar, senão agora?!
— Mas nem almoçamos ainda.
— Regras nasceram para serem quebradas! — Disse com travessura no olhar.
— Mas que-
— Vamos lá!
E assim como a Trin sempre conseguia me arrastar para as enrascadas dela, ali também fui puxado pelo braço sem conseguir dizer não.
— Ah! Minha cabeça! — Exclamou Troian, esfregando a têmpora depois de comer seu sorvete rápido demais.
— Haha, você não deveria comer tão rápido.
— Pra te fazer sorrir, vale a pena.
Seu tom de voz sério e sorriso maroto me fez ruborizar.
— Para de brincadeira! — Falei enquanto o empurrava brincando.
Tal ato o fez gargalhar.
— Olha! Máquina de brinquedos! Vamos?
— Eu não sou bom com isso, não.
— Que sorte a sua, pois, eu sou ótimo! — Constatou se gabando.
Então, seguiu me puxando pelo braço mais um vez até chegarmos ao local.
Depois de vê-lo gastar mais de 100 reais e sem ter conseguido pegar o bichinho que eu havia escolhido inicialmente, fiquei irritado. Não pelo brinquedo em si.
“Quanto desperdício de dinheiro! ”
— Já chega! Você já pegou um monte de pelúcias!
— Mas não foi o que você pediu! — Falou com uma expressão decepcionada, me tirando do sério.
— E eu sou criança, por acaso? Vamos embora agora!
— Mas…
— Anda, anda, anda! — Falei puxando-o pelo braço como ele havia feito anteriormente.
E então, seguimos caminhando vagarosamente da praça até o estacionamento. Eu havia escolhido apenas um coelhinho dentre todas as pelúcias que ele tinha pegado e conforme víamos alguma criança no caminho, ele ia dando um dos bichinhos restantes até não sobrar nenhum.
Quando me deixou em casa, eu só conseguia pensar que de fato, fora um passeio muito agradável.
— Te vejo na segunda, então, Troian.
— Você é meu amigo agora. Pode me chamar de Troy.
E assim, fiz o meu segundo amigo.
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