Antes de me acusar, me beija - Capítulo 15: MR. Sherlock Holmes
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- Capítulo 15: MR. Sherlock Holmes - REVISADO
Levantei ao sinal dos primeiros raios de sol, me aprontei e desci para tomar meu café. Seville só foi aparecer quando eu já estava quase terminando de comer.
— Acordou cedo hoje.
Dario aparecera abotoando a manga do seu terno impecável.
— Hum! Bom dia.
— Bom dia. Está empolgado?
Hesitei por um momento. Não tinha certeza sobre aquilo de fato.
— Até que sim.
— Que bom. Vou só tomar uma xícara de café e podemos ir quando você quiser.
— Não vai comer nada?
Fiquei intrigado já que no almoço do dia anterior, ele havia comido muito pouco e após engajarmos naquela atividade tão intensa, ele ainda teve uma longa reunião.
“Não lembro de tê-lo visto se alimentar…”
— Me satisfiz o suficiente ontem. Mas, se quiser me alimentar de novo com o seu nutritivo…
— Ahem! — O interrompi, pigarreando ruborizado.
“Na presença dos empregados! ”
(Riso alto)
— T-tenha modos! Estou falando do jantar!
— Comi bem após a videoconferência para repor as energias. — Disse olhando sarcasticamente para mim.
— S-se já terminou o seu café, vamos logo. Quero chegar mais cedo hoje, se possível.
Não era totalmente mentira, mas no fundo, minha pressa era para não ter que continuar encarando empregadas tão ruborizadas quanto a mim.
Era vergonhoso chegar em uma Ferrari, ainda mais depois de tantos dias absorto. Então, pedi para descer uma quadra antes e terminei o trajeto a pé.
Depois de rodar igual a uma barata tonta pelos corredores com o boletim informativo na mão, ainda não tinha encontrado a sala. Decidi então, pedir ajuda.
— Teoria da literatura? Fica no terceiro piso. — Disse um estudante.
— Obrigado.
No caminho, me deparei com a biblioteca e não pude evitar adentrar. Fiquei alguns minutos andando por lá até me deparar com a pessoa que havia visto no Instagram, no fundo do salão.
“Ele realmente é idêntico…”
Ao ver que eu o fitava intensamente já há alguns segundos, ele puxou a conversa.
— Posso ajudar?
— É… é… M-mr. Sherlock Holmes?
Forcei minha voz a sair enquanto o meu rosto continuava em estado de choque.
— Haha acho que… sim? Não sei de onde veio esse apelido, entretanto. — Comentou com uma mão na nuca, acanhado.
“Não pode ser… Não tem COMO ser…”
O silêncio sempre me agradou muito, mas, naquele momento, era angustiante estar sem palavras.
“A voz é mais masculina mas ainda sim é parecida.”
— Enfim, em que posso ajudá-lo? Se puder ser breve… — Falou encarando o relógio no pulso. — Tenho um seminário para apresentar.
“Até a forma como ele olha as horas é similar…”
Vendo que eu continuava ali como uma estátua muda, ele se apressou.
— Bem… seja o que for, conversamos uma outra hora. Eu realmente preciso ir.
“É óbvio que não é ela, mas…”
Quando passou por mim, levado pelo impulso, segurei seu pulso e disse em um tom um pouco alto demais:
— Espera, Trin!
A atenção da bibliotecária foi chamada, imediatamente exigindo silêncio. O rapaz à minha frente soltou minha mão delicadamente dizendo:
— Troian. Meu nome é Troian. Enfim, te vejo por aí, jovem!
Com um aceno de despedida, fui deixado para trás com lágrimas que teimam em cair. Minhas pernas de repente ficaram moles e eu desabei no chão. Alguém veio ao meu socorro.
— Ei, você tá legal? — Perguntou uma aluna, preocupada.
Perdido em meu transe, tudo o que pude fazer foi perguntar se ela conhecia Troian.
— Ele é o aluno top da nossa instituição. Entrou com uma pontuação perfeita! Aqui entre nós, havia rumores de que era por conta da família Müller, mas, não durou muito tempo. Ele nunca tirou outra nota que não fosse 100. Blá, blá, blá…
Depois de um tempo, eu já não ouvia mais com clareza a garota tagarelando sem parar. Só algo ressoava em seus ouvidos: Müller. Esse era o sobrenome da Trin. Não esperei a moça terminar de falar e saí apressado. A aula começaria logo, não poderia perder tempo. Mas, não fui capaz de encontrá-lo. Acho que ouvi me chamarem de ‘grosso’, mas não me importei.
— Merda! — Soltei descontente mais um xingamento que não era do meu feitio.
Não podia me dar ao luxo de perder aula logo no meu primeiro dia, então desisti e fui para minha sala. Ao sair do local ao final do tempo, encontrei Troian no corredor sendo parabenizado por seu professor. Me aproximei cautelosamente e esperei ambos terminarem de conversar.
— Oi, de novo! — Acenou sorridente.
— Podemos conversar?
— Huuum… Receio não ter muito tempo. — Disse olhando para seu relógio de pulso, novamente.
— Por favor, somente alguns minutos basta.
— Ok.
Entramos na primeira sala desocupada que encontramos e eu já fui logo sacando meu celular e apontando uma foto minha com uma Trin muito sorridente.
— Ah, vejo que conheceu a minha irmã.
— Irmã? Você é filha única, Trin! — Disse indignado.
— Troian! — Me corrigiu. — E caso não tenha percebido, eu sou homem. — Comentou com um sorriso tímido.
— Por que está mentindo para mim? — Questionei tentando segurar as lágrimas mais uma vez.
— Ah… Eu detesto falar disso, mas, vou abrir uma exceção já que você parece ter sido muito apegado a ela. Eu sou um filho bastardo. Após a morte da minha irmã e sem herdeiros, é que meu pai resolveu me assumir.
“Então ele realmente não é ela…”
A pontinha de esperanças que eu ainda tinha, virou cinzas. E a constatação de que eu realmente nunca mais veria minha melhor amiga, me acertou em cheio me impossibilitando de não chorar.
— Toma. — Falou me estendendo um lencinho.
As lágrimas jorravam dos meus olhos sem que eu sequer tentasse mais impedir. Só peguei o lenço calado e o segurei com força demais nas mãos.
— Preciso me apressar, então, vou anotar aqui meu telefone. Quando quiser conversar, me liga. Qualquer amigo da Trin, é meu amigo também. Até mais.
Após se despedir como os militares, com dois dedos na testa, Troian saiu.
Eu já havia perdido dois tempos naquele estado quando me acalmei o suficiente e decidi voltar para casa. Talvez no final, ainda não fosse o momento mesmo.
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