Antes de me acusar, me beija - Capítulo 12: Adeus
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- Capítulo 12: Adeus - REVISADO
Depois de ter passado as horas anteriores me desidratando de tanto chorar, ao ponto de ter precisado tomar um soro intravenoso, fui um dos primeiros a chegar no local do velório. Até o motorista me olhava com piedade. Meus olhos estavam inchados e muito vermelhos. Era como se eu tivesse me tornado uma concha vazia. Apenas ficara com o olhar desfocado, sentado no fundo do salão. Tentei permanecer invisível, pois, não estava no clima para falar com ninguém. O que não foi difícil já que os pais dela choravam escandalosamente roubando toda a cena.
“Acho que do jeito torto deles, eles ainda amavam muito a Trin. Eu queria que os meus pais ao menos fingissem que se importam comigo também…”
Em algum momento durante o velório, vi meus pais chegarem. Após prestarem suas homenagens encenando comoção, senti meu sangue ferver. Me obriguei a permanecer imóvel, procurando manter o controle. Logo que se sentaram ao meu lado, minha mãe já começou a destilar o seu veneno.
—Ouvi dizer que ela tava voltando da casa de um homem casado quando-
—Cala a boca. Falei baixo.
Eu não queria causar uma cena, então cerrei os dentes e os punhos na tentativa de manter o meu tom baixo.
—O QUE? COMO-. Como ousa?!
Mamãe percebeu que havia se alterado e imediatamente abaixara a voz também.
—Como ousa você vir fofocar no velório dela?
—Sempre soube que essa menina era uma má influência. Olha só, você agindo com um viúvo amargurado!
—Pelo menos, ela não me vendeu para um desconhecido sem ao menos me avisar com antecedência.
Senti o Dario ficar tenso ao meu lado, mas o meu inconsciente fez questão de ignorar.
—Tudo o que eu já fiz e faço, é pelo bem da nossa família!
—Você ao menos me vê como sua família?
Estava abalado demais para me sentir comovido pelo horror no rosto dela. Apenas continuei.
—Estou mentindo? Algum dos seus amigos sequer sabe da minha existência?
—Você-.
Desviei o meu olhar brevemente em direção ao meu pai. Como sempre, quieto e de cabeça baixa. Era doloroso vê-lo assim. Então, voltei a falar, olhando para a minha progenitora.
—Por favor, saiam. Não vou permitir que usem o funeral dela, para criar mais conexões. E nem adianta tentar negar, afinal, vocês nem gostavam da Trin e certamente, não vieram aqui para me ver, já que estou casado há quase um mês e nunca recebi sequer uma única mensagem perguntando sobre o meu bem-estar, vinda de vocês.
—(…)
Mamãe não era idiota, ela sabia quando se retirar após perder uma batalha.
—Criança tola… conversamos uma outra hora.
Naquele momento as lágrimas finalmente ameaçaram cair, mas, eu não daria o gostinho de deixar que eles as vissem e suprimi como sempre havia feito no passado.
Ao sair do serviço, Seville veio me encontrar para o enterro. Ele ficou em silêncio e sem alterar suas expressões praticamente até o fim. Só vi sua expressão curiosa surgir quando depositei no caixão da Trin, uma bonequinha achatada.
—Você vai comparecer à recepção fúnebre? Sussurrou, Dario.
—Um buffet de falsidade regado a lágrimas de crocodilo? Dispenso. Falei em um tom amargurado.
—(…)
—Só quero ficar sozinho.
—Ok. Sei de um lugar ótimo.
Eu não havia prestado atenção ao caminho. Quando chegamos, só percebi que se tratava de um lugar alto e isolado. Dava para ver as luzes da cidade não muito longe dali. Definitivamente muito bonito e silencioso.
—Eu venho aqui quando preciso de ar puro.
—É tudo o que eu precisava. Obrigado.
Disse seriamente, mesmo que a sensação tivesse sido boa. Eu não me sentia no direito de ficar feliz.
—O que era aquele negócio que você colocou no caixão?
Demorei um pouco para responder. Eu não estava no clima para conversar, mas, também não achava justo ignorá-lo.
—Um marca-páginas. Foi o primeiro presente que ganhei.
—Primeiro? Dela, ou…
—O primeiro de verdade. Não conta se seus pais pediram para o secretário comprar.
—(…)
Meu marido pareceu compreender o que eu queria dizer. Todavia, eu não estava me importando com a forma com que minhas palavras o afetavam. Eu tinha minhas próprias feridas para lidar e acabei pensando alto.
—Agora eu tô sozinho de novo…
—Eu estou aqui.
—Ah, desculpa, eu não-.
—Vou repetir: Eu tô aqui. Disse sério me fitando profundamente.
—(…)
Não tinha certeza se entendia o que ele queria dizer com aquilo, então me calei.
—Podemos ter começado de um jeito ruim, mas, saiba que eu tô disposto a fazer este casamento dar certo.
—(…)
Naquele instante, eu ficara sem palavras, tentando assimilar as informações.
—Eu vou fazer uma ligação de trabalho, fica à vontade para apreciar a vista pelo tempo que quiser. Quando terminar, estarei no carro.
—Obrigado.
Sozinho, finalmente permiti que as lágrimas fluíssem. A lua estava no meio do céu quando finalmente eu parara de chorar.
—Adeus, Trin.
Publicado por:
- @autorayani
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Ilustradora, escritora e fujoshi de carteirinha 💋
Estive muito doente nos últimos meses devido a uma anemia severa, por isso as obras andavam paradas. Mil desculpas mesmo! Estou me tratando direitinho e tenho melhorado cada vez mais. Estou me reorganizando e pondo em prática alguns planos que eu tinha para o futuro. Tenham um pouquinho mais de paciência comigo. Aos poucos irei finalizar cada uma das minhas obras e postar outras novas também.
Obrigada a todos que não desistiram e continuam comigo. Amo vocês! ❤️
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