A Estrela do Dragão - Capítulo 7
O doutor, que havia terminado de examinar a mulher, levantou a barra da minha calça.
“Como você se machucou?”
“…Oh, eu fui chutado.”
“Tsk, os jovens de hoje adoram brigar.”
“Não, o tio se machucou enquanto tentava salvar eu e a mamãe.”
Por medo de eu levar um sermão do doutor, o garoto tentou me defender. Sorri amargamente porque era verdade e os olhos do professor se arregalaram. Dessa vez, seus olhos estavam cheios de orgulho e me deu um tapinha nas costas. Nunca pensei que seria elogiado dessa maneira por algo que fiz inconscientemente. Quando ele começou a dizer coisas como ‘bom trabalho’, ‘você fez o certo’ e ‘estou orgulhoso’, me senti muito envergonhado.
Tossi levemente para tentar amenizar esse sentimento. Yoon Soyoung sorriu com orgulho para o garotinho que contou o que aconteceu e então pegou uma gaze para limpar seu rostinho sujo. A criança não parecia desgostar então ficou quietinho enquanto Soyoung agia.
“Vamos ter que levá-la para um quarto do hospital, não posso deixá-la no chão frio desse jeito.”
“Não é perigoso?”, perguntei.
Aquele tremor ocorreu não uma, mas duas vezes. É difícil dizer que seja um terremoto por causa do quão calmamente ele se inicia. Parecia ser um padrão a forma como a poeira começava a levantar suavemente. Além disso, a nuvem estranha parece ainda estar lá fora, então não seria nada surpreendente os tremores voltarem. Mas o doutor só negou com a cabeça.
“Não posso ficar carregando uma pessoa machucada comigo por aí e será mais problemático se ela adoecer pelo frio. Se nos livrarmos dos objetos perigosos ao redor, não há problemas em permanecer no hospital.”
Assenti. Pensando bem, não há lugar mais seguro para pessoas feridas do que um hospital. Embora ele não possa ajudar muito porque não é sua especialidade, há um médico e aqui está cheio de equipamentos úteis. Também há uma lanchonete no hospital, então a alimentação não será um problema por um tempo, com sorte o resgate chegará em breve.
O doutor examinou minha perna com cuidado, esfregou em alguns locais por um tempo e depois deu umas batidinhas no meu joelho com uma cara de alívio.
“Parece que o osso não foi danificado, acho que seja apenas uma lesão superficial… Sinceramente, não tenho muita certeza.”
“Mesmo assim me sinto mais aliviado depois de ouvir o professor.”
“Mesmo que eu não tenha certeza?”
“Você é o mais capacitado entre todos nós aqui, não deve ser um mau diagnóstico.”
Massageei a perna que ainda estava dolorida. Quando Yoon Soyoung tocou percebi que já não estava doendo tanto como antes. Comecei a pressionar mais forte com a esperança de que melhorasse mais rápido. Enquanto isso, o professor colocou a mãe do garoto nas costas com a ajuda de Soyoung e depois ela segurou a mão da criança. Antes de começarem a se mover, ela se agachou ao meu lado e observou como eu continuava esfregando as pernas.
“Você vem conosco?”
Recusei a oferta balançando a cabeça. Apesar de teoricamente também precisar descansar em um quarto do hospital por causa da situação da minha perna, eu gostaria de repousar confortavelmente. Quando olhei para a criança esticando um pouco a mão para mim fiquei com muita vontade de pegá-la. Se eu fosse com eles não iria relaxar completamente, por isso, sabendo que minhas pernas estavam bem, escolhi traçar meu próprio caminho para seguir o que me traria mais comodidade.
“Irei sair para verificar a situação e procurar por mais pessoas. Se eu me encontrar com uma equipe de resgate falarei sobre a situação no hospital.”
Pensei nos meus pais de novo quando olhei para o doutor. Quero muito ouvir a voz deles e saber se estão seguros. Me senti aliviado quando vi no noticiário que o desastre parecia estar focado em Seul, mas me pergunto se algo aconteceu onde eles estão, talvez a zona de alcance da nuvem estranha tenha se tornado mais ampla. Assim que comecei a me preocupar, todo tipo de pensamento começou a girar na minha cabeça.
“E os telefones do hospital?”
“Verifiquei eles mais cedo, parecem estar todos quebrados.”
“As pessoas devem ter derrubado e pisado…”
O doutor estalou a língua, pegou um celular da mochila e me mostrou. Estava sem sinal. Ele pensou por um momento, então pegou uma caneta esferográfica e agarrou minha mão. Depois de abrir minha palma começou a escrever rapidamente. A ponta da caneta fez um pouco de cosquinha na minha pele.
“Esse é o número da minha esposa e da minha casa.”
“Quer que eu diga que você a ama?”
“Quando foi que eu pedi isso!?”
O professor parecia surpreso e tentou negar, mas suas orelhas um pouco velhas porque estava corando retiraram a veracidade de suas palavras. Eu ri e disse que entendia com um sorriso no rosto.
“O que você irá fazer, Doyoon?”
Yoon Soyoung perguntou a ele que ainda não tinha dito nada sobre o que pretendia fazer. Kim Doyoon tirou algo do bolso, ele parecia já ter se decidido. As chaves de um carro brilharam na palma de sua mão por causa do reflexo das luzes de emergência fluorescentes.
“Não quero ficar aqui, então irei com ele. Mesmo não estando muito bem por causa da perna, duas pessoas são melhores do que uma.”
“…Sim.”
Yoon Soyoung olhou para baixo com uma mistura de alívio e desapontamento. Eu estava preocupado comigo mesmo, mas também me senti aliviado de saber que haveria pessoas no hospital trabalhando duro para ajudar outros sobreviventes, então minha reação foi um pouco ambígua. O doutor deu um tapinha nos ombros de Soyoung e começou a andar carregando a mãe da criança nas costas.
“Então vamos. Temos muito trabalho a fazer, talvez encontremos outro doutor como eu… Espero que seja um cirurgião.”
O professor riu enquanto dava um tapinha em um lugar da blusa que tinha algumas migalhas de comida grudadas. Só então Soyoung assentiu e começou a segui-lo enquanto guiava suavemente a criança pela mão. O garotinho que olhava ao redor tentando entender a situação, compreendeu que íamos nos separar, então acenou para mim.
“Tchau, tio. Tenha cuidado, não se machuque.”
“Sim, pode deixar, vou ter cuidado.”
Achei muito fofo ele ter se preocupado comigo, então acariciei sua cabeça.
Recusei a gentileza de Kim Doyoon, que se ofereceu para me apoiar novamente, e segui em direção a saída lentamente. Graças a forte massagem caminhar estava bem mais fácil agora. Doyoon movia os pés lentamente, acompanhando o meu ritmo.
Ele poderia ter ido na frente, mas escolheu caminhar um pouco atrás de mim, seus passos pareciam estar sendo calculados para que ele pudesse me ajudar a qualquer momento, mesmo que eu caísse. Me senti agradecido e um pouco desconfortável com o seu comportamento. Talvez seja porque nunca recebi tanta bondade de outro homem?
“Acho… Que não vou poder usar o carro.”
Doyoon parou de repente. Eu estava concentrado olhando o chão para não cair, mas levantei a cabeça assim que ouvi suas palavras. Não o conheço a muito tempo, mas essa é a primeira vez que vejo uma forte expressão nele. O homem que ouvia os outros com um pequeno sorriso no rosto e respondia sem muita expressão facial, agora estava com um olhar bem atordoado. Inclinei um pouco a cabeça e olhei para frente.
Um matagal. Havia mato, arbustos e árvores tão grossas e altas por toda parte que até fizeram o prédio da frente desabar. Não tinha a aparência de uma selva bem polida, era tudo um desastre. Pude ver a estrada destroçada, amassada como tofu e a árvore que a espremia. Se não fosse pelas cores características da árvore, eu pensaria que era um tipo de grande espeto de ferro pregado no chão ao invés de madeira.
Mesmo coberta de sujeira a árvore estava em boa forma, muito magnífica. Era como se alguém tivesse pegado a floresta amazônica e movido para cá. Mas estranhamente, não havia pássaros cantando ou o som de insetos.
Como se nos contasse que tudo apareceu de repente e havia apenas as plantas exuberantes, todo o arredor estava quieto. Não havia nenhum barulho em lugar algum.
“Aqui é… Seul, certo?”
“Sim.”
“Você lembra de… Ver algum jardim, parque ou algo do tipo quando chegou ao hospital?”
“Eu lembro que tinha um gramado bem cortado.”
Tirei o boné e passei a mão pelo cabelo. Talvez se eu estivesse sozinho puxaria meu cabelo enquanto duvidava da minha sanidade. Mais uma vez me senti agradecido pela existência de Doyoon por um momento.
“Acha que podemos encontrar uma equipe de resgate?”
“Se as instalações estiverem em boas condições, eles com certeza não ficariam parados. Mas mesmo que não… Não faz sentido tantas pessoas desaparecerem do nada.”
Kim Doyoon parecia estar bem abalado, suas palavras foram ficando cada vez mais fracas e tive de me esforçar para entender o final da frase.
Repassei ansiosamente as memórias do que aconteceu. Um estranho padrão apareceu no céu e uma chuva que parecia meteoros caiu das nuvens negras. Vendo agora todas essas plantas bizarras brotando do chão não me parecia estranho acrescentar o desaparecimento das pessoas.
“Vamos. Pode haver outras pessoas por aí.”
Depois de encarar o cenário que se estendia à sua frente, acrescentou sem muita confiança.
“Vai ser bem difícil.”
“Suponho que sim.”
Doyoon deu um passo à frente e me estendeu a mão. Havia um sorriso brilhando em seus olhos.
“Posso te ajudar?”
“Quando eu estiver no limite, por favor me ajude. Não quero te cansar e ser um fardo desde o início.”
“Eu sou bem mais forte do que aparento.”
“Eu sei, você sempre teve tanta força assim?”
O sorriso de Doyoon desapareceu por um momento. Ele pensou por alguns segundos e balançou a cabeça.
“Antes era normal… Apenas recentemente comecei a ficar mais forte.”
“Bem, suponho que tenha ido bastante à academia.”
“Haha, bem, talvez.”
Dessa vez, Doyoon não me respondeu só com um sorriso, ele riu.
Os capítulos saem primeiro no wattpad (。・ω・。)ノ♡
Usuário: @KristalFansub
Também estou postando outra novela lá~
Publicado por:

- Cris Fansub
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Mais uma alma vagando pelo mundo das traduções~
Amo obras +18, principalmente BL. Vocês podem encontrar as minhas traduções no Wattpad, as atualizações saem primeiro lá ;3
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