A Estrela do Dragão - Capítulo 4
Capítulo 04
Limpei o suor frio do rosto e forcei minhas pernas a caminharem. No começo, a dor era tão intensa que eu não conseguia nem me equilibrar direito, mas quanto mais eu andava menos dor eu sentia… Embora eu esteja mancando, quase arrastando o pé.
“Tem alguém aqui?”
Não havia sinal de vida no hospital, então levantei um pouco a voz desesperadamente desejando que alguém respondesse.
Entretanto, o chamado apenas ecoou pelas paredes ao redor em todas as direções e então desapareceu. Ninguém respondeu. Não havia ninguém para responder, e apenas minha sombra refletida na parede branca cintilou. Meu cabelo ficou todo arrepiado. Sinto que saí de um filme de desastre para um de terror e de alguma forma me tornei o personagem principal.
Para me livrar da ansiedade, voltei a caminhar. Dei um passo em direção à parede, mas minhas pernas engancharam em alguma coisa. Todo o meu corpo endureceu e senti gotas frias de suor escorrerem pela espinha.
“Oh, droga.”
Era apenas um cobertor. Depois de perder o dono, o cobertor jogado acabou se enrolando no meu pé agora. Me agachei e o peguei. Fiquei apavorado ao ver as manchas de sangue na ponta, fechei os olhos e o joguei longe.
Meus pés, endurecidos pela tensão, estavam doloridos e com dormência. Enquanto me movia lentamente para evitar cãibras, senti muita vontade de simplesmente desistir de tudo. No entanto, mesmo querendo descansar, não consegui parar quando pensei na mãe doente e na criança deixada sozinha.
Tirei meu celular do bolso, mas no momento em que olhei para a tela preta, ouvi um grunhido de dor. Gritei novamente enquanto andava com cuidado em direção ao som.
“Quem está aí? Por favor me responda!”
Mas como antes, eu apenas ouvi o eco da minha voz. Agarrei minha cabeça e ponderei. Se eu não conseguir encontrar alguém no hospital para ajudar, só resta uma opção, sair. Mas… Eu não tenho confiança o bastante para ir muito longe e deixar a criança sozinha para trás com a mãe desmaiada.
Nessas circunstâncias, o desejo por encontrar outras pessoas cresceu ainda mais. Mesmo que não seja uma pessoa com conhecimentos médicos, se for alguém com um corpo em melhor estado que o meu poderia mover a mulher com segurança. Não havia garantia de que daria certo, então tudo se tornou mais assustador, a vida é algo muito delicado e não sabemos quando ela pode simplesmente acabar.
Então ouvi um som muito fraco. Era tão baixo que podia ser comparado ao farfalhar de um papel. Era um som que eu normalmente nunca ouviria, mas por meus sentidos estarem tão estimulados pela situação, mesmo um pequeno som como aquele foi captado.
Assustado e surpreso, comecei a procurar o lugar de onde veio o barulho. Abri a porta de outro corredor e me movi com cuidado para evitar os vários objetos jogados no chão. Não foi difícil encontrar a fonte do som porque esse corredor era completamente reto.
– Não… Vamos, por favor…!
“Quem está ai?!”
Claramente era uma voz humana. Eu gritei sem pensar porque fiquei muito feliz, mas logo pensei que a voz pudesse ter vindo do rádio ou da TV. Quando lembrei que a TV da sala de espera estava quebrada, fiquei menos preocupado com isso, mas pode haver algumas que ainda permanecem intactas.
“…….”
Depois de gritar, o silêncio novamente tomou conta do corredor. Era uma quietude assustadora em que se parecia até poder ouvir o som de uma agulha caindo. Senti o silêncio pesando sobre meus ombros. Nesse silêncio, houve um misto de expectativas e esperanças por um tempo, mas logo a decepção se apoderou. Virei e me preparei para me afastar mancando da porta da sala que parecia ser a origem da voz.
Bang bang bang!
O som de batidas urgentes na porta me fizeram congelar por um instante. Ignorando a dor na perna, quase me joguei e fiquei pendurado na maçaneta da porta.
– Ajuda!
É a voz de uma mulher. Me aproximei e falei com ela através da porta.
“Você está machucada? Está tudo bem?”
– Eu não me machuquei. Mas o professor….
Professor! Minha mente se iluminou. Qualquer um que mereça ser chamado de professor em um hospital…! Não achei que fosse possível ficar mais feliz ainda.
Então perguntei com urgência fazendo esforço para empurrar do caminho a máquina que bloqueava a porta mesmo com as pernas desconfortáveis.
“Ele está seriamente ferido?”
– Não. Ele não está ferido, mas seu corpo está sob uma geladeira. Não consigo levantar ela sozinha…
Suas palavras me deixaram um pouco confuso. Estava debaixo da geladeira e não se machucou? Havia muitas coisas que eu queria perguntar, mas como ia ver a situação com meus próprios olhos de qualquer maneira, achei que seria melhor focar em abrir a porta do que perder tempo fazendo perguntas.
Baixei a cabeça e olhei para a máquina que estava no chão para analisar melhor. Essa coisa parecia pesar bastante. Tentei puxar, mas foi em vão. Se houvesse uma pequena brecha, eu seria capaz de abrir a porta mais facilmente unindo forças com a mulher do outro lado da porta. Mas minhas pernas impediam que minhas mãos ganhassem força, apenas pude fechar os olhos e puxar.
“Droga! Por favor se mexa!”
Comecei a xingar a maldita máquina que estava no caminho. No passado, ela provavelmente ajudou inúmeras pessoas a não perderem a vida, mas agora não passa de sucata que ameaça a segurança humana.
Ghrrrr-
A máquina pesada finalmente se moveu, como se tivesse acabado de ouvir meu ressentimento. Nesse momento, soltei um pequeno grito alegre. Também foi o momento em que a máquina preta de metal pareceu recuperar um pouco de sua beleza.
– Conseguiu?
“Não! Por favor, espere mais um pouco!”
Empurrei o meu corpo para dentro da brecha aberta. Havia distância suficiente para uma pessoa mal se agachar, mas não havia espaço para abrir a porta e permitir que pessoas entrassem ou saíssem.
Agachei e coloquei minha perna intacta contra a máquina. Ao pôr força na ponta do pé, um som rouco de atrito se estendeu pelo corredor, mas eu não estava conseguindo empurrar nem com a metade da minha força porque não conseguia utilizar bem a perna machucada.
Depois de recuperar o fôlego por um momento, me apoiei novamente na máquina para voltar a empurrar, mas notei uma sombra preta pelo canto do olho.
“Ahhhh!”
– O que acontece!?
Assustada pelo meu grito, a mulher bateu na porta e gritou. O ambiente dentro da sala ficou ruidoso e a mulher se preparou para se jogar contra a porta. Não foi até que a porta bateu em minhas costas que eu recuperei os sentidos e falei com ela.
“Está tudo bem! Só fiquei surpreso por um momento…”
– Huh?
“Só estou surpreso de que haja outra pessoa.”
– Outra pessoa?
A voz da mulher se iluminou. Eu também deveria ficar feliz, mas meu coração estava muito acelerado para assimilar corretamente a situação.
Quem não ficaria surpreso com uma aparição tão repentina? O interior do hospital completamente bagunçado estava tão frio, eu realmente pensei que um fantasma tinha aparecido.
A outra pessoa se aproximou sem se importar com a minha reação e tocou na máquina.
“Ah…”
A máquina foi levantada antes mesmo de eu poder dizer olá. O homem a levantou completamente. Quando vi que algo tão pesado era facilmente retirado do chão por ele, abri a boca.
“Precisa de ajuda para tirar mais alguma coisa do caminho?”
O homem estendeu a mão para mim. Inconscientemente, assenti e peguei a mão dele. A mão empoeirada dele era maior que a minha. Minha altura um pouco acima da média sempre me deixou um tanto confiante ao encarar outras pessoas, mas esse homem era muito mais alto do que eu. Mesmo que minhas pernas estivessem intactas e eu ficasse em pé bem reto, acho que essa percepção não mudaria.
Ele me ajudou a levantar, e então explique brevemente a situação enquanto abria a porta. A enfermeira, com o rosto cheio de lágrimas, olhou para nós muito feliz. Pegou minha mão e me guiou para mostrar o interior do cômodo. Um médico de meia-idade deitado sob uma geladeira nos olhou e cumprimentou.
“Você tem uma alavanca ou algo do tipo?”
Fiquei um pouco perplexo. Como a enfermeira disse, ele parecia estar muito bem mesmo estando debaixo de uma geladeira. O doutor até levantou o braço e o debateu em vão, me agachei ao lado dele com um pequeno sorriso.
“Você está bem? Se machucou em algum…”
“Não, estou totalmente saudável. Está tudo bem…. Exceto por um pouco de constrangimento.”
O médico colocou a mão no chão e apontou para um lugar, havia algo branco na fresta da geladeira. A pequena distância ocupada pelo objeto impediu que o corpo do médico fosse completamente esmagado pela pesada geladeira, por isso ele não se machucou, mas não conseguia sair porque estava entalado. O preocupante é que o objeto parecia estar prestes a ceder. Se eu colocar um pouco de força contra a geladeira para empurrá-la, receio que ele será esmagado.
“Isso é… Uma vasilha…”
“Eu tive sorte, quem diria que uma sobremesa salvaria a minha vida!”
O médico me olhou e começou a resmungar. Graças ao seu gosto por comida muitas pessoas no hospital e em sua família o criticavam, mas foi por isso que ele estava bem agora. Eu não conseguia imaginar o quão desnecessariamente caro foi essa sobremesa já que a vasilha era consideravelmente grande.
Eu não tinha nada a dizer, então apenas ri. Esse doutor… Parece ser alguém bem tagarela. Não sei como ele tem espírito para reclamar das críticas sobre os seus hábitos alimentares nessa situação. Como o médico disse, foi graças a sua sobremesa que ele não foi esmagado, mas ele tivesse menos gordura na barriga e fosse menos flácido talvez não estaria entalado agora.
Como ele disse, seria bom usar uma alavanca, mas não encontrei nada que pudesse suportar o peso da geladeira. A melhor maneira seria levantar a geladeira com a ajuda do homem, mas minhas pernas não me permitiam exercer muita força.
À primeira vista, essa geladeira era enorme. De fato, era um milagre que apenas uma vasilha de sobremesa suportasse seu peso. E o médico milagrosamente vivo jazia ali, mexendo os braços sem se importar muito com a situação ao seu redor. Ele é uma pessoa muito otimista. Tirei meu boné suado e me virei para a enfermeira.
“Tem alguma coisa que podemos usar aqui?”
“Bem, o suporte* nos quartos…?”
“É forte o suficiente para aguentar?”
“Não sei, essa geladeira pesa muito.”
“Levantar é tudo que se precisa fazer?”
Enquanto nós dois conversávamos, o homem que até então não tinha dito nada veio até mim. Os olhos do médico se arregalaram quando ouviu o som dos passos do homem se aproximando.
“Tem outra pessoa aqui? Então, e se vocês dois tentarem levantar juntos?”
“Isso… seria muito difícil porque machuquei minha perna…”
Estendi um pouco a perna ainda dolorida, então o rosto do médico, que havia se iluminado um pouco, murchou novamente. Ele me encorajou a encontrar uma solução rápido antes de que a vasilha quebrasse, mas eu não sabia o que dizer porque estava sem ideias. O homem nos observou por um momento e depois colocou a mão na geladeira.
“Eu consigo sozinho.”
Os capítulos saem primeiro no wattpad (。・ω・。)ノ♡
Usuário: @KristalFansub
Também estou postando outra novela lá~
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