A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU - Capítulo 15: Caixa de Papel
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- Capítulo 15: Caixa de Papel - 【“Espero não ter assustado o jovem colega.”】
Lu Ran ficou surpreso, sem esperar que houvesse alguém ali.
Ele estava levantando a barra da camisa com uma mão e a outra repousava no cós já desabotoado da calça.
Seu umbigo estava até exposto.
De qualquer ângulo, aquilo parecia estranho.
Rapidamente abaixou a camisa e levantou a cabeça para ver melhor.
A pessoa na cadeira de rodas era a mesma que ele tinha visto do outro lado da janela panorâmica.
Agora, ele tinha tirado o casaco, revelando um terno azul-cinza por baixo.
Diferente da observação que fizera antes, agora que estavam mais próximos, Lu Ran notou que ele estava usando luvas.
Uma das luvas havia sido removida, e os dedos pálidos e finos repousavam levemente sobre o cobertor fino e preto que cobria suas pernas.
Suas juntas eram largas, mas, mesmo com a pele clara, não pareciam frágeis.
A aura daquele homem era ao mesmo tempo estranha e familiar para Lu Ran.
Era estranha porque o estilo daquele homem rico era completamente diferente do da família Shen.
Uma calma excessiva.
E era exatamente essa calma que trazia a Lu Ran uma sensação de familiaridade.
Fazia-o lembrar-se de quando ele próprio estava deitado em um leito hospitalar.
Lu Ran torceu a água da barra de sua camisa.
A pessoa na cadeira de rodas permaneceu em silêncio, apenas observando-o com aqueles olhos escuros que pareciam desprovidos de luz.
“Sr. Ji…?” Lu Ran refletiu por um instante antes de falar. “Obrigado por me dar uma carona da última vez.”
“Hmm…” Ele lançou um olhar ao mictório ao lado.
Pela compreensão que tinha sobre “pessoas com deficiência” e pela empatia de sua própria experiência passada, ele perguntou cautelosamente, “Precisa de ajuda?”
Após ouvir a pergunta, o homem desviou o olhar.
Ele apenas respondeu com suavidade, “Saia.”
Lu Ran hesitou por um momento.
Na superfície, parecia rude, como se estivesse tentando enxotá-lo.
Mas pelo tom, parecia ser apenas uma afirmação, sem qualquer emoção.
Lu Ran olhou para a bagunça em seu casaco e calças e sacudiu a cabeça com firmeza. “Não.”
Ji Min olhou para ele novamente.
Lu Ran apontou para a fileira de cabines. “Isto não é um banheiro público? Você pode usar o banheiro se quiser, lavar as mãos, ou até entrar numa cabine e ficar perdido nos pensamentos. Estou só ao lado da pia, não estou incomodando você. Por que tenho que sair?”
O homem ergueu ligeiramente as sobrancelhas, mas realmente não disse mais nada.
Pela expressão dele, não parecia indiferença; ele estava simplesmente sem disposição para falar.
Lu Ran o ignorou e foi até o armário pegar uma toalha.
Havia muitos compartimentos no armário, e Lu Ran os abria um a um.
Um dos compartimentos estava bem cheio, e ele se apressou para abrir a gaveta.
Com um “whoosh”, duas caixas caíram para fora.
Lu Ran apressou-se em pegá-las.
Ao olhar mais de perto, percebeu que estava segurando duas caixas de papel quadradas, elegantemente embaladas.
Não havia palavras nas caixas. Lu Ran não conseguia entender o que eram, então as segurou e as analisou por um momento.
Notou apenas as letras “XL” impressas em um canto.
“As toalhas estão no segundo compartimento,” uma voz de repente o lembrou por trás.
“Oh.” Lu Ran respondeu, colocando as caixas de volta na gaveta.
Ele abriu o compartimento inferior e encontrou toalhas descartáveis brancas.
“Obrigado,” disse ele.
Lu Ran levou a toalha até a pia.
O homem na cadeira de rodas já havia removido as duas luvas.
Ele abriu a torneira e estava lavando as mãos na água fria.
Nesse momento, o tempo havia esfriado um pouco, e Lu Ran sentiu um arrepio só de olhar.
Ele tirou a camisa úmida e pegou o secador de cabelo, ficando ali para se secar.
Quando estava prestes a tirar o jeans, Lu Ran ergueu os olhos.
Seus olhares se encontraram.
Lu Ran congelou por dois segundos, subitamente sentindo que não era muito apropriado tirar as calças na frente de outra pessoa.
Hesitando, apertou o botão com os dedos e, por fim, decidiu abotoar novamente. Curvou-se para molhar a toalha na mão e esfregar as manchas nas calças.
A pessoa ao lado manteve as mãos na água fria por cinco ou seis minutos antes de finalmente fechar a torneira e mover a cadeira de rodas para sair.
A porta do banheiro era bastante pesada e exigia algum esforço para ser aberta.
De uma cadeira de rodas, certamente seria incômodo fazer isso.
Como Lu Ran estava perto da porta, ele a empurrou com uma das mãos.
A porta se abriu.
O velho mordomo, que estava esperando do lado de fora, realmente ficou surpreso ao ver Ji Min na cadeira de rodas. “Senhor?”
Ji Min lançou um olhar a ele, mas não disse nada.
Ele manobrou a cadeira elétrica para frente.
Lu Ran já tinha terminado de se organizar.
Ele saiu pela porta.
Depois que Ji Min já havia avançado alguns passos, ele pareceu se lembrar de algo e se virou.
Seus olhos negros e sombrios voltaram-se para Lu Ran, e ele perguntou, “Você é da família Shen?”
Lu Ran quis contestar.
Mas o homem não parecia estar buscando confirmação e sequer deu a ele a chance de responder.
Ou melhor, ele não se importava com a disposição de Lu Ran; só com o que havia descoberto.
Comentou casualmente, “Mande meus cumprimentos ao seu irmão mais velho, Shen Xingyu.”
A mente de Lu Ran ficou atordoada.
Shen Xingyu.
A pessoa que Lu Ran mais temia.
A menção desse nome trouxe imediatamente uma dor aguda que parecia enraizada nos ossos.
Era a dor fantasma que ainda restava em sua memória, daquele momento do acidente de carro.
Lu Ran olhou para as costas do homem na cadeira de rodas.
De repente, ele se lembrou de que, no texto original, mencionava-se que seu irmão mais velho, Shen Xingyu, era um ex-colega do jovem mestre da família Ji e que os dois mantinham uma boa relação pessoal.
O mordomo orientou um segurança a acompanhar Lu Ran para fora e seguiu Ji Min enquanto eles partiam.
“Como ele veio parar aqui?” Ji Min perguntou.
“Foi um pequeno acidente; provavelmente ele foi intimidado na sala ao lado e acabou entrando por acaso pela escada de incêndio,” explicou o mordomo.
Ji Min não fez mais perguntas.
O mordomo sorriu e acrescentou: “Da última vez, o senhor fez questão de ajudar este jovem estudante. Achei que, já que está presente hoje, escolheria ajudar de novo.”
“Ele sabe usar as palavras como ninguém,” Ji Min pensou, lembrando-se das palavras que ouvira no carro da última vez.
Desta vez, o mordomo não respondeu.
No entanto, a atmosfera entre mestre e servo parecia menos hierárquica do que o normal.
Nesse momento, um assistente se aproximou deles.
Antes que o assistente pudesse falar, Ji Min fez um gesto impaciente.
O mordomo deu um passo à frente com um sorriso e disse: “O senhor está cansado hoje.”
O assistente ficou visivelmente nervoso. “Presidente Ji, nós…”
“Por favor, diga ao Presidente Zhang que podemos discutir o projeto em outro momento,” interrompeu o mordomo.
Enquanto falava, os dois se dirigiram ao elevador, preparando-se para sair.
“Gostaria de saber como o senhor foi parar no banheiro público?” perguntou o mordomo.
A voz de Ji Min permaneceu fria. “Há algo sujo na sala.”
“Oh?” O mordomo parecia surpreso.
Ele lançou um olhar brincalhão a Ji Min antes de se virar e olhar pelo corredor na direção do banheiro.
Parecendo se lembrar de algo, o mordomo suspirou com um leve tom de desculpas. “Espero que o jovem estudante não esteja muito assustado.”
“Tio Chen!” Ji Min disse, com um toque de frustração na voz.
O mordomo Chen não se importou, sorrindo com a paciência de um velho amigo.
Os dois pegaram o elevador e seguiram para a saída das Torres Gêmeas.
O mordomo relembrou a reação de Lu Ran mais cedo e provocou, “O senhor claramente ajudou e fez uma boa ação, mas escolheu dizer coisas ingratas. Normalmente, o senhor não faria isso.”
Ji Min o ignorou e abriu a porta do controle remoto.
Assim que saíram pela entrada principal, viram uma ambulância estacionada em frente ao prédio vizinho.
Uma pessoa enrolada em um cobertor estava sendo levada para fora.
Antes que o rosto aparecesse, uma voz abafada e furiosa saiu de dentro do cobertor, gritando como se fosse um porco sendo abatido: “Lu Ran! Eu vou matar o Lu Ran!”
Talvez pela agitação, o cobertor escorregou, revelando Lin Yi, que parecia um frango completamente encharcado.
Ji Min ergueu uma sobrancelha e olhou para o mordomo ao seu lado.
Com um toque de sarcasmo, ele perguntou: “É isso o que chamam de ser intimidado?”
O mordomo Chen também parecia surpreso e deu de ombros, impotente.
Atrás deles, o Presidente Zhang, percebendo que a situação estava desmoronando, correu para alcançá-los.
“Presidente Ji! Espere! Sinto muito pelo incidente de hoje; foram meus subordinados que agiram de forma impensada!” Ele tinha feito de tudo para organizar essa reunião com Ji Min e não estava disposto a deixar a oportunidade escapar.
Mas, depois de falar por um tempo, o Presidente Zhang percebeu que o homem na cadeira de rodas nem sequer lhe lançou um olhar.
Em vez disso, ele parecia perdido em pensamentos, olhando fixamente para o prédio ao lado.
Seus olhos negros exibiam uma ponta rara de interesse.
O Presidente Zhang seguiu seu olhar e ficou surpreso. “Não é… o Xiao Yi?”
Embora o Presidente Zhang tenha dito isso, ele não se aproximou.
Primeiro, o estado atual de Lin Yi era absolutamente vergonhoso…
Segundo, por algum motivo, os amigos de Lin Yi estavam instintivamente se afastando dele, como se ele estivesse coberto por algo repulsivo.
“Presidente Zhang, o noivo de seu filho está fazendo esse escândalo; não vai dar uma olhada?”
A voz de Ji Min ecoou.
O rosto do Presidente Zhang ficou quente de vergonha, achando que o comportamento insano de Lin Yi era realmente humilhante.
Ao mesmo tempo, uma desconfiança começou a crescer em seu coração.
Ele se perguntou se foi alguma “armadilha” de hoje que acabou irritando Ji Min, fazendo-o mandar alguém causar problemas para Lin Yi no prédio ao lado…
Lu Ran não fazia ideia do que os figurões estavam pensando.
Quando voltou para casa, já era bem tarde. Pegou Da Huang e praticamente se jogou na cama, caindo no sono quase instantaneamente.
Na manhã seguinte, não tinha aulas.
Shen Xingzhuo havia lhe adiantado o dobro do salário, então ele não precisava ir ao trabalho de meio período no restaurante e acabou dormindo até depois do meio-dia.
Foi só quando ouviu alguém batendo na porta que finalmente despertou.
Irritado, Lu Ran se levantou.
“Quem é?!” gritou.
Da Huang estava agachado ao lado da porta, olhando da porta para Lu Ran.
Ele não latiu, mas mantinha uma vigilância educada.
“Sou eu!” A pessoa do outro lado respondeu.
Parecia a voz de Shen Xingzhuo.
Lu Ran ficou um pouco surpreso.
A família Shen raramente descia até o primeiro andar.
A mansão da família Shen tinha três andares; o terceiro era totalmente de Shen Xingran, o segundo abrigava o quarto principal e o escritório, além de dois quartos de hóspedes para Shen Xingyu e Shen Xingzhuo, quando eventualmente voltavam.
Quanto ao lugar de Lu Ran no primeiro andar, todo o nível era composto de quartos para empregados.
Assim, com toda a postura da família Shen, eles não se dignariam a descer, muito menos bater à porta de alguém.
Coçando os cabelos bagunçados que pareciam um ninho de pássaros, Lu Ran arrastou-se de chinelos até a porta e a abriu com um semblante carrancudo.
Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Shen Xingzhuo estava prestes a bater de novo, mas Lu Ran puxou a porta de repente.
“Tá maluco? A pessoa não pode dormir de manhã?”
Shen Xingzhuo parecia ter ouvido algo absurdo e apontou para o sol brilhante lá fora. “Você chama isso de manhã? Como pode dormir mais do que eu?”
Lu Ran não se deu ao trabalho de discutir.
Ele afastou Da Huang, que estava abanando o rabo animado, e encarou Shen Xingzhuo, perguntando, “O que foi? O dinheiro caiu na minha conta do Alipay, é meu. Nem pense em pedir de volta.”
“Quem mencionou dinheiro?” Shen Xingzhuo estava exasperado.
Logo depois, ele se corrigiu rapidamente, “Quer dizer, é sobre dinheiro sim! Quanto você gastou ontem?”
“Ah?” Lu Ran ainda não tinha se lembrado.
Até que Shen Xingzhuo puxou uma fatura eletrônica e empurrou na cara dele.
Só então Lu Ran lembrou que tinha pedido mais de dez garrafas de vinho caro só para implicar com Shen Xingzhuo.
Ontem, Shen Xingzhuo tinha concordado em pagar, mas ele não esperava que Lu Ran fosse extrapolar daquele jeito.
Quando o clube enviou a conta naquela manhã, Shen Xingzhuo quase teve um colapso ao ver o valor e, furioso, dirigiu até a casa da família Shen para tirar satisfações com Lu Ran.
“Não pode estar tão falido a ponto de não poder pagar essa ninharia, né?” Lu Ran bocejou.
Shen Xingzhuo ficou momentaneamente sem palavras.
Seu estúdio vinha perdendo um bom dinheiro ultimamente, mas dizer que estava quebrado já era um exagero.
Era só que, de fato, era uma despesa incomum.
Mas admitir que não conseguia arcar com o valor na frente de Lu Ran…
Shen Xingzhuo… não conseguia se obrigar a dizer isso.
Ele estava furioso.
Mas, ao olhar para Lu Ran, com os cabelos bagunçados e esfregando os olhos, sentiu uma ponta de suavidade no coração, e a raiva diminuiu um pouco.
Shen Xingzhuo estava acostumado a fazer o que bem entendia, sempre expressando sua irritação quando queria.
Agora, pela primeira vez na vida, sentia uma frustração que fermentava no peito, deixando-o sufocado e sem palavras.
“Você!” Shen Xingzhuo apontou para Lu Ran.
“O que foi que eu fiz?” Lu Ran o olhou inocentemente. “Não foi você que concordou?”
Shen Xingzhuo o encarou por um tempo, mas não conseguiu encontrar uma resposta.
Virou-se para pegar algo para jogar, segurando um copo, mas, por alguma razão inexplicável, não conseguiu arremessá-lo.
No fim, Shen Xingzhuo, tomado pela raiva, colocou o copo de volta na mesa.
Agachou-se e bagunçou a cabeça de Da Huang com vigor, bufando irritado antes de se virar e ir embora.
Publicado por:

- DanmeiFuwa
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Sou apaixonada pelo mundo das novels BL chinesas e venho me dedicando à tradução desde 2021 no Wattpad. Adoro o que faço, mesmo sem receber nada em troca. Disponibilizo minhas traduções aqui, pois nunca se sabe quando uma novel pode ser removida do Wattpad.
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