A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU - Capítulo 145 - Extra, Linha Alternativa (Parte 10)
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- Capítulo 145 - Extra, Linha Alternativa (Parte 10)
Lu Ran também avistou Ji Min.
O homem tinha acabado de sair da van executiva, e apenas sua altura e aparência já eram suficientes para chamar atenção.
Sem falar em sua identidade e na aura que o acompanhava.
Era praticamente impossível não notar.
Lu Ran pensou, Pronto, pronto, só falta esse cara fazer um relatório para o meu avô.
No passado, Lu Ran nunca se preocupava com Ji Min fazendo fofoca para o avô. Não importava o que fizesse, Ji Min sempre o apoiava.
Até ajudava a esconder as coisas do avô.
Mas, ultimamente, Lu Ran sentia que Ji Min estava se aliando cada vez mais ao avô.
Ainda mais agora que…
As coisas entre eles não estavam muito bem.
Fazia quase meio ano que não se falavam.
Nem uma mensagem sequer.
O homem começou a caminhar em sua direção.
Lu Ran virou a cabeça, evitando o olhar de Ji Min.
Nesse momento, o mordomo da família se aproximou e disse que o avô o estava chamando.
Pelo canto do olho, Lu Ran viu Ji Min se aproximando lentamente. Hesitou por um momento, mas acabou seguindo o mordomo para dentro.
Shen Hanshan, já em idade avançada, não gostava de muito movimento.
Fez apenas uma saudação breve aos convidados e logo voltou para os aposentos internos.
A chamada “festa de aniversário” não passava de uma oportunidade de socialização para os jovens.
Quando Lu Ran entrou, Shen Hanshan estava jogando xadrez com o velho senhor Gu.
“Os convidados já chegaram todos?” perguntou Shen Hanshan.
“Sim, a maioria já está aqui. Quem não pôde vir mandou cumprimentos,” respondeu Lu Ran.
Dito isso, ele lançou um olhar para fora e, em seguida, encontrou uma cadeira para se sentar dentro do aposento.
Parecia não ter intenção alguma de sair.
Mas sua inquietação era evidente, levantando a cabeça para olhar lá fora de tempos em tempos.
Claramente, o corpo estava ali, mas o pensamento já havia ido embora.
O velho senhor Shen lançou-lhe um olhar.
O velho senhor Gu, em tom casual, perguntou: “Ji Min também veio?”
Ao ouvir isso, Lu Ran, que esticava o pescoço para espiar, imediatamente recolheu a cabeça, adotando uma postura de total desinteresse em relação ao que acontecia lá fora.
Shen Hanshan não respondeu.
Lu Ran acabou respondendo: “Ouvi dizer que sim.”
“Ele já terminou os negócios no exterior?” o velho senhor Gu perguntou novamente.
Ao ouvir isso, o humor do rapaz claramente piorou.
“Não sei, não temos nos falado,” ele disse.
O velho senhor Gu ergueu as sobrancelhas, surpreso.
“Está bem, pare de ficar aqui dentro. Saia um pouco,” disse Shen Hanshan.
“Eu fico aqui para acompanhar o senhor, vovô,” Lu Ran disse, sentando-se de forma mais firme.
Shen Hanshan olhou para ele: “Seus olhos estão quase saltando para fora, é assim que vai me fazer companhia?”
Lu Ran: “…”
“Vai se divertir,” disse Shen Hanshan, colocando uma peça no tabuleiro.
A passos lentos, mas visivelmente animado, Lu Ran saiu.
Quando ele se foi, os dois senhores balançaram a cabeça e sorriram.
Nesse momento, um enfermeiro chegou com um medidor de glicemia para medir o açúcar no sangue de Shen Hanshan.
O velho senhor Gu observou em silêncio.
Quando o procedimento terminou, ele suspirou e comentou: “Acho que o coração de Ran Ran não está no trabalho da empresa.”
Shen Hanshan fez um gesto com a mão, dizendo:
“Esse garoto só pensa em mexer com gatos, cachorros e outros bichos. Só se interessa por animais e insetos. Se eu o mantiver na empresa, em dois dias ele vai enlouquecer.”
Mas Shen Hanshan já havia se conformado.
Ele disse: “Já arranjei alguém para cuidar da empresa. Esse garoto poderá viver da renda das ações, sem precisar se preocupar com essas coisas que dão dor de cabeça.”
“Você realmente é despreocupado,” o velho senhor Gu riu.
Mas, para eles, da velha guarda, era diferente. Para ele, estava tudo bem, pois, no dia em que fechasse os olhos, seu filho ainda estaria lá para dar suporte.
Mas no caso do velho Shen, se não deixasse Lu Ran bem encaminhado, não se atreveria a fechar os olhos nem no último instante.
“Mas também não há com o que se preocupar,” o velho senhor Gu o tranquilizou. “Afinal, Ji Min está aí para ajudar a cuidar das coisas. E o noivado também já está acertado, não é?”
Naquele momento, do lado de fora, a voz ousada de Gu Ningqi ecoou:
“Ji Min?”
“Ele só tem sorte e é extremamente manipulador. Eu recomendo que vocês se afastem de alguém assim…”
Lu Ran, que acabava de sair, ouviu Gu Ningqi falando mal de Ji Min.
Ele parou.
Um garçom com uma bandeja de sushi passava ao lado.
Lu Ran o parou, pegou uma grande porção de wasabi e apertou bem em um dos sushis.
“Se-Senhor?” o garçom ficou confuso.
Lu Ran apontou para Gu Ningqi, que conversava animado, e disse: “Leve isso para ele comer, diga que fui eu que mandei. Ele não vai ousar recusar.”
Dito isso, Lu Ran se afastou.
O garçom, com a bandeja em mãos, dirigiu-se a Gu Ningqi.
O velho senhor Gu e Shen Hanshan assistiram a cena.
Afinal, era o neto de um velho amigo.
Embora Gu Ningqi estivesse mesmo fora de controle, ver o próprio neto aprontando dessa forma deixou Shen Hanshan ligeiramente embaraçado.
O velho senhor Gu, no entanto, apenas balançou a mão e comentou: “Esse garoto não tem juízo e não controla a língua. Precisa mesmo de um pouco de wasabi para acordar.”
Pouco depois, Gu Ningqi saiu correndo para o banheiro, com a mão cobrindo a boca.
Pelo visto, ele tinha comido o sushi.
Os dois velhos senhores trocaram um olhar silencioso.
Quando era pequeno, Lu Ran realmente era uma criança bem comportada.
Shen Hanshan era mais rígido com ele, enquanto Ji Min o mimava completamente.
Shen Hanshan nunca interferiu.
Mas, conforme foi crescendo, ele se transformou.
Na superfície, Lu Ran continuava a parecer obediente e dócil, mas, por dentro, havia se tornado um verdadeiro encrenqueiro.
Embora Shen Hanshan amasse o neto profundamente, ele agora tinha que admitir com objetividade… Com o temperamento que Lu Ran tem, quem é que vai suportá-lo no futuro?
“Que seja, quem o mimou que o ature,” o velho senhor Gu comentou.
“Não é algo garantido ainda,” respondeu Shen Hanshan, sem se aprofundar no assunto.
Alguns meses atrás, Ji Min voltou repentinamente ao país e, sem aviso, mencionou o assunto do noivado.
Ele concordou.
Mas com uma condição: que Lu Ran só pudesse se casar após os 24 anos e que, se ele mudasse de ideia antes do casamento, o noivado poderia ser cancelado a qualquer momento.
Ji Min concordou com a condição.
Pensando nisso, Shen Hanshan sentiu-se um pouco culpado com o velho amigo:
“No início, tínhamos dito que nossas famílias se uniriam por casamento.”
“Ah, isso já não é tão comum agora,” respondeu o velho senhor Gu.
Na verdade, até Lu Ran entrar no ensino médio, as duas famílias ainda assumiam que o casamento aconteceria.
Lu Ran sempre foi bem popular.
Na família Gu, Gu Ningqi automaticamente se considerava o escolhido para o casamento.
Quando Lu Ran entrou no ensino médio, Gu Ningqi estava no terceiro ano e, confiante, começou a tratar Lu Ran como sua posse.
Foi ao colégio de Lu Ran fazer alarde e ainda mencionou sobre o noivado, posando como seu “futuro marido”.
Aquilo deixou Lu Ran furioso.
Como as famílias eram próximas, ele não fez nenhum escândalo na escola.
Não contou nada para os professores, nem para os pais e tampouco para Ji Min.
Quando as aulas terminaram, simplesmente pediu ao motorista que o levasse até a casa dos Gu.
Ao chegar lá, não procurou o velho senhor Gu.
Foi direto falar com o pai de Gu Ningqi.
E começou com: “Tio, Gu Ningqi foi até a minha sala causar confusão. Todos ficaram rindo de mim, e até a professora pensou que eu estava namorando e me repreendeu.”
“O senhor acha que eu deveria fazer o quê?”
“As nossas famílias são tão próximas que eu nem me sinto à vontade para exigir nada. Acho que não tenho condições de continuar frequentando as aulas, então é melhor que eu me retire da escola.”
Finalizou, com um tom ressentido: “Por favor, só avise meu avô para não me dar uma surra por abandonar os estudos.”
Essas frases eram totalmente inventadas.
Mas deixaram o pai de Gu Ningqi com o rosto corado de vergonha.
Sem dizer mais nada, pegou uma vara de bambu e começou a perseguir Gu Ningqi, um garoto já no terceiro ano do ensino médio, que corria pelo quintal gritando desesperado.
Lu Ran assistiu à cena de camarote.
Até filmou Gu Ningqi sendo espancado, gritando como uma galinha.
No dia seguinte, ameaçou Gu Ningqi, dizendo que ele deveria ir até sua sala e pedir desculpas, dizendo que tinha “problemas na cabeça” e que era apenas “um amor não correspondido”.
Caso contrário, ele mostraria o vídeo na cerimônia de hasteamento da bandeira.
Depois disso, sempre que via Lu Ran, Gu Ningqi saía correndo na direção oposta.
As duas famílias então decidiram silenciosamente que aquele casamento estava fora de questão.
Inesperadamente, Ji Min acabou ganhando espaço.
“No entanto… desde que esse noivado foi estabelecido, os dois parecem ainda mais distantes,” observou o velho senhor Gu, curioso.
“As coisas entre os jovens são impossíveis de entender,” respondeu Shen Hanshan.
Na festa.
Ji Min, com uma taça de vinho na mão, estava cercado por várias pessoas.
Conversavam sobre as últimas novidades do setor empresarial.
Lu Ran olhou para ele de longe.
Não se aproximou, nem chamou Ji Min.
O outro homem continuou a conversar, com poucas palavras, mas cada frase era recebida com entusiasmo pelos presentes.
Ainda assim, Lu Ran permaneceu distante.
Cumprimentava conhecidos de maneira casual e, ocasionalmente, passava ao lado de Ji Min como se não fosse nada.
Na segunda vez que passou.
O homem jovem e elegante, enquanto fazia uma avaliação séria — “Acima de cinco bilhões, não tem mais valor” — estendeu a mão e segurou suavemente o pulso de Lu Ran.
Lu Ran: “…”
Instintivamente, tentou se soltar.
Os dedos do homem estavam apenas pousados, sem muita força; bastava um leve movimento para se desvencilhar.
Lu Ran experimentou, mas então desistiu.
Ji Min encerrou a conversa, acenou educadamente para os outros e, segurando o rapaz pelo pulso, afastou-se do grupo.
“Por que está me segurando?” Lu Ran sacudiu o pulso.
“Ou eu deixo você continuar andando de um lado para o outro feito um redemoinho atrás de mim?” O homem lançou-lhe um olhar com um toque de diversão.
Lu Ran ficou em silêncio.
Ji Min também não disse mais nada.
Apoiou-se na janela.
Não soltou sua mão, mas também não olhou para ele, o olhar apenas pousando vagamente do lado de fora.
Depois de um tempo, Lu Ran não conseguiu mais resistir à vontade de compartilhar algo.
Ele puxou a mão de Ji Min e disse: “Vem cá, vou te mostrar meu cachorrinho!”
A festa ainda seguia animada, a sala repleta de sons e risadas.
Mas Lu Ran discretamente puxou Ji Min para o andar de cima.
Aos poucos, o som festivo foi ficando para trás.
Lu Ran levou Ji Min até o final do corredor e abriu a porta de seu quarto.
Caminhou até a beira da cama e mostrou-lhe uma pequena caixa sobre o tapete ao lado.
Dentro da caixa, forrada com um cobertor grosso, havia um filhotinho de cachorro amarelo, recém-completado um mês de vida, profundamente adormecido em meio às mantas.
Ji Min abaixou-se ao lado de Lu Ran para observar o cachorrinho.
“Mais um que você resgatou? Por que ficou com ele dessa vez?” perguntou Ji Min.
Lu Ran tinha o hábito de resgatar animais, mas geralmente encontrava um lar adotivo para eles.
“Ele era muito pequeno e fraco. Os irmãos foram adotados, e ele ficou sozinho. Então, resolvi ficar com ele,” explicou Lu Ran.
“Já escolheu um nome?” Ji Min perguntou, cutucando a barriga do filhote.
“Claro que sim, ele se chama…”
Lu Ran ia dizer “Dahuang” (Amarelão).
Mas, antes que pudesse terminar, Ji Min riu e comentou: “Pelo seu histórico com nomes, aposto que é algo tipo ‘Amarelão’ ou ‘Pequenino’.”
Lu Ran percebeu a zombaria na voz de Ji Min.
Ele sentiu as orelhas esquentarem, estranhamente incomodado.
Quando era criança, ele não ligava para essas coisas, e sempre corria para Ji Min quando se metia em encrenca.
Mas, em algum momento, começou a se importar com o que Ji Min pensava.
Não queria passar vergonha na frente dele.
A simples ideia de que Ji Min sabia de todas as trapalhadas da sua infância o fazia estremecer; às vezes, acordava no meio da noite desejando desaparecer.
Então, ele pigarreou e improvisou um nome mais sofisticado, erguendo o queixo com orgulho:
“Ele se chama… Douglas.”
“Douglas?” Ji Min arqueou as sobrancelhas, surpreso.
Lu Ran assentiu, um pouco inseguro.
“Resolvi mudar o estilo,” disse.
Lu Ran ficou em silêncio, olhando para Ji Min. Depois de um momento, disse:
“Eu cresci. Não quero que você ria de mim.”
“Rir de você?” Ji Min parecia surpreso e, divertindo-se, comentou: “Por que se importa com isso? Acha que eu já não vi todas as suas versões?”
“Que versões?” Lu Ran ergueu o queixo, teimoso.
Ji Min sorriu e continuou:
“Por exemplo, quando você era pequeno e insistia que o pintinho era um passarinho, ou quando se jogava no mato para pegar gafanhotos e acabava caindo nos canteiros, ou até aquela vez que ficou cavando a terra para desenterrar minhocas…”
“Eu… fiz mesmo tudo isso?” Lu Ran parecia chocado.
“Sim,” Ji Min continuou, sem piedade. “Você até colocou uma minhoca molhada, partida ao meio, dentro da sua camiseta…”
“Aaaaaah! Não fala mais disso!” Lu Ran tentou cobrir a boca de Ji Min com a mão.
Sentiu o calor dos lábios de Ji Min sob sua palma.
De repente, o quarto ficou em silêncio. O som distante das vozes e da música da festa no andar de baixo era tudo o que se ouvia através da porta semiaberta.
Lu Ran levantou o olhar e encontrou o olhar sorridente de Ji Min.
O filhotinho se revirou no cobertor, soltando um grande bocejo.
Lu Ran rapidamente retirou a mão e começou a brincar com o cachorro.
Depois, perguntou casualmente a Ji Min: “Você veio hoje para falar com o meu avô, não? Pode descer.”
“Também vim falar com você,” disse Ji Min.
“Sobre o quê?” Lu Ran olhou de soslaio para ele.
Ji Min sentou-se no tapete, apoiando o queixo na mão, e o encarou:
“Vim perguntar quando o nosso Ran Ran pretende me tirar da lista de bloqueados.”
Os dedos de Lu Ran, que cutucavam o filhote, congelaram.
Ele não respondeu, apenas franziu as sobrancelhas, aborrecido:
“Pare de me chamar assim. Eu não sou uma criança.”
“Nunca achei que fosse,” Ji Min suspirou suavemente.
Depois que o filhote voltou a dormir, Lu Ran e Ji Min desceram novamente.
Lu Ran não disse se o tiraria da lista de bloqueados, e Ji Min também não insistiu.
Ele conhecia bem o temperamento de Lu Ran; perguntar uma vez bastava. Se pressionasse, acabaria bloqueado por toda a eternidade.
Lá embaixo, Fang Chen e os outros também apareceram.
Ao ver Lu Ran, imediatamente o puxaram para o grupo.
A festa se estendeu até tarde da noite, começando ao meio-dia e só acalmando quando o céu já estava escuro, após a apresentação de ópera.
As pessoas mais velhas começaram a se retirar lentamente.
Mas a noite dos jovens estava apenas começando.
Fang Chen e os amigos começaram um jogo de interpretação.
Lu Ran, sem muito interesse, sentou-se numa cadeira para descansar.
Pouco depois, ouviu um leve movimento atrás de si.
Ji Min se aproximava, com um leve cheiro de álcool, provavelmente cansado do barulho. Sentou-se, fechando os olhos para descansar.
Ao vê-lo ali, Lu Ran ficou em silêncio.
Lembrou-se da pergunta que Ji Min lhe fizera mais cedo no quarto.
Ji Min estava bloqueado no WeChat há quase meio ano.
Embora tivesse perguntado hoje, Lu Ran ainda se sentia um pouco ressentido e não estava com pressa de desbloqueá-lo.
Quando o grupo terminou o jogo, Fang Chen chamou Lu Ran para jogar uma partida de badminton.
Ele se levantou, tirou o casaco e jogou algumas partidas com Fang Chen.
De sua cadeira, Ji Min entreabriu os olhos.
Não muito longe, Lu Ran corria na quadra, rindo para o oponente do outro lado.
Parecia genuinamente feliz.
Talvez o exercício estivesse aliviando seu estresse.
Ao final, Lu Ran sentia-se mais leve. Aproximou-se de Ji Min, sentou-se ao seu lado e comentou:
“Esqueci meu tablet na sua casa. Vou com você buscar mais tarde.”
Ji Min abriu os olhos e respondeu com um simples “hm”.
Lu Ran virou-se para dizer algo mais.
De repente, o homem, que estivera de olhos fechados até então, endireitou-se e inclinou-se em sua direção.
“Foi divertido jogar badminton?” Ji Min perguntou em voz baixa.
“Hm?” Lu Ran tomava um gole d’água e não tivera tempo de fechar a garrafa.
Ji Min o encarava com um olhar profundo e fixo.
Lu Ran sentiu algo diferente, quase ameaçador, na expressão de Ji Min.
Sem entender, olhou para o próprio frasco de água. Ele… quer beber água?
“Quer água?” Lu Ran ofereceu a garrafa.
Mas Ji Min não pegou.
Ao invés disso, aproximou-se ainda mais, ignorando o frasco.
O lugar onde Ji Min estava sentado era discreto, longe dos olhares curiosos, e ninguém ousaria interrompê-lo ali.
Fang Chen e o grupo estavam ao longe, rindo e conversando alto.
Enquanto isso, Lu Ran sentia a respiração quente de Ji Min contra seu rosto.
Ele ficou paralisado, a mente em branco.
Espera, ele… ele vai me beijar?
Por que… por que ele quer me beijar?
No entanto, Ji Min parou com os lábios apenas no canto de sua boca.
Foi como se percebesse o que estava fazendo. Ele passou a mão frustrado na testa e recuou.
Lu Ran permaneceu ali, confuso, sem conseguir entender se ele realmente o havia beijado ou não.
Nisso, o mordomo apareceu e chamou Ji Min.
O homem, que quase o beijara, levantou-se com naturalidade e disse a Lu Ran:
“Vou falar com o velho senhor. Logo vou embora, então espere no carro.”
Ah, ele ainda lembrava que Lu Ran iria junto para pegar o tablet.
Lu Ran ainda estava atordoado.
Se estivesse em seu estado normal, provavelmente teria ordenado a Ji Min algo como: “Fique aí e tente sair, eu te desafio!”
Mas sua mente estava uma bagunça, e, quando finalmente reagiu, Ji Min já tinha saído.
Lu Ran ficou ali por um momento, antes de ir até o carro de Ji Min.
Os convidados estavam se retirando, um por um.
Fang Chen e os outros também estavam saindo, e até o estacionamento estava movimentado.
Lu Ran sentou-se na van de Ji Min e fechou todas as janelas e portas.
O motorista também saíra para esticar as pernas.
Ele estava sozinho dentro do carro.
Observou em silêncio as pessoas indo e vindo, os carros saindo de suas vagas e desaparecendo.
Apenas um ano atrás, ele e Ji Min tinham uma relação excelente.
Desde criança, Ji Min o visitava semanalmente.
Mas, conforme Ji Min começou a trabalhar, ficou cada vez mais ocupado.
Quando o avô de Ji Min faleceu, Ji Min passou por tempos muito difíceis.
Mas, para Lu Ran, Ji Min sempre fora o irmão mais velho que o tratava com carinho.
Até terminar o ensino médio, a ideia que Lu Ran tinha das suas relações era simples:
Seu avô era o avô, o único parente verdadeiro que tinha.
O senhor Gu era o bom avô da casa ao lado.
Fang Chen era seu bom amigo de infância.
Quanto a Zhang Lin e Gu Ningqi, eram idiotas que ele era obrigado a conhecer por causa do status deles.
Em suas lembranças, essas pessoas ocupavam esses papéis em sua vida, sem que ele precisasse investigar mais sobre quem eram realmente.
Da mesma forma, seu avô, Shen Hanshan, era apenas o “vovô”, nunca “Shen Hanshan” como indivíduo.
Nessa época, Ji Min também representava algo semelhante para Lu Ran.
Ele era apenas o irmão mais velho do lado, sempre carinhoso.
Contudo, depois do exame vestibular, talvez por ter finalmente algum tempo livre, Lu Ran começou a se interessar mais pelas pessoas ao seu redor.
Naquele verão, após o vestibular, Lu Ran foi passar um tempo na casa de Ji Min para relaxar. Ele estava sob muita pressão, pois o avô havia dito que, se ele não tirasse 700 pontos, teria de voltar para casa e assumir os negócios da família. Mas se conseguisse, poderia escolher qualquer curso que desejasse.
Era como se uma matilha de lobos o perseguisse incansavelmente. Nos dias em que esperava o resultado, sonhava que tinha tirado exatamente 699 pontos, acordando em desespero. Ji Min o provocava, perguntando por que se preocupava tanto.
Foi então, para distrair-se, que Lu Ran começou a perceber o quão interessante era esse “irmão”. Não como irmão, mas como pessoa.
Por exemplo, Ji Min era muito bonito.
E também, toda vez que ele o via fazendo birra ou se metendo em problemas, sua expressão era bem divertida. Era uma mistura de frustração e resignação, como se se perguntasse como havia deixado Lu Ran se tornar tão mimado, mas ainda assim, pacientemente, o confortava.
Lu Ran achava isso divertidíssimo, ao ponto de fazer pequenas travessuras só para ver como Ji Min reagiria.
Mas Ji Min era muito esperto e logo percebeu suas intenções, apertando-lhe o rosto e perguntando com um sorriso torto: “Está me provocando de propósito, não é?”
Lu Ran não tinha medo nenhum de que ele ficasse bravo. Impossibilitado de se soltar, baixou a cabeça e mordeu o dedo de Ji Min, e então olhou para ele, desafiador. Ji Min ficou um bom tempo atordoado pela ousadia de Lu Ran antes de retirar a mão, e, sem mais, mudou de assunto, perguntando o que ele queria jantar.
Naqueles dias, Lu Ran se sentia realmente feliz. Mal abria os olhos e já estava indo atrás de Ji Min, a ponto de esquecer o próprio dia do resultado do vestibular.
Até que um dia, enquanto usava o computador de Ji Min para jogar, acabou adormecendo no quarto dele.
Ao amanhecer, ainda de madrugada, Lu Ran acordou com o movimento de alguém se levantando na cama ao lado. Meio sonolento, viu o rosto de Ji Min com uma expressão sombria. Aquela cena ficou marcada em sua mente, pois jamais havia visto Ji Min com uma expressão tão desagradável.
“O que foi?” perguntou, sonolento.
Sem responder, Ji Min segurou a mão de Lu Ran que estava debaixo de sua camisa de dormir e a retirou, saindo do quarto com um rosto fechado.
Lu Ran não deu muita importância e voltou a dormir.
Mas logo soube que Ji Min iria ao exterior.
A viagem de Ji Min foi repentina e deixou todos atordoados.
Naquela época, Lu Ran ainda não havia começado a faculdade e tinha certeza de que Ji Min o acompanharia até a universidade. Mas ele partiu, e Lu Ran não se importou muito. Afinal, ele tinha as chaves da casa de Ji Min e podia ficar lá o quanto quisesse.
No entanto, depois de alguns dias sozinho na mansão vazia, começou a achar aquilo sem graça e acabou voltando para a casa do avô.
Apesar de estar no exterior, Ji Min não se esqueceu da data de início das aulas de Lu Ran, enviando um presente de boas-vindas de longe. E sempre que precisava de algo, Ji Min o ajudava prontamente. Parecia que nada havia mudado, como se Ji Min estivesse apenas em uma longa viagem de trabalho. Todos pensavam assim, incluindo os funcionários da família Ji.
Mas Lu Ran começou a notar uma diferença.
Ele nunca se importara se Ji Min estava ou não em viagem, pois ele vivia ocupado. Em um ano, passava mais de trezentos dias viajando. Quando precisava de Ji Min, sempre perguntava ao assistente se ele estava disponível; se não, resolvia com o assistente.
Dessa vez, porém, Lu Ran sentia que algo estava errado. Ji Min parecia estar evitando-o, embora não tivesse provas disso, já que sempre respondia suas mensagens e perguntava como ele estava.
Mesmo assim, Lu Ran não conseguia se livrar da sensação de que algo não estava certo, e começou a se irritar.
Pensou muito sobre o que poderia ter feito para deixá-lo chateado e lembrou-se de uma única coisa: ter tocado os músculos abdominais de Ji Min enquanto ele dormia.
Mas, por que alguém se irritaria com isso? Era só dizer que não gostou…
Com essa sensação incômoda, Lu Ran começou a se irritar cada vez mais, a ponto de se enfurecer sempre que lia uma resposta amigável de Ji Min.
Até que chegou seu aniversário de dezenove anos.
Como de costume, Ji Min organizou uma grande festa e lhe enviou um presente, junto com uma mensagem em vídeo pedindo desculpas por não estar presente e prometendo voltar assim que o trabalho permitisse.
Normalmente, o trabalho de Ji Min o fazia faltar aos aniversários de Lu Ran, e ele nunca se importara. Mas dessa vez, ao ver Ji Min se desculpando no vídeo, Lu Ran tomou o controle remoto e desligou a tela com um “clique”, assustando todos na festa.
Naquela noite, ele manteve uma expressão fechada durante todo o evento e, ao final, voltou ao quarto e bloqueou Ji Min em todas as redes sociais.
E assim continuou até agora.
Mesmo sabendo que provavelmente Ji Min o havia mimado demais, ainda guardava ressentimento. Ji Min estava há meses fora, com a desculpa de compromissos intermináveis e sem data de retorno. Quando voltou ao país, dois meses depois de Lu Ran bloqueá-lo, não o procurou imediatamente; ao invés disso, foi visitar Shen Hanshan.
Nesse dia, ao voltar da escola, Lu Ran encontrou Ji Min de surpresa. Depois de quase um ano fora, Ji Min parecia o mesmo, mas, de algum modo, com uma nova determinação. Vendo Lu Ran, ele sorriu e o chamou suavemente: “Ranran.”
Lu Ran respondeu de forma fria e indiferente.
Logo depois, ouviu falar do casamento arranjado.
Ao saber disso, ficou atônito por um bom tempo, sem saber bem o que pensar; não sentiu resistência à ideia, mas ficou perplexo… uma sensação semelhante ao que sentia agora, com Ji Min quase o beijando.
À noite, Lu Ran foi diretamente falar com Ji Min.
Naquele dia, Ji Min, para sua surpresa, não estava na empresa. Estava sozinho em casa, recém-saído da academia, ainda de calças de moletom cinza-escuro. Quando viu Lu Ran, não demonstrou surpresa. Não mencionou o casamento e tampouco perguntou sobre o bloqueio. Como sempre, apenas perguntou se ele estava com fome e o que queria comer.
Lu Ran tentou parecer calmo, como se não fosse se incomodar com algo como “casamento”.
Quando Ji Min terminou de preparar os bifes, Lu Ran cutucou a comida no prato e comentou casualmente: “Ouvi dizer que a família Ji e a família Shen querem se unir por casamento.” Ele usou a palavra “união”, tentando tratar o assunto como um acordo entre duas famílias.
Ji Min levantou os olhos para ele, mas não respondeu de imediato.
Lu Ran segurou a respiração, e depois de um momento, explodiu: “Como assim você e meu avô decidiram esse casamento de repente? O que vocês estão tramando? Agora que o noivado está firmado, o que eu devo fazer?”
Ele lançou uma série de perguntas sem parar.
Ji Min ergueu os olhos para ele, depois abaixou o olhar e respondeu de forma indiferente: “Basta você agir como sempre fez. Não precisa fazer nada.”
Lu Ran viera perguntar justamente porque estava desnorteado com a notícia do noivado, mas, depois de ouvir a resposta, ficou ainda mais confuso.
Naquela noite, ele não passou a noite na casa de Ji Min. Voltou para a casa dos Shen, fez um alvoroço e confrontou o avô. Mas a resposta dele também não foi muito mais esclarecedora.
Enquanto alimentava seu papagaio, Shen Hanshan respondeu, casualmente:
“Não se preocupe com isso. Concentre-se nos estudos. Se gostar dele, fiquem juntos; se não, pode escolher outro.”
Lu Ran ficou atônito, se perguntando o que exatamente eles estavam planejando.
Eventualmente, decidiu ignorar o assunto, embora o noivado continuasse a pairar ao fundo.
Ele odiava quando alguém fazia piada sobre ele e Ji Min.
Se antes, naquele verão pós-vestibular, ele havia começado a enxergar Ji Min como pessoa e não mais apenas como o “irmão mais velho do lado”, agora Ji Min começava a carregar discretamente o título de “noivo”.
Lu Ran sempre pensou que Ji Min jamais aceitaria um casamento por conveniência. Seus pais, afinal, haviam sido vítimas desse tipo de união. Pensando bem, a chance era muito maior de que fosse apenas um contrato comercial entre Ji Min e o avô, que seria cancelado após o fim da parceria, por isso Ji Min lhe dissera para não se importar.
Mas agora… Lu Ran já não estava tão certo. A sensação quente que ainda permanecia em seus lábios o deixou inquieto. Ele começou a se contorcer no banco do carro, pensando que talvez fosse uma parceria de longo prazo. Quem sabe… talvez eles realmente fossem se casar.
Ainda agora…
Provavelmente Ji Min estava apenas testando, para ver se conseguia beijá-lo, apesar de seu rosto já tão familiar.
Então ele realmente não conseguiu beijar?!
Com isso em mente, Lu Ran ficou furioso de novo, desejando explodir ali mesmo. Sem pensar, ergueu o punho e o bateu com força no lugar onde Ji Min costumava sentar.
Nesse exato momento, a porta do carro do lado oposto se abriu, e Ji Min viu tudo.
O homem parou, surpreso, e perguntou: “Está tão bravo assim?”
“NÃO!” respondeu Lu Ran, alto. Ele rapidamente recolheu a mão e endireitou a postura.
Ji Min hesitou por um instante, mas acabou entrando no carro. Abriu a janela e sentou-se em silêncio ao lado do adolescente, que ainda fervia de raiva.
Meio abaixando o olhar, Ji Min murmurou apenas: “O motorista logo estará aqui.”
Dito isso, reclinou o assento e fechou os olhos para descansar.
Lu Ran ficou remoendo sua raiva sozinho por um tempo, até que, de repente, se lembrou por que estava ali em primeiro lugar: para exigir uma explicação de Ji Min sobre o quase-beijo.
Ele se virou para encarar o homem ao lado. Ji Min parecia estar dormindo, os olhos fechados e a expressão tranquila.
“Ei,” chamou Lu Ran, cutucando-lhe o braço.
Nada. Ele estava mesmo dormindo?
Lu Ran, devagar, inclinou-se para dar uma espiada. Sabia que Ji Min andava ocupado e provavelmente tirara a tarde para estar ali. Parece que, de quebra, os mais velhos ainda o forçaram a beber um pouco. Agora, ele devia estar realmente cansado.
Com a respiração de Ji Min uniforme e calma, Lu Ran reuniu um pouco mais de coragem. Aproximou-se mais, observando seu rosto, até que seus olhos pousaram nos lábios do homem.
É minha chance de revidar, pensou Lu Ran. Por que ele pode me beijar e eu não posso retribuir?
Afinal, estavam noivos agora.
Lu Ran apoiou a mão na perna de Ji Min, inclinando-se com ousadia.
De repente, os olhos de Ji Min, que estava deitado com os olhos fechados, se abriram. Sua mão disparou, segurando as bochechas de Lu Ran e apertando até deformá-las levemente.
Ji Min olhou o jovem à sua frente com uma surpresa profunda em seus olhos escuros.
“…Que coragem,” murmurou o homem, a voz rouca.
O coração de Lu Ran disparou descontroladamente, uma mistura de pânico por ter sido pego e algo mais indefinível. Parecia que seu peito ia explodir.
Ele afastou as mãos de Ji Min e se recostou, defendendo-se:
“Você também tentou me beijar antes!”
Ao ouvir isso, Ji Min virou o rosto, olhando pela janela. Sua maçã do rosto escondida na sombra do carro, ele finalmente respondeu, com a garganta movendo-se ligeiramente: “Eu… esqueci.”
Lu Ran: “…”
“Ah,” ele respondeu, indiferente, e abriu a porta do carro, pronto para sair.
No entanto, mal tinha dado dois passos quando Ji Min agarrou seu pulso.
“Você não ia para minha casa?”
A voz de Ji Min era suave, baixa, com uma nota quase suplicante.
Lu Ran respondeu: “Esqueci.”
Ji Min: “…”
Publicado por:

- DanmeiFuwa
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