A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU - Capítulo 144 - Extra, Linha Alternativa (Parte 9)
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- Capítulo 144 - Extra, Linha Alternativa (Parte 9)
O menino correu direto para o idoso à sua frente.
Shen Hanshan segurou a bengala enquanto o recebia nos braços.
O velho, de maneira habitual, o repreendeu com severidade: “Por que está chorando…?”
Mas, ao ver o rosto do garoto coberto de lágrimas, acabou não resistindo e, agachando-se, abraçou-o apertado.
Foi a primeira vez que Ji Min viu Ranran chorar tanto.
Diferente de quando se encolhia em seus braços, reprimindo e contendo o choro.
Dessa vez, o menino parecia ter encontrado alguém em quem confiar, levantando o rosto e chorando alto.
Ji Min finalmente entendeu que, mesmo sem se lembrar de nada, Ranran ainda sentia falta de casa.
Sentia falta do avô que o criou e das lembranças ao lado dele.
Porque ele era seu único apoio desde o nascimento.
Ranran chorou por muito tempo, até que sua testa, nariz e até o queixo ficaram vermelhos.
Depois de chorar, ficou animado de novo.
Ele começou a rodopiar ao redor do velho: “Vovô, Ranran tem sido muito bonzinho ultimamente! Ranran… Ranran aprendeu a escrever!”
Segurando as mãos do avô, ele falava sem parar.
Quando o menino finalmente se acalmou, Shen Hanshan e Ji Min sentaram-se à mesa redonda no pátio.
O garoto realmente estava com saudades do avô.
Ele ainda não se lembrava de tudo, mas sabia que fazia muito tempo desde a última vez que o vira.
Shen Hanshan perguntou a Ji Min sobre a situação recente de Ranran.
Ji Min não escondeu a verdade:
“Ele pegou chuva naquele dia, ficou com hipotermia e depois teve febre. Esqueceu de muita coisa. Agora ele se chama Lu Ran, registrado como órfão, mas ninguém o adotou.”
Shen Hanshan suspirou.
Ele olhou para o menino em seu colo.
O garoto estava de joelhos, encostado em suas pernas.
Mesmo com o coração partido, Shen Hanshan, acostumado à rigidez, disse automaticamente: “Não fique assim, vá se sentar direito.”
Logo depois, ele se arrependeu, temendo assustar o neto.
O menino ergueu a cabeça para ele e, longe de se assustar, até parecia mais confiante.
Com um “ah” preguiçoso, levantou-se lentamente.
Mas ele não foi até o banquinho ao lado.
Em vez disso, foi correndo até Ji Min, e, com a mesma postura, apoiou-se nas pernas dele.
Ji Min riu e, sem pensar duas vezes, puxou o menino para o colo.
Shen Hanshan: “…”
O velho e o jovem trocaram um olhar.
Ambos enxergaram nos olhos do outro uma diferença de visão sobre como criar uma criança.
Mas o menino estava cansado de tanto chorar e logo adormeceu nos braços de Ji Min.
Ji Min o levou para o quarto, tirou seus sapatos e o colocou na cama.
Shen Hanshan o seguiu e olhou ao redor do quarto do menino.
O chão estava coberto por um grosso tapete de pelúcia, e brinquedos e livros estavam espalhados desordenadamente sobre ele.
Apesar da aparente falta de organização, havia algo de acolhedor no ambiente.
Shen Hanshan ficou em silêncio por um momento, sem dizer nada.
Logo, os dois voltaram para o pátio.
O velho e o jovem se sentaram frente a frente.
Depois de um breve silêncio, foi Shen Hanshan quem quebrou o gelo:
“Ranran só está bem graças a você. A família Shen inteira te deve essa.”
Dizendo isso, Shen Hanshan soltou uma risada autodepreciativa.
Afinal, a chamada família Shen agora se resumia a ele e ao neto.
“Eu só fiz pelo Ranran, não preciso que ninguém me deva nada,” respondeu Ji Min.
Os dois chamavam o menino de formas diferentes, um de Ranran e o outro de Nianran, cada um com seu próprio nome para ele.
Shen Hanshan não questionou o motivo, apenas declarou: “Amanhã, vou registrar um caso na delegacia e, em seguida, providenciar os documentos no orfanato para levar Nianran de volta para casa.”
Ao ouvir isso, Ji Min ergueu a cabeça: “Vovô Shen, o senhor já está velho e sem tanta disposição. Ranran está bem aqui comigo.”
Shen Hanshan ergueu as sobrancelhas.
Recostou-se na cadeira e olhou para o jovem à sua frente.
Ji Min não demonstrava nenhum receio diante do olhar do idoso e respondeu: “Eu vejo Ranran como um irmão e vou cuidar bem dele.”
Shen Hanshan não continuou o assunto e trouxe outro tema:
“Acabei de me encontrar com seu avô. Ele está com a saúde boa, embora mais velho que eu, parece estar bem melhor que este velho aqui.”
Ji Min apertou levemente os dedos no apoio da cadeira.
Shen Hanshan continuou: “A família Ji é grande e ocupada. Não é apropriado para Nianran, uma criança, ficar aqui.”
Ji Min entendeu a insinuação do velho e não hesitou em responder: “A família Shen também não tem poucas complicações, senão Ranran não estaria aqui comigo.”
Shen Hanshan, no entanto, não se incomodou com a resposta. O jovem à sua frente era realmente talentoso, e a estratégia que usou para se aproximar dele com o pretexto de negócios também foi bem pensada.
Mas, no fim, ele ainda era apenas um garoto.
Shen Hanshan, com anos de experiência no mercado, via através das intenções de Ji Min.
Ele olhou para o rapaz e sorriu levemente, dizendo: “Antes de vir, ouvi dizer que alguém da família Ji tentou empurrar Nianran para o lago, e você os expulsou.”
Ji Min abaixou o olhar, sem dizer nada.
“Você expulsou um, mas tem certeza de que não haverá um segundo?”
Shen Hanshan tomou um gole de chá, os olhos já desprovidos da rigidez de antes, após ter passado pela perda de seu neto, a prisão de seu filho e sua própria luta entre a vida e a morte.
Seu olhar agora era muito mais sereno.
Ele disse: “A família Shen não se compara à família Ji em muitos aspectos, mas pelo menos agora temos paz.”
Ji Min ainda não estava disposto a ceder.
Shen Hanshan acrescentou: “Dessa vez, se você quiser levar Nianran para casa, precisará da permissão do seu avô, certo?”
Essas palavras atingiram diretamente o ponto fraco de Ji Min.
Anteriormente, o velho Ji havia visitado Ranran uma vez. Naquele dia, Ji Min ficou extremamente apreensivo. Ele temia que o avô percebesse o talento de Ranran e o transformasse em mais uma ferramenta para a família Ji.
Depois que o velho Ji foi embora, Ji Min ficou profundamente incomodado.
Esse incômodo não foi apenas pela menção de seu pai, mas porque ele sentiu uma profunda sensação de fracasso.
Mesmo agora, ele ainda não tinha forças para desobedecer às ordens do avô.
Shen Hanshan era grato a Ji Min e admirava o jovem.
Ele não viera para ferir ninguém e, então, suspirou e disse: “Soube pelo médico que, antes de procurar a família Shen, você verificou meus registros no hospital para saber sobre minha condição de saúde.”
“Você sabia que minha saúde ainda podia melhorar e que eu teria alguns anos para cuidar de Nianran, e só por isso procurou a família Shen.”
Ji Min não negou.
Shen Hanshan continuou: “Com o poder da família Ji, seria fácil resolver os pequenos problemas da minha família. Mas você me contou sobre isso para que eu resolvesse sozinho, só para testar minha capacidade e postura, não é?”
“Filho, você não precisa mais me testar.” Shen Hanshan olhou para Ji Min. “Pode ficar tranquilo, eu não sou como seu avô.”
Essa frase fez Ji Min fechar os olhos, tentando conter a emoção.
“Vovô Shen.”
A voz de Ji Min soou rouca enquanto ele implorava baixinho: “O senhor também viu… eu não sou feliz. Pode, por favor, evitar que Ranran acabe como eu…?”
Shen Hanshan suspirou.
Ele de fato já quis transformar o menino em um herdeiro excepcional.
O menino, por sua vez, fazia de tudo para agradá-lo, esforçando-se ao máximo para aprender.
Nos últimos anos, Shen Hanshan estava aflito com a idade e o fracasso do filho. Mas sua aflição, em vez de resolver as coisas, quase levou a família Shen ao colapso.
Naquela tarde, quando Ranran acordou, o velho Shen já havia partido.
O menino esfregou os olhos e perguntou: “Onde está o vovô?”
Ji Min acariciou a cabeça dele e disse: “Vovô já voltou para casa.”
O garoto imediatamente pareceu desapontado.
Ji Min passou o feriado brincando com Ranran.
Levou-o ao zoológico, depois foram à praia e até surfaram. Ranran nunca havia feito algo tão empolgante e ficou eufórico.
No último dia do feriado, Ji Min não levou Ranran para sair.
Ele sentou-se no quarto do menino e começou a guardar suas roupas, brinquedos e os livros de contos que ele adorava, colocando tudo na mala.
Era algo que o mordomo Chen deveria estar fazendo.
Mas Ji Min, pela primeira vez, estava cuidando disso pessoalmente, um tanto desajeitado.
Ranran não entendia o que ele estava fazendo, mas o acompanhou na arrumação.
Com a mala pronta, Ji Min encheu a mochila de Ranran com lanches e a colocou em suas costas.
O menino inclinou a cabeça e perguntou: “Vamos sair, irmão?”
Ji Min sorriu para ele, mas não respondeu.
Ele pegou o relógio infantil que havia comprado e o prendeu no pulso do garoto.
“Ranran, daqui para frente, basta apertar este botão e você poderá ligar para o irmão.”
O menino olhou para o relógio, depois para o jovem à sua frente, sem entender direito.
“Vamos testar, Ranran,” disse Ji Min.
Obediente, o menino apertou o botão, e o celular de Ji Min tocou.
Como já ligara para o irmão antes, não achou tão especial. Apenas disse, meio confuso: “Mas eu posso pedir ao tio para me ajudar a ligar.”
“Quando o tio não estiver, você pode ligar sozinho,” disse o jovem, em tom baixo.
Ele parecia triste.
Ji Min segurou a mão do garoto e o conduziu para fora do quarto.
Ao chegarem à porta, Ji Min de repente se agachou e abraçou o menino.
“Irmão, o que foi?” perguntou Ranran.
A saudade contida no coração de Ji Min aflorou de repente.
Naquele grande casarão, nunca mais alguém perguntaria se ele estava com medo ou se sentia tristeza.
“Ranran…” O jovem perguntou em voz baixa, “Ranran vai se lembrar do irmão? Vai lembrar de mim para sempre?”
“Claro que sim!” respondeu o menino com o rosto levantado. “O irmão é o meu irmão preferido!”
Ji Min acariciou o cabelo do garoto.
Por fim, ele se levantou, pegou a mala e saiu com Ranran do quarto e do pátio.
O carro da família Shen esperava do lado de fora.
Ao vê-los, Shen Hanshan abriu a porta, apoiando-se na bengala.
Ao ver o avô, os olhos do menino brilharam. Ele soltou a mão de Ji Min e correu até ele:
“Vovô! Hoje você vai sair com a gente?”
Ji Min entregou a mala ao motorista da família Shen.
Shen Hanshan acariciou a cabeça do menino e olhou para o jovem que esperava ao lado.
Ele disse ao garoto: “Nianran, dê tchau para o irmão.”
O menino ficou confuso.
Primeiro, corrigiu o avô: “Vovô, meu nome é Ranran.”
Depois, perguntou, intrigado: “Por que tenho que dizer tchau?”
O velho respondeu em voz baixa: “Porque o vovô vai te levar para casa.”
O menino não entendia a relação entre ir para casa e dizer adeus.
Para ele, ir para casa significava ir com o irmão, certo?
Ranran olhou para Ji Min e, hesitante, acenou devagar: “Tchau, irmão?”
Ji Min deu um sorriso fraco, que não parecia nada alegre.
O velho assentiu para ele e entrou no carro com o menino.
Quando estavam no carro, Ranran percebeu que Ji Min continuava parado no mesmo lugar.
Ele perguntou: “O irmão não vai com a gente?”
O velho suspirou e disse: “O irmão tem que ficar na casa dele.”
Quando a porta se fechou e o carro começou a andar, o menino, desesperado, começou a bater na janela, gritando:
“O irmão ainda está lá fora! Ele foi deixado para trás!”
E as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto.
Ranran sempre foi obediente e, com sua súbita agitação, todos se assustaram.
O motorista rapidamente parou o carro.
O velho Shen não teve escolha a não ser abrir a porta.
O menino pulou para fora e correu direto para os braços de Ji Min.
Foi então que ele entendeu o que estava acontecendo e, com os olhos cheios de lágrimas, perguntou: “O irmão não vai junto?”
Ji Min o abraçou: “Desculpe, Ranran, o irmão não pode ir.”
“Então eu também não vou!” chorou o menino.
“Mas Ranran não queria ir para casa com o vovô?” perguntou Ji Min.
O menino olhou para Ji Min, depois para o avô ao lado do carro, e pela primeira vez hesitou: “Mas… mas…”
Ele finalmente entendeu que aquilo não era uma saída para brincar, mas uma despedida triste.
“Ranran vai com o vovô, para a casa dele,” disse Ji Min em voz baixa.
“E o irmão?” O menino tentava conter o choro.
“Tudo bem, o irmão ficará na casa dele,” o jovem forçou um sorriso.
E apressou-se a dizer: “No fim de semana, o irmão vai te ver.”
“O fim de semana… quando é?” A voz do menino tremia, e as lágrimas caíam uma a uma.
“Ranran é bobo, o irmão já te ensinou.” Ji Min segurou a dor na garganta.
“Faltam cinco dias… wuuaaah…”
O menino não aguentou mais e começou a chorar alto.
Ji Min também não conseguiu segurar as lágrimas e o abraçou, com os olhos ardendo e doloridos.
O velho Shen observava os dois, abraçados e chorando.
Por mais forte que fosse, Ji Min ainda era apenas um garoto.
Por fim, Ranran, cansado de tanto chorar, foi levado de volta para o carro.
Ji Min ficou parado, observando o carro que levava consigo uma das poucas fontes de calor e afeto que ele tinha na vida, se afastar pouco a pouco.
Depois de voltar para a família Shen, Ranran demorou a se acostumar. Só quando percebeu que realmente podia ligar para Ji Min e que eles poderiam se ver nos finais de semana é que ele começou a se adaptar.
Como o garoto havia se perdido e depois foi encontrado, havia muitos trâmites a serem resolvidos. O velho Shen quis mudar o nome de Ranran. Contudo, o menino não tinha memória das coisas do passado e só se lembrava de que seu nome era “Lu Ran”. Quando morava com Ji Min, ele tinha um professor particular e assinava seu nome em cada tarefa com muito cuidado. Shen Hanshan tentou de tudo para alterar, pelo menos, o sobrenome.
Porém, nesse ponto, o menino era teimoso como nunca. Parecia que ele usava o nome como uma forma de lembrar-se daquela época em que se perdeu, então não importava o quanto falassem, ele se recusava a mudar.
Quando finalmente começou a escola, a situação ficou constrangedora. Em todas as suas tarefas, ele continuava assinando como Lu Ran. Professores e o velho Shen tentaram convencê-lo, mas ele concordava na frente deles e depois continuava como sempre.
Em um caso extremo, ele chegou a assinar como “Shen Xing Lu Ran”, em uma combinação de teimosia e descaso.
No início, o velho Shen ficou furioso, quase fumegando. No entanto, depois da sentença de Shen Hongyuan, ele fez uma visita à prisão e voltou para casa em silêncio por vários dias. A partir de então, o velho começou a perceber que o “Shen” do sobrenome não tinha tanta importância assim. Não valia a pena insistir.
Ele já conhecia o diretor Lu do orfanato e, por coincidência, sua falecida esposa também se chamava Lu. Assim, deixou o nome como Lu Ran, como se o menino estivesse usando o sobrenome da avó.
Ter um novo nome, deixando as mágoas do passado para trás, parecia uma boa escolha.
Assim, Ranran, mantendo o nome de Lu Ran, cresceu como o jovem herdeiro da família Shen.
Quinze anos depois.
Em uma viela próxima à Universidade Y, Zhang Lin estacionou seu carro esportivo e começou a seguir uma moça com um ar desleixado e zombeteiro.
Enquanto a seguia, ele gritava, provocando: “Ei, veterana! Por que está fugindo? Assim eu não consigo te alcançar!”
A jovem, embora assustada, respondeu com educação: “Colega, por favor, pare de me seguir. Eu… já estou quase em casa.”
“Ah, é? Então vou te acompanhar até lá!” Zhang Lin assobiou, divertindo-se.
Ele não tinha a intenção de ir a pé. Voltou ao carro, planejando segui-la de carro. No entanto, assim que estendeu a mão para a porta, tudo escureceu de repente, pois alguém cobriu sua cabeça com uma jaqueta.
“Quem está aí?!” Zhang Lin gritou, assustado.
Rapidamente, ele nem teve tempo de dizer mais nada, pois recebeu dois socos seguidos e, em seguida, um chute que o jogou direto numa vala de esgoto ao lado.
“Argh! Que cheiro horrível!”
“Bem apropriado para um lixo como você.”
Do lado de fora, duas vozes ecoaram, ambas jovens.
Zhang Lin, ao reconhecê-las, gritou com raiva: “Lu Ran! Fang Chen! São vocês dois, não é?”
“Idiota, se continuar incomodando nossa veterana, vai acabar de molho aí para sempre!” Lu Ran lhe deu outro chute e, em seguida, saiu puxando Fang Chen.
Minutos depois, os dois estavam no banheiro público, esfregando desesperadamente as próprias roupas.
“Que nojo! Como isso fede!” Fang Chen estava quase surtando. “Se eu voltar assim para casa, meu pai vai pensar que fiz alguma coisa errada!”
“Que besteira, fomos apenas heróis do dia!” disse Lu Ran, tentando limpar a perna da calça.
Ele suspirou e concluiu: “Foi falta de estratégia. Da próxima vez, melhor manter uma distância. É minha primeira vez usando um saco de estopa, e realmente falta prática.”
“O problema não é o saco!” Fang Chen respondeu, exasperado.
Originalmente, eles tinham dado uma surra em Zhang Lin e estavam prontos para ir embora, mas, a meio caminho, Lu Ran insistiu que vira um gato perto da vala. Assim, voltaram pela água para resgatá-lo. Quando chegaram perto, no entanto, viram que não era gato nenhum, mas apenas um saco plástico branco.
“Seria melhor doar esses olhos seus,” murmurou Fang Chen.
Lu Ran ficou tão envergonhado que não sabia onde enfiar a cara.
Para piorar, o local em que eles entraram era de um cheiro terrível, e suas roupas agora estavam impregnadas com aquele odor insuportável.
Imaginando Ji Min sabendo de tudo isso…
Ele certamente morreria de rir!
Já Fang Chen, na sua primeira experiência em uma “aventura”, estava aterrorizado, repetindo para si mesmo:
“Você tem que prometer que não vai contar ao meu pai, ou ele vai pensar que eu entrei numa briga.”
Lu Ran, sem pensar, respondeu automaticamente: “E você também não vai contar nada ao Ji Min.”
Assim que ele terminou, Fang Chen parou de esfregar a calça e virou para ele, fixando-o com um olhar curioso.
“O que foi?” Lu Ran perguntou.
Fang Chen, rindo, comentou: “O que você disse foi engraçado. Como se fosse fácil ver o Ji Min só porque você quer!”
“Por que se preocupar em lembrar de não contar a ele?” Fang Chen deu-lhe uma cotovelada.
Lu Ran ignorou a provocação de Fang Chen e apenas riu: “Acho que só um fantasma seria capaz de ver o Ji Min quando quisesse.”
Dito isso, os dois voltaram a esfregar as calças com afinco.
Não tinham escolha. Ambos eram vigiados em casa e, sendo sua primeira travessura, nem pensavam em contar aos pais. Além disso, ainda precisavam passar pela inspeção dos mordomos antes de entrarem.
Sem outra alternativa, acabaram comprando roupas limpas e gastaram uma fortuna em uma lavanderia para que lavassem as roupas o mais rápido possível. Depois disso, agiram como se nada tivesse acontecido e voltaram para casa.
Ao chegar em casa, Lu Ran deu uma olhada no pátio. O local já estava decorado para o aniversário de 76 anos de seu avô, que seria no dia seguinte.
Ao entrar na sala, encontrou seu avô sentado no sofá.
Ele se aproximou com um sorriso: “Vovô, por que ainda está acordado?”
“Esperando você, seu pestinha,” respondeu Shen Hanshan.
“Pestinha, eu? São nem nove da noite! Cheguei cedo e ainda vou te ajudar a revisar a lista de convidados,” disse Lu Ran, justificando-se.
Shen Hanshan o olhou de relance, reparou em suas mãos e perguntou:
“O que houve com suas mãos?”
Ao olhar para as próprias palmas, Lu Ran percebeu o deslize. Nunca lavara roupas antes e, ao esfregar o jeans, suas mãos ficaram vermelhas e coçando.
Ele engoliu seco, lembrando da surra que tinha dado em Zhang Lin, e resolveu rapidamente jogar a culpa em Fang Chen: “Foi Fang Chen. Ele caiu na vala tentando salvar um gato e, com a calça suja, me pediu para lavar.”
Sem saber, Fang Chen estava passando pela mesma cena na casa dele.
Shen Hanshan observou as mãos do neto, e, vendo que não era nada grave, deixou para lá.
Aquele garoto tinha sido mimado por Ji Min e não temia nada nem ninguém, mas era esperto e cheio de truques. O velho Shen, por sua vez, tolerava suas travessuras na maior parte do tempo, mas sabia ser rigoroso quando necessário. Afinal, ele já estava velho e precisava garantir que o neto estivesse preparado para o futuro.
“Venha, vamos revisar a lista de convidados,” chamou o avô.
Lu Ran se aproximou e começou a passar os olhos pela lista.
A maioria dos nomes ele conhecia, alguns eram mais agradáveis que outros.
Depois de um tempo, ele começou a distrair-se, passando a procurar o caractere “Ji” entre os sobrenomes.
Agora que as famílias Shen e Ji estavam próximas, havia muitas pessoas convidadas.
Lu Ran olhava as linhas de nomes, mas ainda não encontrara o que procurava quando seu avô lhe passou outra lista:
“Dá uma olhada nessa aqui.”
Lu Ran soltou uma risada disfarçada, voltando a si e focando na tarefa.
Na tarde seguinte, a festa de aniversário começou.
Nos últimos anos, Shen Hanshan havia abandonado algumas práticas rígidas da família, expandindo os negócios para novas áreas. Isso fez com que a família Shen prosperasse consideravelmente. Como resultado, muitos vieram para parabenizá-lo.
Lu Ran, ao lado do mordomo, cumprimentava os convidados na porta. Seus modos impecáveis, combinando simpatia e formalidade, impressionavam os mais velhos, que não poupavam elogios. Ninguém ali poderia imaginar que na noite anterior ele havia jogado alguém numa vala de esgoto.
A família Zhang também compareceu. Os negócios entre as famílias Shen e Zhang estavam estreitamente ligados. Assim que chegou, a senhora Zhang puxou Lu Ran para conversar. Zhang Lin, com o rosto ainda um pouco inchado, encarou Lu Ran – o causador de sua desgraça – com raiva, mas sem coragem de dizer nada.
Hoje, todos sabiam que Lu Ran era uma das pessoas mais temidas entre os jovens daquele círculo social. Qualquer palavra contra ele poderia render a Zhang Lin uma bronca de sua própria mãe.
Mesmo assim, ele não conseguiu segurar o olhar de fúria enquanto passava por Lu Ran.
Lu Ran, por sua vez, mantinha a cortesia ao conversar com a senhora Zhang, mas, fora do campo de visão dela e dos outros convidados, fez a Zhang Lin um movimento de lábios, formando a palavra “idiota” e levantando discretamente o dedo do meio.
Zhang Lin ficou tão irritado que quase explodiu.
Do lado de fora, Ji Min acabava de entrar no pátio e testemunhou a cena. Lá estava o rapaz, que exibia um comportamento exemplar, ao mesmo tempo em que fazia gestos grosseiros com um entusiasmo contagiante.
A cena fez Ji Min sorrir levemente.
O rapaz percebeu sua presença pelo canto do olho e, como uma criança pega em flagrante, abaixou o dedo do meio em um segundo.
Publicado por:

- DanmeiFuwa
-
Sou apaixonada pelo mundo das novels BL chinesas e venho me dedicando à tradução desde 2021 no Wattpad. Adoro o que faço, mesmo sem receber nada em troca. Disponibilizo minhas traduções aqui, pois nunca se sabe quando uma novel pode ser removida do Wattpad.
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