99% Perfeito - Capítulo 02.
— Er… Com Licença.
Os olhos do homem se voltaram para Haejin. Não podia ver muito bem o seu rosto pois, não estava com o óculos no momento, mas pôde perceber que os olhos do homem haviam se tornado bastante afiados. Ainda sim, Haejin não retrocedeu e aproximou-se.
— Se está fazendo uma reclamação, deve dizer onde e como sofreu o dano, quando e como foi prejudicado e que tipo de ressarcimento deseja, mas você não pode ameaçar despedir o funcionário dos outros.
O homem arqueou as sobrancelhas mais uma vez, parecendo mais irritado.
— Funcionário dos outros?
Seu tom de voz era sério e grave, capaz de ferir o coração de quem a ouvisse. Talvez fosse porque não via bem e o homem perguntou em um em tom baixo, mas ouvir isso o fez sentir uma pressão terrível. Foi uma pressão terrível, mas Haejin se conteve em tremer e apertou o punho.
— Não seja tão agressivo. Está obstruindo seriamente o negócio.
— É sério isso?
O homem parecia verdadeiramente enojado. Antes disso, Haejin abaixou a cabeça para ocultar seu nervosismo, porém sabia que não havia feito nada de errado. A propósito, examinou o rosto do homem de aspecto rude de cima para baixo. E com uma voz clara, o espetou.
— Você parece bem normal. Me diga, o que há de errado com você?
O empregado que estava ao lado batia o pé vez ou outra com nervosismo e encarava alternadamente Haejin e o homem. Parecia ter medo de que este incidente o afetasse logo quatro meses depois de ter sido contratado. Haejin apontou para o funcionário com o queixo.
— Peça desculpas.
— Er, senhor, não é isso…
Estendeu a mão em direção ao empregado, que parecia muito assustado e o acalmou.
— Está tudo bem, não se preocupe.
— Não, senhor hóspede, não é isso…
Dessa vez, um funcionário que estava atendendo outro cliente deu um passo à frente ao ver a situação incômoda. Haejin manteve seus olhos no homem que estava em frente a ele. Parecia irritado, mas ele não estava nem um pouco envergonhado, seguia mostrando uma postura séria e pelo visto, parecia não ter muito o que dizer dessa vez. Sim, talvez não tenha nada a dizer. Claramente, era um verdadeiro idiota.
— Me escute com atenção, eu vou dizer como as coisas são-…
Haejin, que estava se preparando para falar, olhou para fora e fechou a boca. Um ônibus havia acabado de chegar do lado de fora do hotel e ele precisava embarcar justamente naquele ônibus!
— Não! O ônibus!
Haejin arrastou as rodas de sua mala como estava, algo caiu do seu corpo e ficou abandonado ao piso atrás dele, porém nem sequer notou. Teria que esperar umas horas se perdesse aquele ônibus e isso o angustiava, porque já havia perdido muito tempo tentando lidar com aquele perdedor.
Quando estava dentro do ônibus, Haejin se deu conta de que havia deixado um de seus pertences depois de sua partida.
“O espelho de mão… Que era de minha mãe”.
Não poderia voltar, então teria que voltar para o trabalho e dar um jeito de voltar até lá depois. De alguma maneira sentia seu bolso vazio por não tê-lo consigo.
Por outro lado, o funcionário olhou confuso para a saída depois que Haejin se foi. O homem à frente também olhou fixamente para a porta por onde havia ido Haejin, e não se passou muito tempo antes de ele voltar a olhar o funcionário
Assim que seus olhos se encontraram, o funcionário encolheu-se. Não era por causa do que o homem o havia feito anteriormente, e sim porque sabiam quem era esse homem.
— Assim que o gerente voltar, volte a treinar com o manual de respostas da empresa.
— Sim, diretor.
O funcionário inclinou a cabeça com expressões cheias de preocupação, logo o homem deu a volta e caminhou pelo salão, tirando a jaqueta que Haejin havia visto. A tirou com desgosto, como se estivesse retirando o lixo, ao ver esse gesto um homem se prontificou a pegá-la rapidamente.
— Diretor… Estamos esperando com o carro.
Disse o homem que havia tirado a jaqueta. Os sapatos caros que avançavam suavemente pelo salão, se detiveram repentinamente. O homem olhou para trás e o funcionário assustou-se, mas os olhos do homem repousaram no lugar onde Haejin estavam, não nele.
— Que cheiro é esse?
O homem alto respirou profundamente e certo desconforto se refletiu em seu rosto. No que inspirou profundamente, não conseguiu perceber o aroma novamente.
O homem olhou para aquele lugar outra vez, e nisso viu o velho espelho de mão que havia caído ao chão.
****
— O diretor executivo de “Keystil”, Lee Hwan, negou todos os rumores acerca de sua renúncia esta manhã e também negou qualquer desacordo com sua avó, a presidente Yoo Chang-Sook.
Hwan desligou a televisão com os nervos ao limite, amaldiçoando todo o mundo enquanto afrouxava sua gravata. Já estava enjoado,o tapete estava uma bagunça outra vez. Quando ele tocou a campainha ao lado do telefone, o secretário Park se certificou de correr com prontidão até lá.
— Diretor, o senhor me chamou…
— Tire isso daqui agora mesmo.
O secretário Park não pôde facilmente entender ao que se referia com “isso”. O escritório de administração parecia em perfeito estado. Os utensílios para escrita e os documentos estavam ordenados, as cortinas haviam sido lavadas dois dias antes, as molduras, as janelas e as estantes foram supervisionadas pessoalmente. Então, o que havia acontecido dessa vez?
— O que está fazendo?
Hwan perguntou com um tom de voz muito afiado. O secretário Park caiu de imediato e voluntariamente de bruços no chão, sentindo um suor frio fluindo pelas suas costas. De alguma maneira teria que encontrar um lugar sujo. Afortunadamente, pôde ver uma pequena mecha de cabelo quando pousou sua barriga no tapete. Seu chefe estava fazendo um escândalo por esse cabelo, então rapidamente o recolheu.
— Não tenho visto muito bem ultimamente…
Sorriu sem jeito e tirou o cabelo do tapete. O secretário Park, que estava a ponto de dar meia volta, engoliu em seco quando viu Lee Hwan segurando algo. À primeira vista, o painel traseiro parece um espelho de mão feito de madeira.
— O que é isso?
Quando o perguntou, o rosto de Lee Hwang se enrugou automaticamente, embora ele não soubesse a razão. Ao ver esse impulso por parte do seu chefe, o secretário Park olhou para trás e deu a volta lentamente, com moderação, para não ser percebido.
Hwan olhou a porta sendo fechada atrás de si. Então ele jogou o espelho de mão em cima da mesa e suspirou pesadamente.
Quando estava a ponto de sentar-se, vacilou ao ver o papel da prova do lado de sua mesa e seu cenho franziu.
— Deixei claro que era para tirar o tapete…
Ele pegou o papel para jogá-lo no chão. Suspirou de novo quando viu a porcentagem de somente 2% de compatibilidade. Hwan era um alfa e estava realizando incontáveis testes de compatibilidade com ômegas. Nem sequer podia lembrar quantas vezes já o havia feito, porém curiosamente, Hwan só tinha resultados baixos para cada teste de compatibilidade que fizera. Em geral, a média dos outros parceiros variava de 35% à 45%, porém, ele só obtinha um máximo de 3% com qualquer ômega testado. Inclusive, estava mais que disposto a escolher qualquer ômega cujo teste desse mais de 10% de compatibilidade.
A escolha aqui significava a “sobrevivência” de sua linhagem, tudo se resume a ter um bebê fazendo sexo com um ômega que seja compatível. Hwan se afundou profundamente na cadeira, a luz do sol fluía suavemente pela janela do escritório executivo.
Ele era um alfa, quer dizer, fazia parte de uma raça especializada em reprodução. Porém, ele odiava crianças. Os odiava tanto ao ponto de nem sequer querer olhar para uma foto sua quando era uma. As crianças eram sujas. Elas babam, derramam comida e não podem limpar seus dejetos. Lee Hwan odiava casas sujas. Devido a isso, seu escritório precisava ser limpo mais de uma vez ao dia, seus dentes rangem quando até mesmo por causa de um fio de cabelo que cai no chão.
Porém, havia só uma razão para que estivesse constantemente atrás de um ômega que daria a luz ao seu bebê: Os termos de herança.
Não era um exagero dizer que ele realmente era dono da área de recreação e lazer do conglomerado Keystil. O resort, os hotéis e cassinos de Busan estavam em suas mãos. Porém tudo isso era só uma pequena fração do grande monopólio liderado pela empresa.
A presidente Yoo Chang-Sook, sua avó, o criou depois da prematura morte dos pais de Hwan. Ele aprendeu administração de empresas diretamente com ela quando era jovem. Desde criança teve que lidar com seu gênio e impaciência, toda vez que seu inquieto traseiro fazia alguma travessura ou algo que não devia, ela lhe dava uma bofetada direta, sem hesitar.
À medida que ia crescendo, naturalmente passou a acreditar que o grupo Keystil seria seu. Porém, depois de estudar no extrangeiro e deixar o exército em uma idade precoce, se uniu à empresa na linha de produção de Keystil, realizando trabalhos das mais comuns e cotidianas.
— Por que me enviou para estudar no extrangeiro se ia fazer um trabalho simples na empresa? Então por quê me ensinou administração?
Quando ele estava protestando, a presidenta Yoo Chang-Sook o respondeu, sibilando sua língua.
— Tsc… Seu moleque ingrato. Se realmente quer algo de meu dinheiro, cale-se e faça o que te digo.
Desde então, passou a se questionar se sua avó estava certa.
A partir desse dia, Lee Hwan trabalhava quinze horas por dia e nem sequer voltava para casa para descansar, mas ficava em um Officetel (N/T: na Coréia do Sul, um escritório oficial é um edifício multiuso com unidades residenciais e comerciais) nos arredores da província de Gyeonggi. Se trabalhava com os demais, teria que viver como os demais.
— Seu problema é que te falta paciência.
Sua avó sempre o repreendia pelo seu temperamento impulsivo e por ser tão precipitado. Porém, essas características inatas não podem ser consertadas tão facilmente. Sempre detestou coisas lentas e o que mais odiava era se sentir em um congestionado, que avançava em passos de caracol. Porém se conteve, logo fazendo as coisas da maneira dela e, dessa forma, sua avó finalmente disse que ele poderia herdar Keystil.
De qualquer forma, Lee Hwan trabalhou muito duro até chegar a este ponto. Por não ser a pessoa mais paciente do mundo, o simples fato de ter suportado até agora era quase um limite que dizia para si mesmo que poderia aguentar. Claro, era inegável que a influência da sua avó fora o motivo dos rumores que mais o difamaram, desde que conquistou o cargo de diretor executivo aos trinta ele percebeu muitas pessoas duvidando dele ao seu redor..
Justo quando pensou que já não teria que seguir sofrendo tanto como os demais, sua avó lhe respondeu com uma proposta um tanto quanto inesperada.
— Tenha um filho.
Lee Hwan quase cuspiu o chá que estava bebendo e tratou de clarear sua mente, embora suas expressões deixassem claro que ele se sentia completamente perdido.
Publicado por:
- Fujoshi da Depressao Scan
minhas outras postagens:
COMENTÁRIOS
Sua Comunidade de Novels BL/GL Aberta para Autores e Tradutores!
AVISO: Novos cadastrados para leitores temporariamente fechados. Se vc for autor ou tradutor, clique aqui, que faremos seu cadastro manualmente.