O Renascimento do Príncipe Esquecido - [Capítulo 01]. Uma segunda chance como estrela da salvação
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Havia uma floresta em seus olhos dourados e brilhantes. Foi a primeira vez que o pequeno cervo abriu seus olhos ao mundo. Um vagalume passou diante dele, piscando frequentemente e isso atraiu sua atenção. Ele tentou erguer a pequena pata para tocá-lo e o vagalume pousou no casco delicadamente.
“Seja bem-vindo ao mundo.” Uma voz entoou em sua mente e desapareceu com o bater de asas do pequeno inseto no casco.
Atordoado, o pequeno cervo piscou para se acostumar com o brilho emitido pelas plantas ao seu redor. Ele se ergueu para ficar de pé, mas suas pernas fraquejaram. O animal há pouco nascido sem entender esse mundo tinha pouca resistência a tal movimento, mas por instinto sentiu que era um obstáculo a ser ultrapassado se ele quisesse viver novamente.
Se ele pudesse sorrir, provavelmente teria um belo sorriso em seus lábios. Assim, apenas bufou animadamente como um animal faria. E mais uma vez, ele se ergueu. Dessa vez, conseguiu se manter nas quatro patas.
“Seja bem-vindo pequenino!”
“Seja bem-vindo!”
“Seja bem-vindo!”
Inúmeras saudações vinham de todos os lados. Muitos animais se juntaram ao seu redor e houve um farfalhar de folhas e galhos. As plantas também se alegravam com a chegada do futuro residente da floresta. O pequeno cervo não se atreveu a falar, estava um pouco assustado e não sabia como fazê-lo direito, suas cordas vocais estavam diferentes e não entendia o que esses animais falavam.
O animal percebeu que estava sozinho nesse mundo. Ao redor dele, não havia nenhum semelhante a ele. Quis perguntar onde estaria seus pais, mas não sabia como dizer e assim se encolheu, retrocedendo sua postura.
“Bah, seu animal, olha o que fez a esse pequeno! Sua aparência é tão feia que o assustou!” Um coelho raivoso praguejou a uma grande aranha em cima dele.
“Cale a boca! Pelo menos, meu temperamento corresponde a minha aparência!”
“O teu ra…”
“Controlem-se por favor!” Um pavão de voz calma surgiu sobre a aranha, mostrando suas penas arrogantemente.
“Tsk!” O coelho cuspiu.
“Saia Goldenheart*1!” A aranha ordenou, ele detestava que outros subissem em seu corpo e acima de tudo esse pavão ridículo. Em toda a floresta espiritual, ele seria o último em sua lista de amizade. “Saia ou vou lhe entregar aos humanos!”
Goldenheart, o pavão sentiu um arrepio mas palavras de Jiuyan*2. Ele era uma aranha de palavra e cumpria suas promessas, portanto, era difícil distinguir seus blefes da realidade.
“Hmpf! Eu saio, mas porque quero ver o nosso novo residente.”, o grande pavão bateu suas asas e pousou elegante a frente do pequeno cervo. A ave ficou encantada com a coloração única e o brilho celestial dos olhos desta criança. Foda-se! Que criança fofa! E saiu balançando o rabo.
“Pare de balançar o rabo, pavão maldito!” O coelho fungou, devido a um atque de pena de rabo de pavão em seus olhos.
Uma ave gloriosa simplesmente ignorou e passou por trás da dupla e voou parta ficar em cima de um tigre negro com olhos de esmeralda. Esse era o velho Shu, o mais antigo residente dessa floresta. Seu cultivo era o maior também, assim como seu nível de conhecimento sobre bestas espirituais. E particularmente, era a primeira vez em que via um cervo com tamanha energia espiritual ao seu redor durante o nascimento.
De repente, um grande barulho fez todos ficarem agitados. A terra tremia como num terremoto e uma grande onda de poder espiritual varreu todo o território da floresta. A alegria era evidente em todo lugar. As bestas, assim como as plantas da floresta agitaram-se ainda mais do que estavam há pouco tempo, quando o pequeno cervo nasceu.
“É o grande senhor!”
“O mestre está vindo!”
“O mestre está vindo!”
“O verme está vindo!”
“O mestre está vindo!”
“Nosso senhor, há quanto tempo!”
“Ela deve estar linda como sempre! Uma verdadeira beleza!”
O impacto desapareceu por completo e deu lugar a uma calmaria inexplicável. O pequeno cervo também acalmou seu coraçãozinho e acompanhou o olhar dos outros com curiosidade. Esse ‘senhor’, deveria ser quem controla esse lugar, o líder deles.
As folhas balançaram e a brisa suave trouxe um aroma de flores doces. Os animais se curvaram ao ver o seu ‘senhor’ aparecer.
O sorriso dela era a mais perfeita forma de beleza, e seus cabelos ondulantes também eram sedosos e brilhavam à luz natural. Sua roupa branca pura e com detalhes em lótus amarelo e verde pastéis, carregava de runas espirituais que demonstravam sua origem. A corte celestial, e alguém de alta ordenação. Essa então era o “senhor”.
Meng Ling.
Você conseguiu o que queria…
Assim, ele percebeu.
Shen Sheng havia renascido.
Não como um humano, mas como uma besta espiritual. E devido as grandes flutuações que sentia entorno do corpo desse animal, uma que possuía excelente aptidões. Um besta espiritual da Floresta mais perigosa do Reino Inferior. Por inúmeras vezes, havia visitado essa floresta e não havia quem estivesse mais familiarizado com ela. Ademais, apenas aqueles no comando da corte poderiam entrar livremente como essa pessoa e não provocar a ira nos animais.
Lágrimas formaram, caíram sobre o pelo dourado e escorregaram para seu casco. A umidade o fez perceber sua ação. Então, instintivamente, ajoelhou-se diante do novo “Pai Celestial”.
Por um momento, ele se sentiu hostil com Meng Ling. Tinha esse direito e cederia a ele. Foi uma decepção que nunca iria esquecer, mas também não iria se apegar. Seria tolice viver agarrado a tal ação passada. Então, logo se acalmou, porém não conseguiu impedir-se de chorar. Era a angústia do abandono?
“Seu nascimento foi uma benção aos céus.” O tom suave e o toque delicado eram conhecidos. Meng Ling não havia mudado. “Uma estrela brilhou no oráculo, um brilho duradouro e lindo.” Ela ergueu o pequenino e sentou-se colocando-o no colo e acariciando as costas, continuou. “Foi como o brilho da última estrela da salvação há milhares de anos. Foi uma surpresa, um pequeno grãozinho como você recebê-lo. Terei que dá-lo, o mesmo nome que ele. Meu pequenino, Shen Sheng.”
Houve um olhar terno de Sua Majestade ao cervo. Os outros animais ao redor, ficaram estupefatos e ciumentos com a atitude de seu senhor. Quanto tempo eles viviam ali na floresta e nunca presenciaram algo assim…. Foram incontáveis anos, alguns deles nem sequer sabiam mais sua idade. Outros perderam memórias de felicidade e de seus queridos, que nunca retornarão. Essa atitude, porém, poderia passar milênios depois ainda se lembrariam desse milagre.
Um grande oficial do céu e um recém-nascido animal espiritual. A última vez que lhes ocorreu – e poucos se recordavam disso ou não queriam se lembrar, fora quando o outro Pai Celestial ainda vivia.
No entanto, naquela época se tratava de um mero cultivador que havia sido massacrado por sua própria família, sua própria seita. Em vez dos animais se tornarem hostis, acabaram se afeiçoando ao pequeno. Ficaram com pena do garoto, que mal passava de seus doze anos. Shen Sheng também o acolheu, deixando-o permanecer na floresta. Mas logo, também ele foi embora e essa criança poucos dias depois da morte dele, se fora.
“Aguardamos grandes conquistas, pequenino Shen Sheng.” O cervo de olhos dourados encarou a mulher, triste e confuso. Meng Ling apesar de todo o exterior. Ela estava abatida, assim como ele quando começou a ser envenenado, olhos que pareciam angustiados, mas nunca iriam ceder à pressão externa.
A partir desse momento, quando Meng Ling retornou aos seus afazeres, seu novo mundo começou a ficar nebuloso. Shen Sheng ficou em um estado de transe por tempos insondáveis. Os seus companheiros animais ficaram preocupados com essa criança. A visita de seu senhor afetou tanto o pequeno cervo?
O pavão, a aranha e o coelho visitavam-no direto na casa que construíram para ele, preocupados com seu estado. Até o velho Shu, conhecido por sua frieza, visitava-o.
Mas… passaram-se anos e a situação manteve-se estática. E o tempo passava diferente para os animais, Shen Sheng não conseguia explicar como, mas ele sentia que o tempo era mais devagar. Essa foi a primeira mudança que ele percebeu e também, suas vidas costumavam ser mais curtas.
Ele viu vários de seus conhecidos morrerem nas mãos dos cultivadores. Viu o desespero deles, perdendo sua família, seu amante, seu amigo. Vendo-os serem escravizados e torturados por aqueles humanos que diziam ser bons. Shen Sheng sofreu com eles e também fugiu várias vezes desses cultivadores. Não se soube quantas vezes se feriu, quantas vezes seu chifre fora cortado e como era doloroso aquilo. Viu muitos de seus companheiros se renderem por medo de serem mortos. Preferiam viver como escravos do que morrer.
Os humanos sempre foram tão cruéis?
Ele que um dia foi um, tinha sido desse jeito?
Ele se lembra que uma vez subjugou um animal espiritual e fez um contrato com ele. Mas, aquele animal parecia feliz aos seus olhos. Shen Sheng sempre cuidou dele, mimou o quanto pôde para que ele não se sentisse mal. Mas, ele realmente estaria feliz? Ele, que sempre se considerou uma boa pessoa se questionou: Eu fui realmente bom? Se ele fosse realmente bom, não teria sido envenenado pelas costas.
Mais uma vez ele chorou.
Renascer estava sendo cruel para ele. Mostrou um lado diferente que nunca notou.
Um dia, Shen Sheng saiu desse transe.
“A-Shen finalmente está melhor!”
“Hei He Bai*3!” Shen Sheng falou.
“A-Shen está até falando, veja isso aranha maldita!”
JiuYan queria socar o coelho. Infelizmente, e para sorte dele, JiuYan não tinha punhos. Ele decidiu ignorar o comentário do Hei He Bai, estava mais feliz em ver o pequeno Shen falando.
“Estou escutando, coelho maldito. Onde está o pavão arrogante? É possível ele ficar nos irritando por décadas se não falarmos com ele sobre isso!”
“Goldenheart está com o velho Shu.”
“Bah, não vamos atrapalhar. Aqueles dois anciãos devem estar falando de quando eles eram jovens e paqueradores. Ridículo!”
“Ridiculo!” O coelho concordou.
Shen Sheng riu. Desde que se lembrava, esses dois brigavam como se fossem inimigos, mas no fim sempre faziam as pazes. E se juntasse o grande pavão, risos, ia ser uma grande balbúrdia. Eram bons amigos, sempre pensou nisso.
“Criança do que está rindo? Melhora deve estar rindo de você velha aranha.”
“Velho? Sua ancestralidade é maior que a minha coelho! Tsk, com essa idade ainda nem tem corpo humano!” a aranha gargalhou.
O coelho jogou uma cenoura da aranha, que saltou e pousou sobre a cabeça do cervo.
“Corpo humano?” Shen Sheng perguntou.
“Oh, você não sabe pequeno! Mas podemos criar nosso próprio corpo humano, quando chegarmos a certo nível de cultivo. Ou podemos roubar um corpo humano também, mas isso nos transformaria numa besta demoníaca. No futuro não faça isso.”
“Finalmente disse algo que preste, coelho maldito!” JiuYan expressou. “O coelho tem razão, mas você tem muito pela frente ainda A-Shen. Sua cultivação ainda é muito baixa para isso e para isso, você ainda precisa de algo que não temos aqui na floresta.”
“O que é?” Shen Sheng perguntou.
“Um porquê para se tornar humano. Nenhum de nós quer se transformar em algo tão ruim quanto eles.” Hei He Bai completou.
“Entendo…”
“Não fique triste, venha vamos contar as boas novas para todos!”
Um coelho, uma aranha e um cervo saíram alegres pela floresta. A novidade que sua estrela da salvação estava bem alegrou a todos e eles se juntaram para comemorar. Até mesmo aquele pavão arrogante estava menos arrogante nesse dia. Shen Sheng achava que era um dos únicos dias felizes de suas duas vidas.
Mal sabia eles, que essa felicidade duraria tão pouco.
***
⩎𝑮𝒍𝒐𝒔𝒔𝒂𝒓𝒊𝒐⩎
[1]. Goldenheart: Coração de Ouro.
[2]. Jiuyan: Nove Olhos. (Aranha de nove olhos.)
[3]. Hei He Bai: Significa literalmente branco e preto, nome dado ao coelho pela pelugem branca e bolas pretas ao redor do olho.
Publicado por:
- Xiao Yu
-
Apaixonando-se aos oito anos pelo fantástico mundo da literatura, Yu Ge, em busca de um sonho e apenas uma mente fértil, passou pela poesia indo para ao romance adolescente, chegando à fantasia medieval se encontrou nos danmeis (novels chinesas boys love) e na fantasia sombria aos recém-completos 23 anos. Do xianxia à dark fantasy, se diverte encontrando o caos e ambiguidade da natureza humana.
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