O Lobo e a Lua - Capítulo 12
– Mais rápido, vamos! – Ambrose grita para o cavalo enquanto o animal corre o mais rápido que pode pela húmida floresta. Estava desesperado e com pressa, precisava encontrar um local seguro.
À medida em que avançam na direção Leste do país, eles adentram nas profundezas da floresta do Distrito Bosco. Ambrose enxerga ao longe uma pequena luz, como a de uma lamparina e guia o cavalo até lá, logo encontra uma pequena cabana de madeira. Ele puxa as rédeas, fazendo o animal parar bruscamente e tira Desmond do lombo do cavalo com cuidado.
– Tem alguém ai ? – o Rei bate à porta aflito, alguns segundos depois ela se abre.
– Meu senhor ? – o velho Bosco fala com os olhos arregalados. Não esperava encontrá-lo em tais circunstâncias.
– Preciso de sua ajuda, minha esposa… – ele volta seu olhar para Desmond, que ainda estava inconsciente.
– Sim, entre por favor! – o Bosco arruma sua cama para a Rainha e ajuda Ambrose a recosta-lo.
– O que aconteceu ?
– Fomos atacados enquanto voltávamos para o palácio. Um dos lobos feriu seu pescoço com uma adaga. – Ambrose se ajoelha no chão ao lado da cama e segura sua mão.
– Com licença… – o lobo toca sua testa, confirmando que está com febre e move o rosto de Desmond para o lado com cuidado, ele se surpreende ao ver o corte infeccionado, com raízes negras em sua pele, que se espalham rapidamente.
– Ele foi envenenado.
– Pode fazer alguma coisa ? – Ambrose o encara apreensivo.
– Devo ter uma erva para amenizar os efeitos, mas não posso tratar pois não sei qual veneno foi usado… – Bosco suspira e observa Desmond preocupado. Desejava fazer mais por sua Rainha.
– Então faça! O que está esperando ? – Ambrose fala exaltado.
– Sim, senhor… – o lobo acena com a cabeça e vai em busca de alguma erva que possa usar. Enquanto se concentra em prepara-la, o Rei se mantém ao lado de Desmond e não solta sua mão em nenhum momento, não queria perde-lo.
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– Sinto muito, mas é a única coisa que posso fazer no momento. Agora devemos esperar até que ele acorde. – o velho Bosco fala enquanto limpa suas mãos em uma toalha. Já havia aplicado o remédio e se mantinha confiante, tinha certeza de que logo ele acordaria.
– Obrigado, Bosco… – Ambrose sussurra enquanto acaricia os cabelos de Desmond.
– Quando soube que havia encontrado sua Rainha, não pensei que seria tão belo. Os boatos são mesmo verdadeiros! – ele puxa uma cadeira e se senta próximo a cama, também observando atento a Rainha.
– Lindo e com uma língua muito afiada… – o Rei ri, lembrando de como é facil irrita-lo.
– As boas Rainhas são sempre assim. Sua mãe também era.
– Sim, acho que sim… – ele suspira e recosta sua cabeça na cama, apesar da aflição também se sentia cansado.
– Descanse meu senhor, ficarei de guarda caso ele acorde! – os lobos trocam um olhar amigável e logo Ambrose cede ao cansaço, não havia mais nada a ser feito.
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Desmond abre seus olhos devagar e apesar de sua visão estar meio turva, pode ver Ambrose próximo a cama, ele tenta chama-lo, mas a dor começa a se espalhar rapidamente por seu corpo e o deixa paralisado.
Seu tronco doía como se todas as suas costelas estivessem sendo estilhaçadas de uma só vez e seus órgãos revirados. Reunindo a pouca força que restava em seu corpo, Desmond agarra o antebraço de Ambrose, tentando acorda-lo.
– Desmond… – o Rei sussurra ainda sonolento, mas logo nota seu estado. Desmond o encara assustado e não consegue emitir nenhuma palavra, logo seu corpo começa a se contorcer sobre a cama e todos os ossos de seu corpo são lentamente quebrados em pequenos pedaços, os estalos se misturavam aos seus gritos de dor, que por sua vez, ecoavam por toda a cabana.
Ambrose se levanta e o observa em um misto de confusão e preocupação, não sabia como amenizar sua dor. Ele olha ao redor em busca do lobo, mas logo nota que está sozinho.
– Bosco! – o Rei grita, esperando que ele apareça.
– Desmond, olhe para mim! – ele o abraça, o mantendo próximo ao seu corpo, com a falsa esperança de que conseguiria fazer aquilo parar.
– Senhor! – Bosco aparece carregando um pouco de lenha e se surpreende ao ver a cena.
– Bosco, o que está acontecendo ?
– Ele está se transformando… – o lobo fala um pouco hesitante e o encara ansioso. Nenhum lobo havia tido uma transformação tão violenta quanto ele.
– O quê ? Como isso aconteceu ?
– Deve ter sido o veneno!
– E o que eu faço ?
– Leve ele lá para fora, será mais seguro assim! – o lobo pega uma coberta e entrega ao Rei, que cuidadosamente envolve o corpo de Desmond e o leva para fora. Ele caminha até um local aberto, onde a luz da lua possa alcança-los e se ajoelha no chão, ainda com a Rainha em seus braços. Não queria solta-lo.
– Vai ficar tudo bem, eu estou aqui! – Ambrose sussurra próximo ao seu ouvido.
– Ambrose, isso dói muito… por favor… – sua voz debilitada e seu rosto choroso não se pareciam em nada com o Desmond que conhecia.
– Logo vai acabar. Aguente firme! – ele acaricia seus cabelos e apoia sua cabeça em seu peitoral. Desmond continua se retorcendo de dor e seus gritos continuam tão cheios de angústia quanto antes.
Após alguns minutos de sofrimento, seu corpo chega finalmente ao limite e Desmond está cansado de mais para se manter acordado. Ele lentamente começa a perder a consciência e enquanto desvanece, seus olhos se fixam na coisa enorme e brilhante acima dele, a lua.
Ambrose grita seu nome, tentando desesperadamente fazê-lo reagir, mas Desmond fecha seus olhos por alguns minutos, e ao abri-los, eles brilham tão intensamente quanto a lua cheia no céu.
Uma luz branca envolve seu corpo, forçando Ambrose a fechar os olhos e ao abri-los, o Rei se depara com um enorme lobo branco em sua frente.
– Desmond… – ele sussurra e acaricia seu pelo, que era tão macio quanto seus cabelos dourados. Ambrose se emociona e um estranho sentimento começa a percorrer seu corpo, o deixando atordoado e maravilhado.
– É lindo. – Ambrose sorri e não consegue parar de olhar. O lobo branco se deixa ser acariciado e disfruta do calor de sua pele, mas logo se afasta, indo em direção a floresta.
– Espere! – ele grita enquanto tira algumas peças de roupa e em seguida também se transforma em lobo.
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– Como se sente ? – Bosco o questiona ao lhe entregar uma tigela com um pouco de comida.
– Cansado e faminto! – Desmond ri.
– Coma logo, devemos voltar ao palácio o mais rápido possível! – Ambrose acaricia seu rosto rapidamente e se afasta. Precisava preparar o cavalo para a volta.
– Foi uma grande surpresa, senhora. Fazia algumas décadas desde que vi um lobo jovem passar por um processo tão doloroso.
– É tão estanho, eu senti como se fosse morrer e agora estou ótimo!
– Bom, devo lhe dizer que com a transformação seu corpo mudou completamente. Agora seu faro e audição estão mais aguçados e seus sentimentos estão mais fortes. Tanto amor quanto o ódio. – ele suspira e acaricia os pelos de sua barba, pensando que no futuro isso poderia ser problemático.
– Não se preocupe, vou tomar cuidado!
– Ótimo, é bom ouvir isso.
– Desmond, precisamos ir. Todos no palácio devem estar preocupados. – Ambrose fala ao entrar na cabana.
– Okay. – ele se levanta e entrega a tigela ao lobo. Que também se levanta para se despedir do casal.
– Espero que tenham uma boa viagem!
– Agradeço por sua ajuda, Bosco. Saiba que nunca me esquecei disso. – Ambrose estende sua mão e o cumprimenta.
– Espero vê-lo novamente, em outras circunstâncias… – Desmond sorri e o abraça.
– Eu também… – Bosco sussurra um pouco tristonho. Após se despedirem, Ambrose ajuda Desmond a montar o cavalo e seguem para Brenhin. Havia estado tempo de mais longe de casa.
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