Nosso Amor Manchado por Sangue - Capítulo 5
Henry abre seus olhos e se senta na cama, ainda um pouco sonolento.
– Adelea, que horas são ?
Octavian, que estava lendo enquanto tomava seu café da manhã na pequena varanda do seu quarto, desvia sua atenção do livro e o encara.
– Nove e dez. – ele responde ao conferir as horas em seu relógio de bolso e continua o observando. Curioso para saber como iria reagir.
– Sr. Solaram ?! – Henry questiona assustado.
– P-por que está aqui…?
– É o meu quarto. Seria mais estranho, se eu não tivesse nele. – ele tenta se manter sério, mas sua reação era realmente engraçada.
– O-o que ?! Ah, minha nossa! – Henry se levanta de repente e fica atordoado, sentia que havia cometido um grande erro.
– Henry, tudo bem. Se acalme. – Octavian fala de forma tranquila, mas logo acaba rindo.
– Como eu…? – ele murmura envergonhado e fica acuado. Não tinha certeza de como agir diante daquela situação.
– Você adormeceu na banheira e eu te trouxe para o meu quarto.
– Ah… obrigado! – Henry suspira aliviado e repousa sua mão direita sobre o seu peitoral, sentia que seu coração poderia saltar para fora do seu peito a qualquer momento.
– Me desculpe pelo incômodo. Irei embora ago…
– Espere. – Octavian ordena, o interrompendo.
– Sim ?
– Por que não fica e toma café da manhã comigo ? A mesa já está posta.
– N-não! Como poderia ?
– Não se preocupe com isso, eu o convidei. Mas se for incômodo, ficarei bem comendo sozinho.
– Ah… – Henry suspira e se sente um pouco culpado por deixá-lo sozinho.
– Eu aceito uma xícara de café… – ele responde acanhado.
– Ótimo. – Octavian se levanta e se aproxima.
– Me dê sua mão. – ele pede e no mesmo instante, Henry estende sua mão direita. Octavian sorri ao vê-lo tão obediente e logo depois o guia até a varanda.
Ele puxa uma cadeira para que Henry se sente e o ajuda a se acomodar.
– O que gostaria de comer ? Tem bolo, frutas, café… – Octavian começa a listar tudo o que estava na mesa.
– Café, por favor.
– Só isso ?
– Sim, eu não como muito pela man… – Henry é interrompido pelo barulho do seu estômago faminto. Ele se encolhe na cadeira e seu rosto fica completamente corado.
– Desculpe…
– Tudo bem. – Octavian responde enquanto tenta segurar o riso.
– Pegue, coma o quanto quiser. – ele o serve com um pouco de fruta, suco e bolo.
– O-obrigado! – Henry agradece ainda um pouco tímido, mas logo começa a comer. Octavian se mantém quieto, o observando se empanturrar de comida.
– Sr. Solaram. – ele o chama de repente.
– Sim ?
– Como eu vim parar aqui ? Só me lembro de entrar na banheira…
– Você acabou adormecendo e não tive escolha a não ser te trazer para o meu quarto e te vestir.
– Me… vestir ? – Henry sussurra e seu rosto fica ainda mais corado ao se dar conta de que Octavian havia visto seu corpo nu.
– Me desculpo mais uma vez pelo incômodo… deve ter sido desconfortável carregar um homem nu. – ele fala envergonhado e abaixa a cabeça. Se sentia um homem patético por dar tanto trabalho.
– Henry, eu não sou esse tipo de ser antiquado. Então não se preocupe. – Octavian mantém seus olhos sobre ele, esperando alguma reação suspeita, mas Henry se encolhe na cadeira e continua de cabeça baixa.
– Henry ? – ele ergue uma de suas sobrancelhas e se inclina para frente, segura seu rosto e o ergue em sua direção. Octavian o vê suando e com o rosto corado até as orelhas, uma reação estranha para alguém que deveria estar satisfeito por obter um pouco de informação.
– P-preciso ir agora! – Henry se levanta de repente e estende suas mãos, se guiando pelo quarto até encontrar a saída. Octavian o observa ir embora confuso e surpreso. Não entendia o motivo pelo qual reagiu daquela forma.
_______________
Dia seguinte.
– Me dê sua mão, quero te mostrar uma coisa. – Octavian casualmente segura sua mão, mas Henry se afasta de repente.
– E-eu posso fazer sozinho…
– Tudo bem, o livro está na sua frente. – Octavian concorda, mas o observa desconfiado. Ele nunca havia sido tão tímido ou se sentido incomodado com toques físicos.
– C-certo! – Henry estende sua mão, procurando pelo livro e ao encontrá-lo, desliza a ponta dos seus dedos indicador e médio pela folha. Ele lê o pequeno texto com dificuldade, já que ainda estava aprendendo.
Octavian apenas observa em silêncio enquanto se pergunta o que estava se passando na sua cabeça. Se Henry estava ali para vigiá-lo e agir de acordo com as vontades do seu pai, deveria se aproveitar daquele tipo de situação.
_______________
– Henry! – Adelea o chama ao entrar no quarto.
– Sim ? – ele ergue a cabeça ao ouvir sua voz.
– Estou indo fazer compras no centro comercial, quer ir comigo ? Podemos comprar algumas coisas para você!
– E-eu não tenho dinheiro…
– Tudo bem, não se preocupe com isso.
– Bom, se for assim, eu gostaria de ir. – ele se levanta e sorri. Queria comprar uma muda de roupas novas e estar apresentável para Octavian.
– Ótimo, então vamos logo! – Adelea se aproxima e se agarra ao seu braço, o guiando para fora do cômodo. Ela parecia realmente animada e isso era contagiante.
_______________
– Ah! Droga… me esqueci dos alfaces! – ela resmunga e suspira.
– Preciso ir comprar, pode ficar aqui e esperar ? Prometo que não demoro!
– Claro, sem problemas. – Henry acena com a cabeça e sorri.
– Certo, eu venho logo. Não saia daí! – ela o adverte enquanto se afasta e logo acaba sumindo na multidão. Henry usa sua bengala para encontrar algum muro e fica parado próximo a ele, evitando estar no meio da calçada ou em alguma passagem de pedestres.
– Fazendo compras, humano ? – uma voz masculina o questiona de repente, como se estivesse próximo ao seu ouvido, apesar de que Henry não consegue sentir sua presença.
– Não estou fazendo nada errado, Haldoc. Meu dono sabe que saí.
– Seu dono ? Aquele traidor não é seu dono. Você pertence ao Sr. Demétrius, não se esqueça disso!
– Sim, não me esquecerei… – Henry suspira e abaixa sua cabeça.
– Ainda estou esperando alguma atualização. O Amo também está impaciente.
– Não há nada de relevante. Octavian passa seus dias sozinho lendo e só.
– Não minta! – Haldoc esbraveja e sua mão surge da parede, como uma sombra. Ele agarra o pescoço de Henry e o sufoca.
– Não tente protegê-lo, humano. Você e seu avô não ganharão nada com isto! – ele sussurra e o solta, sumindo na parede.
Henry respira fundo, tentando recuperar o fôlego e está visivelmente assustado. Precisava se sair bem, ou seu avô pagaria com a vida.
– Henry, tudo bem ? – Adelea o questiona ao retornar e vê-lo tão atordoado.
– E-estou bem… mas podemos voltar agora ? – ele murmura sentindo um nó se formar em sua garganta, como se a mão de Haldoc ainda estivesse em seu pescoço.
– Claro, vamos. – ela segura em seu braço e o guia para o estacionamento, onde um motorista esperava para levá-los de volta.
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