Nosso Amor Manchado por Sangue - Capítulo 1
– Octavian, precisa me ouvir! – Demétrius grita irritado. Não sabia mais o que fazer para convencê-lo de que estava cometendo um erro.
– Pai, por favor, chega dessa conversa. – Octavian deixa um longo suspiro sair e esfrega os olhos. Já não aguentava mais as suas reclamações sobre o mesmo assunto.
– Não pode continuar com essa loucura. Está se matando! – ele esbraveja e o encara furioso.
– E tudo por causa daquela… – Demétrius fala em um tom cheio de desdém e raiva.
– Termine essa frase e vai começar uma guerra que não pode vencer, pai. – Octavian fala em um tom ameaçador e o encara com um olhar sombrio, fazendo o vampiro estremecer. Mesmo sendo mais velho, sabia bem o quão determinada e perigosa era sua criação.
– Por favor, guarde suas opiniões e comentários para si mesmo, não preciso deles. Com licença. – ele se curva, sem abaixar sua cabeça ou desviar seu olhar, logo depois se dirige até a porta, deixando o homem sozinho.
– Desgraçado teimoso… – Demétrius resmunga e contrai sua mandíbula. Queria protegê-lo, mas Octavian não ouvia ninguém desde aquele acidente.
– Haldoc! – ele grita e logo a porta do escritório se abre.
– Senhor… – o homem o cumprimenta ao entrar.
– Está tudo pronto ?
– Sim, o servo já está limpo e preparado. O alimentei muito bem.
– Envie o garoto para a mansão o mais rápido possível! – Demétrius acaricia seu cavanhaque e um sorrisinho se forma em seu lábios. Com uma peça tão adorável, ele não seria capaz de resistir.
– Sim, meu senhor.
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No dia seguinte.
– Entre. – Octavian fala ao ouvir alguém bater à porta da biblioteca.
– Senhor, desculpe incomodar quando está lendo, mas chegou algo para você… – a moça fala um pouco nervosa e não consegue encará-lo.
– Certo, e onde está essa coisa ? – ele suspira e se levanta, deixando seu livro sobre o assento da poltrona.
– Na porta da frente, senhor.
– Tudo bem. – Octavian segue em direção a porta principal junto com a empregada e antes mesmo de chegar, já pode ouvir os murmúrios curiosos dos outros empregados.
– O que está acontecendo aqui ? – ele questiona um pouco irritado e ao voltar sua atenção para a porta, pode ver a figura mais adorável e brilhante que já pisou na terra. Octavian fica atônito com sua beleza e com o cheiro doce e inebriante que se desprende da sua pele.
– Senhor Solaram ? – o jovem rapaz chama seu nome da forma mais doce possível. Se Octavian ainda tivesse um coração capaz de pulsar, ele estaria em sérios problemas.
– Sim, e quem é você ? – ele se aproxima e o observa confuso.
– Sou Henry. Seu pai me enviou. – ele sorri inocente.
– Por favor, saia. – Octavian muda de expressão no mesmo instante e fala de forma fria. Podia ver claramente as intenções do seu pai.
– Mas senhor! – Henry gira seu rosto, tentando procurar de onde vinha sua voz. Se precisasse, iria se ajoelhar aos seus pés e implorar.
– Por favor, eu… – ele ergue suas mãos para se localizar. O vampiro se surpreende e se dá conta de que Henry era cego.
– Vá embora. Se ficar aqui, vai se machucar. – Octavian desvia seu olhar para o chão e tenta se afastar, mas Henry o encontra e se agarra ao seu corpo com força.
– Por favor, me deixe ficar! Prometo que não causarei problemas. – ele implora desesperado.
– Ugh… maldição! – Octavian resmunga e sente seu coração amolecer diante daquele rosto.
– Tudo bem, você pode ficar. Mas não faça nada estupido! – ele agarra seus ombros e o afasta.
– Obrigado, senhor! – Henry lhe mostra um largo sorriso e seu rosto ganha um leve tom avermelhado.
– Adelea, mostre o aposento dos empregados e explique tudo a ele.
– Sim, senhor. – a moça se aproxima de Henry e o guia para o interior da mansão.
Octavian deixa um longo suspiro sair ao vê-lo se afastar e volta para a biblioteca, ao chegar no cômodo, ele se apoia na poltrona e sente algum estranho sentimento percorrer o seu corpo, o deixando atordoado. Nunca havia se sentido assim antes.
– Merda…
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– Esta será sua cama. A última perto da parede. – Adelea fala enquanto o guia até sua cama.
– Entendi, obrigado! – Henry sorri e se inclina para apalpar a cama.
– Onde estão suas coisas ?
– Eu trouxe apenas uma mala pequena. Não preciso de muita coisa.
– O quê ? E suas roupas e artigos pessoais ?
– Tenho apenas algumas mudas de roupas e dois sapatos. É tudo o que preciso.
– Próximo a cama tem um baú, pode guardar suas coisas nele. Irei providenciar seu uniforme amanhã.
– Obrigado! – Henry sorri e apalpa o colchão, até chegar ao final da cama e sentir o baú.
– Venha, vou te mostrar toda a mansão e explicar quais serão suas responsabilidades.
– Certo!
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Após mostrar toda a mansão para Henry, eles finalmente chegam ao último cômodo.
– E no final do corredor está a biblioteca do Sr. Solaram. Eu sou a única que pode vir limpar, então não se preocupe muito com esse lado da casa.
– Entendo… – Henry sorri um pouco tristonho. Não entendia o seu desgosto repentino e nem sua atitude, ele não havia feito nada para justificar tais sentimentos.
– Henry, não fique chateado. Não é nada pessoal contra você. – Adelea o tranquiliza ao notar sua aflição e segura sua mão direita.
– Logo o Mestre vai se acostumar com sua presença. – ela sorri de forma gentil.
– Obrigado, Adelea! – Henry também sorri e suspira aliviado. Não queria ser um fardo para ele.
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– Sim, Mestre… – o homem, do Clã Idris, fala ao se curvar. Ele está parado em um local escuro, onde pode esconder o seu rosto.
– Krodo, quero que investigue esse garoto novo. – Octavian suspira e esfrega os olhos. Já estava cansado de discutir sobre o mesmo assunto, mas seu pai não lhe dava trégua.
– Ouvi dizer que seu pai o enviou.
– Sim, o que reforça ainda mais as minhas suspeitas.
– Poderia ter se negado. Se quiser eu posso cobrar alguns favores e fazê-lo sumir.
– Eu sei, mas algo nele me fez mudar de ideia… – Octavian sussurra e acaba se lembrando da forma como Henry sorria, era tão doce e inocente que o fazia sentir uma estranha sensação de obrigação. Como se mantê-lo seguro e feliz fosse seu dever sagrado.
– Então quer que eu vigie o garoto ? Ele pode tentar fazer algo.
– Sim, isso seria bom também…
– Certo, voltarei quando tiver alguma informação. – o homem acena com a cabeça novamente e some na escuridão, como se nunca tivesse estado naquele cômodo.
Ao estar finalmente sozinho, Octavian se levanta e vai até o seu armário de bebidas. Por ser um vampiro, o álcool já não o deixava bêbado como fazia antes, mas o gosto do Bourbon em sua boca era, de alguma forma, reconfortante.
Ele pega a garrafa e se senta de frente para a janela, observando a lua cheia. À medida que a noite avança, sua mente é tomada por milhares de pensamentos e lembranças.
– Queria que ainda estivesse aqui… – Octavian murmura e tira um medalhão do bolso da sua calça. Ao abrir o objeto, há uma pequena fotografia de uma mulher, que o observa com um olhar amoroso e um sorriso gentil.
Ele sorri tristonho e sente a melancolia se apossar do seu corpo, para Octavian a vida já não tinha mais sentido e por isso, passava os dias esperando o momento certo para morrer.
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